Noções sobre comunicação na Administração Pública. O que é Redação Oficial. Gustavo Justino de Oliveira*



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Transcrição:

Noções sobre comunicação na Administração Pública O que é Redação Oficial Gustavo Justino de Oliveira* O presente material contará principalmente de informações colhidas no Manual de Redação da Presidência da República, o qual contém regras que buscam uniformizar a maneira pela qual o Poder Público redige atos normativos e comunicações (BRASIL, 2002). Tal forma de edição de atos e comunicações é chamada pelo referido manual de Redação Oficial, a qual é caracterizada pela impessoalidade, padrão culto de linguagem, clareza, concisão, formalidade e uniformidade. Importante lembrar que a impessoalidade e a publicidade são princípios constitucionais, os quais devem, a todo momento, ser observados na Administração Pública, inclusive no momento da elaboração dos seus atos e comunicações oficiais. * Pós-Doutor em Direito Administrativo pela Universidade de Coimbra (Portugal). Professor Doutor de Direito Administrativo na Faculdade de Direito da USP (Largo São Francisco), onde leciona na graduação e na pósgraduação. Foi procurador do estado do Paraná por 15 anos e hoje é consultor em Direito Administrativo, Constitucional e do Terceiro Setor, em São Paulo. Autor dos livros Contrato de Gestão (Ed. RT), Consórcios Públicos (Ed. RT), Direito Administrativo Democrático (Ed. Fórum), Parcerias na Saúde (Ed. Fórum), Direito do Terceiro Setor (Ed. Fórum) e Terceiro Setor, Empresas e Estado (Ed. Fórum). Autor de diversos artigos científicos e diretor da Revista de Direito do Terceiro Setor - RDTS (Ed. Fórum). Art. 37. CF. A Administração Pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência [...]. De acordo com o manual, A transparência do sentido dos atos normativos, bem como sua inteligibilidade, são requisitos do próprio Estado de Direito: é inaceitável que um texto legal não seja entendido pelos cidadãos. A publicidade implica, pois, necessariamente, clareza e concisão (BRASIL, 2002). Do mesmo modo, explica o manual que as comunicações oficiais devem ser sempre uniformes, pois há sempre um único comunicador (o Serviço Público) e o receptor dessas comunicações ou é o próprio Serviço Público (no caso de expedientes dirigidos por um órgão a outro) ou o conjunto dos cidadãos ou instituições tratados de forma homogênea (o público) (BRASIL, 2002).

A impessoalidade A presença da impessoalidade na comunicação da Administração Pública, decorre, principalmente, de três razões, quais sejam: da ausência de impressões individuais de quem comunica: embora se trate, por exem- plo, de um expediente assinado por Chefe de determinada Seção, é sempre em nome do Serviço Público que é feita a comunicação. Obtém-se, assim, uma desejável padronização, que permite que comunicações elaboradas em diferentes setores da administração guardem entre si certa uniformidade; a. b. do caráter impessoal do próprio assunto tratado: se o universo temático das comu- nicações oficiais se restringe a questões que dizem respeito ao interesse público, é natural que não cabe qualquer tom particular ou pessoal. (BRASIL, 2002) c. da impessoalidade de quem recebe a comunicação, com duas possibilidades: ela pode ser dirigida a um cidadão, sempre concebido como público, ou a outro órgão público. Nos dois casos, temos um destinatário concebido de forma homogênea e impessoal; Os demais atributos citados acima (concisão, clareza, objetividade e formalidade), quando da elaboração dos expedientes oficiais, contribuem também ao alcance da impessoalidade. A linguagem dos atos e comunicações oficiais É cediço que as comunicações que partem da Administração Pública devem ser compreendidas por qualquer cidadão brasileiro. Desse modo, faz-se necessário evitar o uso de uma linguagem restrita a determinados grupos, por exemplo, utilização da gíria, dos regionalismos vocabulares ou do jargão técnico (BRASIL, 2002). Nos termos do Manual de Redação da Presidência, o mesmo deve ocorrer com os textos oficiais, pois por seu caráter impessoal, por sua finalidade de informar com o máximo de clareza e concisão, eles requerem o uso do padrão culto da língua. Há consenso de que o padrão culto é aquele em que a) se observam as regras da gramática formal, e b) se emprega um vocabulário comum ao conjunto dos usuários do idioma. (BRASIL, 2002) Do mesmo modo, o referido manual traz uma ressalva para nos alertar de que não existe propriamente um padrão oficial de linguagem ; o que há é o uso do padrão culto nos atos e comunicações oficiais (BRASIL, 2002). Sendo assim, prefere-se pela utilização de linguagem técnica somente em situações que realmente a exijam, devendo-se evitar seu uso indiscriminado. 2

Formalidade e padronização Noções sobre comunicação na Administração Pública As comunicações oficiais devem observar, também, certas regras de forma, ou seja, devem ser formais, o que significa que além das já mencionadas exigências de impessoalidade e uso do padrão culto de linguagem, é imperativo, ainda, certa formalidade de tratamento, a qual pressupõe, por sua vez, necessária uniformidade nas comunicações (BRASIL, 2002). A clareza datilográfica, o uso de papéis uniformes para o texto definitivo e a correta diagramação do texto são indispensáveis para a padronização (BRASIL, 2002). Concisão e clareza Conforme já observado a Redação Oficial deverá ser concisa e clara. Nos termos do manual, conciso é o texto que consegue transmitir um máximo de informações com um mínimo de palavras, o que consiste na não utilização de palavras inúteis, redundâncias, passagens que nada acrescentem ao que já foi dito (BRASIL, 2002). A clareza, por sua vez, refere-se à compreensão do leitor, ou seja, claro é aquele texto que possibilita imediata compreensão pelo leitor (BRASIL, 2002). Entretanto, para que se atinja a clareza na produção do texto, importante sempre observar a impessoalidade, tendo em vista que ela evita a duplicidade de interpretações que poderia decorrer de um tratamento personalista dado ao texto, o padrão culto de linguagem, a formalidade e padronização, bem como a concisão que faz desaparecer do texto os excessos linguísticos que nada lhe acrescentam (BRASIL, 2002). Comunicações oficiais Aspectos comuns às modalidades de comunicação oficial A Administração Pública se comunica através de diversos atos e meios, os quais, conforme já salientado, devem observar a Redação Oficial. 3

Alguns meios de comunicação são oficiais, cada qual com suas peculiaridades, mas com determinados aspectos comuns aos demais. O primeiro aspecto comum a todos os meios refere-se aos pronomes de tratamento. Pronomes de tratamento Concordância com os pronomes de tratamento Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa indireta) apresentam certas peculiaridades quanto à concordância verbal, nominal e pronominal. Embora se refiram à segunda pessoa gramatical (à pessoa com quem se fala, ou a quem se dirige a comunicação), levam a concordância para a terceira pessoa. É que o verbo concorda com o substantivo que integra a locução como seu núcleo sintático: Vossa Senhoria nomeará o substituto ; Vossa Excelência conhece o assunto. Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos a pronomes de tratamento são sempre os da terceira pessoa: Vossa Senhoria nomeará seu substituto (e não Vossa... vosso... ). Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, o gênero gramatical deve coincidir com o sexo da pessoa a que se refere, e não com o substantivo que compõe a locução. Assim, se nosso interlocutor for homem, o correto é Vossa Excelência está atarefado, Vossa Senhoria deve estar satisfeito ; se for mulher, Vossa Excelência está atarefada, Vossa Senhoria deve estar satisfeita. (BRASIL, 2002) 4

Emprego dos pronomes de tratamento Noções sobre comunicação na Administração Pública a) do Poder Executivo: - Presidente da República; - Vice-Presidente da República; - Ministros de Estado 1 ; - Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Distrito Federal; - Oficiais-Generais das Forças Armadas; - Embaixadores; - Secretários-Executivos de Ministérios e demais ocupantes de cargos de natureza especial; - Secretários de Estado dos Governos Estaduais; Vossa Excelência - Prefeitos Municipais. b) do Poder Legislativo: - Deputados Federais e Senadores; - Ministros do Tribunal de Contas da União; - Deputados Estaduais e Distritais; - Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais; - Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais. c) do Poder Judiciário: - Ministros dos Tribunais Superiores; - Membros de Tribunais; - Juízes; - Auditores da Justiça Militar. - O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos Chefes de Poder é Excelentíssimo Senhor. - As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Senhor, seguido do cargo respectivo. - Em comunicações oficiais, está abolido o uso do tratamento digníssimo (DD), às autoridades arroladas na lista acima. A dignidade é pressuposto para que se ocupe qualquer cargo público, sendo desnecessária sua repetida evocação. Vossa Senhoria É empregado para as demais autoridades e para particulares. - Fica dispensado o emprego do superlativo ilustríssimo para as autoridades que recebem o tratamento de Vossa Senhoria e para particulares. É suficiente o uso do pronome de tratamento Senhor. - Doutor não é forma de tratamento, e sim título acadêmico. Evite usá-lo indiscriminadamente. Como regra geral, empregue-o apenas em comunicações dirigidas a pessoas que tenham tal grau por terem concluído curso universitário de doutorado. Empregada por força da tradição, em comunicações dirigidas a Vossa Magnificência reitores de universidade. Corresponde-lhe o vocativo: Magnífico Reitor. 1 Nos termos do Decreto 4.118, de 7 de fevereiro de 2002, art. 28, parágrafo único, são Ministros de Estado, além dos titulares dos Ministérios: o Chefe da Casa Civil da Presidência da República, o Chefe do Gabinete de Segurança Institucional, o Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, o Advogado-Geral da União e o Chefe da Corregedoria-Geral da União. 5

Vossa Santidade Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima Vossa Excelência Reverendíssima Vossa Reverendíssima ou Vossa Senhoria Reverendíssima Vossa Reverência Em comunicações dirigidas ao Papa. O vocativo correspondente é: Santíssimo Padre. Em comunicações aos Cardeais. Corresponde-lhe o vocativo: Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal. É usado em comunicações dirigidas a Arcebispos e Bispos. Para Monsenhores, Cônegos e superiores religiosos. É empregado para sacerdotes, clérigos e demais religiosos. *Tabela produzida a partir de informações contidas no Manual de Redação da Presidência. Fechos para comunicações Além da regra quanto à utilização dos pronomes de tratamentos, os fechos das comunicações oficiais também são comuns às suas modalidades. O fecho das comunicações oficiais possui, além da finalidade óbvia de arrematar o texto, a de saudar o destinatário (BRASIL, 2002). O Manual de Redação da Presidência da República estabelece o emprego de somente dois fechos diferentes para todas as modalidades de comunicação oficial, quais sejam: i) Respeitosamente, (para autoridades superiores, inclusive o presidente da República) e ii) Atenciosamente, (para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior). As comunicações oficiais dirigidas a autoridades estrangeiras não utilizam estes fechos, visto que atendem a rito e tradição próprios, devidamente disciplinados no Manual de Redação do Ministério das Relações Exteriores (BRASIL, 2002). Identificação do signatário Salvo a comunicação assinada pelo presidente da República, todas as demais comunicações oficiais devem trazer o nome e o cargo da autoridade que as expede, abaixo do local de sua assinatura (BRASIL, 2002), conforme exemplo dado pelo Manual da Presidência: 6

(espaço para assinatura) Nome Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República (espaço para assinatura) Nome Ministro de Estado da Justiça O padrão ofício O padrão ofício se trata de uma única diagramação para uniformizar a edição de três expedientes, quais sejam, o ofício, o aviso e o memorando. Tais expedientes, desse modo, utilizam-se da mesma forma, porém com finalidades distintas. A única diferença entre o aviso e o ofício é que o primeiro é expedido exclusivamente por Ministros de Estado, para autoridades de mesma hierarquia, enquanto o segundo é expedido para e pelas demais autoridades (BRASIL, 2002). Ambos têm como finalidade o tratamento de assuntos oficiais pelos órgãos da Administração Pública entre si e, no caso do ofício, também com particulares (BRASIL, 2002). Além de observarem o modelo do padrão ofício, esses dois expedientes (ofício e aviso) conterão o vocativo, que invoca o destinatário, seguido de vírgula, conforme exemplo do Manual de Redação da Presidência: Excelentíssimo Senhor Presidente da República, Senhora Ministra, Senhor Chefe de Gabinete, 7

O ofício deverá conter ainda um cabeçalho ou rodapé com as seguintes informações do remetente: nome do órgão ou setor; endereço postal; telefone e endereço de correio eletrônico. Já o memorando, consoante o Manual de Redação da Presidência, é a modalidade de comunicação entre unidades administrativas de um mesmo órgão, que podem estar hierarquicamente em mesmo nível ou em níveis diferentes. Trata-se, portanto, de uma forma de comunicação eminentemente interna (BRASIL, 2002). Caracteriza-se, principalmente, pela agilidade. A tramitação do memorando em qualquer órgão deve pautar-se pela rapidez e pela simplicidade de procedimentos burocráticos. Para evitar desnecessário aumento do número de comunicações, os despachos ao memorando devem ser dados no próprio documento e, no caso de falta de espaço, em folha de continuação. Esse procedimento permite formar uma espécie de processo simplificado, assegurando maior transparência à tomada de decisões, e permitindo que se historie o andamento da matéria tratada no memorando. (BRASIL, 2002) O memorando também deve seguir o modelo do padrão ofício, com a diferença de que o seu destinatário deve ser mencionado pelo cargo que ocupa, conforme exemplos abaixo (BRASIL, 2002): Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração Ao Sr. Subchefe para Assuntos Jurídicos. Partes do documento no padrão ofício Nos termos do Manual de Redação da Presidência da República, o padrão ofício deverá conter as seguintes partes: tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão que o expede: Exemplos: Mem. 123/2002-MF; Aviso 123/2002-SG; Of. 123/2002-MME; local e data em que foi assinado, por extenso, com alinhamento à di-reita; assunto: resumo do teor do documento; destinatário: o nome e o cargo da pessoa a quem é dirigida a comunicação. No caso do ofício deve ser incluído também o endereço; 8

texto: nos casos em que não for de mero encaminhamento de documentos, o expediente deve conter a seguinte estrutura: introdução, que se confunde com o parágrafo de abertura, na qual é apresentado o assunto que motiva a comunicação. Evite o uso das formas: Tenho a honra de, Tenho o prazer de, Cumpre-me informar que, empregue a forma direta; desenvolvimento, no qual o assunto é detalhado; se o texto contiver mais de uma ideia sobre o assunto, elas devem ser tratadas em parágrafos distintos, o que confere maior clareza à exposição; conclusão, em que é reafirmada ou simplesmente reapresentada a posição recomendada sobre o assunto. Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto nos casos em que estes estejam organizados em itens ou títulos e subtítulos. Já quando se tratar de mero encaminhamento de documentos a estrutura é a seguinte: introdução: deve iniciar com referência ao expediente que solicitou o encaminhamento. Se a remessa do documento não tiver sido solicitada, deve iniciar com a informação do motivo da comunicação, que é encaminhar, indicando a seguir os dados completos do documento encaminhado (tipo, data, origem ou signatário, e assunto de que trata), e a razão pela qual está sendo encaminhado. [...] desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar fazer algum comentário a respeito do documento que encaminha, poderá acrescentar parágrafos de desenvolvimento; em caso contrário, não há parágrafos de desenvolvimento em aviso ou ofício de mero encaminhamento. fecho; [...] assinatura do autor da comunicação; e identificação do signatário. (BRASIL, 2002, grifo nosso) Forma de diagramação Seguindo, ainda, o contido no Manual de Redação da Presidência 2, o documento do padrão ofício deve obedecer a seguinte forma de apresentação: 2 Tal diagramação se aplica também à exposição de motivos e à mensagem. deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de corpo 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas de rodapé; para símbolos não existentes na fonte Times New Roman poder-se-á utilizar as fontes Symbol e Wingdings; é obrigatório constar a partir da segunda página o número da página; os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser impressos em ambas as faces do papel. Neste caso, as margens esquerda e direita terão as distâncias invertidas nas páginas pares ( margem espelho ); o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5cm de distância da margem esquerda; 9

o campo destinado à margem lateral esquerda terá, no mínimo, 3,0cm de largura; o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5cm; deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e de 6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor de texto utilizado não comportar tal recurso, de uma linha em branco; não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sublinhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer outra forma de formatação que afete a elegância e a sobriedade do documento; a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em papel branco. A impressão colorida deve ser usada apenas para gráficos e ilustrações; todos os tipos de documentos do Padrão Ofício devem ser impressos em papel de tamanho A4, ou seja, 29,7 x 21,0cm; deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de arquivo Rich Text nos documentos de texto; dentro do possível, todos os documentos elaborados devem ter o arquivo de texto preservado para consulta posterior ou aproveitamento de trechos para casos análogos; para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser formados da seguinte maneira: tipo do documento + número do documento + palavras-chaves do conteúdo. Ex.: Of. 123 - relatório produtividade ano 2002. (BRASIL, 2002) Exposição de motivos Geralmente dirigida ao presidente da República por um ministro de Estado, a exposição de motivos é o expediente dirigido ao presidente da República ou ao vice-presidente para informá-lo de determinado assunto, propor alguma medida ou, ainda, submeter a sua consideração projeto de ato normativo (BRASIL, 2002). Nos casos em que o assunto tratado envolva mais de um Ministério, a exposição de motivos deverá ser assinada por todos os ministros envolvidos, sendo, por essa razão, chamada de interministerial (BRASIL, 2002). Forma e estrutura Formalmente, a exposição de motivos tem a apresentação do padrão ofício (BRASIL, 2002). A exposição de motivos, de acordo com sua finalidade, apresenta duas formas básicas de estrutura, sendo uma delas idêntica ao modelo do padrão ofício e outra que segue a estrutura do padrão ofício mas deve conter mais algumas peculiaridades. 10

A primeira estrutura é utilizada para exposição de motivos que simplesmente leva algum assunto ao conhecimento do presidente da República (BRASIL, 2002). A segunda estrutura é utilizada para a exposição de motivos que submeta à consideração do presidente da República a sugestão de alguma medida a ser adotada ou a que lhe apresente projeto de ato normativo (BRASIL, 2002), lembrando que esta observará a estrutura do padrão ofício além de apontar, obrigatoriamente: na introdução: o problema que está a reclamar a adoção da medida ou do ato normativo proposto; no desenvolvimento: o porquê de ser aquela medida ou aquele ato normativo o ideal para se solucionar o problema, e eventuais alternativas existentes para equacioná-lo; na conclusão, novamente, qual medida deve ser tomada, ou qual ato normativo deve ser editado para solucionar o problema. Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à exposição de motivos, devidamente preenchido, de acordo com o modelo previsto no Anexo II do Decreto 4.176, de 28 de março de 2002. O preenchimento obrigatório do anexo para as exposições de motivos que proponham a adoção de alguma medida ou a edição de ato normativo tem como finalidade: permitir a adequada reflexão sobre o problema que se busca resolver; ensejar mais profunda avaliação das diversas causas do problema e dos efeitos que pode ter a adoção da medida ou a edição do ato, em consonância com as questões que devem ser analisadas na elaboração de proposições normativas no âmbito do Poder Executivo. conferir perfeita transparência aos atos propostos. (BRASIL,2002) Mensagem É o instrumento de comunicação oficial entre os Chefes dos Poderes Públicos, notadamente as mensagens enviadas pelo Chefe do Poder Executivo ao Poder Legislativo para informar sobre fato da Administração Pública; expor o plano de governo por ocasião da abertura de sessão legislativa; submeter ao Congresso Nacional matérias que dependem de deliberação de suas Casas; apresentar veto; enfim, fazer e agradecer comunicações de tudo quanto seja de interesse dos poderes públicos e da Nação. (BRASIL, 2002) As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Congresso Nacional têm as seguintes finalidades: encaminhamento de projeto de lei ordinária, complementar ou financeira; encaminhamento de medida provisória; 11

indicação de autoridades; pedido de autorização para o presidente ou o vice-presidente da República se ausentarem do país por mais de 15 dias; encaminhamento de atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e TV; encaminhamento das contas referentes ao exercício anterior; mensagem de abertura da sessão legislativa; comunicação de sanção (com restituição de autógrafos); comunicação de veto. Forma e estrutura De acordo com o Manual de Redação da Presidência as mensagens deverão conter: a indicação do tipo de expediente e de seu número, horizontalmente, no início da margem esquerda; [...] vocativo, de acordo com o pronome de tratamento e o cargo do destinatário, horizontalmente, no início da margem esquerda; [...] o texto, iniciando a 2cm do vocativo; o local e a data, verticalmente a 2cm do final do texto, e horizontalmente fazendo coincidir seu final com a margem direita. A mensagem, como os demais atos assinados pelo presidente da República, não traz identificação de seu signatário. (BRASIL, 2002) Telegrama Utiliza-se a expressão telegrama para toda comunicação oficial expedida por meio de telegrafia, telex, etc. (BRASIL, 2002). Trata-se de uma comunicação custosa aos cofres públicos e tecnologicamente superada, a qual, conforme orientação do Manual de Redação da Presidência, deverá ser utilizada somente em situações nas quais não seja possível o uso de correio eletrônico ou fax e que a urgência justifique sua utilização (BRASIL, 2002). 12

Não há padrão rígido, devendo-se seguir a forma e a estrutura dos formulários disponíveis nas agências dos Correios e em seu sítio na internet (BRASIL, 2002). Fax Outra forma de comunicação relativamente ultrapassada, o fax (forma abreviada já consagrada de fac-simile) [...] é utilizado para a transmissão de mensagens urgentes e para o envio antecipado de documentos, de cujo conhecimento há premência, quando não há condições de envio do documento por meio eletrônico. Quando necessário o original, ele segue posteriormente pela via e na forma de praxe. (BRASIL, 2002) O Manual de redação da Presidência alerta que em caso de necessidade de arquivamento do fax, deve-se fazê-lo com sua cópia xerox, tendo em vista que o papel do original, geralmente, se deteriora com rapidez (BRASIL, 2002). Outrossim, é conveniente o envio, juntamente com o documento principal, de folha de rosto, isto é, de pequeno formulário com os dados de identificação da mensagem a ser enviada (BRASIL, 2002). Correio eletrônico Em razão de sua generalizada utilização na atualidade, tal modalidade de comunicação dispensa comentários para sua identificação. Ressalva o Manual de Redação da Presidência que a utilização do e-mail é atrativa em razão de sua flexibilidade, sendo, desse modo, de pouco interesse a definição de forma rígida da sua estrutura, porém dever-se-á observar ao menos o uso de linguagem compatível com uma comunicação oficial (BRASIL, 2002). O referido manual orienta também que para os arquivos anexados à mensagem deve ser utilizado, preferencialmente, o formato Rich Text. A mensagem que encaminha algum arquivo deve trazer informações mínimas sobre seu conteúdo (BRASIL, 2002). Sempre que disponível, deve-se utilizar recurso de confirmação de leitura. Caso não seja disponível, deve constar da mensagem pedido de confirmação de recebimento (BRASIL, 2002). 13

Valor documental Nos termos da legislação em vigor, para que a mensagem de correio eletrônico tenha valor documental, isto é, para que possa ser aceita como documento original, é necessário existir certificação digital que ateste a identidade do remetente, na forma estabelecida em lei (BRASIL, 2002). 3 Disponível em: <http:// publica.agencianet.fazenda.df.gov.br/publica/ Legislacao.asp>. A certificação digital é regulamentada no Brasil pela Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil), criada pela Medida Provisória 2.200-2, de 24 de agosto de 2001, que tem como órgão fiscalizador o Instituto Nacional de Tecnologia da Informática, ITI. 3 Dicas de estudo Sobre certificação digital, visitar o site do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação: <www.iti.gov.br/twiki/bin/view/main/webhome>. Verificar modelos dos expedientes de comunicação oficial no Manual de Redação da Presidência da República. Referências BRASIL. Presidência da República. Manual de Redação da Presidência da República / Gilmar Ferreira Mendes e Nestor José Forster Júnior. 2. ed. rev. e atual. Brasília: Presidência da República, 2002. 14