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Desembargador CARLOS SANTOS DE OLIVEIRA

Transcrição:

Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 21ª Junta de Recursos Número do Processo: 35183.001237/2015-86 Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL CURITIBA-CÂNDIDO LOPES Benefício: 88/142.721.431-7 Espécie: BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL AO IDOSO Recorrente: IVONE TEREZINHA PIRES - Titular Capaz Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS Assunto: INDEFERIMENTO Relator: Relatório Trata-se de Recurso Ordinário interposto em 26/03/15, em razão da cessação do Amparo Social que IVONE TEREZINHA PIRES vinha em gozo desde 08/11/06, de nº 88/142.721.431-7, objeto de ação de MOB (Monitoramento Operacional de Benefícios), cessado por suposto indício de irregularidade em face do Acórdão TCU 668/09, por se enquadrar no parâmetro Renavan e outros. A beneficiária constava como proprietária de uma moto Suzuki 125 ano 2005. A peça recebida como petição recursal, apresentada em 26/03/15, oferece como argumentos, em apertada síntese, o dever do Estado em relação às pessoas idosas e com deficiência quando a família não tem condições de suprir sua manutenção, trazendo dispositivos constitucionais, do Estatuto do Idoso e da LOAS (Lei Orgânica da Assistência Social), além de precedentes jurisprudenciais. Requereu a manutenção do benefício assistencial sob exame. Consta dos autos as seguintes peças, além da petição recursal já mencionada: - Extrato da Diretoria de Benefícios fls. 01/02; - Extrato INFBEN fls. 03; - Ofício de convocação de nº 14.001.001/1415/2014 fls. 06; - Formulário BPC/ACÓRDÃO 668/2009 DO TCU fls. 07/08; - Documento de identificação pessoal de componente do grupo familiar que percebe Amparo Social ao deficiente fls. 09; - Documento de identificação pessoal da Recorrente fls. 10; - Extratos CNIS (Cadastro Nacional de Informações Sociais) da Recorrente e do outro componente do grupo familiar fls. 11/16; - Ofício de Defesa de nº 2565/2014/MOB/GEX/CTBA/PR fls. 17; - Defesa Administrativa fls. 18/20v; - Extrato de Solicitação de Suspensão do Benefício, sem cadastro do motivo fls. 22. Às fls. 24 encontra-se ofício nº 387/2015/MOB/GEX/CTBA/PR, comunicando que a defesa apresentada não foi suficiente para demonstrar a regularidade do benefício, facultando acesso ao processo, tendo a beneficiária apresentado nova peça de defesa em 03/03/15. O MOB recebeu a peça como Recurso e, às fls. 36, ofereceu despacho afirmando irregularidade do benefício, encaminhando o processo para o CRPS, após passagem pela APS para cadastramento.

O extrato de fls. 37 registra a DCB (data da cessação do benefício) em 01/03/15, enquanto às fls. 38 tem-se o extrato relativo a BPC por deficiência para o outro componente do grupo familiar. Apresentadas contrarrazões pelo INSS, se valendo dos argumentos do despacho de fls. 36, afirmando a tempestividade do recurso. É O RELATÓRIO. Peço inclusão em pauta. Inclusão em Pauta Incluído em Pauta no dia 15/05/2015 para sessão nº 0214/2015, de 09/06/2015. Voto EMENTA: BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL AO IDOSO. CESSAÇÃO. RENDA PER CAPITA SUPERIOR A ¼ DO SALÁRIO MÍNIMO DECORRENTE DE BPC A DEFICIENTE, COMPONENTE DO GRUPO FAMILIAR. RECURSO ORDINÁRIO. IMPEDIMENTO AFASTADO. RESTABELECIMENTO DO AMPARO SOCIAL DEVIDO. FUNDAMENTO LEGAL: ARTS. 3º E 5º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. LEI 10.741/2003. DECISÃO DO STF - RE: 580963 PR, RELATOR: MIN. GILMAR MENDES, DATA DE JULGAMENTO: 18/04/2013, TRIBUNAL PLENO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO O recurso foi interposto na mesma data da ciência do indeferimento, portanto dentro do prazo estabelecido no art. 305, 1º do Decreto 3.048/99, e dele conheço. O Benefício em questão foi disciplinado pela Lei 8.742/93 (Lei Orgânica da Assistência Social LOAS) e Decreto 6.214/07, com modificações introduzidas pela Lei 12.435/11 e Decreto 7.617/11, regulamentando norma constitucional (art. 203, V). Assim estabelece a Lei 8.742/93, nos dispositivos declinados: Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) 1 o Para os efeitos do disposto no caput, a família é composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)... 3 o Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) Por sua vez, o Decreto 6.214/07, ao tratar especificamente do idoso, assim dispõe: Art. 8 o Para fazer jus ao Benefício de Prestação Continuada, o idoso deverá comprovar: I - contar com sessenta e cinco anos de idade ou mais; II - renda mensal bruta familiar, dividida pelo número de seus integrantes, inferior a um quarto do salário mínimo;

Conforme estabelecido na legislação regente, devem restar comprovados, para a concessão do benefício ao idoso, o implemento de 65 anos de idade e renda per capita inferior a ¼ do salário mínimo. A Recorrente comprovou haver implementado a primeira condição para usufruir o direito ao benefício: 65 anos de idade, uma vez que é nascida em 13/10/41, contando hoje com 73 anos. Na data da concessão (08/11/2006) contava com 65 anos. Com relação a renda, nos autos somente há informação de que sua família é composta por 2 pessoas e o rendimento familiar passou a ser de um salário mínimo em 02/05/2005, conforme se vê do extrato de fls. 38, decorrente de Amparo Social a Pessoa Portadora de Deficiência, concedida a SIDINEI AURELIO ALVES PIRES. O Estatuto do Idoso, aprovado pela Lei 10.741/03, estabelece no único do art. 34: Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer membro da família nos termos do caput não será computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita a que se refere a Loas. É bem verdade que o dispositivo não se refere ao Amparo a Deficiente. Entretanto, até por analogia, é de ser aplicada a exceção, conferindo igualdade de tratamento aos casos. Ora, se não devem ser computados os rendimentos decorrentes de outro benefício assistencial em razão de idade superior a 65 anos, no valor igual a 1 salário mínimo, é de se tentar entender o espírito do dispositivo ao fazê-lo. Dentre os objetivos fundamentais trazidos pela Constituição Federal, em seu art. 3º, tem-se a promoção do bem de todos sem qualquer forma de discriminação. E o art. 5º assevera que Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza.... Como, então, se aplicar os dispositivos constitucionais, fazendo discriminação entre o cidadão que recebe um benefício assistencial por idade e um que recebe benefício da mesma natureza jurídica em razão de deficiência que lhe incapacita? Evidencia-se uma flagrante violação às disposições constitucionais, em especial, como bem destacado na peça recursal, ao princípio da isonomia. O STF em julgamento de mérito com repercussão geral sobre o assunto ora discutido, assim firmou entendimento, publicado no Dje-225, 14-11-2013: Benefício assistencial de prestação continuada ao idoso e ao deficiente. Art. 203, V, da Constituição. A Lei de Organização da Assistência Social (LOAS), ao regulamentar o art. 203, V, da Constituição da República, estabeleceu os critérios para que o benefício mensal de um salário mínimo seja concedido aos portadores de deficiência e aos idosos que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família. 2. Art. 20, 3º, da Lei 8.742/1993 e a declaração de constitucionalidade da norma pelo Supremo Tribunal Federal na ADI 1.232. Dispõe o art. 20, 3º, da Lei 8.742/93 que: considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo. O requisito financeiro estabelecido pela Lei teve sua constitucionalidade contestada, ao fundamento de que permitiria que situações de patente miserabilidade social fossem consideradas fora do alcance do benefício assistencial previsto constitucionalmente. Ao apreciar a Ação Direta de Inconstitucionalidade 1.232-1/DF, o Supremo Tribunal Federal declarou a constitucionalidade do art. 20, 3º, da LOAS. 3. Decisões judiciais contrárias aos critérios objetivos preestabelecidos e processo de inconstitucionalização dos critérios definidos pela Lei 8.742/1993. A decisão do Supremo Tribunal Federal, entretanto, não pôs termo à controvérsia quanto à aplicação em concreto do critério da renda familiar per capita estabelecido pela LOAS. Como a Lei permaneceu inalterada, elaboraram-se maneiras de contornar o critério objetivo e único estipulado pela LOAS e de avaliar o real estado de miserabilidade social das famílias com entes idosos ou deficientes. Paralelamente, foram editadas leis que estabeleceram critérios mais elásticos para concessão de outros benefícios assistenciais, tais como: a Lei 10.836/2004, que criou o Bolsa Família; a Lei 10.689/2003, que instituiu o Programa Nacional de Acesso a Alimentacao; a Lei 10.219/01, que criou o Bolsa Escola; a Lei 9.533/97, que autoriza o Poder Executivo a conceder apoio financeiro a municípios que instituírem programas de garantia de renda mínima associados a ações socioeducativas. O Supremo Tribunal Federal, em decisões monocráticas, passou a rever anteriores posicionamentos acerca da intransponibilidade dos critérios objetivos. Verificou-se a ocorrência do processo

de inconstitucionalização decorrente de notórias mudanças fáticas (políticas, econômicas e sociais) e jurídicas (sucessivas modificações legislativas dos patamares econômicos utilizados como critérios de concessão de outros benefícios assistenciais por parte do Estado brasileiro). 4. A inconstitucionalidade por omissão parcial do art. 34, parágrafo único, da Lei 10.741/2003. O Estatuto do Idoso dispõe, no art. 34, parágrafo único, que o benefício assistencial já concedido a qualquer membro da família não será computado para fins do cálculo da renda familiar per capita a que se refere a LOAS. Não exclusão dos benefícios assistenciais recebidos por deficientes e de previdenciários, no valor de até um salário mínimo, percebido por idosos. Inexistência de justificativa plausível para discriminação dos portadores de deficiência em relação aos idosos, bem como dos idosos beneficiários da assistência social em relação aos idosos titulares de benefícios previdenciários no valor de até um salário mínimo. Omissão parcial inconstitucional. 5. Declaração de inconstitucionalidade parcial, sem pronúncia de nulidade, do art. 34, parágrafo único, da Lei 10.741/2003. 6. Recurso extraordinário a que se nega provimento. (grifado) (STF - RE: 580963 PR, Relator: Min. GILMAR MENDES, Data de Julgamento: 18/04/2013, Tribunal Pleno, Data de Publicação: REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO) Como se destacou na decisão retro, não há que se fazer discriminação entre benefícios assistenciais quando se trata de idosos e portadores de deficiências. Nos presentes autos o que se tem são duas pessoas hipossuficientes, um dos quais inválido, portador de um benefício assistencial e o idoso, também portador de benefício da mesma natureza (Amparo Social). Assim, diante das decisões emanadas pelo STF, necessário se deduzir o benefício de um salário-mínimo, para se aferir a renda per capita, antes de indeferir ou cessar um benefício já insuficiente ao suprimento das necessidades básicas do idoso, em respeito aos ditames constitucionais e estatutários específicos relativos à sua condição. Ante o exposto, VOTO Conhecer do recurso por ser tempestivo e, no mérito, lhe DAR PROVIMENTO, para restabelecer o Amparo Social ao Idoso desde a sua cessação. Relator(a) Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a). JANE CLEYDE DE OLIVEIRA GOMES Conselheiro(a) Suplente Representante das Empresas Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a). NADJA NUBIA MARQUES SERRANO Conselheiro(a) Suplente Representante dos Trabalhadores Presidente concorda com voto do relator(a). EVERALDO DE AZEVEDO CHAVES JUNIOR Presidente

Decisório Nº Acórdão: 4530 / 2015 Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os membros da 21ª Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua fundamentação. Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros JANE CLEYDE DE OLIVEIRA GOMES e NADJA NUBIA MARQUES SERRANO. Relator(a) EVERALDO DE AZEVEDO CHAVES JUNIOR Presidente