INFLUÊNCIA DA ADUBAÇÃO ORGÂNICA NOS ATRIBUTOS FÍSICOS DE UM NEOSSOLO QUARTZARÊNICO CULTIVADO COM EUCALIPTO. Bruno Marchió 1, Talles Eduardo Borges dos Santos 2, Jânio Goulart dos Santos 3 ; Andrisley Joaquim da Silva 4 ; Sulene Rosa da Silva 5 Resumo O experimento foi conduzido em plantio de clones de Eucaliptos uma área total de plantio de 0,5 ha de na Fazenda Experimental Instituto Luís Eduardo de Oliveira Sales- Unidade Básica de Biociências Campus II do Centro Universitário de Mineiros, localizada na Microrregião Sudoeste de Goiás. O delineamento experimental utilizado foi o Delineamento em Blocos Casualizados (DBC), com 3 tratamentos e 3 repetições, 9 parcelas, cada uma com 6 árvores, totalizando 54 plantas no espaçamento 3 x 2, analisadas em uma área de 46 x 30m = 1.380 m². Os tratamentos do experimento são: Testemunha, Adubação Mineral: 0,210kg de N-P-K (20-00-20) por planta e Adubação Orgânica: 2kg de Cama de Frango por planta (equivalente ao recomendável na adubação mineral.) Observou-se que a adubação orgânica não modificou de forma significativa a maioria dos atributos físicos com a exceção da porosidade total do solo, na qual obteve melhor resultado provavelmente pelo aumento do teor de matéria que aumenta a microporosidade que é um dos componentes da porosidade total do solo. Palavras chaves: Cama de frango, porosidade, déficit hídrico. Introdução A exploração florestal, quando adotada sem a utilização de um eficiente sistema conservacionista, pode causar a degradação do solo, principalmente através da erosão hídrica. O manejo adotado pode favorecer as perdas de solo e água com isso declínio das propriedades físicas do solo e, consequentemente, acarretar no empobrecimento do solo e na queda da produtividade. No Brasil, as perdas de solo nos cultivos agrícolas são fortemente influenciadas pelo sistema de manejo, variando com os anos de cultivo (Bertol et al., 2007). Considerando o constante aumento das plantações florestais de eucalipto (Bracelpa, 2009), é importante avaliar o grau de degradação por erosão nestes sistemas através 1 Acadêmico de Agronomia do Centro Universitário de Mineiros-UNIFIMES. 2 Professor Doutor do Curso de Engenharia Florestal e Agronomia do Centro Universitário de Mineiros UNIFIMES 3 Acadêmico de Engenharia Florestal do Centro Universitário de Mineiros-UNIFIMES 4 Professor Especialista do Curso de Engenharia Florestal e Agronomia do Centro Universitário de Mineiros UNIFIMES 5 Engenheira Florestal Mineiros/GO
da quantificação das perdas de solo e água. A partir desta informação, é possível direcionar o sistema de manejo do solo para a redução dos impactos do processo erosivo na paisagem. A incorporação de esterco de animais ou outros materiais orgânicos e as práticas de preparo do solo em condições adequadas de umidade podem promover efeitos benéficos nas características físicas do solo, tais como: aumento da microporosidade e retenção de água em solos arenosos (Hafez, 1974; Weil & Kroontje, 1979). O efeito dos dejetos animais sobre a estabilização dos agregados do solo em água varia de solo para solo e, muitas vezes, são necessárias aplicações durante vários anos para que as diferenças sejam detectadas (Weil & Kroontje, 1979). Os estercos animais vêm sendo empregados como fertilizantes a mais de dois mil anos (Kiehl, 1985). Os adubos orgânicos, além do fornecimento de nutrientes, destacam-se por um papel fundamental e mais importante, fornecimento de matéria orgânica para melhorar as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo. Nesse caso, o efeito é o condicionador de solo, considerando a matéria orgânica como um produto químico que melhora as propriedades físicas do solo. (Rajj, 1991). Desta forma o presente estudo teve como objetivo verificar a influência da adubação orgânica nos atributos físicos de um neossolo quartzarênico cultivo com eucalipto. Material e Métodos O experimento foi conduzido em plantio de clones de Eucaliptos uma área total de plantio de 0,5 ha de na Fazenda Experimental Instituto Luís Eduardo de Oliveira Sales - Unidade Básica de Biociências Campus II do Centro Universitário de Mineiros, localizada na BR 364, km 312, no município de Mineiros, sudoeste de Goiás, com 800 m de altitude e com as seguintes coordenadas geográficas: 17º 27 16,14 S de latitude e 52º 36 9,85 W de longitude. O solo da área experimental foi classificado como Neossolo Quartzarênico (EMBRAPA, 1999), apresentando 6% de argila, 87% de areia e 7% de silte. A região apresenta temperatura média anual de 24,2ºC e precipitação pluviométrica média de 1.700 mm. O delineamento experimental utilizado foi o Delineamento em Blocos Casualizados (DBC), com 5 tratamentos e 3 repetições, 15 parcelas, cada uma com 6 árvores, totalizando 90 plantas no espaçamento 3 x 2, analisadas em uma área de 46 x 30m = 1.380 m². Os tratamentos do experimento são: Testemunha, Adubação Mineral: 0,210kg de N-P-K (20-00-20) por planta e Adubação Orgânica: 2kg de Cama de Frango por planta (equivalente ao recomendável na adubação mineral.) Para a determinação da umidade do solo foi usado o método termogravimétrico e a densidade do solo foi determinada pelo método do anel volumétrico (Embrapa, 1999), que consiste em pesar a massa de solo úmido (Mu) e em seguida secá-lo em estufa a 105 110ºC por 24 horas, e após, determinar sua massa seca (Ms). A partir da equação (1), calculou-se a umidade do solo. (1)
U = Umidade do solo, % Mu = Massa de solo úmido, g Ms = Massa de solo seco em estufa, g Posteriormente essa umidade U (%) foi multiplicada pela densidade do solo (Ds) para se encontrar o valor da Umidade Volumétrica (Uv) e esse resultado multiplicado pela profundidade para se encontrar o valor da altura de água no solo (AL). A densidade do solo foi determinada pelo método do anel volumétrico, conforme Embrapa (1997), o qual se fundamenta no uso de um anel de bordas cortantes com capacidade interna conhecida. A verificação da densidade do solo ocorreu no final do período de avaliação da umidade. Determinou-se o volume do anel conforme a equação (2): (2) Vc = volume do anel, cm³ d = diâmetro do anel, cm hc = altura do anel, cm Cravaram-se os anéis no solo, por meio de percussão, até seu preenchimento total, à profundidade entre 0-5 cm e 5-10 cm. Posteriormente, removeu-se o excesso de solo, até igualar as bordas do anel, sendo estas revestidas por uma proteção plástica resistente. O solo obtido dentro do anel foi transferido para um recipiente e levado para secar em uma estufa a 105ºC, por 24h, visando obter sua massa. Após esse período, determinou-se a Ds através da equação (3): (3) Ds = Densidade do solo, g cm -3 ; m = massa de solo seco; Vc = volume do anel, cm 3. Os valores de Porosidade total do solo forma obtidos pela relação entre a densidade de solo, a densidade de partícula e a porosidade é definida pela equação (4): (4) Ps = Porosidade total do solo, % Ds = Densidade do solo, g cm -3 ; Dp = Densidade de partículas, 2,65 g cm -3 (Valor médio adotado).
Resultados e Discussão Observou-se que a adubação orgânica não modificou de forma significativa a densidade do solo, porém a adubação orgânica apresentou de 1,34 g.cm -3 (Figura 1), o que é um resultado satisfatório para um solo como a textura arenosa na camada de 0-10 cm como foi o solo analisado o que corrobora em parte com (Filho, 2009) que estudando o efeito da adubação orgânica e mineral na densidade do solo também em um neossolo quartzarênico na cultura do milho observou valores em torno de 1,41 g.cm -3 na camada de 0-10 cm e menores estatisticamente quando comparada com adubação mineral. De igual modo não houve diferença estatística entre os tratamentos para as variáveis umidade volumétrica e altura de água (Figura 3) e (Figura 4) respectivamente, porém (Woiciechowski, 2009) trabalhando com resíduos de carvão e adubo num plantio de Eucalyptus benthamii observou que a adição do resíduo de carvão no solo modifica a umidade volumétrica e que a dosagem possui uma correlação positiva com a umidade. Figura 1 - Densidade do solo pelo método do anel volumétrico. Figura 3 Umidade Volumétrica do solo pelo método do anel volumétrico. a b b Figura 2 Porosidade total do solo pelo método do anel volumétrico. Figura 4 Porosidade total do solo pelo método do anel volumétrico. Para porosidade total do solo os tratamentos apresentam diferenças estatísticas, na qual a adubação orgânica aumentou a porosidade total do solo (Figura 2) isto é obteve melhor resultado, provavelmente pelo aumento do teor de matéria que aumenta a microporosidade e que é um dos componentes da porosidade total do solo, isso contraria os resultado encontrados por (Costa, 2011) onde uso de fontes orgânicas de adubação não apresentaram efeitos significativos sobre os atributos
físicos do solo, inclusive porosidade em milho safrinha independente do sistema de plantio, porém os valores foram semelhantes em torno de 49% com adubação orgânica. Conclusão A cama de frango na dosagem que foi aplicada influencia a porosidade total do solo, porém não a densidade e a retenção de água do solo na camada de 0-10 cm cultivado com eucalipto em um Neossolo Quartzarênico. Referências bibliográficas: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CELULOSE E PAPEL BRACELPA. Relatório Anual 2009: baseado (2008/2009). Disponível em:<http://www.bracelpa.org.br/bra/estatisticas/pdf/anual/rel2008.pdf>. Acesso em: 16 abril de 2014. BERTOL, Oromar João et al. Perdas de solo e água e qualidade do escoamento superficial associadas à erosão entre sulcos em área cultivada sob semeadura direta e submetida às adubações mineral e orgânica.revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 31, n. 04, p. 781-792, 2007. COSTA, MSSM et al. Atributos físicos do solo e produtividade do milho sob sistemas de manejo e adubações. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 5, n. 8, p. 810-815, 2011. EMBRAPA. CENTRO NACIONAL DE PESQUISA DE SOLOS. Manual de métodos de análise de solo. Embrapa, 1997. HAFEZ, A. A. R. COMPARATIVE CHANGES IN SOIL-PHYSICAL PROPERTIES INDUCED BY ADMIXTURES OF MANURES FROM VARIOUS DOMESTIC ANIMALS. Soil Science, v. 118, n. 1, p. 53-59, 1974. KIEHL, E.J. Fertilizantes orgânicos. São Paulo:Ceres, 1985, 492 p. RAIJ, B. van. Fertilidade do solo e adubação. Fertilidade do solo e adubação, 1991 ROSA FILHO, Gilberto et al. Variabilidade da produtividade da soja em função de atributos físicos de um Latossolo Vermelho distroférrico sob plantio direto. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 33, n. 2, p. 283-293, 2009. WOJCIECHOWSKI, J. C.; SHUMACHER, M. V.; PIRES, C. A. F.; MADRUGA, P. R. A.; KILKA, R.V.; BRUN, E. J.; SILVA, C. R. S.; VACCARO, S.; NETO, R. M. R. (2009) Geoestatística aplicada ao estudo das características físico-55 químicas do solo em áreas de floresta estacional decidual. Ciência Florestal, 19 (4): 383-39. WEIL, R. R.; KROONTJE, W. Effects of manuring on the arthropod community in an arable soil. Soil Biology and Biochemistry, v. 11, n. 6, p. 669-679, 1979.