Imagem Corporal de adolescentes estudantes do IF Sudeste MG Câmpus Barbacena



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Transcrição:

Imagem Corporal de adolescentes estudantes do IF Sudeste MG Câmpus Barbacena Tassiana Aparecida Hudson 1, Ana Carolina Soares Amaral 2 ¹Acadêmica do Curso Superior de Licenciatura em Educação Física, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, Câmpus Barbacena. Bolsista de Iniciação Científica (FAPEMIG). ³Doutoranda em Psicologia (UFJF), Docente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, Câmpus Barbacena. Pesquisadora do Laboratório de Estudos do Corpo (LABESC/UFJF). ana.amaral@ifsudestemg.edu.br Palavras chave: imagem corporal; adolescentes; transtornos alimentares. Categoria/Área: Categoria: Nível Superior (BIC e BIT)/ (b) Ciências Biológicas e Ciências da Saúde. 1. Introdução A Imagem Corporal em adolescentes vem sendo alvo de diversos estudos em função da forte associação da insatisfação com a aparência a transtornos alimentares e de imagem. Estes estudos estão presentes em discussões nas áreas de Psicologia, Sociologia, Medicina, Pedagogia e Educação Física (TURTELLI; TAVARES; DUARTE, 2002). Segundo Petroski, Pelegrini e Glaner (2012), a Imagem Corporal refere-se a uma construção multidimensional, que representa como os indivíduos pensam, sentem e se comportam a respeito de seus atributos físicos. Sabe-se que este construto passa por mudanças frequentes, decorrentes da influência de vários elementos. Na adolescência, essas alterações são ainda mais intensas, pois é uma fase da vida caracterizada por uma série de transformações emocionais, sociais e, de forma evidente, físicas. Nessa fase da vida, o indivíduo está consolidando sua identidade e sente a necessidade de pertencer a um grupo. Sendo assim, a Imagem Corporal dos adolescentes é mais vulnerável a mudanças decorrentes de influências exteriores. Para Fernandes (2007), a construção da imagem corporal ocorre pelo contato com o mundo externo. Assim, o adolescente em contato com uma sociedade que cultua um corpo belo e magro, sente-se forçado a se adaptar a esse padrão de beleza. Insatisfeitos, por não se enquadrarem a tais padrões, agem de maneira imprudente a fim de atender às exigências desse ideal, o que leva à transtornos psicológicos, como os transtornos

alimentares, sintomas depressivos, redução da autoestima e engajamento em estratégias de modificação corporal. Desta forma, o estudo da Imagem Corporal em adolescentes se faz necessário a fim de compreender os elementos envolvidos na determinação de seus sentimentos, atitudes e comportamentos relacionados à sua forma física, identificando a relevância da influência exercida por elementos externos como amigos, mídia e família que, por sua vez, participam do processo de formação da Imagem Corporal. 2. Objetivo 2.1 OBJETIVO GERAL Investigar o componente atitudinal da Imagem Corporal e sua associação a outras variáveis psicológicas (autoestima, depressão, sintomas de transtornos alimentares). 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS a) Avaliar a insatisfação corporal, a adoção de estratégias de mudança corporal e a influência sociocultural na Imagem Corporal. b) Avaliar a ocorrência de sintomas de depressão e de transtornos alimentares, bem como o nível de autoestima dos participantes. c) Comparar as variáveis estudadas de acordo com o sexo. d) Verificar a existência de associações entre as variáveis estudadas. 3. Material e métodos Foi realizado um estudo transversal, de caráter descritivo com alunos dos primeiros e segundos anos do ensino médio dos cursos técnicos integrados do Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais, Campus Barbacena, sendo incluídos apenas os alunos regularmente matriculados na instituição pesquisada, não diagnosticados com transtorno mental ou alimentar, que desejaram participar voluntariamente da pesquisa e apresentaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido assinado pelos pais ou responsáveis. Foram coletados dados demográficos e antropométricos (idade, sexo, peso e estatura auto referidos), além dos seguintes instrumentos: Body Shape Questionnaire (BSQ), para avaliação da insatisfação corporal; Questionário de Atitudes Socioculturais em relação à aparência-3 (SATAQ-3), que avalia a influência da mídia em relação ao corpo; subescalas de Pais e Amigos da Escala de Influência dos Três Fatores (EITF); Questionário de Mudança Corporal (QMC), destinado à

avaliação da adoção de estratégias de mudança corporal por meninos e meninas; Eating Attitudes Test-26 (EAT-26), para verificação da ocorrência de sintomas de transtornos alimentares; Inventário de Depressão Infantil (CDI), avalia a presença e a severidade de sintomas de depressão; e a Escala de autoestima de Rosenberg (EAR), para avaliação da autoestima global dos adolescentes. As versões de todos os instrumentos utilizados foram validadas para a população adolescente brasileira. As variáveis foram, inicialmente, analisadas de forma descritiva (média e desviopadrão). A suposição de normalidade não foi confirmada através do teste Kolmolgorov-Smirnov (p<0,05). Assim, foram realizados testes não paramétricos para verificação de diferenças entre os grupos (Teste U de Mann-Whitney), bem como o índice de correlação de Spearman para verificação da existência de associação entre as variáveis. Para todas as análises utilizou-se o Statistical Package for Social Sciences (SPSS v. 17.0). Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Juiz de Fora (parecer 228.386) e sua execução está de acordo com as normas da Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. 4. Resultados e discussão Participaram deste estudo 287 adolescentes, sendo 141 meninas (15,78±0,78 anos) e 146 meninos (15,97±0,950 anos), com IMC médio de 20,5 (±2,60) e 20,8 (±2,95), respectivamente. As meninas apresentaram escores de insatisfação corporal superiores aos dos meninos para o BSQ (Tabela 1), o que corrobora diversos outros estudos que indicam, de forma semelhante, que meninas são mais insatisfeitas com a forma e o peso corporal que os meninos (AMARAL et al., 2007, MIRANDA et al., 2012). Apesar disso, não houve diferença em relação à adoção de comportamentos de mudança corporal, sendo que meninos e meninas apresentaram escores semelhantes para o QMC, indicando a necessidade de maiores investigações entre a população masculina, visto seus comportamentos serem direcionados ao aumento da muscularidade (RICCIARDELLI; MCCABE, 2002). Verificaram-se, também, escores maiores no EAT-26 para as meninas que para os meninos, resultados que confirmar a maior prevalência de transtornos alimentares entre a população feminina. Entretanto, os valores máximos para este instrumento indicam a presença de sintomas destes transtornos tanto em meninos quanto em

meninas (escores maiores que 21). Os resultados também apontaram para uma maior influência sociocultural entre as meninas, tanto em relação à mídia quanto a pais e amigos. Ademais, os meninos apresentaram maior autoestima que as meninas, mas não houve diferença em relação à ocorrência de sintomas depressivos. Tabela 1. Análise descritiva das variáveis estudadas e ocorrência de diferenças entre meninos e meninas BSQ SATAQ-3 EITF QMC EAT-26 CDI EAR Meninas Valor Mínimo 34 33 67 53 0 0 12 Valor Máximo 172 251 177 170 53 35 40 Média 81,55* 81,55* 111,48* 86,18 14,92* 9,04* 29,01* Desvio-Padrão 28,52 28,20 16,60 23,81 10,55 6,68 5,68 Meninos Valor Mínimo 34 30 55 48 0 0 15 Valor Máximo 125 128 145 209 34 28 40 Média 53,55* 69,95* 115,88* 90,74 7,61* 7,40* 30,84* Desvio-Padrão 17,40 21,75 15,73 30,96 6,23 6,35 5,94 *Indica diferença significativa (p<0,05) entre os sexos para o teste U de Mann-Whitney. A insatisfação corporal esteve associada de forma significativa a todas as outras variáveis estudadas. Indivíduos mais insatisfeitos apresentam maior influência sociocultural de pais e amigos (r=-0,334, p<0,01) e da mídia (r=0,460, p<0,01), maior frequência de comportamentos de mudança corporal (r=0,214, p<0,01) e de sintomas de depressão (r=0,342, p<0,01) e menor autoestima (r=-0,410, p<0,01). Além disso, os escores de insatisfação estiveram positivamente correlacionados ao IMC (r=0,245, p<0,01), indicando que quanto maior o IMC maior, também, a insatisfação com a aparência. Algumas destas relações já são bem documentadas na literatura, como é o caso da associação entre insatisfação corporal e sintomas de transtornos alimentares (r=0,589, p<0,01). A insatisfação extrema com a aparência é descrita, inclusive, como critério diagnóstico para estas patologias (APA, 1994). A frequência de adoção de estratégias de modificação corporal esteve positivamente associada à influência sociocultural (r=0,353, p<0,01), à adoção de comportamentos alimentares inadequados (r=-0,180, p<0,01) e negativamente à autoestima (r=- 0,049, p<0,01). Estes resultados indicam que quanto menor a autoestima do indivíduo e maior a influência sociocultural, maior a frequência de comportamentos de mudança corporal. A presença de sintomas depressivos esteve moderadamente associada a uma redução na autoestima (r=-0,677, p<0,01). De forma semelhante, a influência sociocultural avaliada pelo SATAQ-3 e EITF apresentou associação de

leve a moderada aos escores de autoestima e sintomas de depressão e de transtornos alimentares, com índices de correlação variando de 0,144 a 0,249 (p<0,01). 5. Conclusão Mais que conclusões, o presente estudo aponta para a necessidade de se clarificar as relações existentes entre a insatisfação corporal e outras variáveis psicológicas. Os resultados demonstraram associação do descontentamento com a aparência a todas as variáveis estudadas, sendo fortemente associado à presença de comportamentos de risco para o desenvolvimento de transtornos alimentares. É necessária, ainda, a identificação da precedência temporal destas variáveis, bem como de quais delas estão mais fortemente associadas à insatisfação corporal. Isso apenas é possível a partir de delineamentos longitudinais e técnicas estatísticas mais robustas. 6. Referências bibliográficas AMARAL, A. C. S. et al. A cultura do corpo ideal: nível de satisfação corporal entre escolares de diferentes faixas etárias - estudo comparativo. HU Revista, v. 33 n. 2, p. 41-45, 2007. FERNANDES, A. E. R. Avaliação da imagem corporal, hábitos de vida e alimentares em crianças e adolescentes de escolas públicas e particulares de Belo Horizonte. 2007. 142f. Dissertação (Pós-Graduação em Ciências da Saúde). Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2007. MIRANDA, V. P. N. et al. Insatisfação corporal em universitários de diferentes áreas de conhecimento. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, v. 61, p. 25-32, 2012. PRTROSKI, E. L., PELEGRINI, A., GLANER, M. F. (2012). Motivos e prevalência de insatisfação com a imagem corporal em adolescentes. Ciência e Saúde Coletiva, 17(4), 1071-1077. RICCIARDELLI, L. A., & McCABE, M. P. (2002). Psychometric evaluation of the Body Change Inventory: An assessment instrument for adolescent boys and girls. Eating Behaviors, 3, 45-59. TURTELLI, L. S., TAVARES, M. C. G. C. F., & DUARTE, E. (2002). Caminhos da pesquisa em Imagem Corporal e sua relação com o movimento. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, 24, 151-166. Apoio financeiro: A presente pesquisa contou com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) e da Pró-Reitoria de Pesquisa do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, através de seus respectivos programas institucionais de Bolsas de Iniciação Científica.