PLANO DE GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE DA SOCIEDADE BENEFICENTE SÃO VICENTE DE PAULO



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Transcrição:

PLANO DE GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE DA SOCIEDADE BENEFICENTE SÃO VICENTE DE PAULO Osório, agosto de 2006

PLANO DE GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE DA SOCIEDADE BENEFICENTE SÃO VICENTE DE PAULO MUNICÍPIO DE OSÓRIO RS. 1. INTRODUÇÃO O INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE, através de uma pesquisa de abrangência nacional sobre o sistema de saneamento básico (serviço de água, esgoto e lixo) no Brasil, realizada em mais de onze mil entidades ligadas ao saneamento público, constatou a falência deste sistema. Entre os dados mais preocupantes, o IBGE mostrou que 92% dos municípios brasileiros não realizam qualquer tratamento de esgoto, apesar da exigência constitucional. Em relação ao lixo sólido, nada menos que 75% de todo o lixo coletado no País é despejado a céu aberto, sem qualquer cuidado ou tratamento nos chamados lixões ou vazadouros. Quanto aos resíduos de serviços de estabelecimentos de saúde, 45% dos municípios não possuem sequer a coleta especial, sendo misturados ao lixo doméstico, e somente 6,4% dos resíduos coletados, são destinados adequadamente. As conseqüências deste descaso, podem ser comprovadas através de dados da SECRETARIA NACIONAL DE SANEAMENTO, demonstrando que 80% das doenças que afetam a população e 65% das internações hospitalares, são causadas pela precariedade do saneamento básico. Especificamente, em relação aos resíduos de serviços de estabelecimentos de saúde, seu grau de periculosidade é multiplicado pela presença descontrolada deste tipo de lixo, nos vazadouros a céu aberto, focos de contaminação mais perigosos do que se possa supor. É conveniente ressaltar que, os microrganismos patogênicos encontram na massa de resíduos, condições ótimas para seu crescimento, pois, neste ambiente suas exigências vitais de abrigo, alimentação e água são plenamente satisfeitas. Desta forma, é importantíssimo evitar que os microrganismos tenham acesso ao ambiente ou ao homem, que em última instância, é quem manipula os resíduos, tratando-os adequadamente. Este plano de gerenciamento tem o objetivo específico de detalhar, sem pretender esgotar o assunto, as definições e conceitos, a classificação, a epidemiologia, as rotinas e treinamentos, o acondicionamento, a coleta, o transporte, o tratamento e a destinação final dos "Resíduos de Serviços de Saúde do Hospital São Vicente - RS". Vale salientar, a importância de dar continuidade a pesquisas e estudos sobre o tema, em função da relevância que o mesmo vem adquirindo quanto à saúde da população brasileira. 1.1 INTRODUÇÃO DO PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAUDE (PGRSS) 1.1.1 DEFINIÇÃO DE PGRSS Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde-PGRSS é o documento integrante do processo de licenciamento ambiental, baseado nos

princípios da não geração de resíduos e na minimização da geração de resíduos, que aponta e descreve as ações relativas ao seu manejo, no âmbito dos serviços de assistência aos pacientes, contemplando os aspectos referentes à geração, segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, reciclagem, tratamento e disposição final, bem como a proteção à saúde pública e ao meio ambiente. 2. ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS RELACIONADOS AOS RESÍDUOS. 2.1. DECOMPOSIÇÃO BIOLÓGICA DO RESÍDUO. O resíduo por conter em sua composição matéria orgânica, é decomposto por ação biológica. No resíduo de nosso país, que retrata fielmente os hábitos e costumes da sociedade brasileira, é rotineiro o hábito de descartar sobras de preparação e restos alimentares nos resíduos. Portanto estima-se que, a matéria orgânica representa em média 50% (cinqüenta por cento), podendo chegar até 60% (sessenta por cento), de toda a massa de resíduos, excluindo aí os compostos celulósicos como papéis e papelão. Esta parcela majoritária dos resíduos, desta forma, é atacada por bactérias e fungos saprófitos (seres que se alimentam de vegetais e animais mortos), que primeiramente, realizam a digestão da matéria orgânica, pois esta é, na sua maior parte insolúvel. Este processo consiste na produção de enzimas exógenas pelos microrganismos, que solubilizam a matéria, para posterior absorção na forma líquida. Sendo assim, os resíduos sólidos, ou "lixo", quando lançados a céu aberto em lixões, ou aterrados nos aterros sanitários, entram em decomposição. Os fenômenos que aí ocorrem, via de regra, podem ser subdivididos em 4 (quatro) estágios: Fase Aeróbia: Neste primeiro estágio, que pode durar até 2 (duas) semanas, em função da presença de oxigênio livre nos interstícios do resíduo, predominam os fenômenos aeróbios. Na aerobiose a temperatura pode chegar até 75oC, quando agem os organismos termófilos, que são primordiais nesta fase pela sua eficiência na utilização de O2. Ao final do processo o O2 livre é totalmente consumido pelos microrganismos, sendo liberado, conforme já dissemos, CO 2 e H 2 O. Fase Anaeróbia Acidogênica: Nesta etapa, que é a primeira da fase anaeróbia, a duração é variável, podendo chegar até 2(dois) meses. Neste estágio, as bactérias chamadas de acidogênicas, liqüefazem a matéria orgânica, decompondo gorduras, proteínas, carbohidratos e ácidos orgânicos complexos, em ácidos orgânicos de cadeia curta ( acético, propiônico, butírico... ), podendo o ph chegar até 4,0 (quatro). Fase Anaeróbia Metanogênica Instável: Neste terceiro estágio, ocorre a estabilização da matéria orgânica, onde bactérias estritamente anaeróbias, conhecidas como metanogênicas, utilizam as substâncias formadas na fase anterior como substrato, para produzir metano - CH4, CO2 e H2O. Esta etapa pode durar até 2 (dois) anos, sendo que a velocidade de reprodução das bactérias metanogênicas, ainda é inferior à das bactérias acidogênicas. Fase Anaeróbia Metanogênica Estável: Neste estágio, o crescimento das bactérias metanogênicas é maior, possibilitando uma relação constante de CH4 :

CO2 próximo a 60%/37%. Esta etapa pode durar até 70 (setenta) anos, e o ph situase na faixa de 6,8 a 7,2. Segundo COMEC, a composição média do gás gerado pela decomposição do resíduo é: QUADRO 1: COMPOSIÇÃO MÉDIA DO GÁS DO RESÍDUO COMPONENTES VALORES Metano - CH4 62% Dióxido de carbono - CO 2 38% Gás sulfídrico - H 2 S 0,001% Hidrogênio - H2 Vapor d'água - H2O Traços Saturado Fonte: HICSAN Ltda - citado por Construtora Kamal David Cury Ltda-Projeto Executivo Aterro Sanitário de Canoas, 1988. 2.2. EPIDEMIOLOGIA DOS RESÍDUOS A destinação final dos resíduos sólidos no Brasil, conforme já visto, é muito problemática. Várias formas já foram, e continuam sendo utilizadas para esconder os rejeitos da sociedade. Desde as condenáveis, como os lixões, até as formas corretas como o aterro sanitário. Desta forma, inúmeras possibilidades de contaminação ou poluição podem ocorrer, trazendo reflexos à saúde coletiva. O esquema a seguir, demonstra algumas possibilidades dos impactos ambientais que podem ser ocasionados pelos resíduos sólidos. QUADRO 2: IMPACTOS AMBIENTAIS PROVOCADOS PELOS RESÍDUOS SÓLIDOS Fonte: ROCHA, Aristides A. Aspectos Epidemiológicos e Poluidores, Vetores, Sumeiros, Percolados, 1982.

O lixo, além de conter grandes quantidades de resíduos de natureza biológica (humana, de outros animais e vegetais), como por exemplo, as toneladas de fezes humanas que podem trazer agentes (vetores biológicos), responsáveis por infecções, eventualmente transmitidas ao homem, constituem-se em local ideal para alguns animais, que no resíduo encontram alimento, água e abrigo, e tornam-se veiculadores ou reservatórios de doenças. O esquema a seguir, expressa as possíveis vias de contato de agentes patogênicos para o homem, através do resíduo. QUADRO 3: VIAS DE ACESSO DE AGENTES PATOGÊNICOS PARA O HOMEM, PROPICIADAS PELO RESÍDUO Fonte: Adaptação de FORATTINI, Citado por ROCHA, Aristides A. Aspectos Epidemiológicos e Poluidores, Vetores, Sumeiros, Percolados, 1982. As fontes (reservatórios) podem ser animadas ou inanimadas, entretanto, para a epidemiologia, as fontes animadas são as mais importantes. Desta forma, há as infecções comuns ao homem e aos vegetais, as chamadas Fitonoses, que são de pouca relevância no quadro das doenças transmissíveis. As Zoonoses, que são infecções comuns aos homens e animais, são subdivididas em: As Antropozoonoses, adquiridas pelo homem através de fonte animal, como por exemplo a leptospirose, brucelose, etc...,e as Zooantroponoses, adquiridas pelos animais, através de fonte humana, como por exemplo a tuberculose humana no gado. E, finalmente, as Antroponoses, adquiridas pelo homem, através de fonte também humana, como por exemplo as doenças venéreas.

QUADRO 4: DEMONSTRAÇÃO DAS VARIADAS FORMAS DE PATOLOGIAS TRANSMITIDAS AO HOMEM. Fonte: Adaptado de MACHADO, Angela de Campos, Epidemiologia do Lixo, 1980.(13) 3. CONCEITOS E DEFINIÇÕES Costuma-se definir como "lixo", todo resíduo sólido resultante da atividade das aglomerações humanas. Estes resíduos podem ser objetos que não mais possuem valor ou utilidade, porções de materiais sem significação econômica, sobras de processamentos industriais ou domésticos a serem descartados; enfim, qualquer coisa que se deseje colocar fora. Com respeito a esta definição, deve se observar que o conceito de utilidade é relativo; objetos e materiais que são descartados por determinadas pessoas, podem ser a fonte da vida de outras. Modernamente, há uma corrente que afirma, serem os resíduos a expressão da Qualidade de Vida de uma coletividade. Muito lógica, mas nem tão moderna e nem tão original assim. Em 1934, escrevia Humberto de Campos nos Cães da Meia Noite: "A lata do lixo é, na verdade, o resumo da vida diurna de cada família. É ela quem diz nas espinhas de peixes e nas cascas de ovos os pratos que houve à mesa. É ela quem informa se, lá dentro da sala de jantar, se toma vinho ou cerveja, água mineral ou água de torneira. É ela que denuncia, com pedaços de jornal, as tendências política ou sociais do dono da casa e, com as caixas vazias, os remédios que tomam e, consequentemente, a saúde dos moradores do prédio. Cada lata de lixo é, em suma, a crônica doméstica de uma família, deixada à noite à porta da rua". Conforme vimos anteriormente, conceituar ou definir, seja o lixo de cada dia, ou os resíduos de serviços de saúde, não é uma tarefa nada fácil. Desta forma,

inúmeros autores ou instituições têm gerado uma variedade de conceitos e definições. Neste trabalho, apresentamos aqueles, que consideramos, os que melhor definem estes resíduos: Segundo a ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - NBR- 12.807 de janeiro de 1.993,"Resíduos de serviço de saúde é o produto residual, não utilizável, resultante de atividades exercidas por estabelecimento prestador de serviço de saúde". Segundo MOREL"Resíduo de serviço de saúde é todo aquele gerado por prestadores de assistência médica, odontológica, laboratorial, farmacêutica, instituições de ensino e pesquisa médica, relacionados à população humana, bem como veterinário, possuindo potencial de risco, em função da presença de materiais biológicos capazes de causar infecção, produtos químicos perigosos, objetos perfuro-cortantes efetiva ou potencialmente contaminados, e mesmo rejeitos radioativos, necessitando de cuidados específicos de acondicionamento, transporte, armazenagem, coleta e tratamento". 4. CLASSIFICAÇÃO. O principal objetivo da classificação e posterior segregação dos resíduos, por parte dos geradores, é possibilitar a correta manipulação (intra ou extra unidade) desses, sem oferecer riscos aos trabalhadores ou à saúde coletiva e ao meio ambiente. Diversos são os sistemas de classificação adotados no mundo, e a seguir apresentamos 4(cinco) formas diferentes, sendo 2(duas) internacionais e 3(três) nacionais. 4.1. SISTEMA DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE OMS. a) Resíduo geral b) Resíduo patológico c) Resíduo radioativo d) Resíduo químico perigoso e não perigoso e) Resíduo infeccioso f) Resíduo perfuro-cortantes g) Resíduo farmacêutico h) Embalagens pressurizadas 4.2. SISTEMA BRITÂNICO. Grupo A - Todos os resíduos gerados em área de tratamento de pacientes; materiais de pacientes portadores de doenças infeciosas e tecidos humanos infectados ou não. Grupo B - Materiais perfuro-cortantes. Grupo C - Resíduos gerados por laboratórios e salas de autópsia. Grupo D - Resíduos químicos e farmacêuticos Grupo E - Roupa de cama utilizadas, contenedores de urina e recipientes para colostomia.

4.3. SISTEMA DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT - NBR - 12.808 DE JANEIRO DE 1.993. Este sistema é composto de três principais grupos, quais sejam, Tipo A - Infectante, Tipo B - Especial e Tipo C - Comum, com suas subdivisões. Tipo A - Resíduo Infectante - todo aquele que por sua característica de maior virulência, infectividade e concentração de patógenos, apresenta risco potencial adicional à saúde pública. A1 - Material Biológico - Cultura ou inócuo de microrganismos, meio de cultura inoculado, mistura ou inoculação de microrganismo provenientes de laboratório clínico ou de pesquisa, vacina vencida ou inutilizada, filtro de gazes aspirados de áreas infectadas e qualquer objeto, a ser descartado, contaminado por estes materiais. Meio de cultura inoculado A2 - Sangue e Hemoderivados - Bolsas de sangue com prazo de utilização vencido ou sorologia positiva, amostras de sangue para análise, soro, plasma e outros subprodutos. Bolsa de sangue A 3 - Resíduos Cirúrgicos e anatomopatológico - Tecido, órgão, feto, peça anatômica, produtos de biopsia, sangue e outros líquidos orgânicos resultantes de atos cirúrgicos, produtos de necropsia, bem como material contaminado daí resultante. Peça anatômica

A4 - Resíduos Pérfuro-Cortante - Compostos por agulhas, ampolas, pipetas, lâminas de bisturi, lâminas de barbear e vidros quebrados ou que se quebrem facilmente. Conjunto seringa/agulha A5 - Resíduos de Assistência ao Paciente - Todo aquele que não se enquadra nos tipos acima descritos e que provenha da assistência ao paciente em isolamento infecto-contagioso. Cita-se como exemplo as sobras de alimentos servidos aos pacientes. Restos Alimentares Tipo B - Especial - Aquele cujo potencial de risco, associado à sua natureza físicoquímica, requer cuidados especiais de manuseio e tratamento. B1 - Rejeito Radioativo - Qualquer material resultante de laboratórios de análises clínicas, unidades de medicina nuclear e radioterapia, que contenha radionuclídeos, em quantidades superiores aos limites de isenção especificados na Norma CNEN- NE-6.05 -Gerência de Rejeitos Radioativos em Instalações Radiativas, e cuja reutilização seja imprópria ou não prevista. Símbolo da Radioatividade B2 - Resíduo Farmacêutico - Medicamentos vencidos, contaminados, interditado ou não utilizados.

Resíduo Farmacêutico B3 - Resíduo Químico Perigoso - Resíduo tóxico, corrosivo, inflamável, explosivo, reativo, genotóxico ou mutagênico, segundo NBR-10.004 - ABNT. Resíduo químico perigoso Tipo C - Resíduo Comum - Todo o resíduo que não se enquadra em nenhum dos tipos anteriores, e que por sua semelhança aos resíduos domésticos, não oferecem risco adicional à saúde pública. Por exemplo: resíduos das atividades administrativas, de jardins, de pátios, resto de preparo de alimentos, dos pacientes sem isolamento infecto-contagioso. Resíduo comum

4.4 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS CONFORME REGULAMENTO TÉCNICO RDC Nº 306, DE 07 DE DEZEMBRO DE 2004 ELABORADO PELA ANVISA (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA). 4.4.1 GRUPO A Resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas características, podem apresentar risco de infecção. 4.4.1.1 A1 - Culturas e estoques de microrganismos; resíduos de fabricação de produtos biológicos, exceto os hemoderivados; descarte de vacinas de microrganismos vivos ou atenuados; meios de cultura e instrumentais utilizados para transferência, inoculação ou mistura de culturas; resíduos de laboratórios de manipulação genética. - Resíduos resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou certeza de contaminação biológica por agentes classe de risco 4, microrganismos com relevância epidemiológica e risco de disseminação ou causador de doença emergente que se torne epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido. - Bolsas transfusionais contendo sangue ou hemocomponentes rejeitadas por contaminação ou por má conservação, ou com prazo de validade vencido, e aquelas oriundas de coleta incompleta. - Sobras de amostras de laboratório contendo sangue ou líquidos corpóreos, recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, contendo sangue ou líquidos corpóreos na forma livre. 4.4.1.2 A2 - Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais submetidos a processos de experimentação com inoculação de microorganismos, bem como suas forrações, e os cadáveres de animais suspeitos de serem portadores de microrganismos de relevância epidemiológica e com risco de disseminação, que foram submetidos ou não a estudo anátomo-patológico ou confirmação diagnóstica. 4.4.1.3 A3 - Peças anatômicas (membros) do ser humano; produto de fecundação sem sinais vitais, com peso menor que 500 gramas ou estatura menor que 25 centímetros ou idade gestacional menor que 20 semanas, que não tenham valor científico ou legal e não tenha havido requisição pelo paciente ou familiares. 4.4.1.4 A4 - Kits de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores, quando descartados. - Filtros de ar e gases aspirados de área contaminada; membrana filtrante de equipamento médico-hospitalar e de pesquisa, entre outros similares. - Sobras de amostras de laboratório e seus recipientes contendo fezes, urina e secreções, provenientes de pacientes que não contenham e nem sejam suspeitos de conter agentes Classe de Risco 4, e nem apresentem relevância epidemiológica e risco de disseminação, ou microrganismo causador de doença emergente que se

torne epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido ou com suspeita de contaminação com príons. - Resíduos de tecido adiposo proveniente de lipoaspiração, lipoescultura ou outro procedimento de cirurgia plástica que gere este tipo de resíduo. - Recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, que não contenha sangue ou líquidos corpóreos na forma livre. - Peças anatômicas (órgãos e tecidos) e outros resíduos provenientes de procedimentos cirúrgicos ou de estudos anátomo-patológicos ou de confirmação diagnóstica. - Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais não submetidos a processos de experimentação com inoculação de microorganismos, bem como suas forrações. - Bolsas transfusionais vazias ou com volume residual pós-transfusão. 4.4.1.5 A5 - Órgãos, tecidos, fluidos orgânicos, materiais perfurocortantes ou escarificantes e demais materiais resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou certeza de contaminação com príons. 4.4.2 GRUPO B Resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade. - Produtos hormonais e produtos antimicrobianos; citostáticos; antineoplásicos; imunossupressores; digitálicos; imunomoduladores; anti-retrovirais, quando descartados por serviços de saúde, farmácias, drogarias e distribuidores de medicamentos ou apreendidos e os resíduos e insumos farmacêuticos dos Medicamentos controlados pela Portaria MS 344/98 e suas atualizações. - Resíduos de saneantes, desinfetantes, desinfestantes; resíduos contendo metais pesados; reagentes para laboratório, inclusive os recipientes contaminados por estes. - Efluentes de processadores de imagem (reveladores e fixadores). - Efluentes dos equipamentos automatizados utilizados em análises clínicas - Demais produtos considerados perigosos, conforme classificação da NBR 10.004 da ABNT (tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos). 4.4.3 GRUPO C Quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de isenção especificados nas normas do CNEN e para os quais a reutilização é imprópria ou não prevista. - Enquadram-se neste grupo os rejeitos radioativos ou contaminados com radionuclídeos, provenientes de laboratórios de análises clinicas, serviços de medicina nuclear e radioterapia, segundo a resolução CNEN-6.05.

4.4.4 GRUPO D Resíduos que não apresentem risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares. - papel de uso sanitário e fralda, absorventes higiênicos, peças descartáveis de vestuário, resto alimentar de paciente, material utilizado em anti-sepsia e hemostasia de venóclises, equipo de soro e outros similares não classificados como A1; - sobras de alimentos e do preparo de alimentos; - resto alimentar de refeitório; - resíduos provenientes das áreas administrativas; - resíduos de varrição, flores, podas e jardins - resíduos de gesso provenientes de assistência à saúde 4.4.5 GRUPO E Materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como: Lâminas de barbear, agulhas, escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas; tubos capilares; micropipetas; lâminas e lamínulas; espátulas; e todos os utensílios de vidro quebrados no laboratório (pipetas, tubos de coleta sanguínea e placas de Petri) e outros similares. 4.5 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS ADOTADO NO HOSPITAL SÃO VICENTE, SEGUNDO NORMAS BRASILEIRAS E RESOLUÇÕES DO CONAMA. O Hospital São Vicente, atualmente adota esta classificação e encontra-se na fase de estudo e adequação conforme a nova resolução do CONAMA nº 358/2005, que contempla as normativas de classificação e gerenciamento dos resíduos conforme entendimento conjunto entre CONAMA e ANVISA. 4.5.1 Grupo A: resíduos que apresentam ou podem apresentar risco potencial à saúde pública e ao meio ambiente devido à presença de agentes biológicos. Enquadram-se neste grupo, dentre outros: sangue e bolsa de hemoderivados; excreções, secreções e líquidos orgânicos; curativos; gesso; luvas; microfix; sondas de ASP, SNG, SNE, SV; equipos sem ponta; tecidos, órgãos, fetos e peças anatômica; filtros de gases aspirados de área contaminada; resíduos advindos de área de isolamento infecto-contagioso; restos alimentares de unidade de isolamento; resíduos de laboratórios de análises clínicas; resíduos contaminados de unidades de atendimento ambulatorial; resíduos de sanitários de unidade de internação de pacientes em isolamento infecto-contagiodo. O acondicionamento: É feito em sacos plásticos branco-leitosos, com espessura mínima de 08 micrômetros, identificados com o símbolo internacional de risco biológico estampado ou etiquetado. Para as áreas de armazenamento desses resíduos pode ser usado o símbolo de PERIGO para maior segurança e advertência ao público leigo. É

recomendável adicionar os dizeres MATERIAL CONTAMINADO MANTENHA A DISTÂNCIA. Peças anatômicas, fetos, órgãos e tecidos humanos são acondicionados, separadamente, em duplo saco, ou em um único saco branco-leitoso com espessura mínima de 12 micrômetros, e devem ser mantidas sob refrigeração até o horário de coleta. É facultado o sepultamento de peças anatômicas, observadas as condições de transporte e demais exigências legais. Todo recipiente é fechado quando 2/3 de sua capacidade estiverem preenchidos. Quando se tratar de resíduo de alta densidade, devem ser tomadas precauções de forma a evitar o rompimento do recipiente. O tratamento: Após a coleta e o transporte, os resíduos são enviados a Unidade de Tratamento onde são processados, isto é resíduos do Grupo A - Patogênicos tornam-se resíduos do Grupo D Comum. Este processamento é realizado por meio de tratamento térmico que consiste em processar os resíduos através de incineração em reatores à uma temperatura de 1.200 C. Este processo de tratamento visa destruição total dos agentes biológicos contaminantes dos resíduos do Grupo A, que são os vírus, fungos e bactérias. Logo a seguir, procede-se a destinação final. O destino final: O destino dos resíduos após a fase de tratamento (aproximadamente 3% do total tratado) é disposto em Aterro de Resíduos Classe II. 4.5.2 Grupo B: resíduos que apresentam risco potencial à saúde pública e ao meio ambiente devido às suas características químicas. Enquadram-se neste grupo, dentre outros: Farmacêuticos compostos por medicamentos vencidos, contaminados, não mais necessários, interditados ou não utilizados; Químicos Perigosos compostos por resíduos tóxicos, corrosivos, inflamáveis, explosivos, reativos, geno-tóxicos ou mutagênicos, bem como reagentes utilizados em exames laboratoriais. Alguns exemplos mais comuns: quimioterápicos antineoplásicos, produtos químicos, germicidas fora de especificação, solventes ácido crômico, mercúrio de termômetros, solução para revelação de radiografias, baterias usadas, óleo lubrificante usado, pilhas e etc. Recomenda-se a Unidade: A centralização da compra de drogas ou outros produtos químicos perigosos. Monitoramento dos fluxos destes produtos desde o recebimento até a sua disposição. A incorporação dos custos de gerenciamento dos resíduos para as Unidades que geram resíduos perigosos. Solicitação às Unidades usuárias dos produtos químicos que utilizem o estoque antigo antes de requisitarem ou utilizarem novo estoque.

Requisitar produtos químicos somente quando necessário, de forma a evitar estoque vencido. Implantação de treinamentos para os funcionários que manuseiam resíduos perigosos. Recomenda-se que todos os materiais (produtos de limpeza, químicos de processos, etc.) que possam resultar na geração de resíduos perigosos sejam testados em pequenas quantidades antes de serem adquiridos. Recomenda-se ainda, que o resíduo químico perigoso seja sempre que possível reciclado ou que o processo gerador seja substituído por outro que produza resíduo menos perigoso ou reciclável. Os fornecedores de medicamentos e demais produtos químicos deverão ser envolvidos no processo de minimização de resíduos nos estabelecimentos de saúde, comprometendo-se a receber os produtos e a realizar o tratamento conveniente, eliminando a periculosidade do mesmo para a saúde pública ou para o meio ambiente. O acondicionamento: É feito conforme as características e as peculiaridades de cada material. Os resíduos do GRUPO B são armazenados em local apropriado na Unidade geradora, ou em local exclusivo para este fim, junto ao abrigo de resíduos. São usados recipientes de paredes rígidas e estanques, e sacos brancos leitosos de 08 micras para acondicionamento de transporte. As unidades, possuidores e detentores de restos de medicamentos, fármacos e produtos tóxicos relacionam os produtos indicando os seguintes itens: - nome do estabelecimento razão social da entidade responsável pelo armazenamento; - endereço; - responsável pela informação farmacêutico responsável; - tipo de resíduo descrição sucinta do resíduo e a(s) característica(s) que lhe confere(m) periculosidade (por exemplo: reatividade, inflamabilidade, toxicidade, etc.); - gerador / origem se o sistema de armazenamento pertencer à entidade geradora, indicar a unidade que gerou o resíduo; - quantidade a ser descartada; - armazenamento / tipo; - laboratório responsável pelo medicamento (endereço completo, farmacêutico responsável, CPF); - período do vencimento. Esta relação deverá ser encaminhada à Secretaria de Saúde/Vigilância Sanitária e após uma avaliação mais detalhada será dada orientação ao setor detentor das substâncias, quanto à forma de destinação. O destino final: O Hospital São Vicente destina estes resíduos ao próprio fornecedor, à Empresa PS Químico, razão social Ardelino Valmor Pretto Ltda Farroupilha/RS e/ou Comercial Busatto, razão social Eni Maria Rockenbach Santa Maria/RS e à Empresa Ambientuus Tecnologia Ambiental Ltda Cachoeirinha/RS.

No que diz respeito às lâmpadas fluorescentes, sabe-se que cada lâmpada contém cerca de 15 mg de mercúrio metálico e o seu descarte em grande quantidade, de forma inadequada, provoca danos ambientais. Assim, recomenda-se que estas lâmpadas sejam armazenas em local ventilado e protegidas contra eventual ruptura por agentes mecânicos, em sua embalagem original até o seu recolhimento. As lâmpadas quebradas são separadas das demais e acondicionadas em recipientes herméticos, como uma bombona com tampa e em boas condições, e serão encaminhadas à coleta seletiva quando houver. Atualmente as lâmpadas estão sendo estocadas na própria embalagem ou em caixas de papelão e acondicionadas em local apropriado na área de armazenamento externo. 4.5.3 Grupo C: rejeitos radioativos: enquadram-se neste grupo os materiais radioativos ou contaminados com radionucleos, provenientes de laboratórios de análises clínicas, serviços de medicina nuclear radioterapia segundo Resolução CNEN 6.05. Devem ser gerenciados de acordo com os critérios da Resolução NE 6.05 da Comissão Nacional de Energia Nuclear CNEN. O Hospital São Vicente até então não possui serviços geradores de resíduos radioativos. O Laboratório de Análises Clínicas por ser terceirizado desenvolverá seu próprio PGRSS. Caso o Hospital São Vicente vir gerar este tipo de resíduo, o mesmo deverá ter um físico responsável pelo gerenciamento dos resíduos radioativos ou possuir contrato de responsabilidade dos resíduos com a empresa que presta serviço de assistência, aos equipamentos que possuam elementos radioativos. Os resíduos deverão ser separados, fisicamente, de quaisquer outros materiais. Aqueles que inicialmente forem submetidos à segregação, que não puderem ser removidos da instalação, deverão ser colocados em recipientes adequados e armazenados até que possam ser transportados ou eliminados, em conformidade com requisitos específicos. Os recipientes destinados tanto à segregação quanto à coleta, transporte e armazenamento de resíduos deverão portar o símbolo de radiação, colocado de maneira clara e visível. A segregação dos resíduos deverá ser feita no mesmo local em que forem produzidos, levando-se em consideração as seguintes características: - sólidos, líquidos ou gasosos; - meia-vida curta ou longa(t1/2>60 dias); - compactáveis ou não compactáveis; - orgânicos ou inorgânicos; - putrescíveis ou patogênicos, se for o caso; - outras características perigosas (explosividade, combustibilidade, inflamabilidade, piroforicidade, corrosividade e toxicidade química). Após a segregação e acondicionamento em recipientes adequados, os resíduos devem ser identificados e classificados de acordo com as categorias. Os recipientes para segregação, coleta ou armazenamento provisório devem ser adequados às características físicas, químicas, biológicas e radiológicas dos resíduos para os quais são destinados. Os recipientes destinados tanto à segregação quanto à coleta, transporte e armazenamento de resíduos devem possuir vedação adequada e ter seu conteúdo identificado.

O transporte interno de resíduos deverá ser realizado por veículos que possuam meios de fixação adequados para os recipientes de modo a evitar danos aos mesmos. Os veículos, após cada serviço de transporte interno, deverão ser monitorados e, caso necessário, descontaminados. O transporte externo de resíduos é regulado pela Norma de Transporte de Materiais Radioativos vigente. Os critérios para o armazenamento provisório deverão atender a Resolução NE-6.05 da CNEN. Qualquer tratamento de resíduos radioativos estará sujeito à aprovação da CNEN, em conformidade com normas específicas para cada tipo de instalação. A destinação dos resíduos radioativos que sejam líquidos, sólidos e/ou gasosos deverão atender ao estabelecido na resolução acima mencionada. O tempo para inativação completa da radioatividade será determinado pela meia-vida do radioisótopo empregado no processo de diagnóstico e terapêutica, e sua atividade será controlada por aparelhos especiais. Somente após a inativação completa da radioatividade dos resíduos contaminados, é que os mesmos deverão ser encaminhados à coleta, acondicionados em sacos plásticos branco-leitoso. Esses resíduos, após sua completa inativação, poderão ser encaminhados ao Aterro Sanitário, por serem então considerados como resíduos comuns, excluindo os resíduos perfuro cortantes. É vedado qualquer método de armazenamento, transporte ou destinação que apresente risco potencial de contaminação ambiental ou outros riscos à saúde pública. No Hospital São Vicente, como salientado anteriormente, não há ocorrência deste Grupo de resíduos. 4.5.4 Grupo D: resíduos comuns são todos os demais que não se enquadram nos grupos descritos anteriormente. Este grupo inclui todos os resíduos não incluídos nos grupos A, B e C. Para um correto gerenciamento é fundamental subdividir este grupo em categorias manejáveis conforme as características de cada tipo de material. - Reaproveitáveis ou Recicláveis Secos : são os materiais re-aproveitáveis diretamente na forma em que se encontram, necessitando no máximo de limpeza ou reparos, e os materiais que podem ser reciclados após processamento. Incluem-se vidros, plásticos, metais, papéis e outros. O acondicionamento: O acondicionamento destes materiais, com exceção do vidro, é feito em sacos plásticos verdes razoavelmente transparentes ou transparentes, de forma que seu conteúdo possa ser verificado sem a abertura do saco. O vidro deverá ser armazenado em tonéis fechados com capacidade máxima de 60 litros, de modo a facilitar o recolhimento deste material. Os resíduos recicláveis são destinados às Unidades de Reciclagem, ou ao Aterro Sanitário Municipal. - Reaproveitáveis ou Recicláveis Orgânicos: são as sobras e restos do prépreparo e preparo de alimentos, que são direcionados aos Projetos de Reaproveitamento de Resíduos Orgânicos, e outros resíduos orgânicos que possam

ser compostados e utilizados na agricultura (resíduos do jardim), ou outros projetos de recomposição de solos degradados. O acondicionamento: No primeiro caso deverá ser feito nas bombonas específicas do Projeto, e as coletas serão realizadas pela coleta domiciliar pública. No segundo caso, o reaproveitamento depende de projeto de responsabilidade própria da instituição. Serão acondicionados em lixeiras com sacos plásticos pretos. O destino desse material no primeiro caso é o Projeto de Reaproveitamento de Resíduos Orgânicos. Se não houver um projeto nesse sentido, este material será descartado como rejeito e irá para o Aterro Sanitário Municipal. Atualmente é separado, coletado e destinado ao Aterro Sanitário Municipal. - Resíduos Comuns ou Finais: são os materiais que não encontram condições de reaproveitamento ou reciclagem em função da presença de contaminantes ou da inviabilidade técnica ou econômica, desde que efetivamente não se enquadrem nos grupos A, B, C e E da Resolução nº 358/2005 do CONAMA. O acondicionamento: O acondicionamento desses materiais é feito em sacos plásticos pretos. O destino desses materiais é o Aterro Sanitário Municipal. - Outros Resíduos: entulhos, caliças e podas, cavacos e maravalhas, entre outros, não são alvo da coleta regular como os resíduos anteriormente citados. Não é exigido acondicionamento específico para estes materiais, mas o transporte não poderá ser feito em caminhão aberto, sendo exigido o uso de lona de cobertura para evitar a queda de materiais na via pública. 4.5.5 Grupo E: Neste grupo incluem-se, dentre outros, os objetos perfurantes ou cortantes, capazes de causar puctura ou corte, tais como lâminas de barbear, bisturi, seringas com agulhas, escalpes, abocaths, vidros quebrados, ponta de equipo, provenientes do estabelecimento prestador de serviços de saúde. O acondicionamento: Materiais perfuro-cortantes são acondicionados em recipientes de paredes rígidas, estanques, identificados com o símbolo internacional de risco biológico estampado ou etiquetado. É utilizado o uso da inscrição: CUIDADO MATERIAL PERFURO CORTANTE. Todo recipiente é fechado quando 2/3 de sua capacidade estiverem preenchidos. Quando se tratar de resíduo de alta densidade, devem ser tomadas precauções de forma a evitar o rompimento do recipiente. O tratamento: Após a coleta e o transporte, os resíduos são enviados à Unidade de Tratamento onde são processados, isto é resíduos do Grupo A - Patogênicos

tornam-se resíduos do Grupo D Comum. Este processamento é realizado por meio de tratamento térmico que consiste em processar os resíduos através de incineração em reatores a uma temperatura de 1.200 C. Este processo de tratamento visa destruição total dos agentes biológicos contaminantes dos resíduos do Grupo E, que são os vírus, fungos e bactérias. Logo a seguir, procede-se a destinação final. O destino final: O destino dos resíduos após a fase de tratamento (aproximadamente 3% do total tratado) é disposto em Aterro de Resíduos Classe II. 5. TAXA DE GERAÇÃO DE RESÍDUOS A determinação das quantidades médias de resíduos de serviços de saúde, produzidos diariamente pelos estabelecimentos hospitalares, geralmente é relacionada ao número de leitos. A seguir apresentamos as seguintes indicações: a) LE RICHE citado por LUZ prevê uma taxa média de 2(dois) a 4(quatro) Kg por paciente/dia. b) HART citado por LUZ indica 3(três) Kg por paciente/dia para hospitais normais e 8,2 Kg por paciente/dia para aqueles de treinamento. c) ZALTZMAN citado por LUZ aponta 1,77 Kg por leito dia. d) Segundo a DIVISÃO DE ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR DO MINISTÉRIO DA SAÚDE citado por LUZ a taxa média é de 1,3 Kg por leito dia, sendo 0,68 Kg de resíduos sépticos e 0,62 Kg de resíduos não sépticos. e) Segundo MACHADO JUNIOR a taxa média é de 2,63 Kg por leito dia. f) Segundo BORGES, a tabela a seguir, apresenta várias taxas para os diversos tipos de serviços de saúde:

QUADRO 5: TAXAS DE GERAÇÃO DE RESÍDUOS PARA DIVERSOS TIPOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE TIPO DE CONSTRUÇÃO 1-Hospitais, clínicas médicas, maternidades, casas de saúde, pronto socorros, sanatórios e similares. a) com internamento b) sem internamento 2-Consultórios médicos e odontológicos, bancos de sangue, postos de saúde, laboratórios e ambulatórios 3-Casa de repousos e asilos 4- Consultórios/clínicas veterinárias a) sem internamento b) com internamento PRODUÇÃO DIÁRIA DE RESÍDUO 10 litros por leito 0,5 litro/m 2 de área útil da edificação 0,5 litro/m2 de área útil da edificação 6,0 litros por apartamento ou quarto 0,3 litro/m 2 de área útil da edificação 0,4 litro/m2 de área útil da edificação Fonte: Superintendência de Limpeza Urbana de Belo Horizonte, citado por BORGES, Maeli Estrela, 1983. Segundo MACHADO JUNIOR a participação das diversas unidades que compõem um estabelecimento hospitalar, na produção de resíduos, está demonstrada no gráfico a seguir: QUADRO 6: PARTICIPAÇÃO DAS UNIDADES DE UM HOSPITAL SOBRE A PRODUÇÃO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE. Cozinha 12% 2% 4% 7% 8% 17% 50% Enfermarias de modo geral Maternidade Ortopedia Centro Cirúgico Escritórios Outros Fonte: MACHADO JUNIOR, M.C., SOBRAL, Glória Maria de O. Resíduos Sólidos Hospitalares, 1978.

6. SUBSISTEMA DE ACONDICIONAMENTO, COLETA, TRANSPORTE E ARMAZENAGEM INTERNO. As etapas que compõem este subsistema, fazem parte integrante deste Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos do Hospital São Vicente, conforme determina a resolução 358/2005 - CONAMA. O plano é formulado, de acordo com as características de cada estabelecimento, e com base na NBR - 12.809 - ABNT - Manuseio de resíduos de serviços de saúde. Desta forma, a seguir apresentamos de forma simplificada, a norma da ABNT que é bastante complexa, e todas as fases contempladas no referido plano. 6.1 GERAÇÃO E SEGREGAÇÃO Nesta fase, os funcionários responsáveis pela limpeza, são treinados, quanto aos procedimentos de identificação, classificação e manuseio dos resíduos. O treinamento é periodicamente ministrado pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar - CCIH, e pelo responsável técnico. Uma das premissas básicas desta fase, é que no momento da geração, os resíduos devem ser imediatamente, segregados e acondicionados em sacos plásticos, e disposto em lixeira próxima ao local onde foi gerado. Ressalta-se que a separação dos resíduos deve ser realizada, em conformidade com NBR - 12.808 - ABNT. Seus principais objetivos são: Racionalização dos recursos; Impedir a contaminação de resíduos considerados comuns; Adotar medidas de segurança, apenas onde, estas forem estritamente necessárias; Permitir o tratamento específico, para cada categoria de resíduos; Possibilitar ações específicas em caso de acidentes. 6.2. ACONDICIONAMENTO E MANUSEIO 6.2.1 QUANTO AOS RESÍDUOS INFECTANTES Todos resíduos enquadrados na categoria de infectantes (Grupo A e Grupo E), são acondicionados em saco plástico branco leitoso e recipientes rígidos e estanque, de acordo com a NBR 9.190 - ABNT. Salienta-se que o saco plástico serve de forro de recipientes adequados, como a lixeira com tampa, e tem sinalizado, a simbologia de substância infectante, conforme a figura.

Saco plástico branco leitoso As lixeiras devem necessariamente possuir tampa, a fim de impedir o acesso de vetores aos resíduos. As lixeiras podem ser de plásticos ou metal, e seu volume deve estar situado entre 20 e 100 litros, sendo que sua cor deve ser preferencialmente branca. Usa-se lixeiras com pedal, para áreas como centro cirúrgico, unidade de terapia intensiva, entre outras. Lixeira com tampa e pedal Dentre as várias categorias de resíduos infectantes, algumas delas, antes de serem acondicionadas nos sacos plásticos, devem sofrer tratamento ou cuidados especiais. A seguir listamos, quais as categorias, e quais medidas são tomadas no Hospital. Resíduo Pérfuro-Cortante - estes resíduos são acondicionados em recipientes rígidos e estanques. Resíduo Biológico, Sangue e Hemoderivados - estes resíduos são acondicionados nos sacos plásticos brancos leitosos ou recipientes plásticos rígidos, como exemplo: embalagens de álcool. Resíduo cirúrgico ou anatomopatológico - estes resíduos são acondicionados separadamente de outros resíduos infectantes, em sacos plásticos brancos leitosos duplos conforme NBR 9.190 - ABNT. Resíduos líquidos ou semilíquidos, considerados infectantes, quando da existência de rede coletora de esgotos com tratamento, antes de serem lançados na mesma, devem ser submetidos à esterilização. Quando a rede não existir, em hipótese nenhuma estes líquidos devem ser lançados nas instalações sanitárias. Os líquidos desta forma deverão estar contidos em recipientes rígidos e inquebráveis, e posteriormente acondicionados em sacos plásticos.

Resíduos de Assistência ao paciente em isolamento infecto-contagioso - as sobras de alimentos servidos ao paciente em isolamento, não são misturadas as sobras de preparo de alimentos, que são consideradas como resíduo comum. Esta sobras são consideradas resíduo infectante, e portanto, são acondicionadas no saco plástico branco leitoso. 6.2.2 QUANTO AOS RESÍDUOS ESPECIAIS O acondicionamento deste tipo de resíduo deve seguir a determinação da NBR - 12.810 - ABNT, que prevê: Rejeitos Radioativos: estes resíduos devem ser acondicionados, em conformidade com a norma CNEN 6.05, que preconiza o uso de sistemas de decaimento, para eliminação da radioatividade dos resíduos contaminados. Resíduos farmacêuticos e químicos perigosos: estes resíduos são acondicionados em conformidade com a NBR - 10.004 - ABNT, que determina o uso de receptáculo compatível com as características físico-químicas do produto a ser descartado. Este receptáculo deve ser identificado de forma visível, com o nome da substância ou resíduo, sua concentração e principais características físico-químicas. A norma também sugere que, sempre que possível, o resíduo químico seja reciclado. Um dos exemplos seria o mercúrio utilizado nos consultórios odontológicos, que não possui tratamento conhecido, porém pode ser reciclado. 6.2.3 QUANTO AOS RESÍDUOS COMUNS Os resíduos considerados comuns, por serem semelhantes ao resíduo doméstico, são acondicionados em sacos plásticos comuns, conforme figura, de cor preta, de acordo com a NBR 9.190 - ABNT. Da mesma forma que para os resíduos infectantes, a lixeira deve possuir tampa, porém a cor da lixeira deve ser qualquer outra, com exceção da branca ou verde. Saco plástico comum Entretanto, de acordo com a resolução 05/93 - CONAMA, "na elaboração do plano de gerenciamento de resíduos sólidos, devem ser considerados princípios que conduzam à reciclagem...". Os resíduos comuns possuem um alto potencial de reciclagem, e desta maneira, estes são separados no momento da geração, dos resíduos comuns que serão encaminhados à coleta regular. O acondicionamento então é feito com sacos plásticos comuns, porém, de cor diferenciada,

preferencialmente o verde transparente, conforme figura, com uso de lixeiras com tampa, preferencialmente da mesma cor. 6.2.4 MANUSEIO Saco plástico verde Os funcionários da limpeza ao manusearem qualquer tipo de resíduo de serviços de saúde, sempre estão portando equipamento de segurança e proteção individual. Os sacos plásticos são sempre fechados, seja através de barbantes, ou aplicando-se um nó. Deve-se ocupar no máximo 2/3 de sua capacidade volumétrica, e quando o resíduo possuir alta densidade, utilizar apenas a quantidade suficiente para evitar o rompimento. Os sacos permanecem intactos, até o armazenamento final, não permitindo o derramamento de seu conteúdo. 6.2.5 COLETA E TRANSPORTE INTERNO Esta fase é realizada dentro do hospital, e consiste em recolher os resíduos de serviços de saúde da fonte geradora, em intervalos regulares, no mínimo 1(uma) vez ao dia, e encaminhá-los ao armazenamento interno e externo. O planejamento é feito levando-se em consideração, os volumes produzidos, os horários e a freqüência necessária de coleta, para impedir a acumulação de resíduos nas fontes geradoras ou nos locais de armazenamento interno. O transporte dos resíduos é executado em rotas específicas e planejadas de tal forma, que evite a coincidência com fluxos de roupas limpas, medicamentos, alimentos e outros materiais e locais de grande circulação de pessoas. No hospital a coleta é realizada no turno da manhã, e quando necessário à tarde. Para o transporte, quando executado manualmente, utilizam-se recipientes que não excedam 20(vinte) litros de capacidade. Acima de 20(vinte) litros, ou mais de um recipiente, o transporte é realizado em carrinhos especiais de coleta. Estes carros são estanques, constituídos de material rígido, lavável e impermeável. São dotados de tampa, os cantos arredondados, e as paredes lisas, para facilitar a desinfecção, sendo de uso exclusivo para a coleta de resíduos.

Carrinho para transporte 6.2.6 ARMAZENAMENTO Esta fase constitui-se em guardar temporariamente os resíduos, para posterior coleta. Existem dois tipos de armazenamento, a sala de resíduo, e o abrigo externo. 6.2.6.1 Sala de Resíduos A sala de resíduo é necessária, preferencialmente, em todas as unidades geradoras, devendo estar sempre próxima, para possibilitar o armazenamento dos resíduos, sem causar acúmulo na própria fonte que os gerou. Esta sala deverá ter as seguintes características, segundo a NBR - 12.810 - ABNT: - área mínima de 4m2, prevendo espaço para acesso dos carros de coleta; - pisos e paredes revestidos com material liso, resistente, lavável e impermeável; - abertura de ventilação telada; - ralo sifonado ligado à rede de esgoto; - lavatório (pia). Para os serviços de saúde com baixa produção de resíduos, é facultativa a adoção da sala de resíduo, e recomenda-se que os resíduos alimentares (infectantes ou comuns), sejam encaminhados diretamente ao abrigo de resíduo. Portanto o Hospital São Vicente adota coleta interna com carro transportador e armazenamento externo diretamente. 6.2.6.2 Abrigo Externo. O estabelecimento de saúde possui um abrigo externo para resíduos, sendo que sua função, é armazenar os resíduos oriundos das salas de resíduos, ou da própria fonte geradora, até que sejam coletados. Salienta-se que, os resíduos devem ser armazenados no abrigo, mesmo quando o estabelecimento utiliza-se de contêineres. O abrigo de resíduos do Hospital deverá seguir por reforma, a fim de atender as seguintes especificações construtivas, conforme a NBR 12.810 - ABNT: - construído em alvenaria, fechado e dotado apenas de aberturas teladas;

- pisos e paredes revestidos com material liso, resistente, lavável, impermeável e de cor branca; - porta com abertura para fora, dotada de proteção inferior, dificultando o acesso de vetores; - dotado de ponto de água, ralo sifonado ligado à rede de esgoto e iluminação artificial interna e externa; - localização tal, que permita o fácil acesso da coleta interna e externa; ser identificado com a simbologia de infectante e possuir em suas proximidades, área de higienização para os carros de coleta interna e demais equipamentos utilizados. Abrigo externo ou "lixeira 6.2.7 EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA E PROTEÇÃO INDIVIDUAL. Todos os funcionários que executam trabalho de manuseio de resíduos, em qualquer das fases já mencionadas, executam suas tarefas paramentados com os EPI(s), recomendados pela Norma Regulamentadora NR-6(lei 6514 de 22/12/78) do Ministério do Trabalho, e pela NBR - 12.809 - ABNT. São de uso obrigatório, portanto, os seguintes equipamentos : Uniforme, composto de calça comprida e camisa com manga 3/4, de tecido resistente e de cor clara;

Camisa Calça Luva, impermeável, tipo PVC, antiderrapante e de cano longo; Luvas de PVC Botas, de material impermeável e resistente, tipo PVC, de cor clara, cano 3/4 e solado antiderrapante; Bota de borracha Gorro de cor branca, para dar proteção aos cabelos;

Gorro Máscara, do tipo semi-facial, para impedir a inalação de partículas e aerossóis. Máscara facial Todos os equipamentos são lavados e desinfetados periodicamente, e quando contaminados, substituídos imediatamente. Além de preconizado pelas normas, executa-se a tarefa de vacinar todos os funcionários da limpeza contra o tétano e a hepatite A e B, devendo os trabalhadores ainda passar por exames clínicos e laboratoriais periódicos, no mínimo 2(duas) vezes ao ano. 6.2.8 SISTEMA DE COLETA E TRANSPORTE EXTERNO A execução deste subsistema atende as normas e padrões da NBR - 12.810 - Coleta de resíduos de serviços de saúde ABNT. Para efeito, deste plano, a coleta e transporte de resíduos de serviços de saúde, consiste no recolhimento semanal (quinta-feira pela manhã) de resíduos de serviços de saúde do Hospital, em veículo exclusivo, acondicionados em bombonas contendo pastilhas de formol e tampa que possibilitam fechamento hermético, de forma a não ocorrer espalhamento e derramamento de resíduos e líquidos na via pública. A seguir apresentamos os procedimentos básicos e a metodologia que norteiam a execução desta etapa. 6.2.8.1 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS A freqüência de coleta dos resíduos do Grupo A e E é semanal, do Grupo B é esporádica, do Grupo C não há geração e do Grupo D é diária para o Hospital. O período de trabalho é diurno, evitando assim, os problemas de acesso ao estabelecimento, no período noturno. Quanto aos horários, os serviços de coleta, transporte e destinação final de resíduos de serviços de saúde Classe I Grupo A e E realizar-se-ão nas quintas - feiras no turno da manhã.