do Centro de Apoio Popular Estudantil do Tocantins Professora pela Universidade Federal do Tocantis benvinda@uft.edu.br 2



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Transcrição:

elo O centro de apoio popular estudantil do Tocantins: o cursinho pré-vestibular Diálogos em Extensão O centro de apoio popular estudantil do Tocantins: o cursinho pré-vestibular Benvinda Barros Dourado 1, Vera Lúcia Aires Gomes da Silva 2 RESUMO: O presente relato de experiência busca refletir sobre o desenvolvimento do Centro de Apoio Popular Estudantil do Tocantins (CAPE-Tins) e o Cursinho Pré-Vestibular oferecido por este projeto de extensão. Foi criado no ano de 2003 e constituído por alunos, ex-alunos, professores e técnicos administrativos da Universidade Federal do Tocantins (UFT) e membros extrauniversidade. Apresenta como objetivo precípuo envolver os acadêmicos em questões sociais por meio de ações educativas. Palavras chave: Educação, Extensão Universitária, Inclusão social Áreas Temáticas: Educação e Políticas Públicas 1 Professora pela Universidade Federal do Tocantis benvinda@uft.edu.br 2 Professora pela Universidade Federal do Tocantis veramanduca@uftedu.br Revista ELO - Diálogos em Extensão 67

B.B. Dourado e V.L.A.G. da Silva The student support centre popular of Tocantins: the pretests course ABSTRACT: This experience report aims to think about the development of the Student Support Centre Popular Tocantins (CAPE-Tins) and Pre-Course tests offered by this extension project. It was created in 2003 and is comprised of students, alumni, faculty, administrative staff at Federal University of Tocantins (UFT) and external members. The main objective is to involve academics in social issues through educational activities. Keywords: Education, Continuing Education, Social Inclusion Thematic area: education and public policy El centro de apoyo al estudiante de Tocantins: la pré-vestibular escuela RESUMEN: Este relato de experiência se propone a reflejar em el desarrollo del Centro de Apoyo Estudantil del Tocantins (CAPE-Tins) y la escuela pré-vestibular que ofrece este proyecto de extensión. Fundada em El año 2003, comprende alumnos, alumnos antiguos, maestros y técnicos administrativo del Universidad Federal del Tocantins (UFT) y miembros que non son universitários. Muestra como el primero objetivo involucra acadêmicos em temas sociales promedio de acciones educativas. Palabras-chave: Educación, Enseñanza Complementaria, Inclusión Social Área temática: educación y políticas económicas 68 Revista ELO - Diálogos em Extensão

O centro de apoio popular estudantil do Tocantins: o cursinho pré-vestibular INTRODUÇÃO O presente relato de experiência tem como objetivo refletir sobre o processo de desenvolvimento do Centro de Apoio Popular Estudantil do Tocantins (CAPE-Tins) e o cursinho Pré-vestibular oferecido por este projeto de extensão universitária. O CAPE-Tins foi criado no ano de 2003 no Campus Universitário de Porto Nacional (CUPN-UFT). È constituído por alunos, ex- -alunos, professores e técnicos administrativos dessa instituição e membros extrauniversidade. Tomando por base o princípio da indissociabilidade entre as três dimensões da universidade por meio de um dos seus pilares, o eixo da extensão, o CAPE-Tins congrega diversas ações, dentre elas o Cursinho Pré-vestibular. Baseado no princípio da responsabilidade social da Universidade, o CAPE-Tins apresenta como principal objetivo envolver os acadêmicos em atividades de promoção social por meio de ações educativas. O Centro de Apoio Popular Estudantil do Tocantins (CAPE-Tins) O Centro de Apoio Popular Estudantil do Tocantins (CAPE-Tins) foi criado no ano de 2003 na modalidade de projeto de extensão universitário. Inicialmente esteve vinculado à Fundação Universidade do Tocantins (UNITINS), em parceria com a Secretaria Estadual da Educação, por meio da Diretoria Regional de Ensino do município de Porto Nacional. Com o advento da oficialização da Universidade Federal do Tocantins (UFT), este projeto foi cadastrado nesta instituição, vinculado ao curso de Ciências Biológicas, do Campus Universitário de Porto Nacional (CUPN-UFT). A partir do de 2010, o CAPE-Tins foi cadastrado como projeto de extensão vinculado ao Colegiado do curso de História. Embora esteja cadastrado naquele Colegiado, ele também está estreitamente ligado aos cursos de Ciências Biológicas, Letras e Geografia neste Campus, por meio dos professores e alunos que são membros do projeto. A equipe do projeto é composta por alunos, ex-alunos, professores e técnicos administrativos da UFT e membros extrauniversidade. O CAPE-Tins se encontra calcado numa concepção de universidade como centro de produção de conhecimento, ciência, tecnologia e cultura, cuja disseminação desse conhecimento deve ser feita por meio de atividades de ensino e extensão. Se a universidade é parte de uma realidade concreta de uma sociedade, suas funções devem ser pensadas e trabalhadas levando-se em conta as exigências dessa sociedade, exigências originadas das conquistas adquiridas em um mundo em constantes mutações e crises (FÁVERO, 1993). Revista ELO - Diálogos em Extensão 69

B.B. Dourado e V.L.A.G. da Silva A proposta do CAPE-Tins, alinhada ao Plano Nacional de Extensão Universitária (BRASIL, 2001), concebe a extensão universitária como processo de natureza eminentemente educativa, cultural, técnica e científica, articulada de forma indissociável ao ensino e à pesquisa. Enfatiza, assim, a relação e a troca de saberes diferenciados, a produção e democratização do conhecimento e a participação da comunidade na atuação da Universidade. Nessa perspectiva, considera-se que o Campus Universitário de Porto Nacional (CUPN UFT) é um lócus privilegiado para promoção de ações extensionistas na área da educação, uma vez que oferece cursos de licenciatura em Geografia, História, Letras e Ciências Biológicas, com alunos em potencial para a realização de ações educativas voltadas para a sociedade local. Concebida como retorno à universidade, a atividade de extensão possibilita aos docentes e discentes a construção de um aprendizado que possa novamente ser submetido à reflexão teórica. Esse complexo de fluxos e refluxos, estabelecido pelas trocas entre saberes sistematizados, acadêmicos, e oriundos do chamado senso comum, traz como consequência a produção do conhecimento resultante do confronto com as questões propostas pelas realidades brasileiras e regionais (BRASIL, 2001). O CAPE-Tins, portanto, é um projeto extensionista de uma universidade pública, que investe na cidadania dos acadêmicos e envolve com a comunidade local com o intuito de contribuir com a promoção social, cultural e científica da população deste município. Assim, à medida que socializa seu conhecimento e disponibiliza seus serviços, a universidade tem a oportunidade de exercer seu compromisso social com a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. Nesse sentido, o CAPE-Tins apresenta como objetivo precípuo envolver os universitários em atividades de promoção social por meio de ações educativas e, especificamente, oferecer de forma gratuita cursinho pré-vestibular a estudantes de baixa renda familiar, além de um curso básico de informática para jovens e adultos trabalhadores. Outros objetivos são: criar um espaço de estudo, planejamento e reflexão sobre as problemáticas do ensino na educação básica; incentivar os acadêmicos na iniciação da pesquisa na área da educação; promover a iniciação dos acadêmicos na docência; ministrar palestras sobre temas transversais em escolas de educação básica de Porto Nacional e atuar como um centro educacional alternativo, sempre aberto a outras ações educativas. Para Veiga (2006, p.87), a indissociabilidade ensino, pesquisa e extensão aponta para a atividade reflexiva e problematizadora do 70 Revista ELO - Diálogos em Extensão

O centro de apoio popular estudantil do Tocantins: o cursinho pré-vestibular futuro profissional. A autora acrescenta, ainda, que esse princípio articula componentes curriculares, projetos de pesquisa e de intervenção, levando em conta que a realidade social não é objetivo de uma disciplina e isso exige o emprego de uma pluralidade metodológica. Assim, o CAPE-Tins congrega diversas ações educativas com metodologias diferenciadas, mas que se entrecruzam, proporcionando a interdisciplinaridade e a indissociabilidade entre o ensino e a pesquisa: o Cursinho Pré-vestibular ; o Curso Básico de Informática ; a Mostra de Profissões ; o Ciclo de Palestras sobre os temas transversais (Saúde, Educação Sexual, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural, dentre outros) em escolas de Educação Básica de Porto Nacional e a Reunião Pedagógica com os acadêmicos, que visa o planejamento/replanejamento, avaliação das ações do projeto, estudos e orientações de pesquisa. Destacamos, ainda, como potencial da atividade de extensão, proporcionar ao extensionista um conhecimento que não se restrinja aos conhecimentos delimitados aos cursos de graduação. Conforme Sachetim (2005), a participação do jovem estudante em projetos sociais fará com que ele se desenvolva adulto ativo e crítico, preocupado com as questões sociais, de modo que, com isso, a universidade possa formar pensadores preocupados com o bem estar coletivo e não somente formar profissionais direcionados ao sistema produtivo. O CAPE-Tins vem proporcionando também o desenvolvimento da competência para a gestão, uma vez que todas as decisões são tomadas de forma coletiva, favorecendo aos universitários o exercício da autonomia e da tomada de decisões no desenvolvimento do projeto. A habilidade de trabalhar em equipe, de construir consensos em meio a opiniões divergentes são outros fatores que concorrem para o sucesso do projeto no tocante à formação dos universitários. Os professores da UFT, que dão suporte pedagógico ao projeto, atuam na medida em que os universitários apresentam demandas que são previamente discutidas entre os mesmos. Temas como indisciplina, dificuldades de relacionamento, estratégias de desenvolvimento das aulas são temáticas das reuniões pedagógicas que são realizadas mensalmente. Pode-se dizer, portanto, que a atividade de discussão coletiva desenvolvida pelos universitários que atuam no CAPE-Tins possibilita o aprofundamento do conhecimento individual de cada um acerca dos temas que coletivamente os preocupam. Possibilita, também, o aprofundamento das próprias concepções do projeto, na medida em que a experiência vivenciada coletivamente reverte-se no ajustamento dos pressupostos teóricos e das demandas colocadas pela realidade concreta. Revista ELO - Diálogos em Extensão 71

B.B. Dourado e V.L.A.G. da Silva Vale destacar que o Programa Bolsa Permanência-UFT tem como objetivo contribuir para a igualdade de condições no acesso, permanência e conclusão de curso na instituição. Portanto, os acadêmicos bolsistas são, também, considerados alunos com vulnerabilidade social. Assim, o CAPE-Tins busca contribuir no processo formativo desses acadêmicos, oportunizando a realização de uma atividade de extensão. No final do primeiro semestre de 2011, três acadêmicos/ educadores do CAPE-Tins que concorreram à bolsa do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) foram selecionados, contando para isso, também, com a experiência da docência no Cursinho Pré-vestibular. Acredita-se, portanto, que um dos grandes méritos de qualquer projeto de extensão é possibilitar ao universitário uma formação que privilegie a compreensão e o envolvimento dele com a realidade, no sentido de procurar soluções para os problemas sociais, não somente como parte de sua atividade de universitário, mas sim como parte de sua condição humana. A trajetória do Cursinho Pré-vestibular A primeira atividade acadêmica implantada pelo Centro de Apoio Popular Estudantil do Tocantins (CAPE-Tins) foi o Cursinho Pré- -vestibular. Esse curso destina-se a estudantes egressos do ensino médio, oriundos de escolas públicas ou conveniadas, que se encontram em vulnerabilidade social. Essa atividade tem como princípio orientador as argumentações expressas por Sachetim (2005), que, além de responsabilidades como capacitação de bons profissionais e de formação para a cidadania, um dos papéis principais das instituições de ensino superior é propor programas que ajudem a encontrar soluções para problemas difíceis e complexos como o acesso dos excluídos delas mesmas. Conforme a CONAE (2010, p. 73, apud OLIVEIRA, 2011, p. 106) é preciso reconhecer a educação superior como bem público social e um direito humano universal e, portanto, como dever do Estado. Por muito que se tem discutido e implementado programas para a melhoria da qualidade da Educação Básica nos últimos anos no Brasil, a tão propagada educação pública, gratuita e de qualidade ainda é uma retórica para uma grande parcela da população das camadas populares do Estado do Tocantins. Atrelada a essa situação, outros fatores (étnicos, econômicos e sociais) conjugam para distanciar cada vez mais essa população do acesso ao Ensino Superior público. Assim, o Cursinho Pré-vestibular apresenta como objetivos: oferecer estudos sistematizados a essa parcela da população para concorrerem a exames vestibulares; preparar alunos para o ENEM, 72 Revista ELO - Diálogos em Extensão

O centro de apoio popular estudantil do Tocantins: o cursinho pré-vestibular propiciando condições para ingressarem em IES pública ou privada por meio do SISU ou ProUni; proporcionar a reflexão do conhecimento apresentado a eles e, principalmente, sobre a realidade que os cercam; orientar os pré-vestibulandos quanto à escolha profissional (aspectos profissionais dos cursos oferecidos pela UFT); orientar os alunos em questões burocráticas que dizem respeito aos exames vestibulares (editais, solicitação de isenção da taxa de inscrição, realização da inscrição). Por outro lado, objetiva propiciar aos acadêmicos a integração entre o ensino e a extensão, a teoria desenvolvida na universidade com a prática, por meio de um processo educativo através do contato com essa comunidade. A partir de 2011, o Cursinho Pré-vestibular do CAPE-Tins também passou a compor o programa institucional Programa de Acesso Democrático à Universidade (PADU): Cursinho Pré-vestibular UFT, desenvolvido pela Diretoria de Assuntos Comunitários da PROEX-UFT. Inicialmente o Cursinho Pré-vestibular tinha duração anual, correspondendo à periodicidade do processo seletivo (vestibular) da UFT, posteriormente, passou a ser semestral, acompanhando a mudança da periodicidade do processo seletivo da instituição. As aulas são oferecidas de segunda a sexta-feira, no horário noturno, com início às 19h e término às 22h30min. No primeiro semestre de 2011, a título de experiência foi oferecida uma turma no turno vespertino. A divulgação do Cursinho Pré-vestibular é realizada por meio de cartazes, visitas às escolas estaduais de Ensino Médio, propagandas via emissoras de rádio e sítio da UFT. O processo seletivo para ingressar no cursinho é realizado, inicialmente, por meio de uma prova de conhecimentos gerais e, posteriormente, por meio da avaliação sócio-econômica. Para tanto, são realizados questionários e entrevistas com os candidatos. O programa curricular é organizado em oito áreas de ensino: Língua Portuguesa (Literatura, Gramática, Produção de texto); Língua Estrangeira (Inglês e/ou Espanhol); Biologia; Química; Física; Matemática; História e Geografia. O planejamento do conteúdo toma por base o edital da Comissão Permanente de Seleção (COPE- SE) para o vestibular da UFT. Esse planejamento é acompanhado pela coordenação pedagógica do Cursinho. No período de 2003 a 2004, as aulas do Cursinho eram ministradas nas instalações da Escola Estadual Irmã Aspásia. A partir de 2005, o projeto tem se realizado no Centro de Pós-Graduação, Extensão e Cultura do Campus Universitário de Porto Nacional UFT, onde dispõe de sala de aula e uma secretaria. Revista ELO - Diálogos em Extensão 73

B.B. Dourado e V.L.A.G. da Silva As aulas do Cursinho Pré-vestibular são ministradas por acadêmicos vinculados, principalmente, aos cursos de licenciatura em Letras, Geografia, História e Ciências Biológicas, oferecidos no CUPN-UFT. No primeiro semestre de 2011, o Cursinho contou com uma equipe de 19 educadores. Destes, sete (7) eram graduandos bolsistas do Programa Bolsa Permanência-UFT e doze (12) voluntários. Dentre os voluntários, encontravam-se alunos e ex-alunos da UFT, alunos de IES particulares e profissionais da comunidade (professor da SEDUC). Quatro educadores eram egressos do Cursinho Pré-vestibular, dois destes, já concluíram a graduação. Este quadro é um demonstrativo de que tal projeto proporciona um envolvimento significativo entre a comunidade acadêmica e o conjunto social circundante, assegurando o trânsito de colaboradores, de ideias, propostas e práticas. O Cursinho é um dos espaços que proporciona o exercício da docência. A carga horária trabalhada pelos acadêmicos pode ser contabilizada como horas de Atividades Complementares previstas na estrutura curricular dos cursos de graduação. Alguns professores de Estágio Curricular Obrigatório dos cursos de licenciatura, usando da sua autonomia, aceitam os alunos realizarem atividades de docência no Cursinho. A prática da extensão dá oportunidade ao estudante de estabelecer uma relação entre teoria e prática de forma a realizar essa atividade contextualizando seu instrumental teórico-metodológico, construído na universidade, em função das demandas sociais. CONSIDERAÇÕES FINAIS Por meio deste relato de experiência sobre o processo de desenvolvimento do Centro de Apoio Popular Estudantil do Tocantins (CAPE-Tins) e o cursinho Pré-vestibular oferecido por este projeto de extensão universitária, percebe-se que a equipe tem buscado trabalhar dentro do princípio que articula o tripé universitário: ensino, pesquisa e extensão. Este projeto vem proporcionando um espaço de diálogo entre os quatro cursos de graduação oferecidos pelo Campus Universitário de Porto Nacional-UFT, Letras, Geografia, História e Ciências Biológicas, uma vez que envolve docentes e acadêmicos vinculados a esses cursos, o que demanda um trabalho interdisciplinar e interdepartamental. O projeto do CAPE-Tins, ao mesmo tempo em que procura cumprir uma função extensionista da UFT, no campo sócio-educativo, possibilita uma formação crítica do universitário na construção de instrumentos de análise e de intervenção na realidade. Portanto, o impacto das ações do projeto na formação dos acadêmicos pode 74 Revista ELO - Diálogos em Extensão

O centro de apoio popular estudantil do Tocantins: o cursinho pré-vestibular ser percebido pelo envolvimento destes em atividades de promoção social; aprimoramento na docência no Cursinho Pré-vestibular; planejamento e apresentação de palestras educativas nas escolas de Educação Básica; iniciação à pesquisa na área de educação e promoção do trabalho coletivo. O Cursinho Pré-vestibular pode ser considerado como um dos espaços de preparação de futuros profissionais da educação. Na trajetória, percebe-se que a relação ensino e extensão conduzem a mudanças no processo pedagógico, pois ao mesmo tempo em que a extensão possibilita a democratização do saber acadêmico, por meio dela, este saber retorna à universidade, testado e reelaborado. Nesse sentido, a Universidade cumpre a sua função extensiva de promoção de serviços sociais, ao mesmo tempo em que usufrui de aspectos particulares relacionados às questões de caráter didático- -pedagógico. Assim, acredita-se que a experiência no CAPE-Tins tenha impactado na formação do acadêmico e na geração de novo conhecimento ou interdisciplinaridade Em relação à comunidade, o CAPE-Tins tem oferecido subsídios teóricos e práticos que permitem o acesso à Educação Superior, colaborando, dessa forma, com o processo de democratização da educação superior e favorecendo a inclusão social de parcela da população de Porto Nacional. Revista ELO - Diálogos em Extensão 75

B.B. Dourado e V.L.A.G. da Silva REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Plano Nacional de Extensão Universitária. Brasília: Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras SESU/MEC, 2001. FÁVERO, M.L.A. Universidade e Estágio Curricular: Subsídios para discussão. In: ALVES, Nilda (Org.). Formação de Professores: pensar e fazer. São Paulo: Cortez, 1993. OLIVEIRA, J.F. Educação Superior no contexto atual e o PNE 2011-2020: avaliação e perspectiva. In: DOURADO, L.F. Plano Nacional de Educação (2011-2020): avaliação e perspectiva. Goiânia-GO: Editora da UFG, 2011. SACHETIM, H.M. A importância do projeto de extensão como suporte na solução de problemas institucionais das Universidades e a importância dos estudantes neste processo. Revista eletrônica Estação. Disponível em: <http:// www.proex.uel.br/estação-revista eletrônica. Acesso em 04/ago/05. VEIGA, I.P.A. Docência Universitária na Educação Superior. In: RISTOFF, D.; SEVEGNANI, P. (Orgs). Docência na educação superior. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Educacionais Anísio Teixeira, 2006. 76 Revista ELO - Diálogos em Extensão