ARTROPLASTIA TOTAL DE JOELHO E A REABILITAÇÃO FÍSICA



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Transcrição:

ARTROPLASTIA TOTAL DE JOELHO E A REABILITAÇÃO FÍSICA Benjamim da Silva Moreira Graduado em Fisioterapia pelo Centro Universitário Augusto Motta (UNISUAM); Pós-Graduando em Saúde da Família pelo Centro Universitário Augusto Motta (UNISUAM); Especialista em Fisioterapia Traumatoortopédica Funcional pelo Centro Universitário Augusto Motta (UNISUAM) fisiobenjamim@hotmail.com Artigo recebido em: 08 jan. 2014 Artigo aprovado em: 29 abr. 2014 RESUMO A artroplastia é uma forma de tratamento muito eficaz na recuperação funcional da articulação do joelho, quando o indivíduo tem indicação para tal. Existe um número crescente de indicação para o uso da artroplastia total de joelho, assim como diversos procedimentos cirúrgicos e próteses diferenciadas, que precisam estar no métier do fisioterapeuta. Este estudo tem por objetivo trazer à tona o tema artroplastia total de joelho, para que a reabilitação física destes pacientes aconteça da melhor forma possível, de maneira individualizada e efetiva, com o profissional atualizado sobre todas as formas de tratamento para o paciente, principalmente no pósoperatório de artroplastia total de joelho. A metodologia usada para a concretização desse trabalho de pesquisa bibliográfica aconteceu com a busca de livros da área da saúde e acesso às bases eletrônicas: Google Acadêmico, SciELO, Redalyc, ScienceDirect, LILACS, Periódicos CAPES, em português, no período dos últimos dez anos, com os termos de busca: Fisioterapia; Joelho; Artroplastia; Reabilitação física; sendo dada prioridade aos artigos mais atualizados. Os resultados desta pesquisa levam à conclusão que este estudo evidencia os reais benefícios para a população protetizada, bem como benefícios para um melhor condicionamento físico, assim como uma excelente reabilitação física para esses pacientes, com artroplastia total de joelho. Palavras-chave: Fisioterapia. Joelho. Artroplastia. Reabilitação. 1 INTRODUÇÃO A substituição da superfície do joelho no tratamento de doenças agressivas à articulação tem recebido atenção especial a partir do século dezenove. Desde 1860, cogitou-se a interposição de partes moles na reconstrução articular do joelho. Já nas décadas de 1940 e 1950 houve grande avanço na proposta da artroplastia total de joelho (D ELIA et al., 2007). A artroplastia total de joelho (ATJ) constitui uma intervenção cirúrgica de comprovada eficácia. Tem aplicabilidade durante longo prazo em idosos, para alívio do quadro álgico no joelho, melhorando a funcionalidade, aumentando a mobilidade, interação entre indivíduos e contribuindo para a saúde psicológica (DUTTON, 2010). Configurada como ato cirúrgico de grande complexidade e agressividade à articulação, a artroplastia de joelho é classificada como cirurgia de grande porte, em que o paciente recebe monitoramento durante a cirurgia de maneira a evitar um possível quadro infeccioso (SANTOS; BIAGI, 2013). 64

Benjamim da Silva Moreira Esse tipo de protetização permite o reposicionamento morfológico, alinhamento biomecânico, estabilização e flexibilidade do joelho, fatores esses importantes na realização das atividades de vida diária (BARBOSA; FILIPE; SANTOS, 2013). A troca articular é feita a fim de amenizar o desgaste, possivelmente depois de outras intervenções conservadoras ou cirúrgicas não apresentarem o sucesso esperado. Em média não se deve esperar um aumento da movimentação articular, força ou funcionalidade aquém do que levou à redução da dor (BRODY; HALL, 2012). O tratamento empregado pela fisioterapia na artroplastia de joelho inclui orientações ao paciente antes mesmo da cirurgia, porém a maior atuação fisioterapêutica será depois do implante, com seus recursos usados nas fases da reabilitação (SANTOS; BIAGI, 2013). 1.1 Problematização Como pode ser feita a reabilitação pós-artroplastia total de joelho buscando os reais benefícios para a população protetizada, bem como benefícios para o condicionamento físico desses pacientes? 1.2 Justificativa Existe um número crescente de indicação para o uso da artroplastia total de joelho, assim como diversos procedimentos cirúrgicos e próteses diferenciadas, com os indivíduos precisando do tratamento de fisioterapia. 1.3 Objetivos Trazer à tona a temática da artroplastia total de joelho, para que a reabilitação física destes pacientes protetizados aconteça pela fisioterapia da melhor forma possível, de maneira individualizada, efetiva e atualizada. 1.4 Metodologia Para a concretização desse trabalho de pesquisa qualitativa, descritiva, houve busca de livros da área da saúde e acesso às bases eletrônicas: Google Acadêmico, SciELO, Redalyc, ScienceDirect, LILACS, Periódicos CAPES, em português, no período dos últimos dez anos, com os termos de busca: Fisioterapia. Joelho. Artroplastia. Reabilitação. Este estudo concentra-se na reabilitação pós-artroplastia total de joelho, buscando os reais benefícios para a população protetizada, bem como benefícios para a busca do melhor condicionamento físico para esses pacientes. 65

ARTROPLASTIA TOTAL DE JOELHO E A REABILITAÇÃO FÍSICA Esquema 1: Descrição sobre as etapas do processo de revisão sistemática Perguntas: Como pode ser feita a reabilitação pós-artroplastia total de joelho buscando os reais benefícios para a população protetizada, bem como benefícios para o condicionamento físico desses pacientes? Identificação e estratégias de busca: Pesquisa qualitativa, descritiva de livros da área da saúde e acesso às bases eletrônicas: Google Acadêmico, SciELO, Redalyc, ScienceDirect, LILACS, Periódicos CAPES, no período dos últimos dez anos, com os termos de busca: Fisioterapia. Joelho. Artroplastia. Reabilitação. Critérios de elegibilidade: Inclusão: artigos publicados em português, nos últimos 10 anos, com prioridade aos mais atuais. Seleção dos artigos A avaliação dos critérios de elegibilidade foi realizada pela leitura dos artigos na íntegra pelo autor. Coleta dos dados Foram coletadas as seguintes informações: fisioterapia na artroplastia; os tipos de cirurgia e as mais usadas; tipos de prótese; autor; ano de publicação; população de estudo; objetivo do estudo; instrumento utilizado e resultados e a reabilitação pós-artroplastia. Apresentação dos resultados De acordo com os delineamentos dos estudos incluídos na revisão. 2 RESULTADOS Esta seção apresenta os resultados da pesquisa. Quadro 1: Artigos selecionados nas bases de dados Referência Periódico Tipo de abordagem Tírico, L. E. P. et al., 2012 Acta Ortopédica Brasileira Protetização do joelho Barros, A. G. C. et al., 2010 Revista do INTO Guglielmetti, L.G.B. et al. 2010 Revista Brasileira de Ortopedia Matos, L.F.C. et al. 2011 Técnicas cirúrgicas Znojek-Tymborowska, J. et al. 2013 Vasconcelos, J.W. et al. 2013 Acta Ortopédica Brasileira Kupczir, F. et al. 2013 Complicações pós-implante Pécora, J.R. et al. 2003 Moreira, B.S; Caetano, L.F. 2012 Cadernos Unisuam de Pesquisa e Extensão Vasconcelos, J.W; Vasconcelos, G.A. 2011 Imoto; Peccin; Trevisani. 2012 Carvalho Júnior, L.H. et al. 2005 Masselli, M.R. et al. 2012 Boldrini, F.C. et al. 2013 VIDMAR, M.F. et al., 2013 Acta Ortopédica Brasileira Colloquium Vitae Revista Brasileira de Medicina do Esporte Revista de Ciências Médicas e Biológicas Fisioterapia pós-cirúrgica 66

2.1 Protetização do joelho Benjamim da Silva Moreira Esta seção aborda os conceitos da protetização do joelho. 2.2 Conceitos gerais A classificação da artroplastia é feita devido ao desempenho do componente, ou seja, restritiva, semirrestritiva ou não-restritiva, pela fixação, com cimento ou sem cimento, ou híbrida e pelos seus componentes materiais como: liga de cobalto-cromo, liga de titânio e polietileno de alta densidade. Cada fixação exibe suas vantagens e desvantagens, demonstradas na tabela a seguir (BRODY; HALL, 2012). Tabela 1: Prótese com cimento e sem cimento e híbrida Prótese Componentes Vantagens Desvantagens Cimentada Não cimentada Híbrida Os dois componentes articulares cimentados Os dois componentes Sem cimento Geralmente apresenta o componente femoral não cimentado Permite sustentação do peso mais precoce O componente biológico é protegido por mais tempo, pois o crescimento biológico é mais demorado; Diminuição do tempo cirúrgico; reduz o desgaste do polietileno e evita reação adversa aos componentes; pode apresentar-se com permanência ou ausência do LCP O afrouxamento da interface osso-cimento é problemático; o componente tibial é problemático com difícil fixação. Sustentação de peso mais demorada; o componente tibial é problemático com sua fixação difícil com pequena movimentação e falha. É mais trabalhosa e precisa de ajuntes mais precisos Nos dias atuais, o padrão-ouro em artroplastia é a composição de utilitários metálicos cimentados no componente femoral e tibial. Estudos realizados exprimem a expectativa em obter longevidade à prótese, com qualidade à fixação dos componentes no osso e reduzir o índice de soltura em longo prazo. Dentre as principais causas de os utensílios soltarem precocemente na ATJ, existe a plataforma fixa na tíbia, com o polietileno fixo no componente de forma rígida que não permite movimentação. A fixação com rigidez causa maior atrito entre os componentes da prótese, criando maior desgaste ao polietileno e à liberação de debris, que corroboram a soltura asséptica do implante. Para que isso não aconteça foi desenvolvido um componente tibial com plataforma rotatória, com o polietileno se movimentando em rotação sobre o componente tibial, diminuindo o atrito (TÍRICO et al., 2012). O joelho, para ter um funcionamento normal, carece da integridade dos tecidos moles para efetiva estabilidade, simultaneamente ele exerce sustentação de grandes forças reacionárias das juntas articulares tibiofemorais e patelofemorais (NORDIN; FRANKEL, 2011). 2.3 Técnicas cirúrgicas 67 O acesso parapatelar medial, descrito no quadro 1, é o mais usado, onde é feita a divisão do tendão do quadríceps no terço medial, com a liberação das fibras mediais quadricipitais que são desconectadas da região patelar, com o músculo vasto medial sendo desinserido da

ARTROPLASTIA TOTAL DE JOELHO E A REABILITAÇÃO FÍSICA parte medial do quadríceps. Dentre as diversas técnicas cirúrgicas para ATJ para escolha de determinado procedimento, é levado em conta a familiaridade do cirurgião e o conforto ao realizar tal procedimento. As abordagens descritas nos quadros 2, 3 e 4 são também usadas como: a anterior, subvasto e lateral (BARROS et al., 2010; DUTTON, 2010). Quadro 2: Técnica cirúrgica para ATJ - Abordagem parapatelar Tipo de incisão Incisão na borda medial do quadríceps Vantagens Muito boa visão da articulação do joelho; e Ampla exposição, medial e lateral Desvantagens Ruptura das fibras musculares para extensão; e Danos neurovasculares à patela Quadro 3: Técnica cirúrgica para ATJ - Abordagem anterior Tipo de incisão Incisão longitudinal na pele na linha média anterior Vantagens Bom potencial para extensão; e Ampla exposição, medial e lateral Desvantagens Violação do mecanismo do quadríceps; e Potencial para desvascularização patelar Quadro 4: Técnica cirúrgica para ATJ - Abordagem subvasto Tipo de incisão Incisão longitudinal na pele na linha média anterior Manutenção do mecanismo do quadríceps com Vantagens redução da dor pós-operatória; e Recuperação funcional mais rápida Desvantagens Exposição um tanto limitada Quadro 5: Técnica cirúrgica para ATJ - Abordagem lateral Tipo de incisão Abordagem na parte lateral da patela e ao longo da borda medial do tubérculo de Gerdy Vantagens Método superior na correção da deformidade em valgo Desvantagens Sem desvantagens A opção por determinada prótese depende do estado ósseo, das possíveis deformidades nos ligamentos e até ausência do ligamento cruzado posterior. Dentre os muitos atributos, as próteses também são caracterizadas pelo número de compartimentos trocados, umas são compartimentais outras bicompartimentais, a mais usada é a tricompartimental, com parcial contenção e fixação híbrida (BRODY; HALL, 2012). Em média a vida da prótese do joelho deve durar 20 anos ou mais, se no momento do seu desenho for respeitada fisiologicamente, anatomicamente, assim como a cinemática da articulação, isso evitará que solte ou desgaste excessivamente o implante. Com essa conduta há a ampliação da indicação aos pacientes, inclusive pacientes mais jovens (GUGLIELMETTI et al., 2010). A ATJ representa na ortopedia excelente custo-benefício, apresentando melhora evidente na qualidade de vida e em média acima de 95% de sobrevida do implante. A artroplastia total de joelho está em constante evolução desde seu início, e o aumento da expectativa de vida populacional tem tornado esta cirurgia cada vez mais inserida no cotidiano. Os implantes se encontram modernizados em seus formatos, assemelhando-se à mínima agressão possível nas partes moles (MATOS et al., 2011). 68

Benjamim da Silva Moreira O sucesso da artroplastia do joelho depende igualmente da implantação perfeita do joelho artificial e da fisioterapia pós-operatória, a necessidade de reabilitação precoce que leve à restauração da funcionalidade articular (ZNOJEK-TYMBOROWSKA et al., 2013). 2.4 Complicações pós-implante A artroplastia total de joelho pela combinação das grandes forças, diversas ações da musculatura, superfícies de contato pequenas e uma vascularização deficitária, pode apresentar complicações. A troca da superfície patelar aparece como uma das principais causas dessas complicações na ATJ, assim como a fratura, necrose asséptica, desgaste articular, frouxidão ligamentar e luxação (VASCONCELOS et al., 2013). O joelho luxado configura como uma das lesões mais graves dessa articulação. Na literatura, não há consenso sobre a configuração da lesão, mas encontram-se relatos da necessidade de lesão de duas estruturas ligamentares para caracterizar a luxação. Outros textos argumentam que quando se encontra danificada a cápsula articular, com perda da congruência femurotibial, acontece a luxação (KUPCZIR et al., 2013). Além da ATJ, cirurgias de ressuperficialização articular estão à disposição para benefício dos pacientes. A artroplastia total de superfície está se tornando um procedimento muito usado na melhora da qualidade de vida e para que os indivíduos permaneçam em atividade (BRODY; HALL, 2012). Alguns fatores biológicos e mecânicos imprimem comprometimento à longevidade artroplástica. Na esfera biológica encontram-se a infecção e rejeição de corpo estranho aos componentes implantados, podendo também suas estruturas de sustentação apresentarem-se comprometidas, como as estruturas capsuloligamentares ou a estrutura óssea. Já nos fatores mecânicos como movimentos pequenos na interface osso/material protético e as tensões femorotibiais por conta da instalação da prótese (PÉCORA et al., 2003). Com o crescimento do uso da ATJ refletindo no quantitativo das próteses, aumentou a quantidade de revisões e de complicações, como a deiscência da ferida operatória, associada ou não a infecção. Os problemas cicatriciais pós-implante chegam a 20% dos casos em algumas séries; entretanto, a deiscência da ferida com exposição total da prótese sem possibilidade de fechamento primário ou cicatriz secundária é raríssima (POZZOBON et al., 2013). 2.5 As contraindicações Apresentando-se tanto de forma absoluta como relativa na ATJ, as contraindicações não se limitam à infecção ativa do joelho, obesidade mórbida, joelho recurvatun acentuado, insuficiência arterial, demência e articulação neuropática (DUTTON, 2010). 3 FISIOTERAPIA PÓS-CIRÚRGICA Esta seção apresenta as fases 1, 2 e 3 da cirurgia. 69

3.1 Fase 1: hospitalização ARTROPLASTIA TOTAL DE JOELHO E A REABILITAÇÃO FÍSICA Os objetivos inicialmente são: evitar as complicações depois da cirurgia como a trombose venosa profunda, infecção e embolia pulmonar, diminuir os efeitos prejudiciais da imobilização, tornar o paciente funcional para que possa realizar as atividades de vida diária, obtendo ADM assistida de 5 a 90º de movimentação articular, elevação da perna reta funcional sem demora do componente extensor, desenvolver desempenho motor de 3/5 no teste muscular manual (DUTTON, 2010). A fisioterapia inicia no primeiro dia depois da cirurgia, com os indivíduos postos em verticalização, fazendo flexão ativa do joelho operado até 90, com exercícios no aparelho com movimento passivo contínuo (CPM). Os pacientes podem andar com dispositivos auxiliares de marcha e apoio de carga no membro operado até o limite da dor (ZNOJEK-TYMBOROWSKA et al., 2013). O paciente deve ser orientado sobre a aplicação de gelo-compressão-elevação, exercícios para amplitude de movimento, mobilização patelar e treino de marcha (DUTTON, 2010). A aplicação de frio, mais compressão, elevação e repouso atuam na redução das condições adversas do período inflamatório. O tipo de resfriamento do tecido depende do tipo de aplicação, duração da exposição ao frio e condutividade da área resfriada. Quanto mais prolongada a exposição, mais profundo será o resfriamento. Sob 3,5ºC, o músculo pode ter sua temperatura reduzida profundamente em até quatro centímetros (PRENTICE, 2012). Durante as fases da reabilitação o processo cicatricial tem em sua composição inúmeros acontecimentos simultâneos, envolvendo o local da cicatriz cirúrgica e adjacências, com alterações na vasculatura, nas células, na proliferação do tecido epitelial, também dos fibroblastos, síntese e deposição de colágeno, produção de elastina e proteoglicanos, revascularização e contração cicatricial (MOREIRA; CAETANO, 2012). Os aspectos da recuperação são direcionados à articulação e à prótese. Geralmente, a reabilitação do movimento, da força e função, assim como a consideração da causa antes da cirurgia, contribui para um direcionamento na reabilitação (BRODY; HALL, 2012). A reabilitação concentra-se em aliviar a dor; no fortalecimento muscular; mobilizar as articulações, com destaque ao joelho operado; exercícios para preservação da amplitude de movimento e força muscular e também objetivando a diminuição das complicações pós-operatórias. As dificuldades em manter a postura ortostática e manutenção do equilíbrio devem ser transpassadas. O corpo apresenta uma estrutura alta, em equilíbrio em cima de uma base relativamente pequena, com o centro gravitacional consideravelmente alto, logo acima da pelve. Para que haja estabilidade, o centro de gravidade precisa se manter dentro da base de sustentação fornecida pelos pés (WIDMAIER; RAFF; STRANG, 2013). Um fato de grande importância é considerar as articulações próximas, pois podem estar comprometidas de igual forma pela mesma doença e também as cargas em excesso empregadas sobre elas no período pré-operatório (BRODY; HALL, 2012). No pós-operatório imediato devem ser estimuladas ações isométricas de quadríceps e flexo-extensão ativas do joelho, progressivamente, sempre respeitando o limite de dor do paciente (VASCONCELOS; VASCONCELOS, 2011). Grande parte das ações musculares, desenvolvidas em prol do suporte de peso, são isométricas. Mesmo se os músculos apresentarem atividade na isometria, não acontecem movimentos visíveis (WIDMAIER; RAFF; STRANG, 2013). 70

Benjamim da Silva Moreira Os músculos do quadríceps têm importante ação na absorção de choque, uma possível fraqueza desse grupamento muscular traz redução à proteção articular, desencadeando grande estresse e sobrecarga ao joelho. Os exercícios de intensidade moderada são uma boa conduta de tratamento não apenas na melhora sintomática, mas também no aumento do conteúdo de glicosaminoglicanos (IMOTO; PECCIN; TREVISANI, 2012). A aquisição ao retorno do controle neuromuscular para a movimentação da articulação é um componente da reabilitação muito importante. O fato de perder-se o controle neural e muscular é devido à inibição da dor ou do edema. O controle proprioceptivo por meio de exercícios de transferência de peso sobre muletas, elevação da perna reta e séries para quadríceps são indicados (PRENTICE, 2012). Os neurônios imbuídos em controlar o tecido músculo esquelético são hierarquizados, ao ponto de cada nível da hierarquia desenvolver determinada tarefa no controle motor. Para o início do movimento planejado voluntário, uma interação geral é criada no nível mais elevado hierarquizado do controle motor. São esses os centros superiores que englobam várias regiões encefálicas, inclusive áreas sensorimotoras, áreas de associação e aquelas envolvidas no engrama, no emocional e motivacional. A transmissão da informação dos neurônios que comandam os centros superiores às partes do encéfalo, que são constituídos pelo nível intermediário da hierarquia do controle motor, especificam as posturas e movimentos necessários para a execução da ação planejada (WIDMAIER; RAFF; STRANG, 2013). A imobilização articular leva a uma rápida deterioração das propriedades bioquímicas e mecânicas ligamentares, em parte decorrente da diminuição da massa do ligamento que causa uma perda resultante na força e rigidez (MAGEE; ZACHAZEWSKI; QUILLEN, 2013). A estabilidade dos ligamentos em varo e valgo deve ser mensurada pós-artroplastia. Grande parte dos modelos protéticos não pressupõe a existência do ligamento cruzado anterior e que o ligamento cruzado posterior permanece intacto. Os ligamentos colateral medial e lateral, juntos com a cápsula articular, dão grande parte da estabilidade ao joelho (BRODY; HALL, 2012). Diversos estudos fazem referência à acuidade proprioceptiva no pós-operatório dos implantes articulares de joelho. No entanto os resultados dessas pesquisas têm se mostrado controversos. Uma corrente defende que há melhora da acuidade proprioceptiva após reposição articular, outros afirmam que a artroplastia não evidencia qualquer alteração em termos proprioceptivos. Já outra linha defende que a acuidade do joelho tratado é pior do que de indivíduos normais, na mesma faixa etária ou que da extremidade do outro membro após colocação da prótese (MAGEE; ZACHAZEWSKI; QUILLEN, 2013). Apesar dos avanços na saúde, na cirurgia, nos implantes e também no manejo pósoperatório, a rigidez permanece como um problema depois da ATJ. O arco de movimento alcançado depois da cirurgia depende principalmente do seu ganho articular no período préoperatório (CARVALHO JÚNIOR et al., 2005). Quando é identificada limitação no quadril e tornozelo no arco de movimento, isto pode comprometer a funcionalidade e o prognóstico do joelho. Está dentro dos padrões de normalidade tentar chegar à amplitude de movimento de 0 a 120º. Quem apresentar ADM menor que 120º para flexão após ATJ compensa os movimentos de quadril, tronco e tornozelo nas atividades funcionais (BRODY; HALL, 2012). 71

ARTROPLASTIA TOTAL DE JOELHO E A REABILITAÇÃO FÍSICA 3.2 Fase 2: ambulatorial inicial (3 a 6 semanas) Na fase inicial ambulatorial a ênfase é dada ao controle álgico, e da tumefação, independência à mobilidade, treinamento de transferências posturais, subida de escadas, treino de marcha, manter o que ganhou e evoluir na amplitude de movimento de 0 a 120º e a meta de 3/5 a 4/5 de força (BRODY; HALL, 2012). O condicionamento aeróbio deve ser perseguido com o uso de bicicleta ergométrica, com ênfase na flexão ou extensão por meio do ajuste do selim da bicicleta, fazendo uma cadência lenta com conforto, a fim de evitar traumatismo articular na ADM final, ao passo que obtém os benefícios do alongamento prolongado e da alta repetição (DUTTON, 2010). O uso da terapia aquática traz ao tratamento uma força experimentada que é o corpo sendo impulsionado para cima, na direção contrária à gravidade. A flutuação aquática proporciona alívio à descarga imposta pelo peso estrutural anatômico, permitindo, na presença de articulações sensíveis à carga, a realização de exercícios com diminuição de trauma e dor (CAMERON, 2009). Estas vantagens que a flutuabilidade traz, reduzindo a descarga de peso na articulação, reduzem a sensação da intensidade álgica, melhorando a movimentação funcional e a capacidade de fazer exercícios. A térmica da água e a pressão hidrostática têm igual responsabilidade nestes efeitos, sendo que o calor relaxa os músculos levando à redução tensional articular assim como em volta da articulação, promovendo a melhora dos movimentos (MASSELLI et al., 2013) A aplicação da estimulação elétrica neuromuscular (EENM) é focalizada no músculo vasto medial oblíquo. Logo depois de atingir a extensão total, as doses da corrente devem ser aplicadas em todo arco de movimento e exercícios isométricos em diversos ângulos, inclusive aqueles em que a ação quadricipital pareça menos eficiente (DUTTON, 2010). A estimulação nervosa elétrica transcutânea (TENS) é a estimulação elétrica sobre a pele para controlar a dor. A TENS tem sido aplicada em diversas frequências, intensidades e tempo de pulso para estimulação. As aplicações para estímulo são (>50Hz), (<10Hz) ou bust, na sequência a primeira é de alta frequência, depois de baixa frequência e a última como explosões de estimulação de alta frequência empregadas numa frequência muito menor (MAGEE; ZACHAZEWSKI; QUILLEN, 2013). Para a busca da analgesia e melhora das condições musculares, relacionadas ao treinamento, assim como a produção do torque da musculatura do quadríceps e fluxo de sangue do músculo, é usada a corrente excitomotora, conhecida como corrente russa, alternada, de média frequência (2.500Hz), modulada em bursts de 50Hz com ciclo de trabalho de 50% (BOLDRINI; LOPES; LIEBANO, 2013). A ambulação exige que muitos músculos estejam coordenados, cada um ativado em grau e período precisos. A marcha é iniciada no momento em que o corpo é projetado à frente até uma posição de instabilidade e, em seguida, move-se uma das pernas à frente para dar apoio. No momento que os extensores são ativados no lado do membro inferior apoiado para dar sustentação ao corpo, os músculos extensores contralaterais não são, pois a inervação recíproca impede a extensão do outro membro, mas permite a flexão e o balanço para a frente do membro que não sustenta o peso corporal (WIDMAIER; RAFF; STRANG, 2013). Os segmentos mesodérmicos formam as estruturas somáticas do corpo, uns são os dermátomos, que compreendem a derme e a epiderme, os miótomos, os músculos 72

Benjamim da Silva Moreira esqueléticos, e os esclerótomos, os ossos e o tecido conjuntivo correspondente. Cada somito recebe um nervo da medula espinhal ou do tronco cerebral. O nervo espinal que tem origem do nervo do somito inerva de maneira aferente e eferente o dermátomo, miótomo e esclerótomo do somito correspondente. As regiões da pele dos nervos espinhais são chamadas de dermátomos, e o entendimento dessa segmentação tem enorme valor para o atendimento clínico (MENESES, 2011). O fato de mobilizar passivamente e continuamente depois da cirurgia tem embasamento na ideia de que, ao movimentar a articulação, desencadeia-se o processo nutricional da cartilagem articular por meio do líquido sinovial, que vai se intensificando, melhorando assim a mobilidade articular (VIDMAR et al., 2013). 3.3 Fase 3: tardia (7 a 12 semanas) O planejamento das atividades resistidas muda progressivamente para um programa de caminhada, que tem o começo de 8 a dez minutos, aumentando para 60 minutos, de acordo com o grau que o paciente tolerar (DUTTON, 2010). Os objetivos são para o retorno às atividades funcionais, marcha por aproximadamente 92 metros sem aparelhos auxiliares de marcha, arco de movimento progredindo de 120º para mais e orientações para exercícios domiciliares (BRODY; HALL, 2012). O exercício físico adiciona importantes benefícios no aspecto de saúde e longevidade, reduzindo também o risco de morte no que diz respeito a diversas causas. Uma melhor capacidade aeróbia é evidente após um programa de exercício físico, com reflexo na melhora da adaptação da oferta e capitação de oxigênio, melhorando a inter-relação sistema repiratório, cardíaco, vascular e musculoesquelético (UMEDA, 2014). A mobilização articular reduz a artrofibrose decorrente da imobilização. Depois do procedimento cirúrgico, a patela se apresentando móvel é a chave para recuperação da movimentação normalizada do joelho (PRENTICE, 2012). A independência e os movimentos funcionais devem ser executados sem dor, o padrão de marcha normal e sem dependência de equipamento é realizado em todos os tipos de superfícies, caso necessário poderá usar bengala de uma ponta (DUTTON, 2010). As indicações são para os exercícios de mobilização, contrair-relaxar, alongamentos, exercícios com carga progressivamente, fortalecimento para membros inferiores e músculos centrais, trabalho com atividades funcionais específicas para o paciente (BRODY; HALL, 2012). Diversas atividades podem ser desenvolvidas para o treinamento neuromuscular como: mudar de direção no momento que subir escadas, subir escadas de lado, com intuito de aumentar o grau de dificuldade e criar um desafio para a propriocepção; o uso da prancha de equilíbrio também é muito utilizado (DUTTON, 2010). O mecanismo de subir escada tem início com o levantar do membro inferior pela contração vigorosa do iliopsoas, tracionando superiormente o membro vencendo a gravidade até o degrau seguinte. O reto femoral tem ação ativa nesta fase ajudando na flexão da coxa e ao frear excêntricamente a flexão do joelho. Seguindo, o pé posiciona-se no próximo degrau. Ao atingir esse momento, os músculos isquiostibiais estão ativados, como principal função de trabalho o retardo do mecanismo articular de extensão do joelho (HAMILL; KNUTZEN, 2012). 73

ARTROPLASTIA TOTAL DE JOELHO E A REABILITAÇÃO FÍSICA O processo de recuperação é variado, cada pessoa emite uma resposta diferente da outra. O fisioterapeuta deve prestar atenção nos fatores individuais que influenciam no tratamento, que incluem idade, sexo, capacidade física, estado de recuperação como a cicatrização, nível de suporte de peso alcançado e o perfil psicológico do paciente (MAGEE; ZACHAZEWSKI; QUILLEN, 2013). O planejamento das condutas reabilitacionais precisa estar esclarecido no que tange à recuperação completa. Em muitos casos isso quer dizer que o paciente atingiu completa ADM, força, controle neural, muscular, resistência cardíaca, vascular e habilidades funcionais. O processo decisório de liberação do indivíduo, e o retorno em condições plenas às atividades, são o estágio final do processo de reabilitação e recuperação (PRENTICE, 2012). CONCLUSÃO Com esse trabalho observa-se o crescimento do uso da ATJ, um procedimento que vem sendo utilizado na resolução de inúmeros casos, dando a possibilidade de alívio ao sofrimento dos indivíduos causados pela deformidade e dor, e o retorno às atividades de vida diária. A cirurgia pode levar a complicações, como infecções, trombose venosa profunda e a embolia pulmonar. Entretanto, é fundamental a intervenção fisioterapêutica pós-artroplastia, objetivando a reabilitação o mais precoce possível, atuando após a alta hospitalar até ter atingida a total recuperação funcional. TOTAL KNEE ARTHROPLASTY AND REHAB ABSTRACT Arthroplasty is a very effective form of treatment on the functional recovery of the knee joint when the individual has an indication for this. There is an increasing number of indications for the use of total knee arthroplasty, as well as many surgical procedures and different prostheses, which need to be in the métier physiotherapist. This study aims to bring out the theme total knee arthroplasty for the physical rehabilitation of these patients, as best we can, individually and effectively, with the updated professional about all forms of treatment for the patient, especially in postoperative total knee arthroplasty. The methodology used for the realization of this work of literature, happened to look up books in the area of health and access to electronic databases: Google Scholar, SciELO, Redalyc, ScienceDirect, LILACS, CAPES journals in Portuguese, during the last ten years, with the search terms: Physiotherapy; Knee; Arthroplasty; Physical rehabilitation. Being given priority to the most updated articles. These results lead to the conclusion that this 74

Benjamim da Silva Moreira study shows the real benefits for the aided population as well as benefits to a better physical conditioning, as well as excellent physical rehabilitation for these patients with total knee arthroplasty. Keywords: Physical Therapy. Knee. Arthroplasty. Rehabilitation. REFERÊNCIAS BARBOSA, J.; FILIPE, F.; SANTOS, J. A. Preservar ou substituir a rótula durante a artroplastia total do joelho influencia a reabilitação em internamento? Revista da Sociedade Portuguesa de Medicina Física e de Reabilitação, Vila de Nova Gaia, v. 23, n. 1, p. 53-60, 2013. BARROS, A. G. C. et al. Comparação da forma voluntária máxima no pós-cirúrgico precoce entre os acessos parapatelar medial e midvasto na artroplastia total de joelho. Revista do INTO, Rio de Janeiro, v. 8, n. 4, p. 01-36, out./dez. 2010. BOLDRINI, F. C.; LOPES, A. D.; LIEBANO, R. E. Efeitos da diatermia por ondas curtas no torque do músculo quadríceps femoral durante a estimulação elétrica neuromuscular e contração voluntária em indivíduos saudáveis. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, São Paulo, v.19, n. 4, p. 247-251, jul./ago. 2013. BRODY, L. T.; HALL, C. M. Exercício terapêutico na busca da função. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. CAMERON, M. H. Agentes físicos na reabilitação. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. CARVALHO JÚNIOR, L. H. et al. Amplitude de movimento após artroplastia total do joelho. Acta Ortopédica Brasileira, São Paulo, v. 13, n. 5, p. 233-234, 2005. D ELIA et al. Tratamento das infecções pós artroplastia total de joelho: resultados com dois anos de seguimento. Acta Ortopédica Brasileira, São Paulo, v. 15, n. 3, p. 158-162, 2007. DUTTON, M. Fisioterapia ortopédica: exame, avaliação e intervenção. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. GUGLIELMETTI, L. G. B. et al. Artroplastia total do joelho com o apoio tibial móvel. Avaliação dos resultados a médio prazo. Acta Ortopédica Brasileira, São Paulo, v. 18, n. 6, p. 310-314, 2010. 75

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