EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA VARA FEDERAL DE JOINVILLE DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE SANTA CATARINA



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Transcrição:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA VARA FEDERAL DE JOINVILLE DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE SANTA CATARINA LUIZ GERALDO BERTOLINI FILHO 1, brasileiro, casado, comerciante, portador da Carteira de Identidade RG n 12.349.180-0/SP, inscrito no CPF sob o n 032.328.978-94, residente e domiciliado na Rua dos Ferroviários, n 131, Jacareí, São Paulo, CEP 12.327-683, por seus advogados, Murilo Karasinski, inscrito na OAB/PR n 50.762, Ulisses Bitencourt Alano, inscrito na OAB/PR n 54.842, e Ivan Mayer Caron, inscrito na OAB/PR n 55.239, todos com endereço profissional na Avenida Cândido de Abreu, 660, sala 1901, Ed. Palladion, Curitiba, Paraná, CEP 80.530-000, onde recebem intimações (mandato em anexo 2 ), vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fulcro no artigo 5, inciso LXIX, da Constituição Federal de 1988, e artigo 1, da Lei n. 12.016/2009, impetrar o presente: MANDADO DE SEGURANÇA PREVENTIVO, com Pedido Liminar 1 Doravante denominado de Impetrante ou Contribuinte, indistintamente. 2 Regularmente constituído nos termos da procuração anexa.

em face de ato ilegal do Ilustríssimo Senhor INSPETOR- CHEFE DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL na Alfândega do Porto de São Francisco do Sul, Santa Catarina, agente do Ministério da Fazenda, órgão vinculado à UNIÃO FEDERAL, pessoa jurídica de direito público representada pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional no Estado de Santa Catarina, Seccional em Joinville, ou quem lhe faça as vezes no exercício das funções administrativas, tendo em conta as razões de fato e os fundamentos de Direito a seguir expostos: 1. DOS FATOS Contextualização 1.1 O Impetrante é pessoa física e não exerce atividade de comercialização de automóveis, nos termos dos documentos e certidões juntadas ao final. 1.2 De acordo com os arquivos anexados, o Impetrante importou o seguinte veículo: automóvel marca Cadillac, modelo Deville, versão Conversível, ano modelo 1964, cor vermelha, chassi 6 4 F 1 2 4 6 3 9, objeto da LI n 11/3502732-8, para uso próprio. 1.3 Todavia, tendo em vista a regra matriz de incidência tributária do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), sabe-se de antemão que o Impetrado exigirá do Impetrante, no momento do iminente desembaraço aduaneiro, o adimplemento do referido tributo, consoante as regras previstas principalmente nos arts. 153, IV, da Constituição Federal e 142 e 46, único, do CTN. 2 P á g i n a

1.4 Entretanto, como restará demonstrado, tal exigência é totalmente antijurídica, sobretudo por colidir com o princípio da não-cumulatividade insculpido no art. 153, 3, inciso II, da CF/88. 1.5 Neste âmbito, justifica-se a impetração do presente Mandado de Segurança Preventivo, indicados os fatos relevantes e havendo justo receio de violação de direito líquido e certo do Impetrante, para que o Impetrado, via liminar, abstenhase de exigir o recolhimento do IPI na operação acima mencionada, bem como utilize fator ZERO referente ao IPI na composição da base de cálculo do PIS e da COFINS incidentes na importação em comento. 2. DO DIREITO Da Não-Cumulatividade do IPI 2.1 O direito líquido e certo que fundamenta a presente demanda gira em torno da salvaguarda do direito de não se recolher Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) incidente sobre a importação de veículo para uso próprio, tendo em vista a iminente ofensa ao princípio da não-cumulatividade. 2.2 O princípio da não-cumulatividade do IPI está previsto constitucionalmente no art. 153, 3º, II, in verbis: será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores. 2.3 O Código Tributário Nacional, por sua vez, esclarece: 3 P á g i n a

"Art. 49. O imposto é não-cumulativo, dispondo a lei de forma que o montante devido resulte da diferença a maior, em determinado período, entre o imposto referente aos produtos saídos do estabelecimento e o pago relativamente aos produtos nele entrados. Parágrafo Único. O saldo verificado, em determinado período, em favor do contribuinte, transfere-se para o período ou períodos seguintes". 2.4. A não-cumulatividade, nos ensinamentos de José Eduardo Soares de Melo 3, é um sistema operacional destinado a minimizar o impacto do tributo sobre o preço dos bens. O descumprimento desse princípio eleva artificialmente o preço do produto, vez que cada parte do ciclo produtivo seria onerada sobre a totalidade dos bens produzidos, independentemente se recebeu ou não insumos ou outros produtos que já foram onerados pelo IPI. 2.5 No caso em tela, levando-se em consideração que o Impetrante é pessoa física que não exerce atividade empresarial de comercialização de automóveis e que a operação econômica realizada é incapaz de gerar créditos de IPI a serem repassados para a cadeia produtiva, já que o produto importado é para consumo próprio, o tributo se torna cumulativo, contrariando, assim, dispositivos constitucionais e infraconstitucionais. Desse modo, merece o Impetrante como pessoa física que não exerce atividade de revenda que a carga tributária do IPI não seja incorporada ao preço do automóvel, pois tal tributo cumulará exclusivamente na pessoa do Impetrante, que 3 ICMS, Teoria e Prática, 10ª Ed. Editora Dialética, São Paulo, 2008, p. 258. 4 P á g i n a

não poderá compensar os créditos, posto que não é contribuinte do IPI, situação que, por via de consequência, onerará ainda mais o preço do veículo. 2.6 Nesse contexto, os princípios da igualdade e da capacidade contributiva, que orientam o princípio da nãocumulatividade, são comandos constitucionais destinados a informar a instituição de tributos para que sejam uniformes e respeitem a capacidade econômica de todos aqueles que estejam na mesma situação jurídica. 2.7 Por isso, sendo o IPI um tributo submetido ao postulado da não-cumulatividade, é inconstitucional a sua exigência de pessoa que não faça parte do ciclo produtivo, mas sim seja consumidor final. Isso porque o sistema tributário brasileiro prevê a igualdade e a isonomia como pressupostos hermenêuticos constitucionais. Conclui-se, com isso, que, em não sendo o Impetrante revendedor de automóveis, seu tratamento como tal afrontaria diametralmente também o princípio da igualdade e da capacidade contributiva. 2.8 Por outro lado, fazendo analogia ao caso em comento, veja-se entendimento de Carrazza e Bottallo 4 sobre a não incidência de IPI na revenda de produto industrializado importado: 4 Carrazza, Roque Antonio. Botallo, Eduardo Domingos. A Não-incidência do IPI nas Operações Internas com Mercadorias Importadas por Comerciantes (um falso caso de equiparação legal). Revista Dialética de Direito tributário n.º 140. São Paulo. 2007. p. 101. 5 P á g i n a

Ora, se, como visto, o IPI é devido, quando o comerciante importa produtos industrializados, o mesmo não pode dizer, quando, no mercado interno, os transfere ou revende. É que, nestas hipóteses, incidência do IPI não encontra respaldo no art. 151, II, do Código Tributário Nacional, porquanto, longe de haver qualquer equiparação a industrial, o que existe, em verdade, é simples e não autorizada ficção. Recorde-se, em reforça a asserção, que o comerciante-importador recolhe o IPI, no ato de desembaraço aduaneiro de produtos industrializados. A partir daí, suas operações não apresentam nenhuma semelhança com às próprias de um industrial. De feito, comerciante-importador não submete produtos a processo de industrialização; tampouco pratica atos visando sua disponibilização no mercado interno, eis que isso já ocorreu ao ensejo do desembaraço aduaneiro das mercadorias importadas. Como se vê, nem instrumental, nem finalisticamente, suas atividades, no mercado interno, podem ser identificadas como as típicas de um industrial. Daí não estarem presentes os imprescindíveis pontos de aproximação, entre o comerciante-importador e o industrial, capazes de tornar tributariamente irrelevante as diferenças secundárias que entre elas existem Insista-se: a atividade típica do comerciante-importador em nada se assemelha a de industrialização. Portanto, não estão reunidos os elementos necessários e suficientes para que ocorra equiparação, único fenômeno que pode render ensejo à tributação por meio do IPI, a quem a rigor dos fatos, não é industrial. 2.9 Seguindo entendimento acima, analogicamente podese concluir que se não incide IPI na revenda de veículos importados a pessoa que não seja industrial, ou seja, pessoa física que não exerça atividade de empresa, igualmente não se pode incidir IPI na operação de importação realizada pelo Impetrante, certo que ele está importando o automóvel para uso próprio e, mais do que isso, que não exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços relativamente ao veículo em comento. 6 P á g i n a

3. DA JURISPRUDÊNCIA 3.1 A questão sobre a não incidência do IPI na importação de veículos para uso próprio já é pacífica e incontroversa na jurisprudência brasileira. 3.2 Em primeiro lugar, veja-se o entendimento do Supremo Tribunal Federal: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI. Importação de veículo por pessoa física para uso próprio. Não-incidência. Aplicabilidade do princípio da nãocumulatividade. (Grifo nosso) (Ag. Reg. em RE n 255.090, Rel. Min. Ayres Britto, Segunda Turma, Julgado em 24.08.2010) *** IPI. IMPORTAÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR. PESSOA FÍSICA. USO PRÓPRIO. 1. Não incide IPI em importação de veículo automotor, para uso próprio, por pessoa física. Aplicabilidade do princípio da não-cumulatividade. Precedente. (Grifo nosso) (Ag. Reg. em RE n 501.773, Rel. Min. Eros Grau, Segunda Turma, Julgado em 24.06.2008) *** IPI. IMPORTAÇÃO: PESSSOA FÍSICA NÃO COMERCIANTE OU EMPRESÁRIO: PRINCÍPIO DA NÃO-CUMULATIVIDADE: CF, ART. 153, 3º, II. NÃO-INCIDÊNCIA DO IPI. I. - Veículo importado por pessoa física que não é comerciante nem empresário, destinado ao uso próprio: não-incidência do IPI: aplicabilidade do princípio da não-cumulatividade: CF, art. 153, 3º, II. Precedentes do STF relativamente ao ICMS, anteriormente à EC 33/2001: RE 203.075/DF, Min. Maurício Corrêa, Plenário, "DJ" de 29.10.1999; RE 191.346/RS, Min. Carlos Velloso, 2ª Turma, "DJ" de 20.11.1998; RE 298.630/SP, Min. Moreira Alves, 1ª Turma, "DJ" de 09.11.2001. 7 P á g i n a

II. - RE conhecido e provido. Agravo não provido. (Grifo nosso) (Ag. Reg. em RE n 255.682, Rel. Min. Carlos Velloso, Segunda Turma, Julgado em 29.11.2005) 3.3 Nada obstante, o Superior Tribunal de Justiça perfilha idêntico entendimento, a saber: TRIBUTÁRIO. IPI. DESEMBARAÇO ADUANEIRO. VEÍCULO AUTOMOTOR. PESSOA FÍSICA. NÃO-INCIDÊNCIA. JURISPRUDÊNCIA DO COLENDO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. 1. O IPI não incide sobre a importação de veículo por pessoa física para uso próprio, porquanto o seu fato gerador é uma operação de natureza mercantil ou assemelhada. 2. O princípio da não-cumulatividade restaria violado, in casu, em face da impossibilidade de compensação posterior, porquanto o particular não é contribuinte da exação. (Grifo nosso) (REsp n 848.339, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, Julgado em 11.11.2008) *** PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC NÃO CARACTERIZADA. IPI. IMPORTAÇÃO DE VEÍCULO POR PESSOA FÍSICA. NÃO INCIDÊNCIA, CF, ART. 153, 3º, II, DA CF/88. PRECEDENTES STF E STJ. 1. (...) 2. É firme a jurisprudência do Pretório Excelso no sentido da inexigibilidade de IPI na importação de bens por pessoas físicas, em face do princípio da não-cumulatividade, previsto no art. 153, 3º, II, da CF/88. (Grifo nosso) (REsp n 929.684, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, Julgado em 28.10.2008) *** TRIBUTÁRIO. IPI. DESEMBARAÇO ADUANEIRO. VEÍCULO AUTOMOTOR. PESSOA FÍSICA. NÃO-INCIDÊNCIA. ENCERRAMENTO DA MATÉRIA PELO COLENDO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. 1. Recurso especial interposto contra acórdão que determinou o recolhimento do IPI incidente sobre a importação de automóvel destinado ao uso pessoal do recorrente. 2. (...) 4. No que se refere especificamente ao IPI, da mesma 8 P á g i n a

forma o Pretório Excelso também já se pronunciou a respeito: Veículo importado por pessoa física que não é comerciante nem empresário, destinado ao uso próprio: não-incidência do IPI: aplicabilidade do princípio da não-cumulatividade: CF, art. 153, 3º, II. Precedentes do STF relativamente ao ICMS, anteriormente à EC 33/2001: RE 203.075/DF, Min. Maurício Corrêa, Plenário, 'DJ' de 29.10.1999; RE 191.346/RS, Min. Carlos Velloso, 2ª Turma, 'DJ' de 20.11.1998; RE 298.630/SP, Min. Moreira Alves, 1ª Turma, 'DJ' de 09.11.2001 (AgReg no RE nº 255682/RS, 2ª Turma, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ de 10/02/2006). 5. Diante dessa interpretação do ICMS e do IPI à luz constitucional, proferida em sede derradeira pela mais alta Corte de Justiça do país, posta com o propósito de definir a incidência do tributo na importação de bem por pessoa física para uso próprio, torna-se incongruente e incompatível com o sistema jurídico pátrio qualquer pronunciamento em sentido contrário. 6. Recurso provido para afastar a exigência do IPI. (Grifo nosso) (REsp n 937629, Rel. Min. José Delgado, Primeira Turma, Julgado em 18.09.2007) 3.4 Na mesma esteira de raciocínio, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, acompanhando o posicionamento dos Tribunais Superiores, assevera a inexigibilidade do IPI em casos idênticos, senão veja-se: Trata-se de apelação contra sentença que, às fls. 88/90, concedeu a segurança requestada, para o fim de determinar à autoridade coatora que proceda à liberação do veículo Camaro 2SS Coupe, objeto da Licença de Importação nº 09/2603772-0, abstendo-se de exigir o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre a referida importação, por tratar-se, o importador, de pessoa física não comerciante. Em suas razões recursais (fls. 96/103), a Fazenda Nacional defende a legalidade da cobrança do IPI, alegando ser irrelevante a destinação do bem importado e a pessoa que promove a entrada do produto no território nacional. Com contrarrazões (fls. 106/15) e por força da remessa oficial, vieram os autos a esta Corte. O Ministério Público opinou pelo desprovimento da apelação (fls. 118/9). É o relatório. Passo a decidir. Controverte-se acerca da legitimidade da cobrança do IPI na importação de veículo promovida por pessoa física, que não é comerciante nem empresária, para uso próprio. A matéria não 9 P á g i n a

comporta mais digressões. Isso porque o Supremo Tribunal Federal, ao apreciar a questão, firmou orientação no sentido de que, em respeito ao princípio da não cumulatividade, expresso no artigo 153, 3º, inciso II, da Constituição Federal, não incide IPI na importação de veículo para uso próprio, por pessoa física que não é comerciante, nem empresária. A propósito, colaciono os seguintes precedentes: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. IPI. IMPORTAÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR. PESSOA FÍSICA. USO PRÓPRIO. 1. Não incide o IPI em importação de veículo automotor, para uso próprio, por pessoa física. Aplicabilidade do princípio da não-cumulatividade. Precedente. Agravo regimental a que se nega provimento. (STF, RE 501.773/SP, Relator Ministro Eros Grau, 2ª Turma, Dje 14-08-2008) CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IPI. IMPORTAÇÃO: PESSSOA FÍSICA NÃO COMERCIANTE OU EMPRESÁRIO: PRINCÍPIO DA NÃO- CUMULATIVIDADE: CF, art. 153, 3º, II. NÃO-INCIDÊNCIA DO IPI. I. - Veículo importado por pessoa física que não é comerciante nem empresário, destinado ao uso próprio: não-incidência do IPI: aplicabilidade do princípio da não-cumulatividade: CF, art. 153, 3º, II. Precedentes do STF relativamente ao ICMS, anteriormente à EC 33/2001: RE 203.075/DF, Min. Maurício Corrêa, Plenário, "DJ" de 29.10.1999; RE 191.346/RS, Min. Carlos Velloso, 2ª Turma, "DJ" de 20.11.1998; RE 298.630/SP, Min. Moreira Alves, 1ª Turma, "DJ" de 09.11.2001. II. - RE conhecido e provido. Agravo não provido. (STF, AgR RE 255.682/RS, Relator Ministro Carlos Velloso, 2ª Turma, DJ 10-02-2006) No mesmo sentido, os seguintes julgados do Superior Tribunal de Justiça e desta Corte: TRIBUTÁRIO. IPI. DESEMBARAÇO ADUANEIRO. VEÍCULO AUTOMOTOR. PESSOA FÍSICA. NÃO-INCIDÊNCIA. JURISPRUDÊNCIA DO COLENDO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. 1. O IPI não incide sobre a importação de veículo por por pessoa física para uso próprio, porquanto o seu fato gerador é uma operação de natureza mercantil ou assemelhada. 2. O princípio da nãocumulatividade restaria violado, in casu, em face da impossibilidade de compensação posterior, porquanto o particular não é contribuinte da exação. 3. Precedentes do STF e do STJ: RE- AgR 255682 / RS; Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO; DJ de 10/02/2006; RE-AgR 412045 / PE; Relator(a): Min. CARLOS BRITTO; DJ de 17/11/2006 REsp 937.629/SP, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 18.09.2007, DJ 04.10.2007. 4. 10 P á g i n a

Recurso especial provido. (STJ, REsp 848.339/SP, 1ª Turma, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 11/11/2008, DJe 01/12/2008) PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO - RECURSO ESPECIAL - VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC NÃO CARACTERIZADA - IPI - IMPORTAÇÃO DE VEÍCULO POR PESSOA FÍSICA - NÃO INCIDÊNCIA - CF, ART. 153, 3º, II, DA CF/88 - PRECEDENTES STF E STJ. (...) 2. É firme a jurisprudência do Pretório Excelso no sentido da inexigibilidade de IPI na importação de bens por pessoas físicas, em face do princípio da não-cumulatividade, previsto no art. 153, 3º, II, da CF/88. 3. Recurso especial provido. (STJ, REsp 929.684/SP, 2ª Turma, Rel. Ministra Eliana Calmon, julgado em 28/10/2008, DJe 17/11/2008) TRIBUTÁRIO. IMPORTAÇÃO DE VEÍCULO. IPI. DESEMBARAÇO ADUANEIRO. PESSOA FÍSICA. USO PRÓPRIO. INEXIGIBILIDADE. O Supremo Tribunal Federal já firmou orientação de que não incide o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) na importação de veículo promovida por pessoa física, que não é comerciante nem empresária, para uso próprio. (TRF4, APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO Nº 0007603-79.2009.404.7108, 1ª Turma, Des. Federal JOEL ILAN PACIORNIK, POR UNANIMIDADE, D.E. 23/09/2010) TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. IMPORTAÇÃO DE VEÍCULO. EXIGÊNCIA DE IPI E ICMS. DESEMBARAÇO ADUANEIRO. A jurisprudência firmou-se no sentido de afastar a incidência do IPI sobre veículo importado por pessoa física que não é comerciante, nem empresária. Da mesma forma, não há qualquer ato arbitrário na exigência de comprovação do recolhimento do ICMS. (TRF4, AMS nº 2007.71.01.002540-5/RS, 2ª Turma, Rel. Des. Federal Luciane Amaral Corrêa Münch, D.E. de 09-10-2008) Com efeito, inexigível a cobrança do IPI na hipótese em comento, impõe-se a manutenção da sentença. Diante do exposto, nego seguimento à apelação e à remessa oficial com fundamento no art. 557, caput, do CPC. Publique-se. Intime-se. (Grifo nosso) ( Apelação/Reexame Necessário n 0000435-25.2010.404.7000/PR, Rel. Juiz Federal Eduardo Vandré Oliveira Lema Garcia, Julgado em 31.01.2011) *** EDUARDO ZILLI TEIXEIRA ajuizou mandado de segurança para fins de afastar a exigência do IPI na importação de veículo por pessoa física. Aduz que não há previsão constitucional acerca da incidência de IPI nas importações realizadas por pessoa física, 11 P á g i n a

recaindo a exação apenas com a industrialização e saída do produto. Alega, também, ofensa ao princípio da nãocumulatividade, pois não subsiste a possibilidade de compensar o imposto devido nessa única operação. A sentença julga procedente o pedido com resolução do mérito, concedendo a ordem requerida. Apela a União. Sustenta que a incidência do IPI sobre a importação do veículo indicado na inicial é exigência constitucional e encontra amparo também na legislação infraconstitucional, bem como nos princípios da isonomia, da extrafiscalidade e na necessidade de interpretação restritiva das isenções e renúncias de receitas. É o relatório. Decido. Controverte-se o feito acerca da incidência de IPI na importação de veículo por pessoa física que não é comerciante nem empresária, para uso próprio. O Supremo Tribunal Federal, ao apreciar a matéria, firmou orientação no sentido de que, em respeito ao princípio da não-cumulatividade, expresso no artigo 153, 3º, inciso II, da Constituição Federal, não incide IPI na importação de veículo por pessoa física para uso próprio, pois a pessoa física, não sendo comerciante, não tem como fazer a compensação com créditos de uma operação anterior. A propósito, colaciono os seguintes precedentes: EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. IPI. IMPORTAÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR. PESSOA FÍSICA. USO PRÓPRIO. 1. Não incide o IPI em importação de veículo automotor, para uso próprio, por pessoa física. Aplicabilidade do princípio da não-cumulatividade. Precedente. Agravo regimental a que se nega provimento. (STF. RE 501.773/SP, Relator Ministro Eros Grau, 2ª Turma, Dje 14-08-2008) EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IPI. IMPORTAÇÃO: PESSSOA FÍSICA NÃO COMERCIANTE OU EMPRESÁRIO: PRINCÍPIO DA NÃO-CUMULATIVIDADE: CF, art. 153, 3º, II. NÃO-INCIDÊNCIA DO IPI. I. - Veículo importado por pessoa física que não é comerciante nem empresário, destinado ao uso próprio: nãoincidência do IPI: aplicabilidade do princípio da nãocumulatividade: CF, art. 153, 3º, II. Precedentes do STF relativamente ao ICMS, anteriormente à EC 33/2001: RE 203.075/DF, Min. Maurício Corrêa, Plenário, "DJ" de 29.10.1999; RE 191.346/RS, Min. Carlos Velloso, 2ª Turma, "DJ" de 20.11.1998; RE 298.630/SP, Min. Moreira Alves, 1ª Turma, "DJ" de 09.11.2001. II. - RE conhecido e provido. Agravo não provido. (STF. AgR RE 255.682/RS, Relator Ministro Carlos Velloso, 2ª Turma, DJ 10-02- 2006) 12 P á g i n a

Assim, não incide Imposto sobre Produtos Industrializados na hipótese em comento. Dispositivo. Frente ao exposto, com base no art. 557, caput, voto por negar seguimento à apelação e à remessa oficial, na forma da fundamentação. Publique-se. Intimem-se. (Grifo nosso) (Apelação/Reexame Necessário n 0005595-32.2009.404.7108/RS, Rel. Des. Álvaro Eduardo Junqueira, 1ª Turma, Julgado em 06.10.2010) 3.5 Por fim, veja-se o entendimento de alguns juízes federais da 4ª Região: Trata-se de mandado de segurança, inclusive com pedido liminar, no qual se busca afastar a exigibilidade do IPI por ocasião do desembaraço de veículo importado, ao argumento de que é destinado ao uso próprio, sem intenção comercial. (...) É o relatório. Decido. No regime geral das liminares exige-se o preenchimento simultâneo dos requisitos 'fumus boni iuri' (plausibilidade do direito invocado ou verossimilhança das alegações) e 'periculum in mora' (receio pela demora ou dano irreparável ou de difícil reparação). Não basta um ou outro; requerem-se ambos os requisitos. Em que pesem as teses sustentadas pela autoridade coatora quanto à exigibilidade do IPI, não importando a finalidade a que se destine o produto ou a que título se faça a importação, a jurisprudência do STF, STJ e TRF4 caminha no sentido de reconhecer a isenção do IPI para a importação de veículos internalizados por pessoa física para uso próprio. (...) De outro giro, as características do veículo importado (BMW, X6 xdrive) atestam que se destina ao uso pessoal do impetrante, já que a autoridade coatora não se desincumbiu do ônus de provar que a importação do veículo teria destinação comercial, o que lhe competia (art. 333, II do CPC). Em que pese o impetrante seja sócio de empresas (evento 12, ANEXO2), não se tem notícia de que alguma delas tenha como objeto social a comercialização de veículos. Ante o exposto, DEFIRO A MEDIDA LIMINAR para reconhecer a inexigibilidade do IPI sobre a importação do veículo especificado na inicial. Intimem-se. Colha-se o parecer do MPF. Por fim, retornem conclusos para sentença. (Grifo nosso) (Mandado de Segurança n 5000735-20.2011.404.7208, 2ª Vara Federal de 13 P á g i n a

Itajaí/SC, Juiz Nelson Gustavo Mesquita Ribeiro Alves, Julgado em 05 de abril de 2011) *** Pretende o impetrante ver assegurado o direito de realizar a importação do veículo descrito na DTA nº 11/0108809-2 sem a exigibilidade do pagamento do IPI. Alega em síntese que realizou a importação do veículo Mustang Shelby GT 500, motor 8 cilindros em V, DOHC, 540 HP, 32 válvulas, Chassi 1ZVBP8JS3B5119165 para uso próprio e que neste caso a incidência de IPI fere o princípio na não-cumulatividade, expresso no artigo 153, IV, 3.º, II, da Constituição Federal, em face da impossibilidade de compensação posterior. Defende que sendo ZERO o valor IPI na importação, o mesmo valor (ZERO) é que deve servir como valor de IPI na composição da base de cálculo do PIS e da COFINS, a partir do registro da DI. Colaciona jurisprudência. Requer a concessão de medida liminar para determinar que a autoridade coatora se abstenha de exigir o recolhimento do IPI devido na importação, bem como utilize o fator ZERO referente ao IPI na composição da base de cálculo do PIS e da COFINS incidentes na importação em questão. É o relatório. (...) A questão encontra-se pacificada na jurisprudência, inclusive na palavra final do Supremo Tribunal Federal, no sentido de desobrigar do recolhimento do IPI na importação, o contribuinte, pessoa física, quando a mercadoria se destinar a uso próprio. (...) Desta forma, cumpre observar apenas que restou demonstrado, a princípio, não ser o impetrante empresário ou comerciante de veículos. Ainda, pelos documentos juntados com a inicial, relativos à importação, verifica-se que está ele mesmo, pessoa física, importando o veículo descrito na inicial para uso próprio. Por tais fundamentos, defiro o pedido liminar para o fim de determinar que a autoridade coatora se abstenha de exigir o recolhimento do IPI devido na importação relativa à DTA nº 11/0108809-2, bem como utilize o fator ZERO referente ao IPI na composição da base de cálculo do PIS e da COFINS incidentes na importação em questão. Intimem-se. (...) (Grifo nosso) (Mandado de Segurança n 5003714-94.2011.404.7000, 3ª Vara Federal de Curitiba/PR, Juiz Marcelo Malucelli, Julgado em 03 de março de 2011) 3.6 Portanto, é indubitável a inexigibilidade do IPI na importação de veículo para uso próprio, bem como a utilização 14 P á g i n a

do fator ZERO de IPI na base de cálculo do PIS e COFINS Importação, sobretudo porque há firme posicionamento jurisprudencial albergando a tese defendida pelo Impetrante. 4. DA LIMINAR 4.1 Com fundamento de validade no art. 7, inciso III, da Lei n. 12.016/2009, requer-se a concessão de medida liminar para suspender a exigibilidade do crédito tributário, com espeque no art. 151, inciso IV, do CTN. 4.2 Para tanto, faz-se mister a presença concomitante da plausibilidade do direito invocado e do perigo de dano irreparável ou de difícil reparação. 4.3 Neste âmbito, a verossimilhança do direito se pauta no entendimento jurisprudencial consolidado, como alhures demonstrado, acerca da não incidência do IPI nas importações de veículos por pessoa física e para uso próprio. 4.4 De outro lado, o perigo de lesão grave ou de difícil reparação evidencia-se pela iminente incidência do IPI sobre o automóvel importado pelo Impetrante. 4.5 Assim, presentes, de forma inexorável, os pressupostos para a concessão da liminar, levando-se ainda em consideração os documentos juntados pelo Impetrante que coadunam a importação por consumidor final requer-se o deferimento da medida liminar para reconhecer a inexigibilidade do IPI, bem como para se utilizar o fator 15 P á g i n a

ZERO de IPI na base de cálculo do PIS e COFINS Importação, sobre a importação dos veículos descritos nas LI s anexadas. 5. DOS PEDIDOS 5.1 Diante do exposto e preenchidos os requisitos processuais para concessão da liminar no presente Mandado de Segurança Preventivo o direito subjetivo incontestável, líquido e certo requer-se, respeitosamente: (a) a concessão de medida liminar com fundamento no art. 7, inciso III, da Lei n. 12.016/2009, determinando, em caráter de urgência, que o Ilustríssimo Senhor Inspetor Chefe da Receita Federal na Alfândega do Porto de São Francisco do Sul, Santa Catarina, (i) abstenha-se de exigir o IPI devido na importação relativa à LI n 11/3502732-8, (ii) utilize fator ZERO referente ao IPI na composição da base de cálculo do PIS e da COFINS incidentes na importação em comento, (iii) não haja qualquer restrição judicial no prontuário do veículo importado no ato do desembaraço aduaneiro, bem como nos documentos necessários para regularização do veículos junto ao DETRAN, tendo em vista que o objeto do presente Writ é unicamente apurar se incide ou não IPI na importação de veículo para uso próprio; 16 P á g i n a

Para cumprimento da liminar, pugna o Impetrante que a Secretaria desta Vara Federal entre em contato com a Procuradoria da União e com o Procurador da Inspetoria da Receita Federal solicitando que ambos abram o prazo no sistema e-proc. 5.2 Confirmando-se a liminar eventualmente concedida no início do presente feito, requer o Impetrante, respeitosamente, Vossa Excelência se digne a determinar: 1. a notificação do Ilustríssimo Senhor Inspetor Chefe da Receita Federal na Alfândega do Porto de São Francisco do Sul, Santa Catarina, para prestar as informações que tiver, no prazo de 10 (dez) dias, nos termos do art. art. 7.º, inciso I, da Lei n. 12.016/2009; 2. o julgamento de integral procedência dos pedidos do presente Mandado de Segurança para a finalidade de determinar, com fulcro no art. 269, inciso I, do CPC, que a autoridade coatora (i) abstenha-se de exigir o IPI devido na importação relativa à LI n 11/3502732-8, (ii) utilize fator ZERO referente ao IPI na composição da base de cálculo do PIS e da COFINS incidentes na importação em comento, (iii) não haja qualquer restrição judicial no prontuário do veículo importado no ato do desembaraço aduaneiro, bem como nos documentos necessários para regularização dos veículos junto ao DETRAN, tendo em vista que o objeto do presente Writ é unicamente apurar se incide ou não IPI na importação de veículo para uso próprio; 17 P á g i n a

3. a intimação do Ilustre Representante do Ministério Público Federal, nos termos do artigo 84 do Código de Processo Civil e artigo 12 da Lei n. 12.016/2009, para intervir no presente feito. Atribui à causa o valor de R$ 11.000,00 (onze mil reais). Pede e Espera Deferimento, na urgência que o caso requer. De Curitiba para Joinville, 23 de Abril de 2012. Murilo Karasinski Ulisses Bitencourt Alano OAB/PR 50.762 OAB/PR 54.842 18 P á g i n a