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Transcrição:

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA UNEB Departamento de Educação Campus VII - Senhor do Bonfim Curso de Enfermagem Grupo de Pesquisa sobre o Cuidado em Enfermagem GPCEnf/CNPq ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM ENFERMAGEM E A PROMOÇÃO DA SAÚDE ENQUANTO CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA Resumo Camila Tahis dos Santos Silva 1 Igor Brasil de Araújo 2 Introdução: A formação em enfermagem permite a incorporação de conhecimentos teórico-práticos em saúde, principalmente no que concerne a atuação do profissional frente ao papel social que está ligado a esta profissão. Logo os profissionais de saúde exercem forte influência em seu ambiente de trabalho, executando várias ações de cunho social para efetivação do seu ofício. Objetivo: Descrever as potencialidades do processo de ensino-aprendizagem crítica, ativa e emancipadora do Estágio Supervisionado através da vivência de estagiários de Enfermagem de uma Unidade de Saúde da Família diante dos usuários de uma comunidade adscrita. Metodologia: Este estudo consiste em um relato de experiência de estagiários na disciplina de Estágio Curricular Supervisionado I do Curso de Enfermagem da Universidade do Estado da Bahia, realizado em uma Unidade de Saúde da Família de Senhor do Bonfim-BA. Os participantes deste estudo são discentes do curso de graduação em Enfermagem, docente enfermeiro, equipe de Saúde da Família e usuários. Para as atividades educacionais utilizou-se a metodologia ativa de ensino-aprendizagem. Resultados alcançados: Os momentos reflexivos, os espaços de diálogos propiciaram o desenvolvimento da investigação científica. A participação nas atividades de discussão de caso, reconhecimento da área de cobertura da unidade, permitiram ampliação dos conhecimentos sobre a própria comunidade, bem como o planejamento das ações com base na realidade local. Dentre as estratégias traçadas planejou-se a principal ação educativa, como comemoração ao Dia das mães, convidou-se as mulheres da comunidade e uma palestrante, advogada do Centro de Referência da Mulher para abordar o tema "Violências: o que fazer diante desta situação?". Durante a palestra foram abordadas vários tipos de situação, promovendo a orientação destas mulheres sobre que tipo de providências tomar e o que fazer para evitar este tipo de situação com o objetivo de promover o reconhecimento dos indivíduos que sofressem ou presenciassem algum tipo de violência obtivessem conhecimento dede um órgão de referência para conseguir amparo psicológico, judicial, entre outros. Conclusão: Esta experiência possibilitou a compreensão do papel social envolvido no âmbito da saúde da família, bem como o desenvolvimento do senso crítico quanto ao ambiente em que a 1 Acadêmico de Enfermagem. Universidade do Estado da Bahia UNEB-Campus VII. Senhor do Bonfim (BA). E-mail: camila_tahis@hotmail.com 2 Enfermeiro. Professor da Universidade do Estado da Bahia UNEB Campus VII. Senhor do Bonfim (BA). E-mail: brasilsoueu@gmail.com

unidade está inserido, promovendo a compreensão acerca das competências na atenção primária, principalmente da educação em saúde. Descritores: educação em saúde, enfermagem, ensino-aprendizagem. INTRODUÇÃO A formação em enfermagem permite a incorporação de conhecimentos teóricopráticos em saúde, principalmente no que concerne a atuação do profissional frente ao papel social que está ligado a esta profissão. Logo os profissionais de saúde exercem forte influência em seu ambiente de trabalho, executando várias ações de cunho social para efetivação do seu ofício. Dentre as principais, a promoção da saúde é vista como uma forma de garantir e promover aos usuários autonomia, impulsionando a adesão de hábitos saudáveis desde a alimentação até a transformação do espaço social em que os mesmos estão inseridos. Por sua vez, a promoção da cidadania em meio ao processo saúde-doença é um dos objetivos a serem alcançados em quaisquer grupos populacionais envolvidos. Este é um dos fundamentos explícitos na Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1989), que em seu artigo 205 nos traz que a educação é um dos caminhos para o preparo e exercício da cidadania (BRASIL, 1988). Desta forma, a(o) Enfermeira(o), assim como todos os outros trabalhadores de saúde envolvidos nos serviços, através da educação em saúde pode ampliar sua prática enfatizando a educação em saúde como instrumento do cuidado para assim impactar os fatores determinantes de saúde e conseguir transformar o estilo de vida dos usuários num processo saúde-doença melhor equilibrado e coeso. Nesta perspectiva, a(o) enfermeira(o) pode exercer grande influência neste processo, promovendo mudanças nos indicadores de saúde, desde que consiga ter senso crítico para diagnosticar brechas e situações favoráveis à construção da cidadania dos indivíduos, além de conseguir ampliar sua atuação para além das paredes dos estabelecimentos de saúde e busque promover a saúde nos seus mais variados e importantes sentidos. Para isso, é necessário o desenvolvimento de competências deste profissional desde a academia, pois para conseguir construir um sistema e serviços de saúde dignos à população, com a formação de profissionais críticos e reflexivos na busca da defesa da vida.

Por sua vez, a promoção da cidadania é um dos objetivos a serem alcançados em comunidades desfavorecidas social-cultural e economicamente, sendo um dos fundamentos da Constituição Federal de 1988, que em seu artigo 205 nos traz que a educação, é um dos caminhos para o preparo e exercício da cidadania (BRASIL, 1988). Aliado a isso, a estratégia de fortalecimento da Atenção Básica, Programa de Saúde da Família, tem seus valores pautados na solidariedade e cidadania, o que atende ao conceito constitucional de saúde que é direito de todos e dever do Estado (BRASIL, 2013). Desta forma, o profissional de enfermagem através da educação em saúde, entendida como forma de intervir de maneira pontual para resolutividade instantânea e prática de estratégias massivas (BRASIL, 2001), pode abordar vários temas relevantes à população, e dentre eles está a violência que é reconhecida como um dos agravantes à saúde e como um dos problemas sociais mais comuns nos dias atuais. Nesta perspectiva, o profissional enfermeiro exerce grande influência em seu ambiente de trabalho promovendo transformações ao seu redor, desde que consiga ter senso crítico para diagnosticar brechas e situações desfavoráveis, além de conseguir ampliar sua atuação para além das paredes dos estabelecimentos de saúde e busque promover a saúde nos seus mais variados e importantes sentidos. Para isso, é necessário o desenvolvimento de competências deste profissional desde a academia, pois para conseguir construir um sistema e serviços de saúde dignos à população, necessitamos desenvolver profissionais críticos e reflexivos na busca de um bem em comum. OBJETIVO Descrever as potencialidades do processo de ensino-aprendizagem crítica, ativa e emancipadora do Estágio Supervisionado através da vivência de estagiários de Enfermagem de uma Unidade de Saúde da Família diante dos usuários de uma comunidade adscrita. METODOLOGIA Este estudo consiste em um relato de experiência de estagiários na disciplina de Estágio Curricular Supervisionado I do Curso de Enfermagem da Universidade do Estado da Bahia, realizado em uma Unidade de Saúde da Família de Senhor do Bonfim- BA. As atividades da disciplina foram divididas em etapas sendo desenvolvida com

carga horária de 450 horas na rede básica de saúde, e distribuídas em atividades na Universidade, na Unidade Básica de Saúde, comunidade, domicílio e atividades de pesquisa. Inicialmente, na fase diagnóstica foram identificados aspectos de vulnerabilidade na comunidade, perfil epidemiológico e problemas de saúde internos e externos ao espaço da unidade. Não diferente de outros lugares, o bairro de cobertura da unidade de saúde, por se tratar de um subúrbio e por ter sua população de extremos de níveis sociais, apresenta vários casos de usuários e tráfico de drogas, violência, gravidez na adolescência, hipertensão. Diabetes, doenças tais como Hanseniase, tuberculose, DTS e HIV/AIDS. De acordo com os problemas identificados, foram traçados através do Planejamento Estratégico Situacional ações que objetivassem a minimização destes agravos, bem como a promoção de estratégias que buscassem promover a inserção destes agravos em momentos de discussão e reflexão de toda a equipe de saúde com os usuários. Os participantes deste estudo são discentes do curso de graduação em Enfermagem, docente enfermeiro, equipe de Saúde da Família e usuários - todos envolvidos nos processos de discussão dos casos, desde a coleta de dados, discussão dos dados e análise e implementação de intervenções. Para as atividades educacionais utilizou-se a metodologia ativa de ensino-aprendizagem. RESULTADOS ALCANÇADOS Os momentos reflexivos, os espaços de diálogos propiciaram o desenvolvimento da investigação científica. A participação nas atividades de discussão de caso, reconhecimento da área de cobertura da unidade, permitiram ampliação dos conhecimentos sobre a própria comunidade, bem como o planejamento das ações com base na realidade local. As ações traçadas, fruto da negociação entre os sujeitos envolvidos (trabalhadores das ESF e dentre eles, as enfermeiras preceptoras da unidade e os Agentes Comunitários de Saúde, docente e discentes) acerca de temas relevantes para o cuidado aos usuários foram os principais avanços adquiridos com a prática em campo e a condução do processo ensino-aprendizagem de maneira crítica e reflexiva. Dentre as estratégias traçadas planejou-se a principal ação educativa, como comemoração ao Dia das mães, convidou-se as mulheres da comunidade e uma palestrante, advogada do Centro de Referência da Mulher para abordar o tema

"Violências: o que fazer diante desta situação?". Durante a palestra foram abordadas vários tipos de situação, promovendo a orientação destas mulheres sobre que tipo de providências tomar e o que fazer para evitar este tipo de situação. O principal objetivo desta ação foi promover o reconhecimento dos indivíduos que sofressem ou presenciassem algum tipo de violência obtivessem conhecimento de um órgão de referência para conseguir amparo psicológico, judicial, entre outros. Dentre as expectativas, a principal meta era de despertar na população que este tipo de situação não é aceitável, e que retomassem suas vidas com base nos direitos que lhes são conferidos ao buscar ajuda. CONCLUSÃO Esta experiência possibilitou a compreensão do papel social envolvido no âmbito da saúde da família, bem como o desenvolvimento do senso crítico quanto ao ambiente em que a unidade está inserido, promovendo a compreensão acerca das competências na atenção primária, principalmente da educação em saúde e da responsabilidade social que a enfermagem desempenha. A vivência no campo de estágio promoveu o estímulo ao reconhecimento de que a saúde não é feita apenas dentro da unidade, e sim quando esta saúde consegue ultrapassar as barreiras dos muros das unidades de saúde e se desloca aos locais de maior vulnerabilidade, regatando estes sujeitos e os reintegrando novamente à comunidade. Nesta perspectiva, as ações do estágio conseguiram demonstrar aos próprios usuários que apesar das situações desfavoráveis, ainda há capacidade de reestabelecer o vínculo com a sociedade e se fazer mais responsável pelo próximo exercendo seu papel de cidadão. Desta forma, a importância do Estágio se faz no desenvolvimento das competências dos enfermeirandos e contribui imensamente para a formação acadêmicoprofissional, além da construção da interdisciplinaridade e trabalho em equipe. Logo se faz necessário sua multiplicação para a ampliação dos conhecimentos e fortalecimento da atuação profissional principalmente diante das carências sociais que a população vive, permitindo maior segurança na articulação das ações de cuidado à saúde individual e coletiva reintegrando assim os usuários à vida em comunidade.

REFERÊNCIAS: BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988. DIMENSTEIN, Gilberto. Aprendiz do futuro: cidadania hoje e amanhã. 7ª Ed. São Paulo; Ed. Ática, 1999 BRASIL, Ministério da Saúde. Disponível em: WWW. http://portalsaude.saude.gov.br/. Acesso em 06 de julho de 2013. BRASIL, Ministério da Saúde. Oficinas de educação em saúde e comunicação. Brasília: Fundação Nacional de Saúde, 2001.