AS MARCAS DO ARCO METROPOLITANO SOBRE A POPULAÇÃO: O CASO DE NOVA IGUAÇU



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Transcrição:

AUTOR: HUMBERTO MIRANDA DE CARVALHO UNIVESIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO HUMBERTO.BOB@HOTMAIL.COM AS MARCAS DO ARCO METROPOLITANO SOBRE A POPULAÇÃO: O CASO DE NOVA IGUAÇU Estágio da pesquisa: A presente pesquisa continua na fase de coletas de dados para obter de forma mais precisa, os impactos gerados por este empreendimento, contudo, este trabalho já possui alguns resultados relevantes. INTRODUÇÃO A cidade do Rio de Janeiro assim como o restante do estado foi acometida por um determinado período de estagnação e obsolescência da economia, devido em grande parte pela perda do atributo de ter a capital federal em seu território, que foi transferida para a recém-construída cidade de Brasília na década de 1960. Assim, grandes partes dos investimentos privados e estatais deixaram de fomentar a economia fluminense que se encontrava polarizadas na capital do Rio de Janeiro, diminuindo a capacidade tributária e a mudança de grandes empresas para outros estados. A partir disso, o estado procurou implantar políticas compensatórias para que o Rio de Janeiro, de forma mais íntegra, encontrasse o rumo do desenvolvimento econômico, uma das medidas foram as criações dos distritos industriais distribuídos em diversas partes do território fluminense, onde se destinavam áreas com benefícios fiscais para a atração de indústrias de forma a dinamizar a economia do Rio de Janeiro. Outro grande projeto foi a construção do Porto de Sepetiba (atualmente Porto de Itaguaí) que aumentaria a potencialidade logística do estado e em conjunto a construção do Porto seria a construção da rodovia RJ-109 (projetada na década de 1970), que conectaria a Região da Baixada Fluminense ao referido Porto, contudo, por conta da inviabilidade econômica e pouco interesse do 1

governo do estado, o projeto ficou somente no papel como um recurso a ser utilizado posteriormente sem data prevista. Em 2006, o projeto da rodovia foi resgatado devido a novas políticas econômicas e saturação da mobilidade urbana que se estende para a Região Metropolitana 1 do Rio de Janeiro. Atualmente, o projeto abrange mais três trechos: A (entre Magé e Niteroi); B(entre Itacuruçá e Avenida Brasil); C(entre as rodovias BR-40 e BR-101); D(entre a BR-493/RJ em Santa Guilhermina e a BR-040/RJ em Saracuruna), conforme está exposto na figura 1. Figura 1- Mapa do Trajeto do Empreendimento. Fonte: Relatório de Impactos do Meio Ambiente, 2007, (p.6). Segundo o governo do estado, no plano diretor do Arco Metropolitano, a construção do Arco Metropolitano visa: O traçado do Arco Metropolitano vai aproximar importantes pólos de desenvolvimento do estado: ele se conectará ao Comperj, em Itaboraí, à Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), em Santa Cruz, (bairro do Rio de Janeiro) e ao 1 Criada pela Lei Complementar n 20, de 1 de julho de 1974 é composto pelos seguintes municípios: Rio de Janeiro, São Gonçalo, Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Niteroi, Belford Roxo, Cachoeiras de Macacu, Guapimirim, Itaboraí, Itaguaí, Japeri, Magé, Maricá, Mesquita, Nilópolis, Paracambi, Rio Bonito, Queimados, São João de Meriti, Seropédica e Tanguá. Esta é a principal região do estado acumulando aproximadamente 51% do Produto Interno Bruto do estado. 2

complexo portuário de Itaguaí. A otimização do acesso ao Porto de Itaguaí propiciará a redução do custo do transporte de mercadorias oriundas de pelo menos seis estados brasileiros São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além do Distrito Federal. A conexão entre o Porto de Itaguaí e o Comperj, juntamente com os ramais ferroviários existentes, transformará a Região Metropolitana em umas das maiores áreas logísticas do mundo, gerando novas perspectivas econômicas regionais. (Plano Diretor do Arco Metropolitano). Os municípios que serão afetados de forma direta, ou seja, terá seu município no trajeto do empreendimento são: Duque De Caxias, Magé, Itaboraí, Nova Iguaçu, Miguel Pereira, Japeri, Paracambi, Seropédica e Guapimirim. OBJETIVOS A presente pesquisa busca analisar em que sentido e medida a obra do Arco Metropolitano está modificando a vida das pessoas em Nova Iguaçu, além disso, procura-se desvendar um possível reordenamento territorial por parte do empreendimento sobre a população mais especificamente nos bairros: Geneciano; Barão de Guandu; Figueiras; Vila de Cava; Santa Rita; Bairro Amaral. 3

Este tipo de classificação foi levado em consideração as áreas onde a população de Nova Iguaçu está sendo afetado de forma direta. JUSTIFICATIVA O município de Nova Iguaçu está localizado numa região denominada Baixada Fluminense 2, uma área que sofre influência da capital (Rio de Janeiro), possui um bioma importante para o resto do estado, além de sofrer diversos problemas sociais e econômicos pela má administração e pelas características geomorfológicas. Neste contexto o município de Nova Iguaçu se encontra como um dos municípios mais 2 Área delimitada a partir de padrões geomorfológicos (unidade de baixadas- áreas onde possuem características de uma altitude menor comparada ao seu entorno) 4

importantes para esta região exercendo uma crescente centralidade em relação aos municípios vizinhos, despontando com a 8 economia do estado (R$ 8,5 bilhões), com o potencial econômico voltado ao polo automotivo e de cosméticos. Atualmente o município possui uma população de 795.212 habitantes, quantificado com 236.606 domicílios (27,8% com a renda superior a R$ 1400) um dos mais populosos de todo o traçado do empreendimento 3, proporcionando já, mesmo antes de sua conclusão, uma série de mudanças nos modos de organização e práticas no ambiente de vivência de uma parcela da população, engendrando desdobramentos relevantes. METODOLOGIA - Análise de conteúdos de três fontes bibliográficas principais: Plano Diretor do Arco Metropolitano; Relatório de Impactos do Meio Ambiente (EIA-RIMA); Arco Metropolitano: Integração e fragmentação da paisagem metropolitana. - Elaboração e aplicação de um questionário visando resgatar a versão sobre o mesmo projeto dando voz aos moradores dos bairros, sejam eles sujeitos a remoção ou não; - Ida a campo no intervalo de 15 dias durante 120 dias para verificar o cotidiano dos moradores diante a construção do empreendimento, após seis meses revisitá-los; - Levantamento de dados referentes a remoção dos moradores: Preço indenizatório; Índice de evasão local; Satisfação pelo preço da indenização; - Levantamento fotográfico para o dimensionamento espacial do empreendimento em meio ao cotidiano das pessoas; Como aporte teórico para operacionalizar a pesquisa foi utilizado o conceito de impactos sociais: A abordagem sobre impactos aqui é entendido como consequência dos efeitos de um projeto ou prática social. Expressa o grau de consecução dos objetivos em relação à população-meta do projeto. E ainda, o impacto pode ser medido em distintas 3 De acordo com o IBGE, em 2013 a população de Nova Iguaçu estava estimada em 804.815 habitantes. 5

unidades de análise: a do indivíduo ou grupo familiar, ou em distintos conglomerados societários (comunitário, regional, nacional).. (COHEN & FRANCO,1999:94) Durante a realização da pesquisa, foi percebido que a forma como o governo do estado do Rio de Janeiro agia sobre a população iguaçuana com a implantação do Arco Metropolitano, através do valor da indenização nização oferecida, condicionando ao que CORREA (1993) classifica como segregação residencial, em que O O estado na sua condição de interventor do espaço urbano condiciona a segregação residencial dos moradores da área de inserção do empreendimento. (CORREA, 1993). Através da segregação imposta (CORREA, 1993) é feita a diminuição da escolha da população pobre à moradia pelo Estado. RESULTADOS PRELIMINARES Durante a ida a campo e coleta de dados, surgiram diversos enclaves para a obtenção da mesma, seja por parte do estado que não dispôs de todos os dados necessários para a pesquisa, ou pela dificuldade de acesso aos moradores, pois muitos atingidos (removidos pelo empreendimento) haviam saído dos bairros, havendo dificuldades de encontrá-los. Bairros Total/ Domicílios Domicílios Famílias Desapropriados Entrevistadas Vila de Cava 4702 70 30 Santa Rita 7141 50 15 Figueira 877 40 22 Geneciano 2589 26 12 Bairro Amaral --- 21 9 Barão de Guandu --- 12 7 -De acordo com a Seobras, ao longo de todo o empreendimento endimento foram desapropriados 1754 imóveis, sendo 70% domicílios; 6

-Com a exceção de Vila de Cava e Santa Rita, os demais bairros não possuem os números de desapropriações divulgados. -Referente ao total de domicílios de B.Amaral e B. de Guandu, a prefeitura não dispôs de uma quantidade oficial, sendo assim considerado os domicílios de B.Amaral quantificado em St.Rita enquanto B.de Guandu entram na quantificação de Geneciano;7 Percebeu-se que em todas as localidades a especulação imobiliária era maior que o valor da indenização oferecida pelo governo do estado, colocando as famílias a serem removidas numa condição de aceitar o valor da indenização ou a correr o risco do despejo para o prosseguimento da obra. Gráfico com valores de Casas/Terrenos e as respectivas indenizações 80000 70000 60000 50000 40000 30000 20000 10000 VALOR MÉDIO IMÓVEIS 0 VALOR MÉDIO TERRENO VALOR MÉDIO INDENIZAÇÃO Fonte:Acervo próprio; Asssciação de moradores; Zap Imóveis Assim as famílias removidas se viram obrigadas a morar de aluguel na própria localidade (pelo sentimento de afetividade pelo local) ou comprar uma residência de qualidade menor a antiga moradia em uma localidade mais distante mudando o cotidiano de várias famílias em Nova Iguaçu. Além disso, foi feito um levantamento sobre a aprovação sobrea quantidade do valor indenizatório oferecida pelo estado, o resultado está exposto na figura abaixo: 7

PORCENTAGEM DE SATISFAÇÃO B.AMARAL ST RITA V.DE CAVA FIGUEIRAS PORCENTAGEM DE SATISFAÇÃO GENE/B.GUANDU 0% 20% 40% 60% 80% 100% Fonte: Acervo próprio -No trecho de Geneciano/Barão de Guandu, a maior parte das desapropriações se deu em sítios, onde se obteve os maiores valores pagos. -No trecho de Figueira, a maioria dos domicílios era de posse, o que proporcionou valores mais baixos e insatisfações maiores. -No trecho de Vila de Cava, apesar da maioria dos domicílios serem legais, a insatisfação se deu pelo valor dos imóveis, incompatíveis com a especulação imobiliária do bairro. -No trecho de Santa Rita, o índice foi um pouco maior devido a oferta de imóveis mais compatíveis ao valor da indenização -No Bairro Amaral, a situação dos domicílios é semelhante a de Figueira, com um índice de satisfação também semelhante. O índice de evasão dos bairros ocorreu de forma mais acentuada em Vila de Cava (37,1% dos desapropriados) já que os valores pagos pelas indenizações foram muito 8

aquém da especulação imobiliária do bairro. Nos bairros de Figueira e Amaral os índices de evasão foram semelhantes (18% e 16,6% respectivamente) por conta da disponibilidade maior de residências e terrenos a venda por um preço mais próximo da realidade dos valores das residências e terrenos do bairro. Os bairros de Geneciano e Barão de Guandu não tiveram a saída de famílias por conta das obras, já que a maioria das áreas desapropriadas eram partes de chácaras, logo não proporcionou a remoção efetiva dos moradores, enquanto aos removidos de suas residências permaneceram morando no mesmo bairro (seja por ter outra residência ou pelo preço acessível de terras próximo a suas antigas moradias). Após o início das obras, as pessoas que não foram desapropriadas afirmaram que o número de assaltos e acidentes com automóveis aumentaram por conta da falta de luminosidade e a "desertificação da área. Além disso, as famílias que foram desalojadas disseram que enquanto permaneciam nas suas residências esperando uma indenização justa foram por vezes intimadas seja por um representante do estado ou pelos operários a saírem do local. As famílias reconhecem que a construção do empreendimento será benéfica para o desenvolvimento econômico do estado, contudo, todos eles criticam a forma como o governo estadual está agindo sobre a população iguaçuana, seja na remoção ou no cotidiano de quem permanece próximo ao Arco Metropolitano. Segundo o Relatório de Impactos do Meio Ambiente: O programa deverá envolver um conjunto de ações que visem garantir que o processo de reassentamento/relocação da população afetada, que proporcione, no mínimo, a garantia de suas condições atuais de subsistência, ordenando a ocupação nas novas áreas de assentamento, bem como regularizando a situação fundiária em suas novas residências. (EIA-RIMA, 2007, pg 54). Contudo, nas seis localidades analisadas, todos os entrevistados afirmaram não haver um plano de reassentamento populacional, forçando-os a aceitar o valor da indenização aferido nas suas residências ou pleitear até chegar a um valor que pudesse garantir outra 9

moradia que tivesse uma qualidade a antiga residência, o que acabou embargando por um longo período a consecução do empreendimento. BIBLIOGRAFIA CORRÊA, Roberto Lobato. O Espaço Urbano. São Paulo, Editora Ática, 1993. CONSÓRCIO TECNOSOLO E ARCADIS TETRAPLAN. Estudo de Impacto Ambiental- Projeto de Implantação Do Arco Metropolitano Rio de Janeiro BR- 493/RJ-109. Rio de Janeiro, 2007. CONSÓRCIO TECNOSOLO E ARCADIS TETRAPLAN. Plano Diretor do Arco Metropolitano. Rio de Janeiro, 2011. ERNESTO, Cohen; FRANCO, Rolando. Avaliação de projetos sociais. Editora Vozes, 1999. p 94. OSÓRIO, Mauro; LEONARDO, Bruno; SOBRAL, Barth; CARVALHO, Guilherme; FILGUEIRAS, Marcos. Plano Diretor Estratégico De Desenvolvimento Sustentável Da Meso-Região Do Arco Metropolitano do Rio de Janeiro, 2008. TÂNGARI; RÊGO; MONTEZUMA. Arco Metropolitano: Integração e fragmentação da paisagem metropolitana. PROARQ/FAU/UFRJ, 2012, p.277 CONSÓRCIO CONCREMAT TECNOSOLO LTDA. Relatório de Impactos do Meio Ambiente. Rio de Janeiro, 2007. VAINER, Carlos B. Deslocamentos Compulsórios, Restrições à Livre Circulação: elementos para um reconhecimento teórico da violência como fator 10

migratório. XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP, Caxambu, 1998. 11