Brasília, DF, 19 de janeiro de 2015. Ao MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO ASSESSORIA ESPECIAL PARA MODERNIZAÇÃO DA GESTÃO CENTRAL DE COMPRAS E CONTRATAÇÕES Endereço: SRTVS 701 Bloco M Edifício Dário Macedo 1º Andar CEP 70.340-909 Brasília DF E-mail: central.licitacao@planejamento.gov.br Referência: PREGÃO ELETRÔNICO PARA REGISTRO DE PREÇOS N 02/2014 Abertura: 22/01/2015 Horário: 10h00min Ilma Senhora Pregoeira, IMPUGNAÇÃO DE EDITAL A WMS ASSESSORIA EMPRESARIAL LTDA, CNPJ 19.465.323/0001-89, vem através desta, apresentar tempestivamente e respeitosamente, a Impugnação ao EDITAL supracitado em virtude dos fatos e das razões expostas a seguir. DOS FATOS No item 28.1 do Edital Pregão Eletrônico por sistema de registro de preços nº 2/2014, Processo Nº 03300.000548/2014-77 (página 20) que trata da dotação orçamentária, o edital menciona os campos para a classificação da despesa no orçamento da união, mas os campos não estão preenchidos. Ainda, o Edital se refere à classificação da despesa para o exercício financeiro de 2014, conforme texto extraído do próprio edital: Gestão/Unidade: XXXXXX Fonte: XXXX Programa de Trabalho: XXXXXXXX Elemento de Despesa: XXXXX PI: XXXXXXX
Ainda que para a realização de processo licitatório por Sistema de Registro de Preços não seja exigida a prévia dotação orçamentária, a administração púbica não pode referenciar, já no ano financeiro de 2015, uma eventual e futura contratação vinculando-a ao orçamento de 2014. No Anexo I Termo de Referência, é esclarecido que conforme o ITEM 5.1 a aquisição será do quilometro quadrado da imagem ortorretificada. Portanto, as especificações, presentes no item 2.1 se aplicam a imagens ortorretificadas, definidas conforme o item 4.6 do Edital." Essa definição do objeto é importante e, durante a fase interna do processo licitatório, as imagens que se pretende adquirir não foram plenamente individualizadas com relação à outras aquisições realizadas pela administração pública. Imagens de satélites óticos são um gênero de imagens na qual podem ser incluídas as espécies programada, cujas áreas de interesse têm o imageamento demandados exclusivamente para atender ao contratante e no momento desejado por este; e as imagens de acervo, cujas áreas de interesse são imageadas dentro da previsão de programação da operadora dos satélites e, uma vez coletadas, ficam à disposição dos interessados. Evidentemente, cada imagem possui um conjunto de especificações, de acordo com o sistema sensor, tais como: resolução espacial nativa; resolução radiométrica; erro posicional; quantidade de bandas espectrais, etc. Importante destacar que as imagens são fornecidas, pelas operadoras de satélite, em uma forma considerada bruta, na qual somente são aplicadas as mínimas correções necessárias, o que a deixa a mais original possível. Normalmente, todo o processo de processamento digital da imagem (ortorretificação, fusão de bandas, realce de contraste, mosaicagem, etc) é realizado pelo contratante, de acordo com as suas necessidades e interesses quanto ao alvo imageado. No caso do Pregão Eletrônico por sistema de registro de preços nº 2/2014, é especificado que as imagens pretendidas têm que ser ortorretificadas, o que as torna diferentes da imensa maioria dos processos licitatórios realizados pela administração pública federal, o que impacta, obviamente, na pesquisa de preços realizada no Portal de Compras Governamentais - www.comprasgovernamentais.gov.br, conforme determinado pela Instrução
Normativa nº 5, de 27 de junho de 2014, que dispõe sobre os procedimentos administrativos básicos para a realização de pesquisa de preços para a aquisição de bens e contratação de serviços em geral. Ainda, em consulta realizada por uma empresa interessada em participar do processo licitatório foi esclarecido que: "Para o caso das imagens originais, que deverão ser entregues juntamente com as imagens ortorretificadas, a imagem off-nadir deverá estar na sua resolução original. Em princípio, no que se refere à questão da flexibilização da precisão posicional, entendemos que, do ponto de vista técnico, o TR não limita a participação dos produtos da Airbus no certame. Uma vez que, para alcançar o valor de erro posicional estabelecido no item 2.1, as imagens off-nadir deverão ser submetidas a um processo de correção posicional, que atenda ao previsto no item 5.2, utilizando, por exemplo, um conjunto mais amplo de pontos de controle, cujo custo deve ser internalizado pelo licitante em sua proposta (grifo meu)." A administração pública pode comprar o que quiser, mas tem que considerar que as especificações e exigências particulares quanto à entrega do produto impactam o preço, aumenta, enormemente, os custos, não são usuais no mercado e, existem raras aquisições semelhantes no Brasil (excepcionalmente, só uma, realizada pelo Ministério do Meio Ambiente para o item especificado como 4A). Como as áreas de interesse não foram pré-definidas, em tese podem ser de qualquer lugar do planeta. As contratadas deverão possuir pontos de controle, ou os modelos digitais de elevação, por exemplo, com a acurácia necessária para garantir as ortorretificações dentro do exigido no Edital. É evidente que esse custo não é baixo, mas o licitante está impondo condições de preços irrisórios, o que pode causar a deserção para o item ou mesmo a não entrega do produto nas condições exigidas, após a contratação. Na pesquisa de preços, é fundamental que sejam comparados os preços para serviços similares, com especificações técnicas e condições de entrega iguais, ou que apresentem configuração uniforme ao que se pretende adquirir em novo processo, o que não é o caso em questão. Ao se pesquisar no SIASG as Atas de Registros de Preços para o fornecimento de imagens, aparentemente não foi acessado o Termo de Referência correspondente a cada pregão, com as condições de entrega e demais
especificações, mas tão somente à Ata e aos preços finais, após a fase de lances. Por isso, é completamente equivocado se comparar os preços referentes ao fornecimento de imagens para o Ministério da Defesa (MD), Pregão 22/2014, como foi realizado e considerado como preço máximo para o item 1P do Termo de Referência do Edital em análise. O fornecimento de imagens para o MD se refere, tão somente, a imagens brutas de acervo, sem nenhum tipo de serviço de processamento, sem a realização do serviço de ortorretificação (que tem custo!), sem a correção de cor, etc, como são exigidos no Termo de Referência do Edital em análise. Da mesma forma, as condições de entrega são diversas: para o MD é exigido o fornecimento de apenas cinco licenças de uso e uma cópia das imagens, enquanto que no Edital em análise são exigidas inúmeras licenças, praticamente garantindo acesso de todos os entes públicos nacionais que assim o desejarem e duas cópias de cada imagem. O mais discrepante ainda é que o MD adquire imagens de acervo e o preço das imagens de acervo foi considerado como o preço máximo para imagem programada, que são formas de obtenção de imagens completamente diversas e com custos diferentes. O exposto pode ser comprovado em fotos extraídas da Nota Técnica 039/ASEGE/GM-MP, de 11 de novembro de 2014, que compõe o processo administrativo Nº 03300.000548/2014-77.
É obvio que o valor da aquisição do MD é inferior ao menor preço realizado na pesquisa de preços, pois se trata de aquisições de imagens diferentes, como já esclarecido (acervo x programada; bruta x ortorretificada; 5 licenças x mais de 3500 licenças, etc). A partir da definição equivocada para o preço de imagens programadas, foi aplicado o fator 0,80, completamente inovador, descabido e não previsto na Instrução Normativa nº 5, de 27 de junho de 2014. Partiu-se de um preço equivocado e, arbitrariamente, foi aplicado um fator subjetivo. O resultado não poderia ser outro, o preço máximo de referência para os item 1A do Termo de Referência é irreal. Esse equívoco fica ainda mais evidente quando se comparam os preços dos itens 1A e 1P com os itens 3A e 3P. Apesar de possuírem resoluções espaciais e especificações completamente diferentes, os preços são praticamente idênticos. Considerando, ainda, a hipótese de que o serviço de fornecimento de imagens para o MD e esse em análise fossem executados nas mesmas condições, ainda assim teríamos o fator custo para ser considerado. Não existem operadoras de satélites nacionais, todas as imagens são adquiridas de
operadoras estrangeiras para serem entregues no Brasil e, por isso, têm o seu custo em moeda estrangeira. No momento da licitação do Pregão Eletrônico 22/2014-MD, realizado no dia 28 de julho de 2014, o valor do dólar era equivalente a R$ 2,23 (fonte: Banco Central do Brasil, disponível em http://www4.bcb.gov.br/pec/conversao/conversao.asp). Apenas como comparação, no dia 9 de janeiro deste mesmo ano o valor do dólar foi o equivalente a R$ 2,66 (fonte: a mesma do Banco Central do Brasil). Ocorreu uma variação no custo das imagens, somente considerando a diferença no valor do dólar, de aproximadamente 20%. Somente quanto ao fator custo, a condição já não é a mesma. E ainda está sendo exigido que as imagens sejam submetidas ao processo de ortorretificação, que é um serviço adicional ao fornecimento de imagens. É extremamente importante destacar que o objeto da Ata 22/2014 MD é a contratação de fornecimento de imagens brutas, sem nenhum processamento, para 5 usuários e em outra forma de entrega. O objeto da licitação do MPOG é o fornecimento de imagens ortorretificadas, mosaicadas ou não, corrigidas na cor, ou seja, submetidas ao processamento digital de imagens. São objetos diferentes, condições de entrega e de utilização diferentes. Comparou-se objetos e condições diferentes e, a partir do valor de R$ 12,30 (para imagens brutas e de acervo) da licitação do MD, aplicou-se um índice aleatório e subjetivo de 80%... Pode-se concluir que a comparação de preços está incompatível com o Edital em análise. Destaca-se, no texto, que foi estabelecida uma regra nova de estabelecimento de preços, não prevista na IN 05, de 27/Jun/14, ao se definir um percentual sobre um preço considerado base. Acontece que, ainda que isso fosse permitido pela legislação em vigor, partiu-se de um preço referente à imagens brutas, de acervo, como já explicado, para se definir as imagens programadas. Esse foi o primeiro equívoco. A partir desse equívoco, se estabeleceu uma regra nova, ao considerar que as imagens de acervo valem 80% do preço de imagens programadas.
Consideração importante a ser feita é que o documento foi considerado De acordo pela autoridade superior 2 meses antes da data constante na assinatura da responsável por sua elaboração. Esse equívoco, mais uma vez, é sintomático para demonstrar a falta acurácia com o que o processo tem sido conduzido. Portanto, não se pode comparar tipos de imagens (acervo versus programada); número de licenças (cinco versus número indeterminado); imagens sem processamento versus com processamento, uma cópia versus duas cópias e se considerar esse procedimento correto, que os serviços são similares, como exige a IN 05 para a pesquisa de preços. Cabe destacar, ainda, que as quantidades consideradas como demanda, como discriminadas no Termo de Referência, são irreais, conforme já apresentado e de acordo com os demais documentos anexados. Em representação ajuizada no Tribunal de Contas da União (Processo TC-034.657/2014-2) foram anexados documentos que comprovam que a Diretoria de Serviço Geográfico do Exército Brasileiro, por exemplo, não adquirirá imagens no processo em tela justamente por não servirem para as competências daquela Diretoria. Ao
mesmo tempo, o Ministério da Defesa, através da competência que é atribuída ao Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas pela Portaria Normativa n o 3810/MD, de 8 de dezembro de 2011, é o responsável pela aquisição centralizada de imagens destinadas às aplicações das atividades de inteligência e operações, consolidando as demandas da Marinha, Exército e Força Aérea e informa que também não adquirirá imagens no processo do MPOG, que continuará realizando seus processos aquisitivos de forma autônoma. Aliás, cabe informar que o Ministério da Defesa não adquire imagens ortorretificadas, mas tão somente imagens brutas, por serem desnecessária a ortorretificação para os fins às quais se destinam as imagens. DO MÉRITO 1 Impugnação quanto ao ano do exercício financeiro Conforme consta da página 20 do Edital, requer-se a suspensão do processo licitatório para que o vício apontado seja sanado. 2 Impugnação quanto ao preço máximo dos itens 1A e 1P Conforme esclarecido quanto à questão das diferenças entre imagens de acervo e programadas e sobre o equívoco na definição dos preços máximos para os itens 1A e 1P, comprovados, inclusive, com documento constante do próprio processo administrativo Nº 03300.000548/2014-77, requer-se a suspensão do processo licitatório e que nova pesquisa de preços seja realizada, a fim de sanar o vício apontado. 3 Impugnação quanto aos quantitativos Conhecemos a concepção e as finalidades com que foi criado o Sistema de Registro de Preços (SRP). Segundo Jorge Ulisses Jacoby, na obra Sistema de registro de preços e pregão presencial e eletrônico, 5ª edição, páginas 29 e 30, temos que: "Sistema de Registro de Preços é um procedimento especial de licitação que se efetiva por meio de uma concorrência ou pregão sui generis, selecionando a proposta mais vantajosa, com observância do princípio da isonomia, para eventual e futura contratação pela Administração'". (grifos meus) Apesar do mesmo autor destacar, na página 30, a peculiaridade do SRP, no
que s e r e f e r e à característica da imprevisão das demandas, tais como: Por fim, destaca-se que algumas características o distinguem e o flexibilizam para atender às contingências do orçamento a determinados tipos de compras com dificuldade de planejamento e demandas imprevisíveis, entendemos que o processo licitatório que se pretende impugnar não se refere à contratação de itens de serviço que demandam dificuldade de planejamento ou demandas imprevisíveis. Ao contrário, cada órgão demandante (e é interessante que o MPOG, que conduz o processo, não é demandante) tem os seus próprios interesses, projetos e respectivos programas internos de trabalho. Por isso, é descabido e denota falta de planejamento a definição aleatória de quantitativos para aquisição, em um montante de área que representa quase todo o território nacional, ainda mais considerando-se que o MMA recentemente renovou o contrato de aquisição de toda a cobertura nacional. Em consequência dos dois processos, o território brasileiro seria imageado duas vezes no mesmo ano, o que, obviamente, é utópico. Não é crível, por exemplo, que o próprio MMA adquira imagens de todo o Brasil e de mais 3.802.864Km 2 do território nacional no mesmo ano! O documento abaixo, constante dos autos do processo administrativo Nº 03300.000548/2014-77 confirma a irrealidade na definição de demanda, ao se duplicar uma demanda que é imprecisa na origem:
Conforme esclarecido quanto ao informado pela Diretoria de Serviço Geográfico do Exército Brasileiro e pelo Ministério da Defesa sobre a não aquisição de imagens no escopo do processo administrativo nº 03300.000548/2014-77, requer-se a suspensão do processo licitatório e que um novo levantamento de demandas seja realizado, inclusive, já considerando os cortes orçamentários informados pelo próprio governo federal e que impactarão as aquisições de toda ordem, a fim de sanar o vício apontado. DA SOLICITAÇÃO DE IMPUGNAÇÃO Face ao exposto requeremos a essa Comissão provimento a presente solicitação de impugnação do referido EDITAL e republicação do mesmo com as alterações necessárias em conformidade com a legislação que trata sobre licitações públicas. Em assim não procedendo, a essa Comissão, requeremos desde já, que seja encaminhada à autoridade superior, para reexame do pedido e seu provimento. Pede-se deferimento, Brasília, DF, 19 de janeiro de 2015. Wilson Stefano Junior Diretor Idt 022690333-4 MD/EB WMS Assessoria