A FORMAÇÃO CONTINUADA DO DOCENTE NO ENSINO FUNDAMENTAL



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definido, cujas características são condições para a expressão prática da actividade profissional (GIMENO SACRISTAN, 1995, p. 66).

Transcrição:

47 A FORMAÇÃO CONTINUADA DO DOCENTE NO ENSINO FUNDAMENTAL Hellen Thaís dos Santos, Marcelo Vinícius Creres Rosa, Fátima Regina Preti, Tereza de Jesus Ferreira Scheide, Everton Tomiazzi, Maria Cristina Ponçano Brito, Sandra Regina Caseiro Programa de Mestrado em Educação - Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE), Rua José Bongiovani, 700 - CEP 19050-900 - Cidade Universitária - Presidente Prudente - São Paulo. hellents@gmail.com RESUMO Neste artigo apresentamos o resultado do levantamento realizado junto aos professores do Ensino fundamental pertencentes a Divisão Municipal de Pirapozinho, Estado de São Paulo. O estudo teve por finalidade identificar a compreensão de aspectos da formação continuada em face a formação inicial, na perspectiva de docentes. Como resultado, foi considerado a necessidade de formação continuada e como proposta tem-se a discussão da formação continuada em serviço. Palavras-chave: Ensino fundamental, Formação continuada; Políticas públicas CONTINUING EDUCATION OF TEACHERS IN ELEMENTARY EDUCATION ABSTRACT This article presents the results of the survey conducted among elementary school teachers belonging to Pirapozinho Division Municipal, State of Sao Paulo. The study aimed to identify the understanding of aspects of continuing education in the face of initial training from the perspective of teachers. As a result, was considered the need for continued education and has been proposed as the discussion of in-service. Keywords: Elementary, Continuing Education, Public Policy

1. INTRODUÇÃO A escola tem por função oferecer educação de qualidade para todos e o mesmo tempo que seja capaz de promover o desenvolvimento físico, moral e intelectual de seus alunos. Deste modo, a educação, que se pretende de qualidade, necessita também lançar aos seus alunos a capacidade de resolver os desafios postos em nossa sociedade para que os mesmos possam intervir na realidade. O presente trabalho consiste numa pesquisa grupal proposta pela disciplina: A formação continuada do professor e a mudança na prática docente pertencente ao Programa de Mestrado em Educação, da Universidade do Oeste Paulista- UNOESTE, realizada no ano de 2010, com o intuito de corroborar para a análise da formação continuada. Uma vez que com o problema de pesquisa e a temática definida, a escolha do local e indivíduos para a realização da mesma, não se deu de modo aleatório, pois partiu da necessidade de se obter fidedignidade e representatividade captar observações dos docentes acerca da formação continuada. A pesquisa foi realizada, no curso Ler e Escrever, caracterizado como curso de formação continuada, fomentado pela Prefeitura Municipal de Pirapozinho e proposto desde o ano de 2009 pela Secretaria do Estado de São Paulo. O curso é realizado semanalmente, às quintas-feiras da 19h as 22h e oferecido aos professores de Ensino Fundamental Ciclo I. Assim o mesmo, abarca profissionais de diversas escolas da cidade e é realizado fora do local de serviço, características estas que levaram os pesquisadores a elegerem o curso como uma possível fonte de informações relevantes a formação continuada, uma vez que os participantes do mesmo estão mergulhados na situação contextual. Ressalvando-se o fato de que não é objetivo da pesquisa preocupar-se com o curso em seus aspectos gerais, mas manter o foco sobre os participantes do curso que se constituíram fundamentais na busca de compreensão acerca da formação continuada. 2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Este trabalho teve como objetivo levantar dados acerca da formação continuada por meio de questionário semi-estruturado, versando também a formação inicial. Portanto, utilizou-se de uma abordagem qualitativa para sua realização. Nesta perspectiva, pode-se dizer que se preocupou com estudo e análise teórica e descritiva de dados e bibliografias sobre a formação continuada, que se constituíram como fundamento para análise dos dados coletados. Para tanto, Bogdan e Biklen (1994, p. 48) defendem que: 48 [...] a investigação qualitativa é descritiva. Os dados recolhidos são em forma de palavras ou imagens e não números. Os resultados escritos da investigação contêm citações feitas com base nos dados para ilustrar e substanciar a apresentação. (BOGDAN; BIKLEN, 1994, p. 48) Diante do problema e com foco na investigação pretendida aplicou-se um questionário a um grupo de 19 participantes do curso de formação continuada Ler e Escrever, solicitando que todos preenchessem da forma mais completa possível, na presença de um dos pesquisadores envolvidos como garantia de auxílio. As respostas e os indivíduos foram preservados, isto é, mantidas em anonimato na discussão dos dados obtidos sendo mencionados como participantes seguidos de numerações correspondentes ao questionário que responderam.

3. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS 3.1 Formação inicial e continuada: pertinências na educação. A formação de professores assume, sem dúvida, posição de prevalência nas discussões relativas à educação numa perspectiva transformadora. Esta é uma preocupação evidenciada nas investigações mais recentes e na literatura da área, provocando debates e encaminhando propostas acerca da formação inicial e continuada de a formação inicial. Nesse movimento mundial, a formação continuada ocupa lugar de destaque, estando, de forma crescente, associada ao processo qualitativo de práticas formativas e pedagógicas. Caracteriza-se este momento histórico pela incessante busca e renovação do saber-fazer educativo. Desse modo, propomos no presente artigo uma abordagem qualitativa para sua realização e levantamento dos dados por meio de questionário, sendo, a primeira questão levantada referência para discussão da formação inicial face a formação continuada. 3.2 Formação Inicial em xeque sala de aula Quando os participantes da investigação responderam a questão Você acredita que a formação inicial foi suficiente para sua atuação em sala de aula? Constatou-se que, 95% responderam que não e apenas 5% responderam acreditar que sua formação inicial foi suficiente para sua atuação na prática de sala de aula. Com base nos dados coletados e à luz da teoria estudada é possível dizer que a formação inicial não garante, de modo suficiente, uma bagagem, crítica, reflexiva e investigativa entre teoria e prática para a formação docente, faz-se necessário um estar em reflexão, isto é, um permanente estudo, por assim dizer, formação continuada. Nóvoa (2002), Mello (2000), Guedes (2006). 49 3.3 A formação continuada no exercício docente Pensar o novo paradigma da educação requer compreender o papel do professor nessa nova etapa. É necessário adquirir competências que desenvolvam a aprendizagem permanente através da formação continuada, tendo como foco a construção da cidadania em função dos processos sociais que se modificam. Educação e conhecimento farão à diferença nesse novo século. Pode-se exemplificar tal idéia, com base nas investigações realizadas em que 100% dos docentes reconhecem o papel da formação continuada. Atualmente a formação continuada é feita através de cursos de especialização, atualização de conteúdos, aperfeiçoamento, etc. Contudo, tais formações não se mostraram eficientes/suficientes, quando pensadas de forma isolada e sem considerar que a aprendizagem do adulto está relacionada à sua experiência. Deste modo, a formação continuada não alterara as práticas docentes, ainda hoje vivenciadas de forma tradicional no ambiente escolar Morin (2000), Tardif (2002), Perez Gomes (1992). 3.4 Políticas públicas e formação continuada: mundos distantes? A mudança na prática do ensino, tal como defende-se na atualidade, em seus modelos de aprendizagem permite-nos discutir um modelo de aprendizagem presente na vida do professor, isto é, a do adulto, que esta ligada a experiência adquirida ao longo de sua carreira profissional Cró (1998). No que se refere a investigação realizada, pode-se observar que 21% dos participantes não atendem as necessidades enquanto 79% dizem que as políticas atendem a necessidade de formação porém salientam que a problema está no modo como é oferecida. Apesar da pesquisa realizada constatar que 100% dos

participantes da pesquisa, consideram que a formação continuada do professor contribui para a prática pedagógica e 79%, dizerem que as políticas atendem as necessidades. Pode-se notar que no contraponto, os participantes demonstram que a formação continuada depende de firme vontade política. Neste passo, cabe relembrar que o FUNDEB que ampara e capacitação, que no presente estudo demonstra que nem sempre o atendimento é realizado de forma adequada na formação docente (BRASIL 2007). 4. FORMAÇÃO CONTINUADA EM SERVIÇO: UMA ALTERNATIVA PARA O BEM FORMAR? Por meio da pesquisa realizada, foram fornecidos resultados satisfatórios para serem analisados a predileção dos professores, quanto a maneira em que gostariam que os cursos de formação continuada fossem realizados, apontase aqui, á luz dos teóricos Hipólitto (1999), Fusari (1988), Nóvoa (2002), Rodrigues (1993), as seguintes análises: 14% preferem a formação continuada fora do serviço, 81% seja feita em serviço e 5% em outros. Questão: Como você prefere que os cursos de formação continuada sejam realizados? Assim, defende Nóvoa (1992), Fusari (1992) e Hypólito (1998) Não há ensino de qualidade, nem reforma educativa, nem inovação pedagógica, sem uma adequada formação de professores. A rotina do funcionamento da escola pode ser a possibilidade de o professor aperfeiçoar, continuamente, sua competência docente-educativa, o mesmo, podendo ocorrer com diretores, assistentes e demais profissionais que atuam no sistema formal de ensino. Para Rodrigues e Esteves, 1993, p. 9, a formação continuada exige profissionais conhecedores da realidade da escola, capazes de trabalhar em equipe e de proporcionar maios para a troca de experiências, dotados de 50 atitudes próprias de profissionais cujo trabalho implica a relação com o outro. A escola faz parte da vida do professor, ele passa grande parte da sua vida em função dos alunos. A formação realizada no ambiente escolar poderia torna-se muito mais rica. A escola poderia organizar eventos, fazendo com que esta realidade acontecesse mais vezes. Na escola o trabalho é planejado, realizado e avaliado. Na própria escola, os professores poderiam se abrir mais a essa verdade, trocarem mais experiências, buscando ajuda uns nos outros. Participando juntos, de congressos,eventos e grupos de estudo para aperfeiçoar suas limitações e darem continuidade à sua formação. constatar: Assim pode-se Para facilitar a nossa vida já que tudo é longe e não dispomos de muito tempo; tornando bastante desgastante caso seje em outros dias e horários. (Participante 4) Na minha opinião se essas capacitações fossem oferecidas em horário de serviço pouparia o professor. (Participante 5) Já que é uma formação continuada poderia ser realizada em serviço, pois facilitaria o nosso horário disponível para o trabalho. (Participante 7) É difícil realizar cursos de formação fora do horário de serviço, quando se tem jornada dupla de trabalho. (Participante 8) Para se tratar de assuntos do dia-a-dia da prática, seria um meio de socializar os trabalhos com outros professores. (Participante 9) Sobre esta questão, podemos nos apoiar em Fusari (1988), que cita um brilhante exemplo: Os professores de um mesmo período ou série poderiam

reunir se e discutir a questão da violência na escola, procurando registrar os fatos mais marcantes, caracterizando-os e analisando-os a partir de fundamentações teóricas. As respostas aos problemas não serão encontrados nos textos e sim na reflexão grupal, na qual a experiência dos professores, aliada ao estudo, oferecerá alternativas de como lidar com problemas de violência física, verbal, etc que surgem no cotidiano escolar. (FUSARI, 1992, p. 26) Finalizando é importante instalar no corpo docente das escolas a capacidade de agir e pensar como fator determinante para uma ação pedagógica mais consciente, crítica, competente e transformadora. Daí a razão pela qual se justifica a formação continuada. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Conforme afirma Meira (2008) é consenso entre os estudiosos da educação, a importância da formação continuada e em serviço para que de fato ocorram as mudanças necessárias a fim de garantir uma educação de qualidade que atenda a todos os alunos. Segundo a autora: A formação continuada contribui para um bom desenvolvimento pessoal e profissional dos docentes, dando a esses, oportunidades, qualificação profissional e competência técnica. Esse aperfeiçoamento deve acontecer no espaço escolar, é ali que o professor desenvolve seu profissionalismo. É nesse espaço educativo que os professores podem trocar idéias, compartilhar as experiências bem-sucedidas e aperfeiçoá-las ainda mais. (MEIRA, 2008, p. 03). Vale mencionar Nóvoa (2002), que explicita: "é no espaço concreto de cada escola, 51 em torno de problemas pedagógicos ou educativos reais, que se desenvolve a verdadeira formação do professor". Discutir a formação dos profissionais da educação escolar, no cotidiano da escola fundamental, significa, portanto, colocar realidade no contexto mais amplo da democratização do ensino e da própria sociedade brasileira. Isto significa assumir a formação do educador em serviço, como um meio e não como um fim em si. De acordo Fusari (1992), a formação do educador em serviço não vai resolver, por si só, a questão da democratização do ensino, mas, certamente, terá uma função importante no processo de construção da escola pública brasileira. Além disso, disso Fusari (1992) defende que a competência docente é, portanto, uma elaboração histórica continuada. Um eterno processo de desenvolvimento, no qual o educador, no cotidiano do seu trabalho, no exercício consciente de sua prática social pedagógica, vai revendo, criticamente, analisando e reorientando sua competência ("saber fazer bem"), de acordo com as exigências do momento histórico, do trabalho pedagógico e dos seus compromissos sociais, enquanto cidadão - profissional - educador. Isto significa colocar um fim a uma concepção de competência docente inata ("dom"), estática, fechada e acabada, estimulando, nos educadores, uma atitude de busca contínua de aperfeiçoamento do seu processo de desenvolvimento pessoal (cidadania) e profissional (trabalho). No limite, pode-se afirmar que, de alguma maneira, a Secretaria da Educação, através da criação e manutenção tanto de órgãos de Formação de Recursos Humanos, como de convênios com Universidades, vem-se preocupando com a formação dos educadores em serviço. Portanto, a competência dos educadores necessita ser formada no cotidiano

do trabalho do infra-escolar, na dinâmica da Unidade Escolar, no dia-a-dia, na sala de aula, na rotina da escola enfim. Diante do exposto, pode-se dizer que há possibilidade de a formação do educador ocorrer em serviço, no cotidiano da organização da Unidade Escolar. À guisa de conclusão podemos reafirmar, portanto, que educação inicial, educação continuada e a educação continuada em serviço, são todas partes indivisíveis e insubstituíveis de uma mesma coisa: a formação do professor. Por isso a pesquisa aqui desvelada, compreende a formação continuada como processo e ferramenta chave para a qualidade na educação brasileira. REFERÊNCIAS ANDRÉ, M.; LÜDKE, M. Pesquisa em Educação: Abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. BRASIL, M. E. Fundo de Desenvolvimento para a Educação Básica e Valorização dos Profissionais da educação. Brasília, MEC/SEF, 2007. BOGDAN, R.; BIKLEN, S. K. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria e aos métodos. Porto: Porto Editora LTDA, 1994. CASADEI S. F. A formação continuada em serviço. Revista Iberoamericana de Educación, Disponível em: <http://www.rieoei.org/deloslectores/806casadei.p df>. Acesso em 26 Jun. 2010. professor de português: que língua vamos ensinar? São Paulo: Parábola Editorial, 2006. (Série estratégias de ensino 4). MELLO, G. N. de. Formação inicial de professores para a educação básica: uma (re)visão radical. São Paulo Perspec., São Paulo, v. 14, n. 1, Mar. 2000. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext &pid=s0102-88392000000100012&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 24 Jun. 2010. HIPÓLYTTO, D. Repensando a formação continuada. Publicação. Integração ensinopesquisa extensão. 1999. MEIRA, R. A. A escola como ambiente de formação continuada e em serviço 2008. Disponível em: <http://www.webartigos.com/articles/8949/1/a- Escola-Como-Ambiente-De-Formacao- Continuada-E-Em-Servico/pagina1.html>. Acesso em 20 Jun. 2010. MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez, UNESCO, 2000. NÓVOA, A. Professor se forma na escola. Nova Escola, São Paulo: Abril Cultural, n. 142, maio 2002b. PÉREZ GÓMEZ, A. P. O pensamento prático do professor - a formação do professor como profissional reflexivo. In: NÓVOA, A. Os professores e a sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1992. RODRIGUES, A.; ESTEVES, M. A análise das necessidades na formação de professores. Portugal: Porto Editora, 1993. TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: Vozes, 2002. 52 CRÓ, M. de L. Formação inicial e contínua de professores/educadores. Estratégias de intervenção. Porto: editora-portugal, 1998. FUSARI, J. C. A educação do educador em serviço: treinamento de professores e questão. São Paulo: PUC, 1988. FUSARI, J. C. A formação continuada de professores no cotidiano da escola fundamental. São Paulo: I-DE, 1992. (In: Série Idéias nº 12). GUEDES, P. C. A crise de identidade do professor. In: GUEDES, P. C. A formação do