A fiscalidade na gestão da actividade agrícola



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Transcrição:

Ponto de partida: 2 sistemas contabilísticos diferentes Microentidades SNC pergunta: isto é relevante para a actividade agrícola? @Abílio Sousa Junho de 2011 2

Condicionante: a escolha do normativo contabilístico determina a fiscalidade da actividade agrícola pergunta: isto está correcto? É bom que assim seja? @Abílio Sousa Junho de 2011 3

conceitos (exemplos) Activo biológico de produção videira vaca leiteira arbusto Activo biológico de consumo uvas leite folha Produto resultante do processamento após colheita vinho queijo chá Equipamento biológico (animal ou planta vivo) cavalo da escola de equitação @Abílio Sousa Junho de 2011 4

Microentidades: Consideram-se microentidades, as empresas que, à data do balanço, não ultrapassem dois dos três limites seguintes: Total do balanço: 500 000,00; Volume de negócios líquido: 500 000,00; Número médio de empregados durante o exercício: 5 @Abílio Sousa Junho de 2011 5

Microentidades: Os designados activos biológicos de produção, são reconhecidos como activos fixos tangíveis ( 7.2 do NCM) logo depreciáveis Os activos biológicos consumíveis e os produtos agrícolas são reconhecidos como inventários ( 11.2 do NCM) @Abílio Sousa Junho de 2011 6

Microentidades/POC: O que muda? Reconhecimento e enquadramento fiscal dos activos biológicos de produção NADA!! Mensuração e enquadramento fiscal dos activos biológicos de consumo admissão do valor realizável líquido @Abílio Sousa Junho de 2011 7

NCRF 17 não se trata de uma norma exclusivamente aplicável à agricultura, mas sim de uma norma que, sobretudo, se preocupa em determinar regras de mensuração de activos biológicos @Abílio Sousa Junho de 2011 8

Por isso, entre as actividades abrangidas por esta NCRF encontram-se: a criação de gado a silvicultura o cultivo de pomares e de plantações, a floricultura a aquacultura (incluindo criação de peixes) @Abílio Sousa Junho de 2011 9

Quanto à mensuração, a NCRF determina que: o activo biológico deve ser mensurado pelo justo valor menos custos estimados no ponto de venda o produto agrícola colhido dos activos biológicos deve ser mensurado pelo seu justo valor menos custos estimados no ponto de venda no momento da colheita @Abílio Sousa Junho de 2011 10

Regime fiscal aplicável aos activos biológicos: Para os activos biológicos consumíveis, está previsto que os ganhos e perdas resultantes da aplicação do justo valor concorram para a formação do lucro tributável (conforme aliena g) do n.º 1 do artigo 20.º e alínea i) do n.º 1 do artigo 23.º do Código do IRC). Foram, porém, excepcionadas as explorações silvícolas plurianuais, para as quais se mantém o regime fiscal anterior (artigo 18.º n.º 7 do Código do IRC), dado estas se caracterizarem pela existência de longos ciclos de exploração @Abílio Sousa Junho de 2011 11

Regime fiscal aplicável aos activos biológicos: Quanto aos activos biológicos de produção (como por exemplo as árvores de fruto ou o gado leiteiro), não está prevista a aceitação fiscal da mensuração acolhida na contabilidade (pelo justo valor) Assim, este tipo de activos tem um regime fiscal semelhante ao dos activos fixos tangíveis (NCRF 7) quanto a imparidades, mais e menos valias e ao regime do reinvestimento, não sendo passíveis de qualquer amortização, quer contabilística, quer fiscal @Abílio Sousa Junho de 2011 12

Regime fiscal aplicável aos activos biológicos Em resumo Quanto aos activos biológicos de consumo justo valor aceite Quanto aos activos biológicos de produção justo valor desconsiderado @Abílio Sousa Junho de 2011 13

Regime fiscal aplicável aos activos biológicos Questão principal O justo valor é justo? @Abílio Sousa Junho de 2011 14

Regime fiscal aplicável aos activos biológicos Quanto aos activos biológicos de consumo a mensuração é adequada e aceite fiscalmente Quanto aos activos biológicos de produção já não é assim pergunta: o problema é contabilístico ou fiscal? @Abílio Sousa Junho de 2011 15

Regime fiscal aplicável aos activos biológicos Que solução fiscal para os activos biológicos de produção? 1.ª hipótese: aceitar a existência de uma depreciação fiscal mesmo não existindo depreciação contabilística (derrogando assim algumas regras do DR n.º 25/2009) 2.ª hipótese: criar um crédito fiscal para investimentos em activos biológicos de produção @Abílio Sousa Junho de 2011 16