O Projeto de Lei 3305/08: Solução para as fraudes em licitações de publicidade?



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Transcrição:

O Projeto de Lei 3305/08: Solução para as fraudes em licitações de publicidade? - Rafael Klautau Borba Costa O projeto de Lei 3305 de 2008, de autoria do deputado José Eduardo Cardozo, do PT de São Paulo, já tramita em caráter conclusivo, aguardando apenas análise de algumas Comissões da Câmara Legislativa. Consoante a justificativa do Projeto, a principal finalidade da alteração legislativa é coibir fraudes, aperfeiçoando mecanismos de controle de contratações realizadas pela Administração Pública. É inegável que o processo licitatório pátrio é diversas vezes subvertido em proveito de pessoas e empresas desonestas e, assim, tentativas no sentido de eliminar a corrupção são sempre úteis. Entretanto, importante considerar quão detalhista e extensa é a legislação brasileira, possuindo a Lei 8.666 de 1993 (Lei de Licitações) vasto objeto. Indaga-se, dessa forma, se a criação de nova lei pode solucionar a problemática da condução imoral de procedimentos licitatórios. Ou se bastam modificações na forma de aplicação da lei vigente, poupando o dispêndio da elaboração de novo diploma. Dessa forma, pretende o Projeto cumprir seus objetivos atuando em basicamente duas frentes, quais sejam, a redefinição da formação das comissões encarregadas do processamento e do julgamento das licitações e o controle preventivo da execução dos contratos, por meio de cadastramentos, orçamentos prévios e total transparência no que tange aos dados da execução dos contratos. Em suma, visa a nova legislação a obrigar o Poder Público a contratar tendo exclusivamente critérios objetivos como referência, a fim de evitar favorecimentos e enriquecimentos ilícitos. 1. Análise sob o prisma da Lei 8666/93 Quanto à obrigatoriedade dos registros cadastrais, mencionada pelo ilustre Deputado José Cardozo como uma das justificativas do projeto de lei, impende ressaltar que já existe disposição similar na Lei de Licitações. Primeiramente, colaciona-se o dispositivo do projeto:

Art. 14 - Somente pessoas previamente cadastradas pelo contratante poderão fornecer, ao contratado, bens ou serviços relacionados com a execução do objeto do contrato. Passa-se, então, ao exame do positivado na Lei 8666: Art. 34. Para os fins desta Lei, os órgãos e entidades da Administração Pública que realizem freqüentemente licitações manterão registros cadastrais para efeito de habilitação, na forma regulamentar, válidos por, no máximo, um ano. Assim, é possível concluir que já existe mecanismo de cadastramento visando a coibir fraudes. A inovação do projeto, dessa forma, não se refere ao licitante. O novo cadastramento proposto é o da empresa que fornecerá suporte ao agora contratado. É evidente que isso ajudará a controlar eventuais desvios, mas, já existem normas que dispõem sobre subcontratação irregular. É o caso do inciso VI do art. 78 da Lei 8666. Ainda acerca da subcontratação, importante mencionar o 1º do art. 14 em questão, pois ao exigir diferentes orçamentos, também colabora na prevenção a fraudes, in verbis: 1º O fornecimento de bens ou serviços na conformidade do previsto no caput deste artigo exigirá sempre a apresentação pelo contratado, ao contratante, de três orçamentos obtidos entre pessoas que comprovadamente atuem no mercado do ramo do fornecimento pretendido. No atinente à constituição das comissões de licitação, revela-se o projeto 3305/08 deveras atento ao princípio da isonomia. Lê-se em seu art. 6º que: Art. 6º - Os procedimentos licitatórios para a contratação de serviços de publicidade serão processados e julgados por comissão especial de licitação constituída por 5 (cinco) membros que tenham reputação ilibada e efetivo conhecimento na área de comunicação e publicidade, sendo pelo menos 2 (dois) deles profissionais que não mantenham qualquer vínculo

funcional ou contratual, direto ou indireto, com o órgão ou ente licitante. 1º - A escolha dos membros da comissão especial de licitação se dará por sorteio, em sessão pública, entre, no mínimo, 15 (quinze) nomes, previamente cadastrados com base nos critérios estabelecidos no caput deste artigo. Além do sorteio e da publicidade, a impugnação de qualquer nome constante da lista é facultada, pelo 3º do artigo, a qualquer cidadão. Percebe-se, portanto, a importância da comissão para lisura do procedimento licitatório. Afinal, possuem os integrantes da comissão especial poderes para decidir questões controversas e, eventualmente, aplicar sanções. Nos moldes atuais, a Lei de licitações não é muito rígida quanto à formação das comissões. Resta positivado no art. 51 da mencionada lei que as comissões serão formadas por três membros, no mínimo, sendo pelo menos dois deles servidores qualificados. Ou seja, não há necessariamente sorteio. Todavia, imperioso que nenhum integrante possua interesse privado na licitação, pois, mesmo não existindo tal ditame no comando legal, a situação está contida no princípio da moralidade. Outro ponto relevante do projeto, merecedor de análise cuidadosa, é o aumento do prestígio das atividades desenvolvidas pelo CENP. Em breves linhas, o CENP é um Conselho Executivo integrado por diversas instituições ligadas aos anunciantes, agências e veículos. Sua existência é embasada na existência de Normas-padrão que devem ser observadas obrigatoriamente pelas entidades que compõem o CENP. O projeto de Lei propõe, em seu art. 4º, o que segue: Art. 4º. Os serviços de publicidade somente poderão ser contratados junto a agências de propaganda e publicidade cujas atividades sejam disciplinadas pela Lei nº 4.680, de 8 de junho de 1965 e que tenham obtido certificado de qualificação técnica de funcionamento. 1º - Para os fins estabelecidos no caput deste artigo, o Conselho Executivo das Normas Padrão CENP, entidade sem fins lucrativos, integrado e gerido por entidades nacionais

que representam veículos, anunciantes e agências, é reconhecido na sua condição de fiscalizador e de certificador das condições técnicas de agências de propaganda e publicidade. O aludido certificado já existe nas normas do CENP, porém, em aprovado o projeto, possuirá força decorrente de lei. Além disso, será assentada a condição do CENP, modus in rebus, de entidade com viés público. Outra modificação que traz em seu bojo o Projeto de Lei é a separação ordenada dos serviços de publicidade a serem prestados, por meio de licitações distintas. Consoante a Agência Câmara: O texto também impede os chamados contratos guarda-chuva. Por essa modalidade, vários serviços de comunicação, como assessoria de imprensa, pesquisa de opinião e realização de eventos são contratados ao mesmo tempo. Para José Eduardo Cardozo, o contrato guarda-chuva, permitido pela legislação atual, dificulta a fiscalização dos recursos e pode gerar corrupção. Com a mudança proposta, os serviços de assessoria de imprensa, pesquisas de opinião e de organização de eventos deverão passar por processos licitatórios específicos 1. É o que dispõe o 3º do art. 2º do Projeto 3305/08: 3º - As contratações de serviços de assessoria de imprensa ou que tenham por finalidade a realização de eventos festivos serão realizadas por meio de procedimentos licitatórios próprios, respeitado o disposto na legislação em vigor. Dessa forma, apesar do maior dispêndio de recursos, pois serão feitos procedimentos licitatórios diversos, tenta-se garantir a competitividade e aprimorar os mecanismos de fiscalização. Por fim, em sede de disposições finais e transitórias, o projeto cuida dos descontos de agência, isto é, a concessão de incentivos por veículos de divulgação 1 http://www.direito2.com.br/acam/2008/jul/11/regras-da-publicidade-oficial-podem-ficar-mais-rigidas

a Agências de publicidade e propaganda. Tal prática é corriqueira no mercado publicitário pátrio e, não objetiva a proposição legislativa em análise regulamentar complicado tema do direito publicitário em seus vinte artigos. Não obstante, o 3º do art. 18 do Projeto, reafirmando sua preocupação com a moralidade administrativa, dispõe: 3º - As agências de publicidade e propaganda não poderão, em nenhum caso, sobrepor os planos de incentivo aos interesses dos contratantes, preterindo veículos de divulgação que não os concedam ou priorizando os que os ofereçam, devendo sempre conduzir-se na orientação da escolha destes veículos, de acordo com pesquisas e dados técnicos comprovados. 2. A eficácia das modificações legislativas Não se pode vislumbrar, analisando o Projeto de Lei, uma revolução no modus operandi das licitações que envolvem serviços de publicidade no Brasil. As mudanças eventualmente perpetradas pela alteração legislativa aqui delineada significarão sim controle mais eficaz do procedimento licitatório. Certamente elas dificultarão as fraudes, mas parecem distantes de solucionar a problemática das fraudes em licitações nesse país. Mais leis talvez não signifiquem condutas honrosas dos funcionários públicos. O ordenamento jurídico hodierno é suficiente na regulação de diversos aspectos das licitações. É inegável, contudo, que a saída está na atividade fiscalizatória do Estado e, nesse aspecto, o projeto é importante eis estar pautado na transparência das contas públicas. Entretanto, modificação legislativa tão relevante para o país (contratos de publicidade com o governo movimentam milhões de reais por ano) poderia ser complementada para facilitar o desenvolvimento da publicidade pátria. É o caso da sugestão proposta por Ricardo Nabhan, presidente da FENAPRO (Federação Nacional das Agências de Propaganda), vale dizer, agregar ao Projeto de Lei 3305 a

inclusão de acordos operacionais das grandes agências vencedoras de concorrências governamentais com agências regionais 2. Claro que tal demanda carece de estudos mais aprofundados no que tange ao atendimento dos interesses das grandes agências e quanto à legalidade do incentivo. Contudo, imperioso lembrar que essa proposição foi fruto do IV Congresso Brasileiro de Publicidade, que aprovou formalmente o projeto de lei, sinalizando que será muito útil para o desenvolvimento da atividade publicitária. 2 http://www.propmark.com.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=46469&query=simple&search_by_a uthorname=all&search_by_field=tax&search_by_headline=false&search_by_keywords=any&search_by_priorit y=all&search_by_section=all&search_by_state=all&search_text_options=all&sid=32&text=comiss%f5es