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Transcrição:

EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS O objetivo deste Projeto de Lei é conceder o Prêmio Quilombo dos Palmares, nas modalidades a seguir descritas, às personalidades abaixo nominadas: - Prêmio Quilombo dos Palmares na modalidade atuação política e social. Homenageado: Abdias do Nascimento - Prêmio Quilombo dos Palmares na modalidade atuação na área artísticocultural. Homenageado: Sirmar Antunes - Prêmio Quilombo dos Palmares na modalidade atuação na área afroreligiosa. Homenageada: Maria Faustina dos Santos (Mãe Maria) DADOS BIOGRÁFICOS DE ABDIAS DO NASCIMENTO Abdias do Nascimento nasceu em março de 1914 em Franca, São Paulo, neto de africanos escravizados. Seu pai era sapateiro e sua mão doceira. Participou da Frente Negra Brasileira na década de trinta, protestando contra a ditadura do Estado Novo, o que lhe valeu uma prisão pelo Tribunal de Segurança Nacional. Fundou no Rio de Janeiro, em 1944, o Teatro Experimental do Negro, entidade que rompeu a barreira racial no teatro brasileiro. Formou a primeira geração de atores e atrizes negros. Organizou no Rio de Janeiro e São Paulo a Convenção Nacional do Negro em 1945-46, que propôs à Assembléia Nacional Constituinte um dispositivo constitucional definindo a discriminação racial como crime de lesa- Pátria. Através do TEN (Teatro Experimental do Negro) realizou também no Rio de Janeiro a Conferência Nacional do Negro, em 1949, e o 1º Congresso Negro Brasileiro, em 1950. Organizou concursos de artes plásticas e publicou o jornal Quilombo: Vida, Problemas e Aspirações do Negro. Fundou também o Comitê Democrático Afro-Brasileiro, entidade que lutou pela libertação dos presos políticos do Estado Novo. Sua peça teatral Sortilégio (Mistério Negro), de 1959, constitui um marco nas obras de arte que tratam os temas das relações raciais e da identidade e culturas afro-brasileiras. Sua antologia Dramas para Negros e Prólogo para Brancos, de 1961, é a primeira coleção de obras teatrais sobre o mesmo tema.

-2- As produções teatrais do TEN, aclamadas pela sua qualidade artística e originalidade, receberam apoio e colaboração de figuras destacadas na cultura brasileira, como Nelson Rodrigues, Enrico Bianco, Guerreiro Ramos, Santa Rosa, Cacilda Becker, Leó Jusi, e formou artistas como Ruth de Souza, Lea Garcia, José Maria Monteiro, Haroldo Costa, Mercedes Batista e Claudiano Filho. Nosso homenageado é Professor Emérito da Universidade do Estado de Nova York em Buffalo e Doutor Honoris Causa pelas Universidades do Estado do Rio de Janeiro e da Federal da Bahia. Formou-se na primeira turma do Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB) e em 1968 fundou o Museu de Arte Negra, no Rio de Janeiro. Alvo da repressão política do regime militar, deixou o país às vésperas do AI-5. Nos Estados Unidos, lecionou na Escola de Artes Dramáticas da Yale University. Fundou a cadeira de Cultura Africana no Novo Mundo, na Universidade do Estado de Nova York, Buffalo, onde lecionou até 1981. Sua obra de artista plástico, na qual trabalha temas de cultura religiosa da diáspora africana e a resistência à escravidão e ao racismo, foi criada em grande parte durante o exílio. Participou em vários eventos internacionais do mundo africano, como o 6º Congresso Pan-Africano e o Encontro por Alternativas para o Mundo Africano. Foi Professor visitante no Departamento de Línguas e Literaturas Africanas da U- niversidade de Ifé, na Nigéria. Participou do 2º Festival Mundial de Artes e Culturas Negras e Africanas (Festac 77), em Lagos, e foi eleito Coordenador Geral do 3º Congresso de Cultura Negra das Américas. Em 1981, fundou na PUC de Sã Paulo o IPEAFRO, que patrocinou o 3º Congresso realizado em 1982. Em 1985 transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde funciona até hoje independentemente. Foi Co-Fundador do Movimento Negro Unificado (1978) e Co-Fundador, no exílio, do PDT-Partido Democrático Trabalhista, integrando sua Executiva Nacional, fundando, em 1982, sua Secretaria do Movimento Negro. Como Deputado Federal de 1983 a 1986, foi o primeiro afro-brasileiro a defender no Congresso Nacional os direitos humanos e civis da sua comunidade, apresentando em 1983 o primeiro Projeto de Lei propondo políticas de ação afirmativa. Foi titular da Secretaria do Estado de Direitos Humanos e da Cidadania do Rio de Janeiro. Abdias do Nascimento é um guerreiro que não se entrega e continua sua luta pela igualdade, oportunidade e cidadania do Povo Negro, um amante de sua arte de vida. Em vários Congressos e Encontros onde Abdias palestra, carrega consigo toda uma história de sofrimento e de vitórias, duas emoções totalmente empenhadas de muita coragem e dedicação.

-3- O ex-senador da República, com 90 anos, cuja idade não aparenta, sempre registra em suas falas que as lutas pelas conquistas alcançadas hoje, começaram desde o momento em que os primeiros negros escravizados vindos da África chegaram aqui. Foram quilombos e mais quilombos de resistência. Dentre eles, o de Palmares, o maior de todos, com quase 90 anos de existência. Lembra também que em 1945, foram sugeridas propostas de cotas e outras mais referentes a políticas de ações afirmativas para constituição de 1946, mas não obtiveram a devida importância. As ações da Frente Negra Brasileira na década de 30 e o TEN foram alinhavados para formar o clima de luta e resistência características do povo negro neste país. O povo negro conquistou a cidadania palmo a palmo, com muito suor e sacrifício de milhões de afro-descendentes. Abdias do Nascimento, homem de luta, de coragem, de inteligência, de reconhecimento internacional, exerce hoje em nossa sociedade um papel de extrema e raríssima importância, uma vez que as desigualdades sociais levam o homem ao desentendimento e até mesmo às guerras, eis que aí está, pregando o entendimento, o espaço, o respeito, a cidadania. Estas são as razões, de indispensáveis comentários, que apresentamos esta justa homenagem àquele que de forma brilhante se destaca em nossa sociedade pelos seus relevantes serviços prestados. Por isso, esta Casa deve aprovar por unanimidade este Projeto de Resolução. DADOS BIOGRÁFICOS DE SIRMAR ANTUNES Sirmar Antunes é natural, nascido em 28 de outubro de 1955, no Bairro Medianeira. Filho de Syrio Procópio Corrêa estivador e militar da reserva, ex-combatente da FEB na Itália (2ª Guerra Mundial) e Marília de Dirceu Antunes Corrêa, ambos já falecidos. Sirmar estudou o antigo curso primário no Grupo Escolar Medianeira e no Colégio São João Batista de La Salle na Barra do Ribeiro. Cursou o antigo ginasial, em Porto, no Colégio Cruzeiro do Sul e Colégio Protásio Alves. Neste último realizou também os estudos do 2º grau. Iniciou suas atividades artísticas na década de 70, no Grupo Canoense de Teatro da extinta SOGA (Sociedade Gaúcha de Artes), teatro amador de rua, dirigido pelo falecido homem de teatro Newton Pereira, com os espetáculos: O Homem Que Deve Morrer, O Gato Que Fala, Liquidação e Como Revisar Um Marido Oscar.

-4- Em 1977, sob a direção de Júlio Martins atuou na peça A Beata Maria Do Egito de Rachel de Queiroz. No Teatro de Arena fez o curso de formação de atores. Nos anos 80 começa a trajetória com Um Negro Em Movimento, paralelamente ao convívio com o carnaval de rua. Hoje, atua e é respeitado como avaliador e julgador em quesitos como: alegorias e adereços, evolução, tema enredo e fantasia, atuando em desfiles e do interior do Estado. Paralelamente à atividade de ator, trabalhou no setor administrativo do Hospital Ernesto Dornelles, em Porto. Foi carteiro e bancário entre outras profissões. Nos Correios e Telégrafos, fundou em 1987 o Grupo de Teatro Cartaberta. Desde que iniciou sua carreira artística, nunca parou. Diz Sirmar: no teatro, só não fiz maquiagem e figurino. Em todas as peças, além de atuar, ajudei na parte técnica também. Sou apaixonado por iluminação. Sirmar Antunes, em parceria com Nei Ortiz e o Centro Cultural Raízes da África, desenvolvem há 4 anos um trabalho que visa resgatar a importância histórica dos Lanceiros Negros com o espetáculo homônimo. Visa resgatar também a figura do gaúcho João Cândido Felisberto Almirante Negro da Revolta da Chibata (1910) através do espetáculo João Cândido Vive!. Nas palavras do homenageado: Sinto-me um lanceiro negro contemporâneo em constante movimento, nas trincheiras do dia a dia peleando...não mais com armas, mas com idéias e muito axé!! Morou cinco anos em São Paulo, onde trabalhou na Secretaria do Menor, educando através da arte durante o dia, e a noite era iluminador na Rede Bandeirantes. Em 1986 realizou um dos mais belos trabalhos de sua carreira, um divisor de águas no teatro: a peça Nietzsche no Paraguai. Após participou do curta brasileiro O Dia Em Que Dorival Encarou A Guarda, que foi considerado um dos principais dos últimos tempos, obtendo premiações em Havana (Cuba), Gramado e Huelva (Espanha). Dois anos depois foi o único gaúcho a participar do I Seminário Nacional de Dramaturgia: Consciência e Liberdade, que se realizou em São Paulo, e discutiu a presença do negro no teatro e seu espaço na mídia. A consagração veio em 1996, quando estreou no cinema, através do filme Lua de Outubro. A partir desse momento, comecei a realizar meu sonho de trabalhar em cinema e passei a me dedicar somente à minha carreira, deixando as atividades paralelas.

-5- Em 1999, começou a filmar Netto Perde Sua Alma, trabalho que lhe rendeu o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante no Festival de Cinema de Recife, em 2002, quando ganhou o Troféu Passista. Atuou em dois Contos de Inverno, Histórias Extraordinárias e Continente de São Pedro, e cinco Histórias Curtas, todas produzidas pela RBS TV. Por Ponto de Vista, em que fazia o papel de um cego, ganhou o prêmio de Melhor Ator de Curtas de 2003. Em 2002 participou do filme Concerto Campestre, longa metragem rodado aqui no Estado. Participou, ainda, na Rede Globo, da minissérie A Casa das Sete Mulheres. Atualmente, trabalha na série portuguesa Segredo, exibida desde 25 de setembro em Portugal. Também, no momento, está gravando para a novela da Rede Globo Como uma Onda. Diz Sirmar: Estou muito feliz, mas com os pés no chão. Dentro do coração tem um menino que está saltitando de alegria, mas há também um velho que diz guri, vai com calma. Estou aberto para sentir a emoção de trabalhar em televisão, uma experiência nova para mim. Após o término das gravações da novela, iniciará as filmagens de O Homem Errado e O General, o Negrinho e um Certo Índio Torres, como forma de concretizar ainda mais seu sonho. Sirmar Antunes se orgulha de proceder de uma família bem estruturada, cuja religiosidade de matriz africana (o batuque) lhe alicerçou a formação sócioeconômica, cultural e artística. O Rio Grande tem orgulho de seu filho que engrandece as artes e a alma gaúcha. Por estas razões, contamos com o apoio de nossos Pares para a aprovação do presente projeto. DADOS BIOGRÁFICOS DE MARIA FAUSTINA DOS SANTOS (MÃE MARIA) Maria Faustina dos Santos, conhecida como Mãe Maria, nasceu no dia 5 de setembro de 1931, na Cidade de Morro Bonito, Santa Catarina, mas foi registrada em Jaguaruna. É filha de Faustino Felipe dos Santos e de Amélia Maria dos Santos. As lembranças da infância remetem para a natureza exuberante de Morro Bonito e posteriormente à casa dos avós em Jaguaruna, onde pela manhã ia tomar café, comendo inhame, que adorava, com uma colher de pau. Só muito tempo depois veio a saber que o inhame é a comida preferida de seu Orixá.

-6- Mudou-se para Porto no ano de 1953. Inicialmente católica, foi filha de Maria e cantora do coral da Igreja. Em 24/08/1964, recebeu seu Orixá e abraçou definitivamente a religião de seus ancestrais. Mãe Maria é viúva, e de sua união resultaram os filhos Jorge Guedes S. da Silva, já falecido; Joel Santos da Silva; Maria Albertina da Silva Ferreira e Cléia Maria dos Santos Bombeiro. Os filhos lhe deram 6 netos e um bisneto. A escolaridade de Mãe Maria é o primeiro grau incompleto, porém o conhecimento adquirido e acumulado durante os 73 anos de vida, aliado à intensa participação sócio-religiosa lhe permite construir e alcançar um estágio de percepção, desenvolvimento, inserção e influência na comunidade que só os autodidatas dedicados possuem. Nas palavras de Mãe Maria, ela recebeu uma missão, e a cumpre com carinho e zelo, pois significa sua maior herança e riqueza deixadas por seus ancestrais. É dessa forma que a homenageada encara sua missão, com humildade, responsabilidade e seriedade, buscando cumprir sua missão e amenizando as angústias de quem acredita e procura socorro em sua atuação religiosa. Mãe Maria há 34 anos promove em duas ocasiões, no Natal e em Setembro (Cosme e Damião), festas para as crianças carentes, nas quais os pequenos encontram carinho e atenção. Mãe Maria tem participado de inúmeras atividades ligadas à sua religião, que certamente se traduzem em mais experiências e conhecimentos para sua atuação, bem como leva a outros participantes seus conhecimentos acumulados e suas experiências, intercambiando e tornando possível a manutenção das tradições religiosas e sua expansão. Entre 1975 e 1976, Mãe Maria passou 28 dias no Gantois realizando obrigações com Mãe Menininha do Gantois. A partir daí, todos os anos volta à Bahia para fazer suas obrigações, sempre no terreiro do Gantois, primeiro com Mãe Menininha, depois com Mãe Cleuza e, por último com Mãe Carmem. Mais recentemente, Mãe Maria participou de um encontro na Bahia, no terreiro do Gantois, famoso por ter sido o terreiro de Mãe Menininha, imortalizada na música brasileira pela canção Oração à Mãe Menininha, composta pelo grande Dorival Caymi, bem como inúmeras homenagens que lhe foram prestadas por filhos ilustres, como o escritor Jorge Amado. Nesse encontro, uma delegação do Rio Grande do Sul, na qual estava incluída Mãe Maria, visitou o terreiro do Gantois, que tem Mãe Carmem como sucessora de Mãe Menininha. Esse intercâmbio possibilita, sem dúvida, o crescimento espiritual dos participantes.

-7- Sua alma inquieta e em constante busca de interação cultural a levou a participar de eventos que discutem e engrandecem a cultura e a religião afrobrasileiras, como a participação no 13º Encontro Internacional de Babalorixás e Yalorixás Integração Brasil, Argentina e Uruguai. Participou também da III Festa Estadual de Ogum O AGADÁ, entre outros. Curiosa e autodidata, Mãe Maria participou do Curso Básico de Língua Yorubá, da Fundação Moab Caldas de Umbanda e Africanismo. Mãe Maria teve mais um reconhecimento de seu trabalho. O Jornal Bom Axé concedeu-lhe o Troféu Bom Axé Destaque 2002 pela excelência de seu trabalho em prol do engrandecimento da religião Afro e Umbandista. Também foi coroada como a Grande Mãe Afro do Conesul, em Porto. Mãe Maria participou também dos recentes atos em defesa da cultura e dos rituais que compõem os cultos afro-umbandistas, seja perante o Tribunal de Justiça, seja perante as esferas executivas estadual e municipal. Mãe Maria tem dedicado sua vida à pesquisa, ao conhecimento, ao aprimoramento e à divulgação da cultura afro-brasileira, notadamente os cultos e a religiosidade que nos foi legado pelos africanos e se constituem em patrimônio da cultura brasileira. Mãe Maria é figura simpática, acolhedora e cheia de vida, que tem o axé no sangue transmitindo bondade e segurança aos seus filhos e freqüentadores, potencializando a força vital de cada um para seguir na vida. Por estas razões, contamos com o apoio de nossos Pares para a aprovação do presente projeto. Sala das Sessões, 3 de janeiro de 2005. VEREADOR RAUL CARRION VEREADOR Dr. GOULART /jco

PROJETO DE RESOLUÇÃO Concede o prêmio Quilombo dos Palmares a Sirmar Antunes, na modalidade atuação na área artístico-cultural; a Maria Faustina dos Santos (Mãe Maria), na modalidade atuação na área afro-religiosa e a Abdias do Nascimento, na modalidade atuação política e social. Art. 1º Fica concedido o prêmio Quilombo dos Palmares, nos termos da Resolução n. 1.413, de 9 de junho de 1999, nas modalidades: I. Atuação na área artístico-cultural: Sirmar Antunes; II. Atuação na área afro-religiosa: Maria Faustina dos Santos (Mãe Maria); III. Atuação política e social: Abdias do Nascimento. Art. 2º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.