Objeto: Denúncia Relator: Conselheiro Umberto Silveira Porto Denunciante: Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento Denunciado: Departamento Estadual de Trânsito DETRAN/PB EMENTA: PODER EXECUTIVO ESTADUAL ADMINISTRAÇÃO INDIRETA DETRAN DENÚNCIA LICITAÇÃO ATRIBUIÇÃO DEFINIDA NO ART. 76, 2º, DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DA PARAÍBA, C/C O ART. 51 DA LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL N.º 18/93 Contratação de empresa privada para execução de atividade de competência do órgão denunciado Impossibilidade de delegação aos particulares. Procedência da denúncia. Nulidade do procedimento licitatório. Assinação de prazo. Constituição de processo específico. ACÓRDÃO APL TC 00543/12 Vistos, relatados e discutidos os autos da denúncia formulada pela Associação Nacional de Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento ACREFI, através do seu Presidente, Sr. Érico Sodré Quirino Ferreira, em face do Departamento Estadual de Trânsito da Paraíba DETRAN/PB, acerca de licitação deflagrada por este órgão, na modalidade Concorrência n.º 001/2011, que tem por objeto a concessão de serviços de registro de contratos de financiamento com cláusula de alienação fiduciária, de arrendamento mercantil, de compra e venda com reserva de domínio ou de penhor de veículos automotores no âmbito do Estado da Paraíba, acordam os Conselheiros integrantes do TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA PARAÍBA, por unanimidade, após a declaração de suspeição do Conselheiro Antônio Nominando Diniz Filho, em sessão plenária realizada nesta data, na conformidade do voto do relator a seguir, em: 1) TOMAR conhecimento da denúncia formulada e, no mérito, julgá-la procedente; 2) DECLARAR a nulidade da Concorrência n.º 001/2011, originária do Departamento Estadual de Trânsito da Paraíba DETRAN/PB; 3) ASSINAR o prazo de 120 (cento e vinte) dias ao Exmo. Sr. Superintendente do DETRAN/PB para que tome todas as providências administrativas e legais necessárias ao restabelecimento da legalidade, no sentido de implantar no âmbito dessa autarquia estadual os serviços de registro de contratos de financiamento com cláusula de alienação fiduciária, de arrendamento mercantil, de compra e venda com reserva de domínio ou de penhor de veículos automotores no âmbito do Estado da Paraíba, nos termos do que dispõem a Lei Federal n.º 11.882/2008, art. 6º e, e, mais especificamente, a Resolução do CONTRAN n.º 320, de 05 de junho de 2009, devendo fazer prova dessas providências junto ao Tribunal de Contas, sob pena de multa e outras cominações legais;
4) DETERMINAR a constituição de processo específico para realizar inspeção especial junto ao DETRAN/PB, com o objetivo de apurar e analisar todos os procedimentos que vêm sendo efetuados pelo ou junto ao DETRAN, decorrentes do Convênio n.º 003/2008 ASSEJUR, de 06 de fevereiro de 2006, prorrogado em 13 de dezembro de 2010, firmado naquela data pelo Governo do Estado da Paraíba, com interveniência da Secretaria de Estado da Segurança e da Defesa Social, do Departamento Estadual de Trânsito da Paraíba DETRAN/PB e do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba e, de outra parte, o IRTDPJPB Instituto de Registro de Títulos e Documentos e de Pessoas Jurídicas Seção da Paraíba, incluindo nos levantamentos e análises todos os aspectos legais e normativos, controle e contabilização das receitas auferidas, controle e contabilização da utilização dos recursos recebidos pelo DETRAN/PB, nos termos da legislação aplicável aos órgãos públicos, inclusive quanto às normas expedidas pelo TCE/PB. Presente ao julgamento a Exma. Procuradora Geral do Ministério Público Especial Publique-se, registre-se e intime-se. TCE Plenário Ministro João Agripino João Pessoa, 25 de julho de 2012 Conselheiro Fernando Rodrigues Catão Presidente Conselheiro Umberto Silveira Porto Relator Presente: Representante do Ministério Público Especial
Objeto: Denúncia Relator: Conselheiro Umberto Silveira Porto Denunciante: Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento Denunciado: Departamento Estadual de Trânsito DETRAN/PB RELATÓRIO Cuidam os presentes autos da análise de denúncia formulada pela Associação Nacional de Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento ACREFI, através do seu Presidente, Sr. Érico Sodré Quirino Ferreira, em face do Departamento Estadual de Trânsito da Paraíba DETRAN/PB, acerca de licitação deflagrada por este órgão, na modalidade Concorrência n.º 001/2011, que tem por objeto a concessão de serviços de registro de contratos de financiamento com cláusula de alienação fiduciária, de arrendamento mercantil, de compra e venda com reserva de domínio ou de penhor de veículos automotores no âmbito do Estado da Paraíba. Com base na denúncia encartada aos autos, a unidade técnica deste Tribunal emitiu relatório inicial, fls. 91/106, manifestando-se pela: a) procedência parcial da denúncia no que tange às exigências de adoção de procedimentos típicos de cartórios de notas, à impossibilidade de delegação do Poder de Polícia a particulares e à irregularidade da instituição de cobrança para particular por meio de edital; b) existência de indícios suficientes de irregularidades no Edital da Concorrência n.º 001/2011, capazes de acarretar graves prejuízos jurídicos e econômicos à Administração Pública, assim como aos licitantes, motivo pelo qual se recomenda a expedição de medida cautelar com intuito de obstar a abertura e prosseguimento do certame; e c) necessidade de citação da (s) autoridade (s) competente (s), concedendo-lhe oportunidade de se pronunciar acerca da representação efetuada, bem como da análise realizada pela Auditoria. Em seguida, diante dos indícios suficientes de irregularidades no Edital da Concorrência n.º 001/2011, bem como da celeuma acerca da própria possibilidade de se licitar ou não o objeto pretendido e da proximidade de abertura da licitação, este Relator emitiu a Decisão Singular DS1 TC 002/2012, na qual foi concedida medida cautelar para suspender o referido procedimento licitatório, fls. 107/109. Devidamente citado, o Diretor Superintendente do DETRAN/PB, Sr. Rodrigo Augusto de Carvalho Costa, interpôs Pedido de Reconsideração, fls. 115/210, no qual anexa diversos documentos, requer o recebimento de tal pedido como Recurso de Apelação, com base no princípio processual da fungibilidade, e pugna pela reconsideração da decisão singular mencionada anteriormente, com a consequente autorização para o imediato prosseguimento do certame. Em seguida, o relator, recebendo o pedido anterior como Recurso de Apelação e emprestando-lhe efeito devolutivo, determinou o encaminhamento dos autos à Secretaria do Tribunal Pleno para a escolha de outro relator, conforme preconizado no 4º do art. 87 (por simetria) c/c o art. 235 do Regimento Interno deste Tribunal.
Após a redistribuição do feito ao eminente Conselheiro Fábio Túlio Filgueiras Nogueira, foi apresentada defesa por parte do Diretor Superintendente, do Diretor Administrativo Financeiro e do Presidente da Comissão Especial de Licitação, todos do DETRAN/PB, fls. 214/265. Encaminhado o feito à unidade de instrução, esta, mediante o relatório de fls. 267/270, concluiu que a concessão da medida liminar foi acertada, uma vez que a situação fática exposta necessita minuciosamente ser examinada. Ao final, posicionou-se pelo desprovimento do recurso, mantendo-se, por conseguinte, os termos da decisão até julgamento de mérito da questão. Posteriormente, o Diretor Superintendente do DETRAN/PB, Sr. Rodrigo Augusto de Carvalho Costa requereu a juntada de novos documentos aos autos, fls. 274/642, bem como de nova Apelação, fls. 644/678. Requerida a intervenção do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas, este, através do Parecer n.º 225/12, fls. 680/686, opinou, em síntese, pela manutenção da decisão de fls. 107/109, mediante referendum do Órgão Colegiado, acarretando, portanto, o improvimento dos Recursos de Apelação interpostos, prosseguindo-se a marcha processual até seus ulteriores termos. Reunidos, ordinariamente, na sessão do dia 07 de março de 2012, os membros do egrégio Tribunal Pleno decidiram, através do Acórdão APL TC 145/2012, fls. 687/693, conhecer o Recurso de Apelação interposto contra a Decisão Singular DS1 TC 001/12 e, no mérito, pelo (a): a) não provimento, à maioria, com voto divergente do Conselheiro Arthur Paredes Cunha Lima, mantendo suspenso o procedimento licitatório na modalidade Concorrência n.º 001/2011, por força da Decisão Singular DS1 TC 001/12, até análise definitiva das questões controversas que margeiam o certame; e b) recomendação, à unanimidade, ao Setor e ao Órgão, Auditoria e Ministério Público, respectivamente, rendendo-lhes as homenagens de estilo, no sentido de que atuem com a máxima celeridade possível na promoção das fases subsequentes do feito, com vistas ao seu julgamento definitivo. Após o retorno dos autos para este Relator, aqueles foram encaminhados à unidade técnica para análise das manifestações encartadas pelos interessados. Ato contínuo, a Divisão de Licitações e Contratos emitiu o relatório de fls. 714/721, concluindo que: a) não deve prosperar a exigência do registro no cartório de todos os veículos que sejam objeto de contratos de alienação fiduciária; b) é do DETRAN a competência para o registro dos contratos de veículos com ônus reais, conforme julgamento da ADIN 2150 por parte do STF; c) não é permitido ao DETRAN fazer imposição aos usuários, no sentido de efetuar o registro de qualquer contrato em cartórios, mediante delegação de competência; d) com base no disposto no 1º do art. 1.361 do Código Civil de 2002, tornaram-se nulos todos os convênios celebrados entre os DETRANS e os cartórios, ou outras entidades privadas, com o fim de registro dos contratos de financiamento de veículos automotores; e e) o trespasse do serviço de registro dos contratos de alienação fiduciária para outra entidade por parte do DETRAN não deve ser autorizado por esta Corte de Contas.
Instado novamente a se pronunciar, o Ministério Público de Contas, através do Parecer n.º 558/12, fls. 722/739, opinou, consubstanciado em sólida fundamentação legal, doutrinária e jurisprudencial, pela: a) procedência da denúncia, ensejando, por conseguinte, a nulidade da Concorrência n.º 001/2011; e b) recomendação ao atual Diretor Superintendente do DETRAN/PB no sentido de que ele próprio efetive os registros de contratos de alienação fiduciária, arrendamento mercantil, reserva de domínio ou qualquer outra forma de garantia real. É o relatório. João Pessoa, 25 de julho de 2012 Conselheiro Umberto Silveira Porto Relator
Objeto: Denúncia Relator: Conselheiro Umberto Silveira Porto Denunciante: Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento Denunciado: Departamento Estadual de Trânsito DETRAN/PB VOTO Inicialmente, é importante salientar que a denúncia em análise encontra guarida no art. 76, 2º, da Constituição do Estado da Paraíba, c/c o art. 51 da Lei Complementar Estadual n.º 18/1993, Lei Orgânica do TCE/PB.. Conforme restou evidenciado ao final da instrução processual, notadamente nas derradeiras manifestações da unidade técnica de instrução e do Ministério Público Especial, cujo alentado parecer, devidamente alicerçado na legislação, na doutrina e na jurisprudência atinente à matéria em disceptação, evidenciou de forma clara, objetiva e inequívoca, no entendimento deste relator, que a hipótese de concessão a terceiros, particulares, mesmo sob o manto da realização de procedimento licitatório, como é o caso, não encontra respaldo constitucional e legal, sendo por conseguinte procedente a denúncia formulada. Diante de todo o exposto, VOTO no sentido de que esta eg. Egrégia Corte de Contas assim decida: 1) TOME conhecimento da denúncia formulada e, no mérito, julgue-a procedente; 2) DECLARE a nulidade da Concorrência n.º 001/2011, originária do Departamento Estadual de Trânsito da Paraíba DETRAN/PB; 3) ASSINE o prazo de 120 (cento e vinte) dias ao Exmo. Sr. Superintendente do DETRAN/PB para que tome todas as providências administrativas e legais necessárias ao restabelecimento da legalidade, no sentido de implantar no âmbito dessa autarquia estadual os serviços de registro de contratos de financiamento com cláusula de alienação fiduciária, de arrendamento mercantil, de compra e venda com reserva de domínio ou de penhor de veículos automotores no âmbito do Estado da Paraíba, nos termos do que dispõem a Lei Federal n.º 11.882/2008, art. 6º e, e, mais especificamente, a Resolução do CONTRAN n.º 320, de 05 de junho de 2009, devendo fazer prova dessas providências junto ao Tribunal de Contas, sob pena de multa e outras cominações legais; 4) DETERMINE a constituição de processo específico para realizar inspeção especial junto ao DETRAN/PB, com o objetivo de apurar e analisar todos os procedimentos que vêm sendo efetuados pelo ou junto ao DETRAN, decorrentes do Convênio n.º 003/2008 ASSEJUR, de 06 de fevereiro de 2006, prorrogado em 13 de dezembro de 2010, firmado naquela data pelo Governo do Estado da Paraíba, com interveniência da Secretaria de Estado da Segurança e da Defesa Social, do Departamento Estadual de Trânsito da Paraíba DETRAN/PB e do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba e, de outra parte, o IRTDPJPB Instituto de Registro de Títulos e Documentos e de Pessoas Jurídicas Seção da Paraíba, incluindo nos levantamentos e análises todos os aspectos legais e normativos,
controle e contabilização das receitas auferidas, controle e contabilização da utilização dos recursos recebidos pelo DETRAN/PB, nos termos da legislação aplicável aos órgãos públicos, inclusive quanto às normas expedidas pelo TCE/PB. É o voto. João Pessoa, 25 de julho de 2012 Conselheiro Umberto Silveira Porto Relator