INTEGRAÇÃO LAVOURA/ PECUÁRIA Wilson José Rosa Coordenador Técnico Estadual de Culturas DEPARTAMENTO TÉCNICO - EMATER-MG
- No Brasil o Sistema de Integração Lavoura Pecuária, sempre foi bastante utilizado, principalmente na abertura de áreas - O que é novo é a aplicação deste Sistema com Plantio Direto
Embora haja muitos paradigmas a respeito da entrada de animais em áreas de lavoura, principalmente em áreas de Plantio Direto, há um forte crescimento na adoção da tecnologia, principalmente no Centro Sul do País e é uma prática comum entre os Agricultores Familiares
No Sul do Pais, o enfoque tem sido na rotação de cultura, na diversificação de atividades, mas principalmente como alternativa de renda e utilização no período de entre safra
Já no cerrado, o enfoque da Integração Lavoura Pecuária tem sido na rotação de culturas e de recuperação de pastagens degradadas.
Não importa os diferentes enfoques, no contexto mundial, nacional e ou regional a Integração Lavoura Pecuária tem sido associada sempre a:
-redução de custos -intensificação do uso da terra -melhoria dos atributos do solo -redução de pragas e doenças -consequentemente aumento da renda do produtor -excelente ação mitigadora contra o aquecimento global
Por isto há um grande interesse nos Sistemas de Produção Integrada, devido capacidade deste conceito de produção, em mudar positivamente a imagem da exploração agrícola, cuja a intensificação, associada a especialização de atividades, utilizada nos últimos 40 anos, provocou uma perda de Biodiversidade e Poluição Ambiental nos sistemas intensivos de exploração vegetal e animal
PLANTIO CONVENCIONAL Consiste na utilização de operações de preparo de solo que envolvem: Arado de disco Arado de aiveca Grade aradora Grade niveladora, uma duas ou mais vezes
CARACTERÍSTICAS - Grande eficiência no controle de plantas daninhas - Revolvimento do solo - Exposição do solo à radiação solar - Decomposição rápida da matéria orgânica - Aumento da erosão - Degradação do solo ao longo do tempo, com exigência de doses crescentes de fertilizantes
PLANTIO DIRETO HISTÓRICO: - Iniciado no Brasil na década de setenta em decorrência de trabalhos Americanos e Ingleses, com o surgimento do primeiro herbicida de contato, o Paraquat, no início dos anos sessenta. - Quando o Brasil começou o Plantio Direto, os EUA já tinha 2 milhões de hectares com Plantio Direto - Hoje o Brasil tem mais de 23 milhões de hectares com Plantio Direto
FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE PLANTIO DIRETO NA PALHA
FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE PLANTIO DIRETO NA PALHA
CARACTERÍSTICAS - Plantio sobre a palhada - Rotação de culturas - Menor intensidade dos raios solares incidindo sobre o solo - Melhoria das características físicas e químicas do solo: - adição de matéria orgânica - elevação da CTC
CARACTERÍSTICAS - Não revolvimento do solo - Aumento dos microorganismos do solo - Maior infiltração da água no solo - Maior abastecimento do lençol freático - Menor arrastamento de solo para os mananciais - Melhora a qualidade da água
ÁREA DE LAVOURAS NO BRASIL CULTURA ALGODÃO ÁREA PLANTADA EM (1000 Ha) 1.086,00 ARROZ 2.891,60 FEIJÃO TOTAL 3.922,90 MILHO TOTAL 14.748,60 SOJA 21.222,70 TRIGO 1.818,90 DEMAIS PRODUTOS 1.487,80 TOTAL DE LAVOURAS 47.170,80 PASTAGEM TOTAL 180.000,00 PASTAGEM CERRADO 60.000,00 PASTAGEM CERRADO DEGRADADAS 45.000,00 TOAL PAST DEGRADADAS + LAVOURAS 92.170,80 Fonte CONAB- Levantamento out/2007
INTEGRAÇÃO LAVOURA PECUÁRIA Sitema de Produção Integrada, entre lavoura e Pecuária, na mesma área Onde no período das águas planta-se lavoura junto co gramínea que na época da seca vira pastagem.
INTEGRAÇÃO LAVOURA PECUÁRIA Nova visão de um sistema de exploração agrícola onde, dentro de um planejamento bem feito o produtor intensifica sua exploração.
A propriedade deve ser planejada de forma a recuperar as pastagens degradadas, utilizando lavouras, por talhões de forma que num curto espaço de tempo, toda a propriedade estará recuperada
A partir daí, inicia-se um uso intensivo destas áreas, podendo ser as mesmas glebas de forma a utilizar as pastagens para a cobertura morta para o plantio direto, sempre com utilização de uma gramínea forrageira, que servirá de pasto na entressafra da cultura ou se tornará uma pastagem cada vez mais rica por período de dois, três, ou quatro anos, mas sempre antes de se degradarem, são novamente cultivadas tendo como parceira a cultura, para diluição dos custos e produção de grãos e ou forragem conservada para o período seco do ano.
CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA - Utilização intensiva da terra - Melhoria sensível dascaracterística físicas e químicas do solo - Maior infiltração da água no solo - Integração das explorações agrícolas e pecuária - Benefícios para a lavoura - Benefício para a pastagem - Benefício para o agricultor
BENEFÍCIOS PARA A LAVOURA - Fornece palhada para o Plantio Direto - Melhora as características físicas, químicas e biológicas do solo - Aumenta a Matéria Orgânica - Reduz pragas e doenças - Minimiza a erosão
BENEFÍCIOS PARA A PECUÁRA - A lavoura melhora a fertilidade do solo - A adubação de manutenção mantem este novo patamar de produção - Aumenta o período de pastejo e a disponibilidade de forragens - Produção de forragem para ser armazenada na forma de silagem
BENEFÍCIOS PARA O PRODUTOR - Produtividade - Aumento do rebanho - Lucro na atividade - Produção diversificada - Menor vulnerabilidade aos efeitos do clima - Aumento da produção de grãos - Valorização da propriedade
MODELO DE UM SISTEMA DE ILP Nº 1 1º ano Lavoura Pastagem leguminosa degradada Pastagem degradada Pastagem degradada Pastagem degradada 2º ano Pastagem Lavoura + Milho leguminosa Pastagem degradada Pastagem degradada Pastagem degradada 3º ano Pastagem de 1º ano 4º ano Pastagem de 2º ano 5º ano Pastagem de 3º ano 6º ano Pastagem de 4º ano 7º ano Lavoura leguminosa Pastagem + Lavoura leguminosa Milho Pastagem de Pastagem + Milho Pastagem Pastagem degradada degradada Lavoura leguminosa Pastagem degradada Pastagem de Pastagem de 1º ano 2º ano Pastagem de Pastagem de 2º ano 3º ano Pastagem de Pastagem de 3º ano 4º ano Pastagem + Milho Lavoura leguminosa Pastagem de 1º ano Pastagem + Milho Pastagem de 2º ano Pastagem de 1º ano
MODELO DE UM SISTEMA DE ILP Nº 2 1º ano Milho + Pasto Pastagem Degradada Pastagem Degradada 2º ano Pastagem de 1º ano Milho + Pasto Pastagem Degradada 3º ano Pastagem de 2º ano Pastagem de 1º ano Milho + Pasto 4º ano Pastagem de 3º ano Pastagem de 2º ano Pastagem de 1º ano 5º ano Milho + Pasto Pastagem de 2º ano Pastagem de 3º ano
O aumento do teor de Matéria Orgânica no Solo (MOS), está associado à melhoria de diversos atributos do solo, sejam eles químicos, físicos ou biológicos, uma vez que vários processos que ocorrem no sistema solo e suas interfaces estão intimamente relacionados à sua dinâmica e teor no solo, servindo inclusive como indicador de qualidade do solo (Mielniczuk, 1999)
O acúmulo de Carbono no solo vai depender do sistema de manejo empregado no solo, desde o preparo do solo até as sequência das culturas. Diferença significativa foi observada na camada 0 a 5 cm, onde os sistema com presença de pastagem apresentaram valores superiores sistemas apenas com lavouras (Fabrício & Salton)
Diferenças significativas foram observadas na camada mais superficial em sistema com presença de pastagem e não foi observado alteração de estoque de carbono em camadas mais profundas. Isto pode fortalecer a importância da senescência de folhas da pastagem (Fabrício & Salton)
O pastejo excessivo, sem sobras de material em quantidade suficiente para suprir a necessidade de carbono no sistema o balanço de carbono fica negativo
Integração Lavoura Pecuária em Sistema de Plantio Direto(SPD): A experiência da Fazenda Boa Fé Grupo Ma Shou Tao Uberaba-MG 2006
Diversificação de cultura Verticalização Fazenda Boa Fé Integração lavoura + Profissionalização Integração Pecuária
SPD (Sistema de plantio direto) 1994 Rotação de culturas: Soja - Milho: 50%-50% (3,6 ton/há) (10 ton/há) 61%- 35% Desafio: Implantar ILP (Integração Lavoura Pecuária) por meio da cultura de milho sem que o alto nível de produtividade fosse afetado.
Plantio de Milho e Capim Plantio de milho. Nível de adubação (N-P-K) o mesmo do milho solteiro. Plantio Capim: 20 dias após plantio do milho, na entrelinha do milho, associada e segunda cobertura. Herbicida pós-emergência apenas suspensão, não eliminação. Controlar planta daninhas. Mesmo nível de produtividade do milho.
Experimentos com cinco tratamentos e três repetições Tratamento 1: Milho solteiro Tratamento 2: Milho e Brachiaria decumbens Tratamento 3: Milho e Brachiaria rizozhiensis Tratamento 4: Milho e Brachiaria brizantha Tratamento 5: Milho e Panicum maximum
1ª Fase: Plantio O plantio é feito 20 dias após o plantio do milho, associado a operação da segunda cobertura, evitando a competição na cultura principal. Em todos os tratamentos, o nível de adubação de base e de cobertura não foi alterado na cultura do milho, mantendo-se o padrão de N, P e K fornecido a cultura.
Melhores tratamentos Os melhores tratamentos foram o da Brachiaria brizantha e Brachiaria rizizhienses, que atingiram a mesma produtividade do tratamento padrão (em torno de 10 ton/ há), porem no período seco pós-colheita de maio a setembro, a brizantha se comportou melhor no que se diz respeito a adaptação e adequação para suporte de pastejo.
2ª Fase: Pastejo Esta fase se caracteriza pelo descanso pós- colheita da forragem em torno de 50 a 60 dias que teve a entrada de 400 animais da raça nelore entre machos e fêmeas com idade de 12 a 24 meses e peso médio de 9@ liquidas num período total de 150 dias.
Resultados técnicos-econômicos Lotação media por hectare: 2 U.A. Ganho de peso diário médio: 780 g/dia Número de ciclos de pastejo: 3,33 ciclos Número de dias de pastejo por piquete: 11 Número de dias de descanso: 44 Custo total do projeto por hectare: R$ 228,76 Receita bruta/ha: R$ 519,68 Receita liquida/há: R$ 291,22
Percentagem de cobertura do solo em função do preparo do solo (1982/88). Preparo do solo A. Aiveca A. Disco P. Direto G. Pesada Esc. + Grade (CM1) Escarificador (CM2) FONTE: Oliveira et al; 1982/88 - OCEPAR * Rotação Trigo x Soja % Cobertura 10 10 90 35 70 80
EFEITO DE DIFERENTES QUNTIDADES DE RESÍDUOS CULTURAIS NO ESCORRIMENTO SUPERFICIAL DE ÁGUA, INFILTRAÇÃO E PERDA DESOLO, EM DECLIVE DE 5% Resíduos t ha-¹ Escorrimento % Infiltração % Perda de solo t ha-¹ 0,000 45,3 54,7 13,69 0,550 24,3 74,7 1,56 1,102 0,5 99,5 0,33 2,205 0,1 99,9 0,00 4,410 0,0 100,0 0,00
Cobertura da superfície do solo, em percentagem, em função da rotação de culturas e sistema de manejo do solo. Sistema de manejo Rotação Aiveca Escarificador Plantio Direto Milho contínuo 2,5 25,5 65,0 Milho após soja 2,0 34,5 62,0 Soja após milho 0,5 3,5 40,0 Soja contínua 0,5 3,0 39,5 FONTE: Cruz (1982)
Funções da cobertura morta Reduzir o impacto das gotas de chuvas protegendo o solo contra a desagregação de partículas e compactação Dificulta o escorrimento superficial, aumentando o tempo e a capacidade de infiltração da água de chuvas Como conseqüência, há uma redução nas perdas de solo e água pela erosão Protege a superfície do solo da ação direta de raios solares reduzindo a evaporação e conseqüentemente mantendo maior quantidade de água disponível no solo
Reduz a amplitude hídrica e térmica favorecendo alta atividade biológica Aumenta a matéria orgânica no perfil do solo, aumentando a disponibilidade de água para as plantas, a CTC do solo e melhorando suas características físicas Ajudar no controle de plantas daninhas, por supressão ou por ação alelopática.
Efeito da quantidade de palha na superfície do solo sobre a produtividade do milho. Palha t/ha 0 3 6 9 12 Rendimento kg/ha % 4110 100,0 4365 106,2 4603 112,0 4727 115,0 5710 124,3 FONTE: Embrapa Milho e Sorgo. Dados não publicados.
Efetividade de resíduos na redução de evaporação Superfície Cobertura (%) 0 10 20 30 40 50 60 70 80 FONTE: D. R. Linden, et al. 1987 Evaporação-Potencial relativo 1,00 0,90 0,78 0,70 0,67 0,63 0,61 0,59 0,58
Efeito da palha de milho sobre o teor de umidade do solo (%) na profundidade de 0-5cm de um latossolo vermelho típico cultivado com milho em função do prolongamento do veranico. Tratamento Dias após última chuva 2 5 10 Palha (t/ha) 0 3 6 9 12 24,22 24,68 25,82 25,52 26,50 23,71 24,51 24,96 25,61 26,12 18,68 18,77 21,27 20,57 21,13 Época veranico 25,35 a 24,98 a 20,08 b FONTE: Andrade e Alvarenga (1997).
Temperatura do solo Em função da quantidade e durabilidade da cobertura morta na superfície do solo, o plantio direto apresenta menor temperatura do solo (1 a 10ºC) a menos
OBRIGADO Engº. Agrº. Wilson José Rosa Coordenador Técnico Estadual de Culturas Telefone (31) 3349 8170 E.mail wjrosa@emater.mg.gov.br DEPARTAMENTO TÉCNICO - EMATER-MG