Garantidores de depósitos e o debate sobre Recuperação e Resolução André Loes Brasília, 16 de junho de 2016
Garantidores de depósitos Parte relevante da rede de proteção do sistema financeiro; em 2013 estavam presentes em 112 países* Indutores de eficiência no sistema, por redução do risco sistêmico de liquidez Proteção exagerada estimula o moral hazard e produz seleção adversa Grande maioria dos GDs têm gestão pública ou quase pública, em geral separados da supervisão; privados são minoria GDs são total ou parcialmente financiados por contribuições das instituições que têm seus depósitos cobertos Atuação dos GDs em 2008/09 vista como positiva; sua importância cresceu desde então Em atuação combinada com BCs, foram evitadas corridas bancárias na parcela dos depósitos cobertos A extensão de cobertura a depósitos normalmente não cobertos, valores mais altos de cobertura e garantia governamental levantam questões relevantes sobre: Moral hazard Assimetrias distributivas Capacidade de pagamento em caso de falência de bancos de grande porte ** Demirgüç-Kunt, Kane & Laeven, Deposit Insurance Database, IMF, WP/14/118, 2014 2
Diferentes jurisdições, diferentes missões A diferença mais importante entre os GDs refere-se a sua missão e escopo de atuação Paybox: o GD é responsável somente pelo pagamento dos depósitos garantidos em evento de intervenção ou liquidação Paybox plus: o GD tem responsabilidades adicionais, incluindo algumas com características similares à resolução, tais como suporte de capital e liquidez às IFs associadas Loss minimizer: o GD se engaja ativamente na seleção da melhor solução para a entidade com problemas, do ponto de vista da minimização do custo de resolução Risk minimizer: o GD possui mandato claro de minimização de risco para o sistema, incluindo avaliação e administração de risco, uma gama de poderes de intervenção prévia à resolução, e em alguns casos responsabilidades de fiscalização prudencial Em 2013, 43% dos GDs apresentavam missão de um paybox simples, e os demais dividiam-se nas outras categorias 3
FGC: de paybox simples a paybox plus O FGC nasceu em 1995, durante um difícil período para o SFN, quando a drástica redução da inflação inviabilizou o modelo de negócios de uma parte dos bancos brasileiros No mesmo período, foram implantados os programas governamentais de bail-out de bancos privados (PROER) e de bancos públicos (PROES) Até 2008 o FGC teve um formato paybox simples, tendo atuado no pagamento de garantias de depósitos na liquidação de 25 instituições financeiras entre 1995 e 2008 A partir de 2008, no bojo da crise financeira global, o escopo de atuação do FGC foi ampliado, alçando-o à condição de paybox plus, podendo: Contratar operações de assistência de liquidez temporária Contratar operações de assistência financeira, especialmente em situações de mudança societária (fusões, aquisições e mudança de controle acionário) ou saída organizada do mercado Desde 2008 atuamos na prestação de garantias de depósitos de mais 9 instituições financeiras, perfazendo um total de 34 desde a criação do FGC 4
Mais previsibilidade facilita a ação do FGC Com as funções adquiridas em 2008, mais previsibilidade sobre possíveis situações de recuperação significa mais capacidade do FGC contribuir para a estabilidade/higidez do SFN A existência de planos de recuperação, por exemplo, identificaria indicadores de monitoramento e seus níveis críticos, permitindo aquilatar os riscos de sua adoção A efetividade de planos de recuperação para manutenção da normalidade do SFN será tanto maior quanto mais largo o espectro das IFs que estão obrigadas a apresentá-lo Para além do aspecto prudencial mais óbvio, o exercício de elaboração de um plano de recuperação explicita, para a IF e reguladores, os pontos vulneráveis de cada instituição, tornando a ação mais rápida e eficaz, se necessária 5
Estar pronto para agir Se franqueado ao FGC o conhecimento prévio de planos de recuperação, estaremos melhor preparados para agir com rapidez e precisão em caso da adoção de um desses planos Planos de recuperação, quando adotados, tipicamente contemplam ações conforme abaixo Reforço de capital ou liquidez Suporte financeiro de outras entidades do mesmo grupo econômico, se houver Venda de ativos e reestruturação de passivos Mudanças nas estruturas societária e organizacional Mudanças no modelo de negócio Informações contidas nos planos de recuperação, permitiriam melhor dimensionamento de: Tamanho de possível assistência, de acordo com regras estatutárias do FGC Estruturas adequadas em caso de necessidade de assistência financeira ou de liquidez Análise prévia de garantias envolvidas em possível operação Previsão de disponibilidades, a partir das aplicações do FGC, que contemple montante esperado da operação Previsão de detalhes operacionais críticos para resposta rápida, se necessária 6
Pagamento mais rápido na resolução Se legislação franquear ao FGC informações sobre depósitos garantidos durante execução da recuperação, pagamento seria mais rápido na hipótese de evento de garantias Informações estariam disponíveis e no formato necessário no momento em que IF fosse eventualmente resolvida Prazo médio para pagamento de garantias (em dias) Fonte: Bancos centrais, garantidores de depósitos e reguladores. Compilado pela Oliver Wyman 7
Possíveis impactos de uma nova lei de Resolução Discussões preliminares sobre nova lei de Resolução havidas em seminários públicos sugerem que avanços importantes poderiam ocorrer do ponto de vista da atuação do FGC No geral, novas disposições ou consolidação em lei de aspectos da atuação do FGC que estão até o momento regulados por normas executivas, poderiam incluir: Equiparação dos GDs a instituições financeiras para determinados fins Acesso a certas informações sobre IFs franqueadas pela autoridade Previsão explícita de sub-rogação aos direitos creditórios garantidos pelo Fundo Possibilidade de que a capitalização dos GDs possa ser feita não somente pelas contribuições das associadas mas também por outras formas 8