RIQUEZA E COMPOSIÇÃO ESPECÍFICA DAS AVES NO CAMPUS DA FACULDADE DE IPORÁ, ESTADO DE GOIÁS



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Transcrição:

RIQUEZA E COMPOSIÇÃO ESPECÍFICA DAS AVES NO CAMPUS DA FACULDADE DE IPORÁ, ESTADO DE GOIÁS Abundance and specific composition of birds in Universidade Estadual de Goiás, campus Iporá. 45 Glenda Silva Santos 1 Daniel Blamires 2 Resumo O propósito deste trabalho foi inspecionar a estrutura da comunidade de aves no Campus da Faculdade de Iporá, no centro-oeste-goiano. Os dados foram amostrados semanalmente entre Março de 2011 a Fevereiro de 2012, totalizando 48 visitas à área. Registramos 31 espécies, sendo Tyrannidae a família com maior riqueza. A curva de acumulação assintótica de Mao Tau e o estimador jackknife1 = 37,42 demonstraram que o número de espécies foi razoavelmente obtido. A distinção em categorias tróficas demonstrou um predomínio de onívoros (11 ou 35,5%) e insetívoros (9 ou 29%), tal como esperado para uma área antropizada. A análise das categorias de hábitat demonstrou um predomínio de espécies campestres (21 ou 67,7%). Recomendamos uma arborização mais intensiva, importante para atrair e manter as aves no Campus. Palavras - chave: Centro-Oeste-Goiano. Aves. Ecologia urbana. Comunidade. Abstract Richness and bird specific composition in the Campus of Faculdade de Iporá, State of Goiás. The aim of this paper was inspect the bird community structure in the Campus of Faculdade de Iporá, at the midwest of Goiás State. The data were sampled weekly between March 2011 and February 2012, totalizing 48 visits to the area. We recorded 31 species. Tyrannidae was the family with more richness. The Mao Tau s asymptotyc acumulation curve and jackknife1 estimator = 37,42 reveals that the specie s number was reasonable obtained. The distinction in species trophic categories shows a prevalence both to the omnivores (11 or 35,5%) and insectivores (9 or 29%), as we waiting to an anthropized area. The categories of habitat analysis demonstrated a prevalence of field species (21 or 67,7%). We recomend an intensive arborization, important both to atract and maintain the birds into the Campus. Key words: Midwest of Goiás State. Birds. Urban ecology. Community. Introdução A crescente diminuição da cobertura florestal, a fragmentação dos hábitats e a intensa antropização tem contribuído para o desenvolvimento do ecossistema urbano, com características próprias (MARZLUFF; EWING, 2001). Neste contexto, as aves são consideradas importantes para a compreensão dos efeitos da urbanização sobre a estrutura do hábitat e a composição específica (CHACE; WALSH 2006), e alguns trabalhos demonstram que a riqueza de espécies tende a diminuir com a expansão das paisagens urbanizadas 1 Graduanda em Licenciatura de Ciências Biológicas Universidade Estadual de Goiás Unidade de Iporá 2 Professor Dr. do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Goiás Unidade de Iporá.

(MELLES; GLEN; MARTIN, 2000; ORTEGA-ÁLVAREZ; MACGREGOR-FORS, 2011; REIS; LOPEZ; PINHEIRO, 2012). Recentemente, vários estudos foram desenvolvidos em distintas áreas urbanizadas brasileiras, como jardins públicos, parques e lagos dentro de cidades (BORGES; GUILHERME, 2000; FRANCHIN; MARÇAL-JÚNIOR, 2004; VALADÃO; FRANCHIN; MARÇAL-JÚNIOR, 2006; FUSCALDI; LOURES-RIBEIRO, 2008; PINHEIRO et al., 2009; ATHIÊ; DIAS, 2010). De um modo geral, estes trabalhos enfocam faunística, padrões de riqueza, abundância, diversidade e frequência de ocorrência, além de abordarem fatores conservacionistas relativos ao impacto humano sobre a avifauna estudada. Entretanto, nos últimos anos poucos estudos foram desenvolvidos com aves urbanas no Estado de Goiás (MOURA et al., 2005; SILVA; BLAMIRES, 2007; PEREIRA; SILVA, 2009; ROSA; BLAMIRES, 2011; SILVA; BLAMIRES, 2012; TELES; BLAMIRES; REIS, 2012). Assim, este trabalho visa ampliar o conhecimento da avifauna urbana do centro-oeste goiano, através do estudo da riqueza e composição específica de uma comunidade de aves num Campus universitário em Iporá. Material e Métodos Área de estudo A Faculdade de Iporá (daqui em diante FAI) situa-se na zona urbana do município de Iporá (16º25 23 S, 51º06 30 W, 610m de altitude), na microrregião do centro-oeste goiano. O Campus possui uma área com cerca de 1 ha, perímetro de aproximadamente 400m, e dois pavilhões de um andar conectados próximo à entrada (figura 1). A FAI é circundada por uma rua pavimentada, bem como pela UEG de Iporá e o Colégio de Aplicação da UEG: duas áreas pequenas, mas de cobertura arbórea bastante significativa. Ademais, a FAI também é margeada por estradas vicinais, terrenos baldios cobertos com pastagem, e vegetação de cerrado sentido lato em crescimento secundário. Entretanto, por ser uma área em intenso processo de construção civil, a FAI possui uma cobertura vegetal pouco significativa, representada com pequenas figueiras Ficus benjamina L. para ornamentação e sombreamento. A entrada da FAI possui grande parte do solo coberto por brita de rochas magmáticas, e poucas árvores nativas esparsas. Os fundos consistem num canteiro de obras de solo predominantemente exposto. 46

UEG FAI CAP Figura 1 - Localização do Campus da Faculdade de Iporá (FAI), ao lado da Universidade Estadual de Goiás (UEG) e Colégio de Aplicação (CAP). As setas indicam a rota percorrida no perímetro da área de estudo. Fonte: Google Earth (2012). Metodologia Os registros foram feitos semanalmente entre Março de 2011 a Fevereiro de 2012, totalizando 48 visitas à área. Cada visita foi iniciada por volta das 6:00h, sendo concluída a aproximadamente 6:30h. O procedimento de registro, baseado em Mendonça-Lima; Fontana (2000), consistiu em percorrer uma trilha no perímetro da FAI, a fim de obter a lista de espécies. Os registros foram feitos tanto visualmente, com o uso de binóculos 10x50 mm e 8x40 mm, como pela identificação das vocalizações. Sempre que possível, os espécimes foram registrados visualmente com câmera fotográfica Panasonic Lumix Simple Viewer zoom óptico 6x e 7,2 megapixels e auditivamente com gravador digital Sony ICD-SX712, sendo os registros depositados nos acervos Wikiaves e Xeno-Canto. A identificação das espécies seguiu SIGRIST (2009). Os nomes científicos e vernáculos, bem como a sequência taxonômica empregados neste estudo, seguiram a listagem do Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO, 2011). Uma curva acumulativa de espécies foi elaborada segundo o método de reamostragem Mao Tau (COLWELL; MAO; CHANG, 2004). Uma estimativa para a riqueza da FAI foi gerada a partir dos dados de ocorrência das espécies, através do estimador não 47

paramétrico Jackknife1, com 1000 aleatorizações, sendo ambos os procedimentos gerados com o auxílio do programa EstimateS 8.0, de Colwell (2006). As espécies foram agrupadas em guildas tróficas com base em informações sobre hábitos alimentares segundo Willis (1979), Motta-Júnior (1990), Ridgely; Tudor (1994), Sick (1997), Nascimento (2000) e Sigrist (2009), sendo: insetívoros (INS), onívoros (ONI), frugívoros (FRU), granívoros (GRA), nectarívoros (NEC) e carnívoros (CAR). As espécies também foram agrupadas nas seguintes categorias de uso do hábitat (adaptado de BAGNO; MARINHO-FILHO, 2001): Espécies associadas a ambientes aquáticos (A): aves típicas de ambientes aquáticos, que podem ser registradas em corpos d água naturais ou artificiais, inclusive na vegetação brejosa às margens destes; Espécies associadas a ambientes campestres (C): espécies que podem tanto ser restritas a ambientes campestres, como também serem primariamente campestres, e utilizarem eventualmente ambientes florestais ou aquáticos; Espécies essencialmente florestais (F): espécies primariamente florestais, mas que também podem utilizar ambientes abertos; Espécies presentes em ambientes antrópicos (T): espécies exóticas, normalmente registradas em ambientes de elevada influência antrópica, tais como áreas urbanizadas. Resultados e Discussão No total foram registradas 31 espécies na FAI, pertencentes a 18 famílias (tabela 1). A família Tyrannidae apresentou o maior numero de espécies (5), seguida da família Columbidae (4) e Emberizidae (3). 48

Tabela 1 - Avifauna da Faculdade de Iporá entre Março de 2011 a Fevereiro de 2012. Os nomes científicos, vernáculos, e a sequência taxonômica seguem o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO, 2011). T: categorias tróficas (INS= insetívoros, ONI= onívoros, FRU= frugívoros, GRA= granívoros, NEC= nectarívoros, CAR= carnívoros ; H: categorias de hábitat (A= espécies associadas a ambientes aquáticos, C=espécies associadas a ambientes campestres, F= espécies essencialmente florestais, T= espécies presentes em ambientes antrópicos); WA: registro sonoro (s) ou fotográfico (f) na página Wikiaves; XC: registro sonoro no acervo Xeno-Canto. TAXA NOMES VERNÁCULOS T H WA XC ACCIPITRIFORMES ACCIPITRIDAE Rupornis magnirostris (Gmelin, 1788) gavião-carijó CAR F CHARADRIIFORMES CHARADRIIDAE Vanellus chilensis (Molina, 1782) quero-quero ONI A COLUMBIFORMES COLUMBIDAE Columbina talpacoti (Temminck, 1811) rolinha-roxa GRA C Columbina squammata (Lesson, 1831) fogo-apagou GRA C Columba livia Gmelin, 1789 pombo-doméstico GRA T Patagioenas picazuro (Temminck, 1813) pombão GRA C PSITTACIFORMES PSITTACIDAE Aratinga aurea (Gmelin, 1788) periquito-rei FRU C Brotogeris chiriri (Vieillot, 1818) periquito-de-encontro-amarelo FRU F CUCULIFORMES CUCULIDAE Crotophaga ani Linnaeus, 1758 anu-preto INS C 49

Guira guira (Gmelin, 1788) anu-branco INS C STRIGIFORMES STRIGIDAE Athene cunicularia (Molina, 1782) coruja-buraqueira ONI C 438021f APODIFORMES TROCHILIDAE Anthracothorax nigricollis (Vieillot, 1817) beija-flor-de-veste-preta NEC F PICIFORMES RAMPHASTIDAE Ramphastos toco Statius Muller, 1776 tucanuçu ONI C PICIDAE Colaptes campestris (Vieillot, 1818) pica-pau-do-campo INS C PASSERIFORMES FURNARIIDAE Furnarius rufus (Gmelin, 1788) joão-de-barro ONI C TYRANNIDAE Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766) bem-te-vi ONI F Tyrannus melancholicus Vieillot, 1819 suiriri INS C Tyrannus savana Vieillot, 1808 INS C Griseotyrannus aurantioatrocristatus (d'orbigny & Lafresnaye, 1837) peitica-de-chapéu-preto INS F 419417s, 453998s 86049, 87699 Pyrocephalus rubinus (Boddaert, 1783) príncipe INS C HIRUNDINIDAE Progne chalybea (Gmelin, 1789) andorinha-doméstica-grande INS C MIMIDAE Mimus saturninus (Lichtenstein, 1823) sabiá-do-campo ONI C 425732f COEREBIDAE Coereba flaveola (Linnaeus, 1758) cambacica INS F THRAUPIDAE 50

Tangara sayaca (Linnaeus, 1766) sanhaçu-cinzento ONI C Tangara cayana (Linnaeus, 1766) saíra-amarela ONI F EMBERIZIDAE Sicalis flaveola (Linnaeus, 1766) canário-da-terra-verdadeiro GRA C 398017s, 593589s 83762, 96579 Volatinia jacarina (Linnaeus, 1766) tiziu GRA C 534843s 92184 Sporophila nigricollis (Vieillot, 1823) baiano GRA C ICTERIDAE Gnorimopsar chopi (Vieillot, 1819) graúna ONI C Molothrus bonariensis (Gmelin, 1789) vira-bosta ONI C PASSERIDAE Passer domesticus (Linnaeus, 1758) pardal ONI T 51

Riqueza Revista Sapiência: sociedade, saberes e práticas educacionais UEG/UnU Iporá, v.2, n. 1, p. 45-57 jan/jul 2013 ISSN 2238-3565 A curva acumulativa de Mao Tau aproximando-se da distribuição assintótica, e a riqueza estimada segundo Jackknife1 de 37,42 (pendente final= 0,47), demonstraram que a riqueza de espécies da FAI foi satisfatoriamente obtida (Figura 2). Entretanto, o número de espécies na FAI foi menor em relação aos demais inventários desenvolvidos na malha urbana de Iporá (SILVA; BLAMIRES, 2007; ROSA; BLAMIRES, 2011; TELES; BLAMIRES; REIS, 2012; BLAMIRES et al., no prelo), devido provavelmente a dois fatores. Considerando que áreas grandes em geral comportam mais espécies em relação a áreas pequenas (MACARTHUR; WILSON 1967), o tamanho da área pode ter influenciado na riqueza, já que a FAI possui a menor extensão dentre as demais localidades inventariadas. 40 35 30 25 20 15 Jackknife 1 Mao Tau 10 5 0 MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV Meses de Amostragem Figura 2 - Curva acumulativa para a riqueza total de espécies registradas ao longo dos turnos de amostragem de dados na FAI em Iporá, no centro-oeste goiano, entre Março de 2011 a Fevereiro de 2012. Por outro lado, a FAI também possui a menor cobertura vegetal dentre todos os demais inventários avifaunísticos de Iporá. Tendo em vista que áreas verdes urbanas são um importante fator para a manutenção da diversidade de aves, em contrapartida a áreas menos arborizadas (ORTEGA-ÁLVAREZ; MACGREGOR-FORS, 2009; REIS; LOPEZ; PINHEIRO, 2012), provavelmente a menor riqueza de aves na FAI também foi influenciada por sua escassa cobertura vegetal. Na tabela 1 encontram-se descritas as categorias tróficas para cada espécie, enquanto os totais de espécies agrupados em guildas tróficas são descritos na tabela 2. Houve um 52

predomínio das espécies onívoras e insetívoras, o que também foi constatado noutras áreas urbanizadas brasileiras (EFE et al., 2001; VALADÃO; FRANCHIN; MARÇAL-JÚNIOR, 2006; SILVA; BLAMIRES, 2007; FUSCALDI; LOURES-RIBEIRO, 2008; ATHIÊ; DIAS, 2010; ROSA; BLAMIRES, 2011; TELES; BLAMIRES; REIS, 2012). Um aumento de espécies onívoras é esperado em áreas antropizadas, já que estas podem desempenhar um efeito tampão contra flutuações no estoque de alimentos (WILLIS, 1976). Neste sentido, se os atuais níveis de antropização se manterem, haverá uma tendência gradativa das espécies onívoras, e provavelmente insetívoras menos especializadas, a aumentarem sua representação nos ambientes (WILLIS, 1979; MOTTA-JÚNIOR, 1990). Tabela 2. Totais de espécies da avifauna da FAI agrupadas por guildas tróficas e categorias de uso de hábitat. Os números entre parênteses indicam o percentual das espécies de cada categoria em relação ao total. A: espécies associadas a ambientes aquáticos; C: espécies associadas a ambientes campestres; F: espécies essencialmente florestais; T: espécies presentes em ambientes antrópicos. CATEGORIAS (%) TRÓFICAS Onívoros 11 (35,5) Insetívoros 09 (29,0) Granívoros 07 (22,6) Frugívoros 02 (6,5) HÁBITAT C 21 (67,7) F 07 (22,6) T 02 (6,4) A 01 (3,2) Nectarívoros 01 (3,2) Carnívoros 01 (3,2) A categoria de hábitat para cada espécie é descrita na tabela 1, e na tabela 2 encontrase o número de espécies para cada uma destas respectivas categorias. Verificamos o predomínio de espécies campestres, seguidas pelas florestais. Este resultado já era esperado, considerando a escassa cobertura vegetal da área, tal como descrito anteriormente. Resultados similares foram constatados em outras localidades urbanas de Iporá (SILVA; BLAMIRES, 2007; BLAMIRES et al., no prelo). 53

Considerações Finais Assim, este estudo demonstrou que o Campus da Faculdade de Iporá possui mais espécies de hábitos alimentares onívoros e insetívoros, e que frequentam hábitats campestres e florestais. Recomendamos inicialmente uma arborização mais intensiva na área, importante para atrair e manter as aves na FAI. Ademais, também sugerimos mais estudos similares, sobretudo nas cidades do interior do Brasil Central, a fim de ampliar o conhecimento da avifauna em localidades urbanizadas no domínio do Cerrado. Agradecimentos Agradecemos a Olimpia Vaz dos Santos Silva e Lidianny Gramond Pereira pelo acesso à FAI, à UEG de Iporá pelo suporte logístico, e à Marilda Ferreira de Lima por diversos auxílios. Glenda S. Santos agradece ao PBIC-UEG pela bolsa concedida durante parte deste estudo. Dhego Ramom dos Santos, Douglas Henrique Bottura Maccagnan e um revisor anônimo fizeram valiosas críticas a versões anteriores do manuscrito. Referências Bibliográficas ATHIÊ, S., DIAS., M. M. Avian community composition in an urban park in central São Paulo State, southeastern Brazil. Revista Brasileira de Zoociências, Juiz de Fora, volume 12, n. 1, p. 67-73, 2010. BAGNO, M. A., MARINHO-FILHO, J. A avifauna do Distrito Federal: uso de ambientes abertos e florestais e ameaças In: RIBEIRO, J. F., FONSECA, C. E. L., SOUSA-SILVA, J. C. Cerrado: caracterização e recuperação de matas de galeria. Planaltina, EMBRAPA Cerrados, 2001, p. 495-528. BLAMIRES, D., OLIVEIRA-NETO, J. J., PONCIANO, J. G., ROSA, E. G. Aves do Clube Recreativo de Iporá, Estado de Goiás, Brasil. Revista Brasileira de Zoociências, Juiz de Fora, no prelo. BORGES, S. H.; GUILHERME, E. Comunidade de aves em um fragmento florestal urbano em Manaus, Amazonas, Brasil. Ararajuba, Londrina, volume 8, p. 17-23, 2000. CHACE, J. F., WALSH, J. J. Urban effects on native avifauna: a review. Landscape and Urban Planning, Evanston, volume 20, p. 202-226, 2006. 54

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