PROCESSO DE GESTÃO DE MUDANÇA: ESTUDO DE CASO DA IMPLANTAÇÃO DE UM MODELO DE GESTÃO EMPRESARIAL EM UMA EMPRESA MULTINACIONAL BRASILEIRA



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Transcrição:

PROCESSO DE GESTÃO DE MUDANÇA: ESTUDO DE CASO DA IMPLANTAÇÃO DE UM MODELO DE GESTÃO EMPRESARIAL EM UMA EMPRESA MULTINACIONAL BRASILEIRA Nubia Cristina Rodrigues Mapa (UFRGS ) nubiamapa@gmail.com cintia kelli cabral rodrigues (NEWTON ) cintia.k.rodrigues@gmail.com Este artigo apresenta os resultados de uma estudo de caso, cujo objetivo foi de analisar o processo de gestão de mudança desenvolvido por uma multinacional brasileira do ramo da mineração para implantar um modelo próprio de gestão. Inicialmmente foi desenvolvida pesquisa bibliográfica buscando identificar conceitos, tipos e estratégias usualmente utilizadas para implantar mudanças, assim como foram organizadas informações disponíveis na empresa que descrevem as etapas utilizadas para implantação do modelo de gestão Vale Production System - VPS. Como principais resultados concluiu-se que existem algumas etapas-chave contidas nos diversos estudos disponíveis na literatura e uma grande aderência do processo utilizado pela empresa a essas etapas. Palavras-chaves: mudança, gestão de mudança, Vale Production System

1. Introdução Não importa o motivo e nem o momento, o que se sabe é que constantemente as organizações têm enfrentado a necessidade de mudarem sua estratégia e forma de trabalhar para enfrentarem o mercado cada vez mais competitivo ou mesmo para assegurar sua sobrevivência. No entanto, apesar de constantes e necessárias, ainda é pequeno o nível de sucesso na implantação de mudanças. Pesquisa realizada, com executivos, pela Mackinsey em 2008 (Keller & Aiken, 2009) revela que somente 30% do processos de mudança cumpriram seu papel. Apesar do alto insucesso, as empresas continuam tentando acertar usando fórmulas já testadas ou criando sua própria receita. Diante de tantas dificuldades e perdas significativas de recursos financeiros, verifica-se a necessidade de se entender como as organizações processam as mudanças, buscando identificar fatores que levam ao sucesso e aqueles que podem levá-las ao insucesso. A pesquisa tem como foco os fatores que influenciam no sucesso das iniciativas de gestão de mudança. Este artigo tem por objetivo apresentar os resultados de pesquisa realizada, no âmbito do mestrado profissional em Engenharia de Produção da UFRGS, em uma empresa multinacional do ramo da mineração, que vem desenvolvendo um processo de gestão de mudança para implantação de uma modelo de gestão de produção específico. 2. A teoria da prática: mudança organizacional Por melhores que sejam as intenções das empresas, pesquisas revelam que poucas têm obtido êxito em empreenderem o processo de mudança. Machado-da-Silva & Fernandes (1998, p. 47) ressaltam que mudanças profundas, que implicam e reorientação da estratégia, tendem a ser adiadas pelas empresas. Os autores observam que as organizações conseguem conviver bem com mudanças incrementais, nas quais não há necessidade de reorientação do arquétipo organizacional. 2

Primeiramente, é preciso compreender que toda mudança envolve pessoas, organizações e sistemas sociais. Não obstante, mudar pressupõe deslocar-se de uma determinada posição para uma nova, dispor elementos de outro modo, substituir uma coisa por outra, modificar, transformar, tornar-se diferente (Kissil, 1998, p.6) Na literatura são encontrados alguns conceitos sobre a mudança organizacional, em geral referem-se ao processo de implantação da mudança. Bressan (2004, p.3) consolida em um quadro as principais definições. Quadro 1- Definições Teóricas sobre mudança organizacional Definição Encontrada É qualquer alteração, planejada ou não, ocorrida na organização, decorrente de fatores internos e/ou externos à organização que traz algum impacto nos resultados e/ou nas relações entre pessoas e trabalho Qualquer transformação de natureza estrutural, estratégica, cultural, tecnológica, humana ou de outro componente, capaz de gerar impacto em partes ou no conjunto da organização São atividades intencionais, pró-ativas e direcionadas para a obtenção das metas organizacionais Respostas da organização às transformações que vigoram no ambiente, com o intuito de manter a congruências organizacionais (trabalho, pessoas, arranjos/estrutura e cultura) Autor Bruno-Faria (2000) Wood Jr. (2000) Robbins (1999) Nadler, Shaw, Walton e cols (1995) É um acontecimento temporal estritamente relacionado a uma lógica, ou ponto de vista individual, que possibilita às pessoas pensarem e falarem sobre a mudança que percebem. Conjunto de teorias, valores, estratégias e técnicas cientificamente embasadas objetivando mudança planejada do ambiente de trabalho com o objetivo de elevar o desenvolvimento individual e o desempenho organizacional Alteração significativa articulada, planejada e operacionalizada por pessoal interno ou externo à organização, que tenha o apoio e supervisão da administração superior, e atinja integralmente os componentes de cunho comportamental, estrutural, tecnológico e estratégico Ford e Ford (1995) Porras Robertson (1992) Araújo (1982) e Fonte: Bressan (2004) 3

O conceito norteador de mudança organizacional de Araújo (1982) será utilizado nesse estudo. Várias são as iniciativas adotadas pelas organizações, porém são apenas dois os objetivos da mudança: aumento do valor econômico ou ampliação dos recursos organizacionais (Beer, 2010, p. 16). Quanto ao tipo, Pinto & Couto-de-Souza (2009) resumo no quadro 2 as principais ocorrências na literatura. Quadro 2- Tipos de mudança organizacional Tipos de Mudança Incremental/Organizacional: aumento da eficiência e do uso dos recursos, mudança na arquitetura da empresa Transformacional/Institucional: Questionamento e mudança da missão, natureza e objetivo da organização Contínua: Mudança constante, cumulativa e Episódica: É uma mudança de evolutiva. Podem ser pequenos avanços que pouca frequência, descontínua e ocorrem quotidianamente em toda intencional, que ocorre durante organização, cujo acúmulo pode propiciar períodos de divergência, quando as uma mudança significativa na organização empresas saem da sua condição de equilíbrio 1ª. Ordem: Mudança linear e contínua. Não 2ª. Ordem: Mudança implica mudanças fundamentais nas multidimensional, multinível, pressuposições dos funcionários sobre o descontínua e radical, que envolve ambiente e sobre os aspetos que podem reenquadramento de pressupostos causar melhorias na empresa sobre a empresa e o ambiente em que ela se insere Incremental/Contínua: Continuação do Descontínua: Mudança no padrão padrão existente, podem ter dimensões existente, que ocorre em períodos de diferentes, mas são realizadas dentro do desequilíbrio e envolve uma ou contexto atual várias reestruturações de características da empresa Micro mudança: Focalizada dentro da Macro mudança: Visa à organização organização inteira, incluindo suas relações com o ambiente Autor Silva (1999) Welck & Quinn (1999) Robbins (1999) Nadler, Shaw, Walton e cols (1995) Mintzberg, Ahlstrand e Lampel 4

(1998) Intencional: Quando um agente de mudança Não intencional: Não é gerada Ford e Ford estabelece de maneira deliberada e consciente condições e circunstâncias diferentes das atuais e então busca utiliza-las por meio de uma conjunto de ações e intervenções, com ou sem colaboração de outras pessoas. 1ª. Ordem: É uma mudança linear e contínua, que envolve alterações nas características dos sistemas sem causar quebra em aspectos chave da organização deliberadamente ou conscientemente. Manifesta-se como efeitos colaterais, acidentes, efeitos secundários ou consequências inesperadas da ação. 2ª. Ordem: É uma mudança multidimensional, multinível, radical e descontínua que envolve quebra de paradigmas organizacionais (1995) Porras Robertson (1992( & Fonte : Pinto & Couto -de- Souza (2009 ) O presente estudo enquadra-se na tipologia apresentada por Silva (1999). Verifica-se que não há consenso na literatura de um único fator que direciona a organização, tampouco de uma única forma para implantar a mudança. Então o que se muda e como se muda? Segundo Quintella (1998), hoje, mais do que em qualquer outro momento, saber gerenciar os processos de mudanças nas organizações se tornou de vital importância. Sellmann & Quintela (2010, p.755) definem gestão de mudança como um framework conceitual composto por um conjunto de fases cujo objetivo é auxiliar o ajuste da empresa em ambientes de transformações. A gestão da mudança, segundo Hayes (2002, apud Sellmann & Quintela 2010), se concentra no entendimento e execução do processo de mudança, ou seja, em definir como será realizada a mudança (processo) e em identificar o que precisa ser mudado (conteúdo). As organizações empreendem métodos de gestão da mudança visando minimizar o insucesso. Guy & Beaman (2005, apud Wanderley & Sampaio, 2012) acreditam que a efetividade da gestão de mudança é baseada em iniciativas sustentáveis, que dependem de três fatores: 1-Habilidade para identificar resistências, redundâncias e ineficiências, bem como o conhecimento das melhores práticas para lidar com tais questões; 2- Habilidade para estabelecer de maneira clara cada etapa do processo de mudança e facilitar este processo garantindo o cumprimento de cada uma das etapas; 3- Habilidade para estabelecer e manter relacionamentos com empregados impactados pelo processo de modo a garantir o seu engajamento. 5

Outra habilidade necessária conforme literatura é a comunicação (Reis, 2004). Segundo CCSA-CCLAT (2012, p. 5) uma boa estratégia de comunicação envolve um provável lançamento formal do plano de implementação da mudança para demonstrar comprometimento organizacional e reconhecer as contribuições que estão sendo feitas. Sua natureza dependerá do nível da organização, do escopo das mudanças que ocorrem, e do nível de patrocínio ou da visibilidade que está sendo buscada. Price e Chahal (2005 apud Wanderley & Sampaio, 2012) relacionam ainda outras habilidades como a colaboração e o respeito (que geralmente associa-se à confiança) e circulação contínua de informações. Incluem a responsabilidade, a liderança e visão compartilhada, resolução efetiva de problemas, ações de suporte e desenvolvimento, participação e gestão estratégica. Alguns frameworks conceituais relevantes para a realização da gestão da mudança nas organizações foram desenvolvidos por Kotter (1999), Smeds (1994), (HAYES, 2002 apud Sellmann & Quintela 2010), Sims (2002), e Beer (2010). As principais estratégias desenhadas por cada autor é apresentada no quadro 3. Quadro 3- Estratégias para implementar a mudança Kotter (1999) Estabelecimento de um senso de urgência Criação de uma coalizão administrativa Criação da visão estratégica Disseminação da visão em todos os Smeds Hayes (1994) (2002) Análise e Reconhecer a modelagem da necessidade de situação Mudança corrente Análise da Iniciar o situação atual e processo de identificar mudança problemas e oportunidades Definição da Diagnóstico situação futura Rever presente/ Identificar estado Futuro - Planejar e Preparar para a Sims (2002) ATTC (2004) Beer (2010) - - Identificação de problemas e suas soluções Criar o Desenvolver Identificar a clima habilidade liderança para organizacionais mudança - Aumentar a Desenvolver motivação para uma visão mudança compartilhada - Explorar Começar mudança questões das bordas para o 6

níveis Implementação organizacionais centro Realização de conquistas a curto Implementar a mudança Implementar a mudança - - Concentrar-se em resultados prazo Consolidação de ganhos e produção de mais mudanças - - - - Institucionalizar o sucesso por meio de políticas, sistemas e estruturas formais Estabelecimento de novos métodos na cultura Estabilizar o novo processo Revisar - - Monitorar e ajustar as estratégias (lições aprendidas) Fonte: Autora Diante do quadro acima, observa-se alguns pontos em comum: ter uma visão, ter a liderança engajada traduzida em coalizão administrativa e criação do clima para mudança, disseminação da visão ou uma boa comunicação de onde a mudança vai levar, mensuração de ganhos e por fim um bom monitoramento e ajustes quando necessário. A partir dessa comparação, verifica-se que não há uma receita de bolo para implantar a mudança, mas há alguns pontos chave que não podem ser negligenciados quando se desenvolve um processo de mudança em uma organização. 3. Procedimentos metodológicos Inicialmente foi realizada pesquisa bibliográfica em periódicos, teses e dissertações, livros e revistas e sítios eletrônicos especializados utilizando palavras-chave: gestão de mudança, mudança organizacional e change management, change management dificults. Internamente na empresa foram identificados materiais de divulgação, conceitos e estratégias utilizadas pela empresa para implantar o modelo de gestão Vale Production System VPS. Na sequência foram identificados na literatura disponível os conceito de mudança, os tipos de mudança e as principais estratégias da implementar a mudança. 7

De posse dos principais conceitos e estratégias e do material utilizado pela empresa realizouse análise a fim de avaliar a aderência das ações desenvolvidas pela empresa aos principais elementos relacionados à gestão de mudança identificados na literatura. 3.1. Caracterização da empresa A Vale S.A é uma empresa privada de capital aberto com sede no Rio de Janeiro, presente em 37 países, nos cinco continentes. Ocupa o primeiro lugar mundial na produção de minério de ferro e pelotas e o segundo na produção de Níquel. Diversifica-se com a produção de cobre, carvão metalúrgico e térmico, manganês, ferroligas, cobalto e metais e fertilizantes. Atua ainda nos setores logístico, siderúrgico e energia. Tem como missão é transformar recursos naturais em prosperidade e desenvolvimento sustentável e visualiza ser Ser a empresa de recursos naturais global número um em criação de valor de longo prazo, com excelência, paixão pelas pessoas e pelo planeta (Vale, 2011a). Em 2011, a empresa possuía em seu quadro 187,7 mil empregados (próprio e terceiros), sendo que deste total, dos quais 78% trabalham no Brasil (Vale, 2011a). Fundada em 1942 e privatizada em 1997, ganhou visibilidade internacional com o aumento das exportações, implantação de unidades produtivas e aceleração do programa de aquisições de concorrentes dentro e fora do Brasil. O seu gigantismo, a complexidade de gerir e operar vários negócios, em tantos locais e várias línguas diferentes e a necessidade de aumentar cada vez mais sua participação no mercado competitivo da mineração orientaram sua estratégia para desenvolver um modelo de gestão que fosse capaz de buscar e manter os mais altos níveis de excelência operacional, de forma a ter uma vantagem competitiva e alcançar sua visão. Durante alguns anos, várias foram as iniciativas da empresa na busca do modelo que desse conta de sua ambição. Desde 1994 já se detectam iniciativas como a implantação e certificação, em suas minas de ferro, baseados as NBR ISO 9001 e 14001, porém esses modelos foram sempre desenvolvidos localmente e vinham dando certo, porém era preciso olhar e medir o conjunto de operações da empresa como um todo, o que os tornava inviável. A figura 2 descreve de forma gráfica a evolução da busca de um modelo único, a partir de 2005, até chegar ao Vale Production System VPS, que vem sendo implantado em diversas 8

unidades da empresa dentro e fora do Brasil e é a referência como modelo de gestão da empresa. Figura 2 - Jornada da Vale rumo à Excelência Operacional Fonte: Vale, 2011b O VPS, como é amplamente conhecido na empresa, foi desenhado para ser um sistema integrado de produção, único e padronizado para toda companhia, que tem como principais objetivos os seguintes pontos: 1. Garantir a operação segura e sustentável; 2. Melhorar os resultados operacionais (aumento de produção e/ou redução de custo unitário); 3. Definição de uma linguagem única para operações; 4. Facilidade de comunicação e gestão de uma empresa global; 5. Facilitar a avaliação do sistema de gestão de empresas adquiridas; 6. Facilitar o start up de novas plantas garantindo a priorização de processos. O sistema integra seis principais dimensões do negócio operação, manutenção, gestão, pessoas, meio ambiente e saúde e segurança, tendo como foco a melhoria dos resultados operacionais a partir da evolução da maturidade em cada uma das dimensões supracitadas. A forma como é direcionada a implantação, em estágios, visa criar a base necessária para a escalada da excelência de forma sustentável. 9

Para avaliar o nível de excelência, são realizadas três avaliações, ou diagnóstico de excelência, ao longo do ano que atribuem pontos às unidades operacionais. Essas avaliações têm como referência regulamentos e requisitos que representam o que é esperado das unidades e buscam a padronização e avaliação da maturidade da implantação. Ao final de cada ciclo de avaliação, atribui-se o índice de excelência à dimensão avaliada. 3.2. O processo de gestão de mudança A estratégia adotada pela empresa para realizar a implantação do Vale Production System VPS foi a criação de modelo de governança, que tem como missão fazer a disseminação de modelo e zelar por sua manutenção, verificação e análise de riscos da implantação, conforme figura 4. Figura 4- Representação Gráfica do Modelo de Governança do VPS 10

Comitê Executivo DIMO Comitê de Sustentabilidade Comitê de Saúde e Segurança Comitê de Pessoas Comitê de Gestão Comitê de Manutenção Comitê de Operação Subcomitês Cadeia Produtiva Fonte: Autora O plano macro de implantação do VPS é dividido em seis grandes fases dentro de uma cronograma anual. As fases são desdobradas em etapas que, por sua vez, são controladas e acompanhadas pela equipe de planejamento de controle e executadas pelas equipes de implantação, desenvolvimento, integração e gestão de mudança, conforme figura 5. 11

Figura 5: Macro Plano de Implantação do VPS Fonte: Vale, 2011b No que diz respeito à gestão da mudança, destacam-se algumas subetapas que objetivam preparar e dar o entendimento do processo, às áreas operacionais, e serão brevemente descritas: 1- Alinhamento Executivo: Tem por objetivo identificar a equipe que participará da implantação, cujos papéis e responsabilidades são definidas pela DIMO, bem como os principais produtos dessa etapa são: identificação do líder operacional da implantação do VPS e os pontos focais e suas respectivas equipes que estarão dedicadas ä implantação, cronograma, papéis e responsabilidades, os objetivos que se quer atingir com a implantação do modelo e levantamento de riscos e focos de resistências; 2- Preparação da Liderança: É a etapa onde os líderes tem o primeiro contato com o modelo de gestão e as motivações para implantação. Tem por objetivo promover o alinhamento conceitual do VPS nas áreas operacionais, assim como reforçar o patrocínio dos líderes locais na implantação do VPS. Precede a etapa de capacitação mais técnica do modelo; 3- Identificação de Indicadores e Metas: Tem por objetivo identificar os indicadores e metas que serão monitorados para medir a evolução dos processos por dimensão; 12

4- Análise de Risco: Preparação e Planejamento: Visa formalizar os pontos críticos que podem impactar negativamente a evolução da implantação do VPS e propor ações de mitigação; 5- Divulgação do VPS: Objetiva apresentar o VPS para as áreas operacionais visando mobilizar empregados e líderes para o alcance da Excelência Operacional. São estabelecidas campanhas de promoção e divulgação nas várias etapas do processo, incluindo as reuniões iniciais com os líderes, início dos auto diagnósticos e diagnósticos, informações de patrocínio, orientações, etc; 6- Diagnóstico: É a etapa que visa medir o nível de maturidade e excelência operacional em que cada área se encontra e a partir dela são implementadas medidas para evoluir no processo de adequação ao modelo proposto. O quadro 4 demonstra os quatro objetivos estratégicos da transformação que permeou o processo de gestão mudança. Quadro 4: Objetivos Estratégicos da Gestão da Mudança VPS LIDERANÇA: obter o compromisso da liderança através da definição e comunicação da visão estratégica da mudança, inspirando e direcionando a organização para alcançar tal objetivo. SENSO DE PROPRIEDADE: construir a aceitação generalizada da mudança e criar um senso de responsabilidade individual em relação ao modelo futuro. CAPACITAÇÃO: proporcionar conhecimentos específicos, competências, estrutura e processos, de forma a preparar a organização para atuar no novo ambiente. NAVEGAÇÃO: garantir os claros objetivos do processo de mudança e que ele está corretamente planejado, orientado, mensurado e gerido. Fonte: Vale, 2009 3.3. Estratégias VPS versus Modelos Conceituais Como estratégia em seu processo de gestão de mudança a empresa utiliza-se de seis etapas que vão desde a preparação para implantação, elaboração de planos de ação para adequação, fase de execução, diagnósticos até o fechamento do ciclo anual de implantação. Dentro de 13

cada etapa, além de outros aspectos, buscou-se identificar pontos em comum com a literatura disponível relativa a gestão de mudança. Comparando-se à literatura, verifica-se aderência aos pontos de maior convergência, conforme quadro abaixo (Quadro 05). Quadro 5- Comparação Estratégias VPS e Literatura Estratégias Comuns na Literatura Ter uma Visão compartilhada Liderança engajada traduzida em Coalizão administrativa Criação do clima para mudança Boa comunicação Estratégicas VPS A empresa revisou sua visão em 2011 buscando Ser a empresa de recursos naturais global número um em criação de valor de longo prazo, com excelência, paixão pelas pessoas e pelo planeta. Na visão destaca-se alguns os pilares do VPS: sustentabilidade, pessoas e excelência. Para liderar o processo de mudança, criou-se uma estrutura de governança com comitê executivo, bem como uma área específica (DIMO) responsável pela condução do processo de gestão de mudança e guardiã do modelo a ser implantado. O comitê é comporto por representantes da alta direção das várias diretorias operacionais da empresa e é a partir dele que são definidos os caminhos a serem seguidos na implantação. No início do ciclo de implantação são realizados rodadas de apresentação, para a liderança operacionais, dos conceitos que permeiam o VPS e os ganhos possíveis. Identificação de Riscos na implantação e propostas de contramedidas. As apresentações são superficiais e destacam apenas os conceitos do Vale Production System. Foram realizadas pesquisas para identificar e avaliar os riscos de implantação. Exemplo de Indicadores: Eficiência da comunicação (Pesquisa Quantitativa), Participação dos patrocinadores / agentes em eventos da rede, Avaliar Envolvimento da Liderança (Pesquisa Quantitativa). Realização de campanhas de promoção e divulgação nas várias etapas do processo, incluindo as reuniões iniciais com os líderes, início dos auto diagnósticos e diagnósticos, informações de patrocínio, orientações, etc. Utiliza-se os meios de comunicação da empresa como: Vale@Informar (comunicação diária), No Turno (comunicação quinzenal com supervisores), Jornal Mural (comunicação impressa semanal), Portal DIMO (disponível na Intranet da empresa). 14

Mensuração de ganhos com a mudança Monitoramento e Ações de correção Temas: comunicados relacionados aos conceitos de excelência, conceitos do VPS e sua apresentação, em seguida, os comunicados abordam o detalhamento do modelo. Determinação de indicadores para medir a evolução do processo de implantação e resultados alcançados e benefícios da mudança. Exemplo de Indicadores: Indicadores operacionais de produção como Volume produzido, Disponibilidade física de equipamentos, Taxa de Frequência de Acidentes de Trabalho Medição dos índices de Excelência (IE) e evolução nos estágios do modelo de gestão. Fonte: Autora 4. Conclusão O ambiente dinâmico em que se encontram as organizações tem exigido grandes e rápidas adequações de sua forma de trabalho sob pena de perderem sua fatia de mercado. Nesse sentido, processos de mudanças são iniciados constantemente pelas empresas, sejam eles de caráter radical ou incremental, planejado ou originado por um processo de garantia da sobrevivência no mercado. Esse artigo trouxe em seu corpo um estudo de caso realizado em uma empresa multinacional do ramo da mineração, que vem implantado, desde 2009, um amplo e arrojado processo de mudança organizacional visando gerar valor ao seus acionistas por meio do desenvolvimento de uma cultura organizacional que dê sustentação ao aprendizado contínuo e uma base de empregados com alto desempenho, mensuração de ganhos com a mudança, O estudo de caso foi desenvolvido tendo como objetivo analisar o processo de gestão de mudança utilizado pela empresa para implantar o Sistema de Produção Vale frente as várias estratégias disponíveis na literatura conforme Kotter (1999), Smeds (1994), Haynes (2002), Sims (2002), ATTC (2004), Beer (2010). Como resultado verificou-se que, apesar haver várias caminhos para se desenvolver um processo de mudança, existem alguns pontos em comum que são identificados nas propostas estudadas: ter uma visão compartilhada, liderança engajada traduzida em coalizão 15

administrativa, criação do clima para mudança, boa comunicação, mensuração de ganhos com a mudança, monitoramento e ações de correção. Na organização estudada foi possível identificar os pontos em comum da literatura presentes na estratégia de gestão de mudança que vem sendo utilizada pela empresa para implantar o VPS. Considerando o grande insucesso na implantação de mudanças apontado na literatura, sugerese como estudo futuro a verificação se a estratégia utilizada pela empresa para gestão de mudança tem sido percebida e se o objetivo da mudança está sendo alcançado. REFERÊNCIAS ATTC. The change book. A blue print for techonology transfer. Second Edition, Kansas Cty, MO, 2004. BEER, Mike. Gerenciando mudança e transição. Harvard Business Essentials. 4ª. Ed. Rio de Janeiro: Record, 2010. BIANCO, Mônica de Fátima and SALERNO, Mario Sergio. Como o TQM opera e o que muda nas empresas? Um estudo a partir de empresas líderes no Brasil. Gest. Prod. [online]. 2001, vol.8, n.1, pp. 56-67. ISSN 0104-530X. BRESSAN, C. L. Mudança Organizacional: uma visão gerencial. In: SEMINÁRIO DE GESTÃO DE NEGÓCIOS, 1., 2004, Curitiba. I Seminário de Gestão de Negócios - FAE, 2004. v. 1. Disponível em www.unifae.br/publicacoes/pdf/art_cie/art_25.pdf acesso em 22/09/2012. CCSA-CCLAT. System Approach Workbook Change Management. Module: Implementation. Canadian Centre on Substance Abuse. Otawa, 2012. CVRD. Relatório anual referente à seção 13 oi 15(b) da Lei de Mecado de Capitais 1934. 2007. Disponível em HTTP:/WWW.vale.com. Acesso em 09/02/2013 E&MJ. A mineração brasileira: A imensa base brasileira de recursos e grande influência econômica e política formam uma potência em mineração que pode dominar por gerações. Global Business Reports. s/d. Disponível em HTTP://www.dnpm.gov.br acesso em 13/01/2013. GANDOLFI, Franco. Learning from the Past : Downsizing Lessons for Managers. Journal of Management Research, 2008, vol. 8, n. 1. GONÇALVES, José Ernesto Lima. Um guia de referência para o executivo. RAE, 1994,São Paulo, v. 34, n. 4, p. 23-30. 16

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