INFORMATIVO DE JURISPRUDÊNCIA DO CADE. 9 a 13 de maio de 2016. Diário Oficial da União de 9.5.2016



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Transcrição:

INFORMATIVO DE JURISPRUDÊNCIA DO CADE 9 a 13 de maio de 2016 Diário Oficial da União de 9.5.2016 AC nº 08700.003071/2016-54 Requerentes: BRF S.A. ("BRF") e Globosuínos Agropecuária S.A. ("Globosuínos"). Assuntos: aquisição de ativos. Mercados envolvidos: produção e comercialização de suínos para abate e matrizes de reprodução. Objeto: aquisição, pela BRF, de ativos de propriedade da Globosuínos localizados no Estado do Paraná, cujas atividades produtivas envolvem a concepção, criação e engorda de suínos. Os ativos incluem a denominada Granja UPL Toledo, inclusive o imóvel, construções, máquinas, bens e o plantel de suínos situado na granja, o qual compreende 7.533 matrizes, 59 machos rufiões e 53.966 leitões. Resumo da decisão: a SG-CADE destacou que a operação implica sobreposição horizontal no mercado de comercialização e criação de suínos, cuja abrangência geográfica é definida pela jurisprudência do CADE como de âmbito estadual, ou correspondente a um raio de 350 km da unidade de abate. Entretanto, constatou-se que a referida sobreposição horizontal é irrelevante, visto que a BRF não comercializa habitualmente suínos para o abate por terceiros, atuando no mercado apenas ocasionalmente. De acordo com a SG-CADE, haveria, ainda, integração vertical entre as matrizes de suínos e a atividade de abate desenvolvida pela BRF. Conforme informações fornecidas pelas Requerentes, a participação de mercado da BRF no mercado downstream, ou seja, de abate de suínos, está abaixo de 30%. Além disso, quase a totalidade dos animais abatidos pela BRF advêm de seu próprio sistema de integração. À vista de tais informações, a SG-CADE concluiu que a presente operação não levanta preocupações sob a óptica concorrencial.

AC nº 08700.003056/2016-14 Requerentes: White Martins Gases Industriais Ltda. ("White Martins") e ArcelorMittal Brasil S.A. ("ArcelorMittal"). Assuntos: contrato associativo. Mercados envolvidos: comercialização de gases industriais. Objeto: acordo por meio do qual a ArcelorMittal cede à White Martins, em comodato, três plantas on site de separação de ar e os equipamentos de compressão de gases a ela associados (Fox 1, 2 e 3), bem como os eventuais excedentes líquidos gerados. Resumo da decisão: de acordo com a jurisprudência do CADE, os diferentes gases atmosféricos (oxigênio, nitrogênio e argônio) não são substitutos entre si, em virtude de suas características, propriedades e destinações distintas. Esses gases podem ser fornecidos: (i) on site, quando a empresa fornecedora do gás constrói uma unidade de separação de gases junto à planta da empresa consumidora, conectadas entre si por meio de gasoduto; (ii) a granel, quando o gás é transportado na forma líquida, por via rodoviária ou ferroviária; ou (iii) em cilindros, normalmente para transporte de pequenas quantidades em forma gasosa. Em relação à dimensão geográfica, o CADE considera o mercado para distribuição de gases atmosféricos em estado líquido como regional em virtude dos custos de transporte envolvidos. Segundo a SG-CADE, a operação gera sobreposição horizontal na comercialização de gases atmosféricos em estado líquido, pois os excedentes líquidos comercializados pela ArcelorMittal serão detidos e comercializados pela White Martins. Entretanto, ainda que a participação da White Martins no mercado de comercialização de gases atmosféricos seja superior a 20%, o acréscimo de market share resultante da operação não altera de forma significativa o ambiente concorrencial, pois não só a participação de mercado da ArcelorMittal é muito baixa, como também a White Martins já era a destinatária principal dos excedentes comercializados pela ArcelorMittal, por deter o direito de preferência na aquisição dos excedentes da planta de sua titularidade Assim, a SG-CADE concluiu que a presente operação não apresenta maiores preocupações concorrenciais.

Diário Oficial da União de 11.5.2016 AC nº 08700.000722/2016-54 Requerentes: S.C. Participações Empresariais Ltda. ("SCPE"), Panpharma Distribuidora de Medicamentos Ltda. ("Panpharma") e OncoProd Distribuidora de Produtos Hospitalares e Oncológicos S.A. ("Oncoprod"). Assuntos: aquisição de controle, rivalidade efetiva. Mercados envolvidos: mercado de distribuição de produtos farmacêuticos. Objeto: aquisição da Panpharma e da Oncoprod pela SCPE, controladora da Distribuidora de Medicamentos Santa Cruz Ltda. ("Santa Cruz") e pertencentes ao Grupo Santa Cruz. Atualmente, a Panpahrma e a Oncoprod são subsidiárias do Grupo Celesio. Resumo da decisão: a Santa Cruz e a Panpharma atuam, no Brasil, no mercado de distribuição de produtos farmacêuticos destinados às redes varejistas de farmácias e drogarias. Quanto à Ocoprod, essa atua na distribuição de medicamentos de alta complexidade, produtos hospitalares e vacinas a hospitais, clínicas especializadas e instituições governamentais. Segundo as Requerentes, haveria sobreposição horizontal entre as atividades da Santa Cruz e da Panpharma apenas no mercado de distribuição de produtos farmacêuticos. As Requerentes também informaram que a operação não envolve qualquer integração vertical. Assim, para as requerentes, a dimensão produto do mercado relevante deve ser definida como distribuição de produtos farmacêuticos que contemplam medicamentos, produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumaria, não abrangendo os medicamentos especiais e de alta complexidade. No entanto, as Requerentes também apresentaram outras possíveis segmentações do mercado, todas analisadas pela SG-CADE. A SG-CADE analisou os aspectos abordados pelas Requerentes e terceiros interessados, quais sejam: (i) distinção entre a distribuição de produtos farmacêuticos e medicamentos especiais; (ii) distinção entre a distribuição de produtos farmacêuticos realizada diretamente pela indústria ou indiretamente por distribuidores; e (iii) distinção entre a distribuição de produtos farmacêuticos realizada por distribuidores associados à Associação Brasileira de Distribuição e Logística de Produtos Farmacêuticos ("Abradilan") ou Associação Brasileira do Atacado Farmacêutico ("Abafarma"). Analisou-se, ainda, se haveria (iv) distinção em relação aos tipos de medicamentos distribuídos (medicamentos de referência, genéricos e similares). Segundo a SG-CADE, precedentes do CADE já consideraram que haveria distinção entre o mercado de medicamentos de alta complexidade e produtos farmacêuticos. No presente caso, a SG-CADE resolveu analisar o cenário mais conservador, motivo pelo qual considerou o cenário em que medicamentos especiais e produtos farmacêuticos integrariam mercados distintos, pela distinção existente entre clientes e produtos comercializados. As Requerentes sustentaram que os distribuidores de produtos farmacêuticos sofreriam pressão competitiva não somente dos distribuidores concorrentes, mas também das indústrias, as quais poderiam atender diretamente o mercado varejista (farmácias e drogarias). Consequentemente,

defenderam que a dimensão produto do mercado relevante deveria incluir também os volumes de vendas diretas. No entanto, a partir das respostas a ofícios emitidos pela SG-CADE, constatou-se que a venda direta das indústrias para as redes varejistas atendem principalmente a grandes redes de farmácias, de modo que há diferenciação quanto ao adquirente do produto e, por essa razão, não poderiam ser consideradas para fins de definição do mercado relevante. A SG-CADE também analisou a possibilidade de segmentação do mercado entre distribuidores associados à Abradilan e Abafarma e concluiu que tais distribuidores pertencem ao mesmo mercado independentemente de eventual associação a alguma entidade. Por fim, a SG-CADE entendeu que não há segmentação do mercado quanto à distribuição de produtos de acordo com o tipo de medicamento, vez que o tipo de produto é escolha do distribuidor que pode alterá-lo sem custos significativos ou necessidade de licenças. A partir de tais considerações, o mercado relevante afetado por esta operação foi considerado como o seguinte: distribuição de produtos farmacêuticos, excluídas as vendas diretas da indústria para o varejo, nas regiões Sul, Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste do país. Quanto à possibilidade de exercício de poder de mercado, a SG-CADE utilizou as informações do IMS Health relativas à estrutura de oferta dos mercados regionais de distribuição de produtos farmacêuticos, cruzando com os dados regionais totais fornecidos pelo IMS Health e os dados de vendas regionais da Santa Cruz e da Panpharma. Diante das informações apresentadas, a participação conjunta das Requerentes seria superior a 20%, e a variação do índice Herfindahl- Hirschman Index ( HHI ) seria superior a 200 pontos nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste. Dessa forma, o CADE houve por bem analisar a probabilidade de exercício de poder de mercado.nesse aspecto, a SG-CADE analisou a rivalidade no mercado relevante sob 5 aspectos, quais sejam: (i) os fatores considerados pelas farmácias e pelos laboratórios na escolha de um fornecedor, a fim de verificar se haveria alguma tendência à fidelização, upstream ou downstream, nesse mercado; (ii) a existência de alguma diferenciação entre os distribuidores instalados ou se esses poderiam ser considerados homogêneos; (iii) quais seriam os distribuidores alternativos dos laboratórios, para fornecer e distribuir seus produtos; e das farmácias, para serem abastecidas com produtos farmacêuticos; (iv) se existiriam contratos de longo prazo e/ou com cláusula de exclusividade que pudessem dificultar a troca de distribuidor no caso de um exercício de poder de mercado por parte das Requerentes; e, por fim, (v) se os clientes das Requerentes, diante de um aumento de preços, poderiam desviar sua demanda por produtos farmacêuticos para outros distribuidores, e se os demais distribuidores poderiam absorver um eventual desvio de demanda. Segundo a SG-CADE, constatou-se que: (i) no mercado de distribuição de medicamentos, os clientes não valorizam a marca, mas a condição de oferta e a qualidade na entrega; (ii) existem mais de 200 distribuidores, motivo pelo qual a SG-CADE entendeu que não haveria como afirmar haver uma completa homogeneidade entre os eles, ainda que os distribuidores de pequeno e médio porte concorram com os de grande porte; (iii) tanto pela óptica de fornecedores quanto de clientes, existiriam diversos distribuidores alternativos que poderiam suprir a demanda em caso de exercício de poder de mercado; (iv) o mercado é caracterizado pela ausência de contratos de fornecimento de longo prazo ou com cláusulas de exclusividade, de forma que os clientes operam com diferentes distribuidores a fim de obter uma condição de oferta vantajosa; e (v) segundo informações apresentadas pelas concorrentes, há rivalidade suficiente para inibir um possível exercício de poder de mercado, de forma que essas conseguiriam suprir a demanda sem custo adicional.

A SG-CADE oficiou diversas concorrentes e laboratórios que atuam no mercado relevante. Não obstante algumas respostas manifestaram preocupação quanto à concentração de mercado resultante da operação, a maioria delas foi no sentido de que a operação poderia ter efeitos positivos como aumento da capilaridade de distribuição. Diante do exposto, a SG-CADE entendeu que a operação não ensejaria prejuízos concorrenciais e decidiu pela aprovação sem restrições.