Projeto CAPAZ Intermediário Análise de Inadaptação

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Transcrição:

1

Introdução Quando um cliente retorna à loja reclamando de seus novos óculos com lentes progressivas, há uma chance em um milhão de resolver o problema dele na primeira tentativa. Deve-se evitar que ele retorne para casa sentindo que as suas lentes ficaram na mesma situação de quando procurou a ótica pela primeira vez. Custará caro ao profissional ou ao estabelecimento permitir que um cliente retorne insatisfeito para casa, mesmo que o defeito tenha sido detectado, mas não resolvido. O cliente, instintivamente, entra num clima de desconfiança, e a sua motivação, fator preponderante para a adaptação, deixa de existir. Diante de uma situação como essa, dificilmente o óptico conseguirá reconquistar a confiança perdida. RELEMBRAR, FIXAR, APROFUNDAR Apesar de todo o cuidado na prática habitual de adaptação de lentes progressivas, podem ocorrer inconvenientes. O índice de clientes que retornam queixando-se de incômodos ou para tirar dúvidas é baixo. Apenas 5% deles passam por dificuldades severas ou sofrem de inadaptação. Portanto, para cada mil pessoas que passam a usar lentes progressivas 50 pessoas sofrem de inadaptação. 30 delas se queixam por causa da incorreta centralização, 15 delas são vítimas de prescrição equivocada e as 5 restantes retornam devido aos fatores psicológicos e fisiológicos. Quando o cliente apresenta uma queixa ou dificuldade, as informações transmitidas por ele são vagas e imprecisas, afinal, é normal o seu desconhecimento sobre as novas lentes. Por isso, é importante fornecer-lhe informações que possam ajudá-lo a traduzir os sintomas que está sentindo e identificar o problema. Nesta aula seu objetivo principal é entender sobre: Análise de Inadaptação 2

PREDISPOSIÇÃO PSICOLÓGICA Se um cliente está com dificuldades em sua adaptação, e sua predisposição psicológica é negativa, será necessário: Comprovar se as dificuldades provêm de sua predisposição de não colaborar com esses novos produtos. Será necessário, também, averiguar todos os parâmetros e medidas para a adaptação. Averiguar se durante a venda dos óculos o óptico notou um leve desequilíbrio psicológico por parte do cliente. Durante essa averiguação deve-se usar o máximo de cautela e toda experiência técnica em atendimento para inverter o quadro. Por ser tarefa delicada, não deve ser feita por principiante. Comprovar se durante a venda o cliente foi devidamente informado sobre os devidos defeitos visuais que podem ocorrer no início de uma nova adaptação. PROBLEMAS CAUSADOS POR ERROS DE PRESCRIÇÃO Cilíndrico incorreto Podem ocorrer três tipos de problemas: Potência ou grau acima do que o cliente necessita Potência ou grau abaixo do que o cliente necessita Orientação do eixo incorreta A causa desses erros pode variar de acordo com cada desenho de progressivas, porém quase todos se resumem na redução do tamanho do campo visual por apresentar nas lentes aberrações nas áreas em que não deveria haver. A causa é o deslocamento do olho para uma região indesejada das lentes. 3

No caso de redução de campo deve-se medi-lo, ou solicitar junto ao especialista a acuidade visual do cliente para se poder averiguar se está, pelo menos, igual ao dos óculos anteriores. Pode-se também pedir para o cliente olhar a uma distância de 6 m com um dos olhos fechados, e em seguida fazer a comparação com os óculos anteriores para os dois olhos. Caso haja uma queda de visão, deve-se encaminhá-lo novamente ao especialista que o examinou, para só depois fazer nova avaliação. Correção esférica com graduação excessiva Miopia Neste caso, o cliente estará enxergando com dificuldade para perto. Hipermetropia: Neste caso, o cliente estará enxergando com dificuldade para longe. Adição incorreta Mesmo não sendo recomendado, ainda hoje existem profissionais que aumentam a adição prescrita na receita. Hoje em dia, nenhum fabricante recomenda esse procedimento. A medição da amplitude de acomodação é a única forma de um médico especialista determinar a adição que deve prescrever para uma lente progressiva. 4

Adição excessiva Neste caso, se for colocada uma adição excessiva numa pessoa que utiliza a visão de perto em uma distância, por exemplo, de 40 cm, ela tenderá a procurar o foco na parte final do corredor intermediário. Essa atitude resulta num campo de visão mais estreito, ou seja, numa grande perda de campo de visão. Adição insuficiente Uma adição insuficiente pode não interferir diretamente na visão de longe e intermediária, entretanto resultará em perda de qualidade de visão para perto. Diferença de graduação entre os olhos As diferenças de grau entre os olhos maiores que 4 dioptrias, conhecidas como anisometropia, causam disparidade, ou seja, seqüelas, estresse nas condições motores do cliente, e aumentam a possibilidade de rompimento da capacidade binocular por falta de reserva funcional. Na troca dos óculos essa disfunção pode vir a ser percebida. PROBLEMAS COM A ARMAÇÃO Distância vértice excessiva Como já foi visto na aula Importância dos Ajustes e Consertos, a distância vértice influencia diretamente na amplitude dos campos visuais. Quanto maior ela for, menor será o campo de visão. 5 Distancia vértice excessiva

Na aula de Topografia, viu-se a relação que a adição tem com o tamanho dos campos; quanto maior a adição, menor será a largura do corredor progressivo e também a área de perto. Por isso, deve-se respeitar sempre a distância vértice que varia entre 12 e 14 milímetros, principalmente nos casos de uma adição alta. Para isso, deve-se escolher uma armação em que tais ajustes sejam feitos, e que ela durante o uso mantenha essa distância sem que interfira na posição e distância ideal. Ângulo pantoscópico Na adaptação de lentes progressivas, uma inclinação incorreta do ângulo pantoscópico pode acarretar dificuldades para a utilização principalmente das zonas intermediárias e perto. Com uma inclinação excessiva, o usuário será obrigado a abaixar muito os olhos para obter a adição necessária. Com uma inclinação insuficiente, o usuário sentirá uma diminuição da amplitude do campo intermediário e perto. Na aula de Importância do Ajuste, foi exibida a correta inclinação do ângulo pantoscópico e como ajustá-la. Zona de perto cortada Nos casos em que a zona de perto tenha sido cortada devido à incorreta medição da altura, ou não foi respeitada a altura mínima exigida pelo fabricante da lente, o cliente se queixará da limitação que terá para a visão de perto. Deve-se, nesse caso, escolher uma armação que respeite a altura mínima exigida pela lente. 6

Zona de perto recortada Armação mal ajustada São vários os problemas que uma armação mal ajustada pode ocasionar, principalmente nos casos de lentes progressivas. Na aula Importância do Ajuste foi mostrado detalhadamente como se deve proceder para solucioná-los. Mesmo assim, serão relembrados os principais problemas que uma armação mal ajustada pode ocasionar: - Incômodos de forma geral, tanto físicos como visuais. Uma armação com ângulo pantoscópico mal ajustado pode ocasionar dificuldades para se utilizar principalmente a área de visão de perto e intermediária. O correto ajuste do ângulo das hastes pode solucionar tais problemas relacionados aos ajustes. A maneira de como fazê-los é mostrada na aula de Importância dos Ajustes. - Uma distancia vértice desajustada pode influenciar na amplitude dos campos visuais. No caso de uma distância excessiva o míope terá sua visão subcorrigida, já no caso do hipermetrope, ficará com a visão supercorrigida. Nesse caso, o correto ajuste da haste e das plaquetas pode ser a solução. - Um deslocamento lateral da armação pode provocar redução dos campos de visão e gerar visão confusa, pois mesmo que a centralização das lentes esteja correta, as cruzes de centros ficam fora da posição de alinhamento com as pupilas. Na aula Importância de Ajustes também foi mostrado como fazer tais ajustes. 7

PROBLEMAS DERIVADOS DA CENTRALIZAÇÃO A incorreta centralização, principalmente nos casos de lentes progressivas, constituise no problema mais freqüente e no maior empecilho para a adaptação. Uma pesquisa mostrou que 10% dos casos de inadaptação se devem a fatores fisiológicos e patológicos; 30% à incorreta prescrição e 60% à má centralização. A figura abaixo mostra uma correta centralização. A cruz de centro está corretamente posicionada diante da pupila. Pode-se observar também a correta trajetória que os olhos traçam ao olhar de longe para perto percorrendo o corredor intermediário. CENTRALIZAÇÃO EM ALTURA Neste caso, são analisados os problemas decorrentes de altura excessiva e altura insuficiente. Altura excessiva Em uma altura excessiva, o usuário sentirá desconforto para a visão de longe, porque estará olhando pelo começo do corredor intermediário, onde ocorre o início da progressão. O sintoma será o de visão confusa. 8

Outro incômodo que poderá ocorrer está relacionado às zonas marginais e suas aberrações. Quando o usuário olhar para os lados em visão de longe, encontrará tais aberrações mais acima e terá seu campo de visão para visão de longe reduzido. Altura excessiva Para resolver tal problema, a lente deve ser montada de maneira correta, ou se a altura não for muito excessiva pode-se abaixar a armação em relação aos olhos para que a cruz de centro coincida com a pupila. Para isso, a abertura das plaquetas deve ser ajustada. Altura insuficiente Em uma altura insuficiente, o usuário sentirá um grande incômodo em relação à postura da cabeça para tentar achar a zona de perto que, nesse caso, estará muito baixa. Outro problema está relacionado à tentativa de enxergar objetos próximos pela zona intermediária da lente. Nesse caso, seu campo de visão será mais reduzido e o forçará a tomar uma distância maior daquilo que pretende ver ou ler. A solução de tal problema é semelhante ao do caso anterior. A diferença é que neste caso deve-se subir a armação em relação aos olhos do cliente, para que a cruz de centro coincida com as pupilas. Para isso, deve-se ajustar a abertura das plaquetas, fechando-as. 9

Montagem baixa Alturas diferentes em cada olho Há casos de alturas pupilares diferentes para cada olho. A diferença ocorre em virtude da assimetria facial que algumas pessoas apresentam. Nesses casos, a atenção deve ser redobrada no momento do correto ajuste da armação e no momento da tirada de medidas. O importante é centralizar corretamente a cruz de centro com cada pupila, mesmo que estejam em alturas diferentes. Observação importante: nesses casos, as alturas jamais devem ser igualadas. Caso isso aconteça, o usuário sentirá desconforto por causa da visão confusa, já que ao olhar para qualquer distância, cada olho estará olhando em zonas diferentes de cada lente. Alturas diferentes entre os olhos. 10

CENTRALIZAÇÃO LATERAL Como já se sabe, as lentes progressivas são confeccionadas de forma a respeitar a relação acomodação/convergência. Ao passar da visão de longe para a visão de perto, os olhos percorrem um corredor de progressão da lente no qual há uma limitação em largura. Nas laterais desse corredor se encontram as zonas marginais da lente, onde há as aberrações. É de fundamental importância esclarecer isso, para que se possa mostrar que uma descentralização lateral fará com que o usuário, ao fazer a transição do campo de longe para o de perto, não percorra corretamente esse corredor e atinja as zonas de aberração da lente. A conseqüência é perda de nitidez de visão e diminuição de campo visual. Erro num olho somente Nesse caso, não se recomenda concertar o erro apenas modificando a posição das plaquetas. Fazendo isso, a tentativa de centrar a lente incorreta na pupila, irá provocar a descentralização da outra lente, que já estava centrada corretamente. A única solução é confeccionar outra lente com a correta centralização. Descentralização horizontal em um só olho 11

Erro em ambos os olhos Nesse caso, podem ocorrer duas situações: Se a descentralização das duas lentes forem no mesmo sentido (direita ou esquerda), o usuário poderá enxergar razoavelmente bem se virar a cabeça no sentido contrário das descentralizações. Entretanto, irá se queixar dos incômodos posturais da cabeça, e ao olhar de frente sentirá desconforto visual. Descentralização em ambos os olhos no mesmo sentido (direita) Se a descentralização das duas lentes ocorrer em sentido contrário uma da outra, o usuário perderá o campo de visão intermediária, e haverá também uma considerável perda de campo visual para perto e longe. Descentralização interior em ambos os olhos 12

Rotação No caso de rotação de uma ou das duas lentes, além de surgirem os problemas mencionados acima, como perda de campo visual e desconforto visual, ocorrerá também, no caso de lentes progressivas com astigmatismo, uma incorreta posição do eixo prescrito na receita. Na imagem abaixo, observa-se a rotação de ambas as lentes. CASOS ESPECIAIS Defeitos fisiológicos da convergência As lentes progressivas são desenhadas objetivando uma relação normal de convergência e acomodação. Assim, uma pessoa com insuficiência ou excesso de convergência poderá enfrentar problemas, pois no momento da convergência, os olhos podem não acompanhar corretamente o corredor progressivo da lente. Por isso, para pessoas com problemas de convergência, deve-se desaconselhar lentes progressivas. 13

Nistagmo Nesse caso, deve-se desaconselhar o uso das progressivas, pois os movimentos dos olhos podem dificultar a adaptação. Além de haver uma perda significativa da qualidade de visão devido à dificuldade do processo de focagem, há a incapacidade involuntária de manter uma fixação estável dos olhos. Assim, eles ficarão oscilando entre as zonas da lente, inclusive pelas áreas de aberrações, gerando grande incômodo. Dificuldades por reflexos Como a geometria das lentes oftálmicas é constituída por uma combinação de curvaturas, há possibilidade de as lentes produzirem reflexos indesejáveis que podem ser classificados em: Reflexão reversa, reflexão da córnea, reflexão interna e reflexão frontal. Reflexão Reversa Reflexão na Córnea Reflexão Interna Reflexão Frontal Os reflexos se tornam mais evidentes em lentes com índice de refração alto. O cliente pode sentir dificuldades relacionadas a imagens duplicadas e/ou a problemas em visão noturna. O tratamento anti-reflexo oferece conforto visual, pois elimina quase totalmente os reflexos da superfície da lente. Assim, exige-se menos esforço dos olhos e reduz-se o 14

cansaço visual. Para clientes que podem ter dificuldades em visão noturna, o tratamento anti-reflexo melhora a clareza de visão, principalmente ao dirigir. FICHA DE REAVALIAÇÃO PÓS VENDA Segue uma ficha de reavaliação pós venda que você deverá manter-la em seu portfólio de papelaria para solucionar casos de dificuldades ou inadaptação por parte do cliente. Lembramos que esse procedimento deve ser feito não somente em casos de lentes progressivas, mas sim em todos os casos. Por meio do conhecimento desses problemas e o uso da ficha de reavaliação é possível chegar a um resultado específico do problema. Utilize também o sistema on-line de reavaliação que disponibilizaremos no Capaz e na área restrita do site da Coopesp e trabalhe em conjunto. A versão da ficha para impressão se encontra nesse mesmo arquivo, na ultima página. 1 PASSO Remarcação das lentes O primeiro passo é a comprovação da montagem das lentes progressivas no aro da armação. Para a comprovação, deve usar o gabarito fornecido pelo fabricante da lente e por ele localizar os dois pontos de identificação da lente. Eles são originais de fábrica (marcas permanentes): um do lado temporal e outro do lado nasal. Depois de identificados e marcados estes pontos, os óculos devem ser colocados sobre o gabarito a fim de ser marcado o centro da progressiva com uma cruz ou ponto para exame das distâncias inter-pupilares, e após o campo de perto igual estar identificado no gabarito. 15

2 PASSO Comprovação da horizontalidade e das medidas DNP e altura Uma vez marcados os pontos, o segundo passo consiste em comprovar que as lentes não estejam com os eixos virados ou fora da posição ideal. Para isso, a reta, que descreve os dois pontos das marcas permanentes em cada lente, deve estar alinhada paralelamente no plano horizontal. Comprovação da horizontalidade: OD correto, OE incorreto (virado) 3 PASSO Comprovação das medidas no rosto do cliente DNP e altura Neste passo as lentes estão marcadas com uma tinta branca no centro óptico da progressiva para contrastar com a pupila do cliente. Para quem dispõe de equipamento CNC de tirada de medidas, deve voltar o cliente ao aparelho para checar agora com as lentes. 16

Para quem não dispõe do CNC, deve adquirir uma telelupa para fazer a averiguação com o cliente posicionado a mais de 5 metros de distância. Os óculos devem ser colocados no rosto do cliente com as marcações, para que se possa verificar a correta centralização. Estando posicionado a 5 m de distância, o cliente deve olhar em posição natural, enquanto o óptico confere a centralização das marcações com a pupila do cliente. Caso não se disponha da tele-lupa, as marcações podem ser conferidas a olho nu, mas o cuidado é redobrado. Pede-se ao cliente que se coloque numa posição mais natural possível e olhe para o infinito. Enquanto isso, o óptico confere se as marcações estão centradas com a pupila dele. Angulo pantoscópico O próximo passo é a averiguação do ângulo pantoscópico, que deve estar entre 12 e 15 graus. Também pode ser comprovado com as mesmas técnicas aplicadas no passo anterior, apenas muda a função do dispositivo ou equipamento aplicado. Pode ser medido também com uma régua especial que mede o ângulo, conforme mostrado na imagem abaixo. O dispositivo é preso na haste dos óculos, de forma que a parte frontal acompanhe o ângulo da lente. Esse ângulo é mostrado através de uma pequena esfera que se move conforme o ângulo pantoscópico. 17

Distância vértice O quarto passo é a comprovação da distância vértice da lente. As lentes progressivas são calculadas para uma distância vértice de aproximadamente 12 a 14 milímetros. Ela pode ser comprovada a olho nu por profissionais bastante experientes, com aparelhos de CNC e com espessímetros específicos para tomadas de distância vértice. Cliente no CNC Régua milimétrica Ângulo Panorâmico A curvatura facial ou ângulo panorâmico tem como objetivo garantir uma boa visão periférica. A orientação dessa curvatura deve ser feita com o cliente usando os óculos e o óptico deve verificá-la olhando por cima. A armação não pode estar totalmente reta, deve ter uma suave curvatura para garantir a visão periférica otimizada. A curvatura da armação deve seguir a curvatura facial do cliente no sentido horizontal. 18

Utilize a ficha para fazer as anotações necessárias. Caso as medidas não estejam corretas, verificar se há possibilidade de ajuste, caso isso seja possível, ajustar os óculos e fazer a conferencia e marcar ok no campo Corretas. Caso as medidas não estejam corretas e não há possibilidades de ajuste, marcar no gabarito as diferenças fazendo um ponto no local correspondente a essas diferenças. EX: 4 PASSO Verificação da Acuidade Visual O quarto passo consiste na averiguação da acuidade visual. Conforme foi ensinado na aula de Acuidade Visual, faça a verificação e anote na ficha os resultados obtidos no teste. Utilize o sistema on-line de reavaliação que disponibilizamos neste módulo para lhe auxiliar nessas etapas. 19

5 PASSO Análise de prescrição da rx O quinto passo é a análise da prescrição óptica. Deve-se assegurar que ela esteja correta. Para isso, deve-se levar em conta se houve demasiada mudança na prescrição e se a potência de perto não é menor que a anterior. Deve-se averiguar também se as adições de ambos os olhos são muito diferentes umas das outras. Embora seja um caso raro, deve-se levar em conta também nesta etapa, se o aumento de adição encontra-se superior ao correspondente à idade do cliente, pois a visão de perto ficará a uma distância muito próxima. Faça a lensometria dos óculos anteriores se possível, a lensometria atual e anote na ficha de reavaliação os resultados. 6 PASSO Anamnese Agora o ultimo passo, a anamnese é uma entrevista realizada pelo óptico ao seu cliente, que tem a intenção de ser um ponto inicial no diagnóstico de um determinado problema. Em outras palavras, é uma entrevista que busca relembrar todos os fatos que se relacionam com o problema e ao cliente. A anamsese serve também para buscarmos informações a respeito dos aspectos fisiológicos e dos hábitos diários (profissão, hobby, hábitos visuais) do cliente, ou seja, para saber em que condições o cliente irá usar os óculos. É através dela que identificamos possíveis dificuldades do cliente com os novos óculos. 20

SINTOMAS Em uma inadaptação, o cliente pode expor suas dificuldades de formas diferentes e imprecisas. Por isso, o óptico precisa saber interpretar e investigar as sensações que ele descreve. Somente assim poderá identificar a possível solução para cada caso. Abaixo, os sintomas mais freqüentes da inadaptação: Necessidade de levantar a cabeça ou de elevar os óculos para poder ler; Necessidade de baixar a cabeça ou os óculos para enxergar melhor de longe; Necessidade de inclinar a cabeça para enxergar nitidamente; Dificuldade quanto ao campo de visão de perto reduzido; Dificuldade quanto ao campo de visão de longe e/ou perto muito reduzido Falta de nitidez na visão lateral; Imagens duplicadas em visão de longe e/ou perto; Duplicidade das imagens quando enxerga fontes luminosas, faróis de carro ou semáforo, por exemplo; Visão de linhas deformadas; Fadiga ocular, ardor e coceira nos olhos. Abaixo, duas tabelas para auxiliar o óptico nos mais diversos casos de inadaptação. As tabelas relacionam as causas e as dificuldades mais freqüentes sentidas pelos clientes com as possíveis soluções e os fatores que influem na adaptação. É recomendável imprimi-la e tê-la sempre em mãos para eventuais consultas. 21

OS PRINCIPAIS SINAIS E SINTOMAS APRESENTADOS PELO CLIENTE NA PÓS VENDA O CLIENTE: NECESSITA LEVANTAR A CABEÇA OU ELEVAR OS ÓCULOS PARA PODER LER se eu subir os óculos enxergo melhor, preciso buscar na lente por onde olhar Corrigir o ajuste, elevando a armação, ajuste das plaquetas Aumentar a potência das lentes para visão de longe ou para visão de perto Montar novas lentes mais elevadas NECESSITA BAIXAR A CABEÇA OU OS ÓCULOS PARA ENXERGAR MELHOR DE LONGE se eu baixar os óculos enxergo melhor, preciso buscar na lente por onde olhar Corrigir o ajuste, abaixando a armação, ajuste das plaquetas Reduzir a potência para visão de longe ou para visão de perto Montar novas lentes mais baixas TEM DE INCLINAR A CABEÇA PARA ENXERGAR NITIDAMENTE preciso inclinar a cabeça para enxergar nítido, tenho dores no pescoço desde que comecei a usar os novos óculos Verificar o ajuste da armação Verificar a centralização das medidas da lente com a pupila Verificar o astigmatismo (potência e eixo das lentes) TEM UM CAMPO DE VISÃO DE PERTO MUITO REDUZIDO, SENTE FADIGA APÓS TRABALHO PROLONGADO EM VISÃO DE PERTO sinto dificuldades para ler, enxergo menos que antes, preciso movimentar muito a cabeça para ler Diminuir a adição Diminuir a adição e aumentar a potência para visão de longe Verificar o astigmatismo (potência e eixo das lentes) Corrigir o ajuste, elevando a armação, ajuste das plaquetas Corrigir a centralização da lente com a pupila: montar as lentes mais elevadas 22

TEM UM CAMPO DE VISÃO DE LONGE E/OU PERTO MUITO REDUZIDO necessito movimentar muito a cabeça para enxergar nítido, enxergo muitas distorções, me causa dor de cabeça Conferir a inclinação pantoscópica Conferir a distância vértice VISÃO LATERAL NÃO É NITIDA não enxergo com nitidez para os lados, preciso movimentar muito a cabeça para achar uma visão nítida Verificar o equilíbrio entre OD e OE Reduzir a potência para visão de longe Diminuir a adição Verificar a distância pupilar para visão de longe e verificar a centralização Conferir a inclinação pantoscópica Conferir a distância vértice ENXERGA EM DUPLICIDADE EM VISÃO DE LONGE E/OU PERTO enxergo duas imagens, me causa dor de cabeça Verificar a DNP para visão de longe e para visão de perto; Verificar a altura de montagem e a centralização; Verificar as potências para visão de longe e para visão de perto, o astigmatismo e o equilíbrio entre OD e OE Verificar o ajuste e a inclinação da armação Comparar com a correção ótica anterior ENXERGA FONTES LUMINOSAS COM DUPLICIDADE a noite enxergo semáforo ou faróis em duplicidade, não enxergo bem a noite com os óculos Fazer novas lentes com o tratamento Anti-Reflexo Verificar o astigmatismo ENXERGA LINHAS DEFORMADAS vejo muitas distorções, me causam dor de cabeça, tenho dificuldades com degraus ou meio fio Verificar o astigmatismo Diminuir a adição Verificar a DNP para visão de longe e para visão de perto Verificar a altura de montagem e a centralização Verificar o ajuste, elevando a armação ou montar novas lentes mais elevadas. 23

SENTE FADIGA OCULAR, ARDOR E COCEIRA NOS OLHOS não consigo usar os óculos por muito tempo, fico com uma sensação estranha nos olhos Verificar a DNP para visão de perto Verificar a altura de montagem e a centralização Verificar as potências para visão de longe e para visão de perto, o astigmatismo e o equilíbrio entre OD e OE Comparar com a correção ótica anterior Fazer novas lentes com o tratamento Anti-Reflexo NÃO APRESENTA SINTOMAS, ENTRETANTO DIZ NÃO CONSEGUIR SE ADAPTAR Esse é um caso que acontece com muitos clientes, mesmo todos os parâmetros das lentes estando corretos, o cliente diz não se adaptar, neste caso uma anamnese ajudaria a identificar a origem do problema. Aspectos fisiológicos, psicológicos e seus hábitos diários são relevantes para o diagnostico dessa inadaptação. 24

PROBLEMAS POTENCIAIS FATORES NENHUM POSSÍVEL PROVÁVEL PREDISPOSIÇÃO Normal Nervoso, pouco adaptável Rígido, muito nervoso MOTIVAÇÃO Positiva, pessoal Neutra Desconfiança, negativa, coagido IDADE Jovem 50-60 anos Maior de 60 anos ADIÇÃO Até 1.25 De 1.25 a 2.50 Mais de 2.50 CORREÇÃO ANTERIOR Nenhuma, monofocal Bifocal Trifocal UTILIZAÇÃO PREDOMINANTE Visão de longe Longe e perto Perto DEFEITOS VISUAIS Astigmatismo, miopia forte Emetropes, hipermetropes Míopes < 3.00 anisometropes ASPECTOS FISIOLÓGICOS Pessoas normais Problemas de mobilidade cervical Nistagmo, estrabismo, hipertropia 25

FICHA DE REAVALIAÇÃO PÓS VENDA (versão para impressão) 26