CDC em foco Edição XIII Ano IV Maio de 2016 Aprender brincando 1
editorial Esta edição do boletim CDC em Foco só traz informações importantes! No clima da Semana do Bebê, discutimos temas que merecem receber atenção de mamães, papais e famílias. A vida da criança já começa no útero da mãe e recebe influência de todo o ambiente a sua volta. Por isso, a importância do pré-natal (p. 4 e 5). Uma das principais dúvidas em relação ao recém-nascido é a alimentação. Para ajudá-los, damos dicas sobre a alimentação do bebê em cada fase do desenvolvimento (p.7) Pouca gente se atenta a isso, mas a higiene bucal é fundamental para a saúde da criança e, por isso, deve ser ensinada desde cedo (p.8). Pode parecer que a brincadeira é só um momento de diversão das crianças, mas o brincar vai muito além disso (p.3)! Também abordamos o desenvolvimento da audição e da linguagem nas diferentes fases da infância (p.). Boa leitura e boa Semana do Bebê! Foto-legenda Foto:Arquivo CDC Foto:Arquivo CDC Durante a Semana do Bebê, os direitos da criança serão o foco. Muitos assuntos e questões importantes serão discutidos para que o desenvolvimento integal e saudável seja garantido desde a primeiríssima infância. expediente Este boletim faz parte do projeto Comunica CDC, realizado pelo Instituto InterCement e InterCement Brasil, em parceria com a Oficina de Imagens. Instituto InterCement Diretora Executiva: Carla Duprat Superintendente: Jair Resende Coordenador de Investimento Social: Flávio Seixas Analista Regional S. Paulo/Sul: Renata Costa e Kleber Eduardo da Silva Contato: institutointercement@intercement.com Comitê de Desenvolvimento Comunitário de Apiaí e Itaoca. Associação dos Artesãos, Câmara Municipal de Apiaí, Conselho Tutelar, InterCement, Pastoral da Saúde, Rotary Club, Prefeitura de Apiaí, Prefeitura de Itaoca, Hospital Dr Adhemar de Barros, Secretaria de Cultura e Turismo de Apiaí, Secretaria de Educação de Apiaí, Secretaria de Educação de Itaoca, Secretaria de Promoção Social de Apiaí, Secretaria de Saúde de Apiaí. Contato: cdcemfoco@gmail.com Oficina de Imagens Coordenador executivo: Bernardo Brant Edição: Gabriella Hauber e Anna Cláudia Pinheiro Gomes Site: www.oficinadeimagens.org.br Projeto Gráfico: Ronei Sampaio Diagramação: Gabriella Hauber e Anna Cláudia Pinheiro Foto da capa: Arquivo CDC Impressão: Gráfica Formato Tiragem: 1.200 exemplares 2
Artigo Pouca gente sabe, mas brincadeira é coisa séria e contribui no desenvolvimento infantil Brincando as crianças desvendam o mundo e as possibilidades do seu corpo. Descobrem e redescobrem si mesmas Por Cleide Aparecida da Rosa, assessora pedagógica da Secretaria Municipal de Educação Foto:Arquivo CDC As brincadeiras são uma forma de as crianças desenvolverem uma série de habilidades importantes para a vida Ainda existem pessoas na sociedade que acham que brincar é apenas um momento imaginativo da criança, no qual ela passa o tempo fazendo absolutamente nada. Concepção essa, preconceituosa e arcaica. Os militantes da causa da criança muito têm feito para que tais afirmações caiam definitivamente por terra. Brincar é coisa séria, ou melhor, o ato lúdico da brincadeira simplesmente pode ser visto como o livro didático da criança, onde ela é protagonista do seu próprio desenvolvimento global, nas esferas do psique, do intelecto, da fala, do corpo, do lúdico, da afetividade, entre outros. Não é possível mais conceber ideias de que a criança, quando brinca nas instituições ou em casa e na rua, estão apenas passando o tempo. Na verdade, nesses momentos, elas estão aprendendo muito. É importante que as crianças tenham possibilidade de brincar e expressar suas emoções, pois, ela está crescendo e aumentando suas habilidades, competências e inteligências múltiplas. Durante as brincadeiras, acontecem, no cérebro da criança, diversas conexões neuronais que facilitarão aprendizagens futuras, como o enriquecimento do vocabulário, a oralidade e a segurança, assim como a postura diante de conflitos nos mais diversos momentos. Em Apiaí e Itaoca, os profissionais da Educação, Saúde e Assistência Social já entenderam essa ideia. Com os cursos e programas do Instituto InterCement, ficou claro a promoçao da brincadeira não é só incubência da Educação. Todos os seguimentos da sociedade podem e devem favorecer ambientes estimuladores e facilitadores da brincadeira infantil. Precisamos nos movimentar para que as políticas públicas também favoreçam, de fato, as crianças e não apenas nas campanhas eleitorais e oratórias vazias, para que assim consigamos ambientes na cidade como um todo, onde as crianças possam brincar livremente e com segurança. 3 3
Primeiríssima Infância Ampliando o olhar sobre os cuidados e procedimentos no pré-natal Os cuidados com a gestação vão além da ida ao médico e também se estendem ao ambiente familiar e social da mãe Por Ana Maria de Oliveira, da Secretaria Municipal de Saúde O cuidado humanizado no pré-natal é o primeiro passo para um nascimento saudável. Ele é fundamental para a diminuição da morbimortalidade materna e fetal, preparação para maternidade e paternidade, aquisição de autonomia e vivência segura do processo de nascimento (compreendido desde a pré-concepção até o pós-parto). Entende-se que o cuidado deve ser iniciado por uma consulta pré-concepcional que o casal faz antes de uma gravidez. Assim, questiona-se: qual o significado de cuidado no pré-natal para os profissionais e para as gestantes? Apesar de uma parcela das gestantes restringirem o cuidado pré-natal à consulta, para a maioria delas, esse processo deveria incluir consultas, ações educativas e visitas domiciliares, indo além da consulta médica ou de enfermagem. É o acompanhamento em sua totalidade, não só do médico. São importantes também as conversas com outros profissionais, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, além de suporte físico, emocional e psicológico e troca de experiências entre gestantes ou casais grávidos. É preciso ter igual atenção aos aspectos relacionados à vida psíquica da gestante, sua família, seu ambiente social direto e indireto, particularizando a situação de gravidez na adolescência. A atenção ao pré-natal deve caracterizar-se pela segurança técnica da atuação profissional e por condições adequadas das unidades de saúde, aliadas à humanização durante a execução de todos os cuidados prestados. O acompanhamento da mulher no ciclo gravídico-puerperal deve ser iniciado o mais precocemente possível e só se encerrar após o 42º dia de puerpério, período em que a consulta de puerpério deve ser realizada. Não esquecer que a saúde da criança começa pela da mãe. O pré-natal odontológico também é essencial. O Ministério da Saúde recomenda que sejam realizadas, no mínimo, sete consultas de pré-natal 4 Foto: Arquivo CDC
Foto: Arquivo CDC Primeiríssima infância Os cuidados no pré-natal são fundamentais para a mãe e para os primeiros dia de vida do bebê É fundamental o profissional considerar os contextos familiar, social e emocional, ver a mulher como um todo e não apenas a barriga. Fazê-la conhecer seus direitos como mulher grávida para que possa assumir o protagonismo sobre seu corpo, criar um ambiente acolhedor e ter uma postura acolhedora de fala, escuta qualificada, trabalhar o tema do vínculo mãebebê (expectativas, projetos, dificuldades, mudanças que estão por vir), reconhecer e valorizar a família, lembrar que o pré-natal do pai também é importante. Cronograma do pré-natal O cronograma de agendamento de consultas do pré-natal de baixo risco segue o número mínimo preconizado pelo Ministério da Saúde: sete consultas. Na primeira consulta de pré-natal deve ser realizada anamnese, abordando aspectos epidemiológicos, além dos antecedentes familiares, pessoais, ginecológicos e obstétricos e a situação da gravidez atual. O exame físico deverá ser completo, constando avaliação de cabeça e pescoço, tórax, abdômen, membros e inspeção de pele e mucosas, seguidos por exame ginecológico e obstétrico. Nas consultas seguintes, a anamnese deverá ser sucinta, abordando aspectos do bemestar materno e fetal. Inicialmente, deverão ser ouvidas dúvidas e ansiedades da mulher, além de perguntas sobre alimentação, hábito intestinal e urinário, movimentação fetal e interrogatória sobre a presença de corrimentos ou outras perdas vaginais. As consultas devem acontecer até a 40ª semana de gestação Se o trabalho de parto não se iniciar até a 42ª semana, a gestante deve ser encaminhada à maternidade de referência. Em nenhuma hipótese existe alta do pré-natal. 5
Primeira Infância O desenvolvimento da linguagem e da audição em bebês e crianças pequenas Em cada etapa da vida da criança, uma habilidade diferente é desenvolvida, como a formação de pequenas palavras e frases Por Tânia A. Ribas C. P. Coelho, Fonoaudióloga do Hospital Dr. Adhemar de Barros A construção do conhecimento, considerando também a aquisição da linguagem, resulta de um processo de interação da criança com o meio social, físico e psíquico, com o mundo das pessoas e das coisas. É através das trocas e interação da criança com o meio que a inteligência se estrutura, se organiza. Por outro lado, a medida que a inteligência se constitui, abre a possibilidade de novas interações, mais ricas e mais complexas que as anteriores. Cada criança tem um tempo específico para se desenvolver. Contudo, é necessário ficar atento ao comportamento de fala e de linguagem para constatar que seu desenvolvimento está dentro da normalidade. O desenvolvimento da fala depende da associação de vários fatores: integridade orgânica e condições biológicas; influências sociais, psicológicas e afetivas; modelos auditivos e meio ambiente. Mas antes de começar a falar, o bebê já dá vários sinais. O choro, em bebês de 0 a 3 meses, pode indicar fome, dor, frio e sede. O gorjeio imita a própria voz em repetições. O bebê se assusta ou acorda com sons intensos e repentinos e acalma ao ouvir a voz familiar. De 3 a 6 meses, o bebê olha ou mexe a cabeça para os lados procurando o som. Reconhece a voz da mãe e emite sons sem significados. De 6 meses a 1 ano, o bebê localiza os sons de seu interesse. Começa também a balbuciar e a repetir sílabas com uma grande variedade de sons, além de compreender algumas palavras. Com 1 ano, o bebê procura objetos e pessoas familiares quando solicitado. Começam a aprender as primeiras palavras, em torno de 10 a 25 palavras. Aos 2 anos, já atende ordens verbais simples, formula as primeiras sentenças, com um vocabulário de 50 a 500 palavras. Com 3 anos, o vocabulário já passa a ter mais de 500 palavras e a criança começa a desenvolver a interrogativa e a cantar canções e recitar versos. Entre os 4 e 6 anos, o vocabulário passar a ter 1500 palavras e podem começar a aparecer problemas, como a disfluência fisiológica, mais conhecida como gagueira. Aos 5 anos, o sistema fonológico está completo. Entre 7 e 10 anos, ocorre o desenvolvimento da linguagem escrita e a linguagem compreensiva é maior. Mas é importante lembrar que há diferenças no ritmo e tempo das aquisições da fala. Os pais e adultos que convivem com o bebê e com a criança sempre devem dar o modelo correto de fala. Deve-se evitar falar errado ou no diminutivo pois ele poderá acreditar que esse é o jeito certo para falar. A interação com o ambiente e com as pessoas ao redor é um estímulo importante para o desenvolvimento da criança 6 Fotos: Arquivo CDC
Saúde As diferenças entre leite materno, leite de vaca e alimentação complementar Cada etapa da vida do bebê requer um cuidado especial com a alimentação para um desenvolvimento saudável Por Ingrid Fernandes Feldhaus, nutricionista Fotos: Agência Brasil A alimentação adequada é fundamental para a saúde e o desenvolvimento dos bebês A Organização Mundial de Saúde, o Fundo das Nações Unidas para infância (Unicef) e o Ministério da Saúde orientam que o aleitamento materno exclusivo até o 6 mês de vida do bebê é a melhor forma de alimentação tanto no aspecto nutricional quanto no emocional. Entretanto, muitas mães têm dúvidas a respeito da qualidade do seu leite e acabam substituindo-o pelo de vaca. A primeira informação útil é que o leite materno é sim o melhor alimento para o bebê, os órgãos internos, como estômago, fígado e rim são formandos para receber o leite materno. Se introduzir leite de vaca antes dos 6 meses, alguns órgãos que estão em formação tem maior trabalho para digerir os nutrientes, pois a composição nutricional é diferente do leite humano, e podem causar constipação, cólicas, diarreias, entre outros sintomas. Além disto, o leite materno é rico em anticorpos que ajudam no combate e na recuperação de doenças - um benefício que o leite de vaca e as fórmulas infantis não tem, tornando a criança mais vulnerável a infecções e a episódios de contaminação alimentar, devido à higienização incorreta dos utensílios usados. Outra dúvida comum é saber se o leite está sendo suficiente para o bebê. Ao dar o peito, o leite inicial que é sugado é rico em proteínas e sais minerais e no final é rico em gordura, portanto é importante esgotar a mama para que ele tenha todos os nutrientes. Muitas vezes as mães passam o bebê de uma mama a outra sem que ele tenha esgotado a primeira, e assim ele não ganha peso, pois não recebe a quantidade de gordura do leite necessária, e chora de fome pois não sacia, levando as mães a substituir seu leite pelo de vaca ou em pó. Para saber se o bebê está recebendo a quantidade de leite necessária, é preciso acompanhar seu ganho de peso, por isso a importância de ir regularmente ao posto de saúde para fazer as avaliações. A introdução da alimentação complementar também gera muitas dúvidas. Entre 6 e 7 meses, deve-se introduzir duas papas de frutas e uma refeição salgada; entre 8 e 12 meses, duas refeições salgadas e uma papa de fruta; e, a partir dos 12 meses, duas refeições salgadas, três lanches intermediários de fruta, sendo complementado com cereais, pão ou biscoito sem recheio. Caso o neném deixe de mamar no peito antes dos 6 meses, é possível iniciar a introdução de alimentos a partir do 4 mês: duas papas de fruta e uma refeição salgada. A partir de 6 meses: duas papas de fruta, duas refeições salgadas, além de lanche contendo leite, cereal ou biscoito sem recheio. Como já foi desmamada, a criança precisará também de aproximadamente 600 ml de leite por dia. Esta orientação deve ser individualizada e orientada por médico ou nutricionista. 7
Higiene Bucal Cuidados Bucais para a criança de 0 a 3 anos A higiene bucal também é muito importante para a saúde de crianças pequenas Por Luiz Kleber Marconi Luz, Ms, CD, CDC, Rotary Club de Apiaí Foto: Arquivo CDC Ensinar as crianças a terem uma boa higiene bucal é fundamental para a saúde de forma geral, não somente da boca As crianças pequenas não têm habilidade para conseguir uma boa limpeza dos dentes, mas é importante que os adultos as incentivem a criar esse hábito. A boca é um ambiente propício para a proliferação de bactérias e, por isso, deve ser muito bem cuidada. Para a criança alimentar-se bem e com prazer é necessário que seus dentes estejam em bom estado, sem causar desconforto, para uma mastigação eficiente dos alimentos. Além disso, a boa dentição é importante na articulação das palavras e na estética - se forem limpos e sadios a criança ficará motivada e valorizará a saúde bucal. A escovação dos dentes de crianças pequenas deverá ser realizada a partir da erupção do 1º dentinho, com uma escova apropriada. É necessário escovar após cada refeição e antes de dormir. Para facilitar a escovação nessa fase, uma possibilidade é deitar a cabeça da criança no colo, numa mesa ou na cama para conseguir ver e alcançar o interior da boca. Assim que houver mais de um dente, passe o fio/fita dental entre eles, nas faces laterais. Escovar os dentes nem sempre é um momento muito agradável para a crianças, por isso, o adulto pode tornar a escovação um momento de brincadeira e diversão. Nessa idade as crianças não sabem cuspir, a escovação deverá ser realizada sem pasta, assim como deverá ser evitada qualquer solução enxaguatória ou para bochechos a fim de evitar que os mesmos sejam engolidos. É perfeitamente possível fazer uma boa higiene sem dentifrícios. Os dentes decíduos ou de leite servem de orientação para o nascimento dos dentes permanentes e se forem perdidos fora da época (cárie e acidentes) podem causar sérios problemas permanentes, como perda, atraso e má-posição. realização: parceria: 8