APRENDIZAGEM MATEMÁTICA E A PERSONALIDADE DO INDIVÍDUO (Projeto de Pesquisa) Laerte Fonseca 1 Instituto Federal de Sergipe IFS laerte.fonseca@uol.com.br Célia Maria C. de Rezende Limeira 2 Instituto Federal de Sergipe IFS celiamlimeira@yahoo.com.br Resumo: O objetivo desta pesquisa é descobrir a existência da relação entre aprendizagem matemática e a personalidade do indivíduo. Será desenvolvida no IFS Instituto Federal de Sergipe. Recorreremos a metodologia da pesquisa qualitativa, procedendo a uma revisão literária fundamentada nos teóricos da Personalidade: Rogers (1986, 1984), Freud (1969) e Young (1975), bem como teóricos da Educação Matemática: Falcão (2003, 2005); Brito (2001), Moreira (2006), Chacón (2003), Vasconcelos (2005). Posteriormente, a aplicaremos testes de personalidade e entrevistas, analisando e desenvolvendo instrumentos psicopedagógicos que auxiliarão o professor na compreensão dos diversos perfis de personalidade de seus alunos, bem como na sua prática docente. Palavras-chave: Aprendizagem Matemática; Personalidade; Educação. INTRODUÇÃO / JUSTIFICATIVA Comunicar por meio de pesquisa o que estamos descobrindo sobre a aprendizagem matemática e personalidade do indivíduo é ao mesmo tempo, um desafio e uma oportunidade. Cada vez mais buscamos a escola para desenvolver qualidades nos alunos que ela educa, forma e, conseqüentemente, tendemos a culpá-los, certa ou erroneamente, quando o aprendiz não consegue atingir os padrões que esperamos. 1 Licenciado em Matemática pela Universidade Federal de Sergipe (1992), Especialista em Gerência e Tecnologia da Qualidade pelo CEFET/MG (1994), Especialista em Ensino de Matemática pela UFS (1995), Especialista em Psicopedagogia Institucional pela FPD (1999), Especialista em Psicopedagogia Clínica pela FPD (2002), Especialista em Educação Matemática pela FA (2009), Mestre em Educação pela UFS (2002), Mestrando em Ensino de Ciências e Matemática pela UFS (2009) e Graduando em Psicologia pela FASE/ESTÁCIO (2010). Pesquisador da FAPITEC/SE-BIBIC/Jr-CNPq. Membro do Grupo de Pesquisa em Educação e Contemporaneidade/UFS. Consultor em Cursos de Pós Graduação em Educação Matemática, Psicopedagogia e Metodologia do Ensino de Matemática. Autor de livro e artigos publicados em periódicos nas áreas de Psicopedagogia e de Educação Matemática. Atualmente é Professor do Curso de Licenciatura em Matemática do IFS (desde 1993), tendo como área de concentração a Educação Matemática. Líder do Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Matemática/IFS na linha de pesquisa Engenharia Didática. Coordenador e Editor da Revista Sergipana Caminhos da Educação Matemática. 2 Professora de Psicologia do IFS e integrante do Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação Matemática GEPEM/IFS. 1
Neste sentido, este estudo pretende proporcionar uma nova e profunda compreensão através da investigação da aprendizagem matemática e sua possível relação com a personalidade do indivíduo. Caso venha ser comprovada, possibilitará ao ensino de Matemática poder beneficiar-se do novo conhecimento sobre aprendizagem matemática e personalidade através da elaboração e aplicação de métodos científicos (psicopedagógicos) na tentiva de minimizar as dificuldades encontradas nas situações vivenciadas no ensinoaprendizagem, especificamente, falando do fracasso escolar na disciplina de Matemática. Este estudo será alicerçado nas teorias de Freud (1969), Young (1975), Rogers (1986), Falcão (2003, 2005); Brito (2001), Moreira (2006), Chacón (2003), Vasconcelos (2005). Para tanto, procederemos segundo a metodologia da pesquisa qualitativa, realizando uma revisão bibliográfica, aplicando e analisando testes de personalidade e entrevistas e, por último, desenvolveremos instrumentos psicopedagógicos que auxiliarão o professor na compreensão dos diversos perfis de personalidade de seus alunos, bem como na sua prática docente. DELIMITAÇÃO DO TEMA E DA PROBLEMÁTICA A palavra personalidade vem do latin persona, que significa máscara, ou seja, aquilo que queremos parecer para o outro. Segundo a psicologia, a personalidade é uma organização de vários sistemas fisiológicos, psíquicos e morais que se interligam, determinando o modo como o indivíduo se ajusta ao meio ambiente em que vive. Segundo Rogers (1994), o sistema educativo deverá ter sempre como objetivo o desenvolvimento dos indivíduos de uma forma plena, simultaneamente que os conduza à uma alto realização. Na concepção rogeriana ensinar é a ação de comunicar um conhecimento, uma habilidade ou experiência a alguém, como a finalidade de que este o aprenda utilizado para isso um conjunto de métodos e técnicas que se considere apropriadas. Ainda em sua fala, Rogers (1986) afirma que dentro do sistema educativo como um todo, deverá proporcionar um clima propício ao crescimento pessoal do aluno. Bebendo um pouco do estudo de Rogers (1986), podemos perceber que o ensino vigente fruto de uma educação tradicional ainda permeia nossas escolas, cujos resultados, quando insatisfatórios, não promovem uma aprendizagem. Essa insatisfação 2
decorre, possivelmente, em função de um currículo fracionado, cuja apresentação se dá por meio de informações e habilidades isoladas. Neste sentido, a delimitação do tema e da problemática foi despertada pelo grande índice de reprovação na disciplina Matemática, palco de grandes discussões dos estudiosos interessados não só pelo resultado da aprendizagem, mas como ela acontece. Preocupados com as melhorias do ensino-aprendizagem da Matemática, no sentido de descobrir as interrelações existentes entre aprendizagem matemática e a personalidade do indivíduo, estamos propondo caso seja confirmada a relação entre a matemática e a personalidade do indivíduo implementação de ações que venham adequar instrumentos psicopedagógicos à personlidade do indivíduo com vista a minimizar o fracasso escolar em Matemática. Para tal empreendimento nos respaldaremos nos estudiosos da Personalidade e da Psicologia da Educação Matemática. Sendo eles: Freud (1969), quando explica que as fases psicosexuais do indivíduo determinam a sua personalidade, nos ajudado a identificar os diversos tipos de personalidade. Young (1975), para a decodificação dos signos e do inconsciente coletivo, nos auxiliando na compreensão da leitura desses elementos nos indivíduos pesquisados, Rogers (1986), quando defende que o homem nasceu para crescer plenamente, por isso, vê na aprendizagem a base para esse desenvolvimento, nos ajudando a identificar os perfis de personalidade, Falcão (2003, 2005), na medida em que vê a atividade matemática um contexto cultural complexo e diverso de construção de significado em matemática, nos auxiliando a caracterização dessas atividades nos indivíduos envolvidos na investigação; Brito (2001) e Moreira (2006), quando priorizam a aprendizagem significativa e a formação de conceitos na escola, contribuindo para desmistificar a apresentação dos conceitos de conteúdos matemáticos, Chacón (2003), para esclarecer os fatores afetivos que influenciam na cognição, auxiliando-nos na percepção de como esses elementos se relacionam, Vasconcelos (2005), quando aborda questões da neuropsicologia da atividade matemática para identificar possíveis psicopatologias que contribuam para bloquear a aprendizagem. Com efeito, pesquisar novas formas dos saberes matemáticos para que o indivíduo possa melhor entendê-la é permitir também que os indivíduos possam se comunicar com outros através de conceitos aritméticos, por exemplos. Por este motivo, esta pesquisa pretende responder às seguintes questões: qual seria a relação entre a aprendizagem 3
matemática e a personalidade do indivíduo? Como indentificá-la? Compreendê-la, ajudaria nas orientações psicopedagógicas com vistas a minimizar o fracasso escolar em Matemática? OBJETIVO GERAL indivíduo. Analisar se existe relação entre aprendizagem Matemática e a personalidade do OBJETIVOS ESPECÍFICOS. Identificar, caso exista, a relação entre a aprendizagem Matemática e a personalidade do indivíduo.. Compreender a relação entre aprendizagem Matemática e a personalidade do indivíduo.. Desenvolver instrumentos psicopedagógicos que auxiliarão o professor na compreensão dos diversos perfis de personalidade de seus alunos, bem como na sua prática docente. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Essa pesquisa será desenvolvida no IFS Instituto Federal de Sergipe, antigo CEFET/SE nas turmas de alunos do Ensino Médio. A escolha desse universo se justifica por: ser em termos de professores, recursos materiais e espaço físico a instituição pública mais qualificada do Estado de Sergipe; nós, pesquisadores, dispormos da prática da observação contínua em dezoito anos de permanência conjunta, onde traços de personalidade possivelmente vinculados aos problemas de aprendizagem Matemática aguçaram nossa curiosidade; selecionar alunos das variadas redes de ensino (público e privado), cujas médias destacaram-se entre as dos candidatos inscritos. Com efeito, a seleção da amostra dar-se-á pelo critério de intencionalidade: seis alunos de cada turma, cujas médias para cada três alunos na disciplina Matemática sejam classificadas em B (boas, a partir de 7 pontos) e R (ruins, abaixo de 4 pontos). 4
Considerando que cada sala de aula tenha 40 alunos, o número da amostra, representado por n(a) = 6, contempla os padrões estatísticos recomendados para tornar os resultados significativos. Para que a sistemática dessa investigação torne-se possível e de fácil compreensão, optamos por apresentá-la em forma de fases. Na primeira fase, iniciaremos uma ampla revisão bibliográfica utilizando-se de consultas às literaturas especializadas fundamentadas nos teóricos da personalidade e da aprendizagem matemática que subsidiarão também a análise dos dados coletados. São eles: Freud (1969), Young (1975), Rogers (1986), Falcão (2003, 2005); Brito (2001), Moreira (2006), Chacón (2003), Vasconcelos (2005). Na segunda fase, selecionaremos e aplicaremos testes de personalidade, bem como realizaremos entrevistas com os seis alunos das referidas turmas, conforme classificação anterior. Na terceira fase, procederemos a análise dos instrumentos aplicados. Na quarta fase, desenvolveremos instrumentos psicopedagógicos que auxiliarão o professor na compreensão dos diversos perfis de personalidade de seus alunos, bem como na sua prática docente. Finalmente, na última fase, pretendemos escrever um artigo publicável num periódico de circulação nacional. CRONOGRAMA Fevereiro/2010: Escrever o projeto; Março/2010: Revisão de literatura; Abril/2010: Revisão de literatura; Maio e junho/2010: Fazer observações fundamentadas em Freud (1969), Young (1975), Rogers (1986), Falcão (2003, 2005); Brito (2001), Moreira (2006), Chacón (2003), Vasconcelos (2005); Julho/2010: --- Agosto/2010: Aplicação de testes de personalidade e entrevistas; Setembro/2010: Análise dos instrumentos aplicados; Outubro/2010: Análise dos instrumentos aplicados; Novembro/2010: Triagem dos instrumentos já existentes e adequação às necessidades dos diferentes tipos de personalidades; 5
Dezembro/2010: Triagem dos instrumentos já existentes e adequação às necessidades dos diferentes tipos de personalidades; Janeiro/2011: Escrever um texto (artigo publicável ou capítulo de livro). RECURSOS Materiais: Testes psicológicos (inventário da personalidade, técnicas projetivas e inventário de interesse); um computador com Internet; uma impressora; uma sala para pesquisa; papel A4; Gravador analógico ou digital, Canetas, impressão de recursos de investigação (questionários, roteiro das entrevistas e textos), passagens de ônibus, alimentação. Humanos: Dois professores-pesquisadores do IFS; cinco alunos do 2º período (2010/1) do curso de Licenciatura em Matemática e que sejam integrantes do GEPEM/IFS Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Matemática/IFS. REFERÊNCIAS BRITO, M. R. F. de (org.). Psicologia da Educação Matemática: teoria e pesquisa. Florianópolis: Ed. Insular, 2001. CHACÓN, I. M. G. Matemática emocional: Os afetos na aprendizagem matemática. Porto Alegre: Ed. Artmed, 2003. FALCÃO, J. T. da R. Psicologia da Educação Matemática: uma introdução. Belo Horizonte: Ed. Autêntica, 2003.. A atividade matemática em seus contextos básicos de funcionamento: a escola, a vida cotidiana, a academia. In:. Neuropsicologia & aprendizagem, para viver melhor. Ribeirão Preto: Ed. Tecmedd, 2005, p. 167-170. FREUD, S. Edição Standard Brasileira das obras psicológicas completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Ed. Imago, 1969, v. 24. MOREIRA, M. A. A teoria da aprendizagem significativa e sua implementação em sala de aula. Brasília: Ed. UNB, 2006. ROGERS, C. Liberdade para aprender nos anos oitenta. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 1994.. Abordagem centrada na pessoa. São Paulo: Ed. Pioneira, 1986. 6
VASCONCELOS, L. Neuropsicologia da atividade matemática. In:. Neuropsicologia & aprendizagem, para viver melhor. Ribeirão Preto: Ed. Tecmedd, 2005, p. 171-178. YOUNG, G. O homem e seus símbolos. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1975. 7