V Encontro de Pesquisa em Educação Física 1ª Parte ESTUDO SOBRE A AGRESSIVIDADE NO ENSINO FUNDAMENTAL DO MUNICÍPIO DE MARECHAL CÂNDIDO RONDON PR



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Transcrição:

ESTUDOS E REFLEXÕES V 5 - Nº 9 PÁGS. 33 A 42 V Encontro de Pesquisa em Educação Física 1ª Parte RECEBIDO EM: 00-00-0000 ACEITO EM: 00-00-0000 ARTIGO ORIGINAL ESTUDO SOBRE A AGRESSIVIDADE NO ENSINO FUNDAMENTAL DO MUNICÍPIO DE MARECHAL CÂNDIDO RONDON PR Sirlene Izabel WOLKMER e Herton Xavier CORSEUIL UNIOESTE

ARTIGO ORIGINAL - ESTUDOS E REFLEXÕES EDUCAÇÃO FÍSICA - 1ª PARTE - PÁGS. 33 A 42 INTRODUÇÃO O ensino formal tem como função construir um saber e formar homens, favorecendo a aquisição de conhecimentos transformando assim, os cidadãos em sujeitos defensores de seus interesses. Segundo MUSSEN, CONGER, KAGAN & HUSTON (1995), à medida que as crianças crescem, suas mudanças na interação social e nas brincadeiras são, até certo ponto, função da capacidade crescente de assumir papéis. A capacidade de assumir papéis parece se desenvolver através de uma série de estágios qualitativos e está correlacionada com a inteligência geral e o comportamento moral. No início da meninice, os comportamentos pró-sociais são de longe superados por respostas egoístas e agressivas. À medida que as crianças se desenvolvem, seus padrões de comportamento agressivo mudam. A agressividade atinge um pico aos 4 anos. Na escola elementar, as atitudes agressivas têm probabilidade de serem mais hostis que instrumentais. A agressividade verbal aumenta durante a pré-escola e os primeiros anos de 1 o grau. As diferenças sexuais na agressividade se evidenciam dos 2 a 3 anos em diante (MUSSEN,CONGER, KAGAN & HUSTON, 1995). Não se tem como negar a existência da agressividade em escolas; apenas ela não é considerada como um mal absoluto que seria preciso conter por meio de punição. Agir exigindo mais disciplina, autoridade, severidade, reprimir, exigir cuidados, seria eliminar o problema e logo se expor ao retorno do que foi insatisfeito (recalcado), e assim um círculo vicioso de revolta e repressão se caracterizam (COLOMBIER, MANGEL & PERDRIAULT, 1989). Rogers citado por DIAS (1996), acredita que toda pessoa tem necessidade de expressar-se de forma positiva. A partir do momento em que o indivíduo começa a colocar obstáculos que o impeçam de expressar-se, de auto-realizar-se, ele se torna neurótico e coloca o seu lado negativo para fora. Se a afirmativa é verdadeira, a auto-estima é necessária e fundamental no processo aprendizagem, que por sua vez está relacionada, também, ao comportamento do indivíduo. Segundo MIELNIK (1977) a agressividade infantil é a situação que pode surgir no ambiente familiar e exigir dos pais um condicionamento especial, utilização de toda paciência e boa vontade e uma compreensão mais profunda da criança. Pode-se caracterizar a agressividade 34 ESTUDO SOBRE A AGRESSIVIDADE NO ENSINO FUNDAMENTAL...

- ESTUDOS E REFLEXÕES EDUCAÇÃO FÍSICA - 1ª PARTE - PÁGS. 32 A 42 ARTIGO ORIGINAL infantil recebida do adulto uma apreciação de acordo com sua própria agressividade. Na criança, diversos motivos de agressão podem ser encontrados: o desejo de pegar algo que se acha em poder de outra criança, a intromissão de um companheiro novo ou indesejável, o desejo de mandar nos outros, não ter algum motivo aparente, entre outros fatores. O impulso agressivo em crianças normais, segundo o autor, visa à liberação de uma certa quantidade de energia, com objetivo de conseguir a sensação de liberdade em manifestá-la. É necessário que essas crianças gastem essa energia para que não venham a ser temidas. A Educação Física tem papel importante no controle e diminuição da agressividade, porém, não vai resolver o problema, ela apenas auxilia na consciência e domínio de sua própria agressividade, contribuindo para que estados geradores da conduta agressiva sejam compreendidos e aceitos por eles mesmos e pelo grupo. A Educação Física tem como contribuir no desenvolvimento do indivíduo, para que ele possa se tornar um cidadão apto em seu desenvolvimento motor, social, emocional e cultural, conhecedor da harmonia consigo mesmo e conseqüentemente com o outro. Toda atividade de caráter educativo deve ter um cuidadoso planejamento. Esse planejamento tem como obrigação uma programação equilibrada que alcance os resultados esperados, não apenas o desenvolvimento motor, mas também os desenvolvimentos cognitivos e afetivosociais, que tenham como fim atingir a autonomia, a cooperação, a participação social e a afirmação de valores e princípios democráticos. Os primeiros anos de vida escolar representam oportunidades de desenvolvimentos importantes, uma vez que essas primeiras experiências constroem um mundo interno e configuram uma identidade pessoal e social. Assim, com base no exposto, este estudo apresentou o seguinte objetivo: Analisar as a ocorrência e as características da agressividade de escolares nas aulas de Educação Física do ensino fundamental do município de Marechal Cândido Rondon, PR, no ponto de vista de professores. Ainda, buscou-se saber a opinião e os procedimentos dos professores e direção das escolas com relação as crianças agressivas. MATERIAL E MÉTODOS Este estudo que teve como objetivo observar a característica da agressividade no ensino fundamental 1 o à 4 o séries de Marechal Cândi- Sirlene Izabel WOLKMER - Herton Xavier CORSEUIL 35

ARTIGO ORIGINAL - ESTUDOS E REFLEXÕES EDUCAÇÃO FÍSICA - 1ª PARTE - PÁGS. 33 A 42 do Rondon, Paraná, caracterizou-se como uma pesquisa descritiva que, segundo VERGARA (1998), expõe características de determinada população, pode também estabelecer correlações entre variáveis. A população alvo constitui-se de 7 professores de Educação Física e 10 diretores, que atendiam as Escolas Municipais de 1 o à 4 o séries da sede do município de Marechal Cândido Rondon, Pr. O instrumento de coleta dos dados utilizado foi um questionário perguntas abertas e fechadas, sobre a ocorrência da agressividade. Os dados foram analisados através de estatística descritiva: distribuição de freqüência e percentual de respostas dadas nos questionários. APRESENTAÇÃO AÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS: Os resultados para a freqüência da agressividade nas aulas de Educação Física são observados na figura Percentual 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 85,7 0 14,3 SIM NÃO ÀS VEZES FIGURA 1. Valores percentuais apresentados sobre a freqüência da agressividade nas aulas de Educação Física. Observando a figura, nota-se que na maioria das aulas ocorrem casos de agressão por parte dos alunos. Segundo THOMAS (1983), os esportes enquanto conteúdo da Educação Física, representa um campo rico em processos emocionais, onde as emoções podem alcançar intensidades extremamente elevadas, e elas influenciam a ação, e nessa fase escolar a criança está aprendendo a dominar e controlar suas emoções. Sendo assim, é fácil entender o por quê do resultado acima, pois as crianças que se encontram em fase de construção do domínio das emoções, submetidas à práticas corporais intensas facilmente poderão vir a se descontrolar e agredir o colega. 36 ESTUDO SOBRE A AGRESSIVIDADE NO ENSINO FUNDAMENTAL...

- ESTUDOS E REFLEXÕES EDUCAÇÃO FÍSICA - 1ª PARTE - PÁGS. 32 A 42 ARTIGO ORIGINAL Na figura 2 são apresentados os resultados referentes a agressividade verificadas por sexo. Percentual 80 70 60 50 40 30 20 10 0 78,55 21,45 MENINOS MENINAS FIGURA 2. Valores percentuais referentes a agressividade verificadas por sexo. Nota-se que grande parte ou a maioria dos casos de agressividade com 78,55%, nas aulas de Educação Física são por parte dos meninos e 21,45% apenas são resultados femininos. Segundo MUSSEN, CONGER KAGAN & HUSTON (1995), as diferenças sexuais na agressividade se tornam mais evidentes a partir dos 2 ou 3 anos, e continuam a diferir em quase todas as idades que se seguem. Os autores citados atribuem essa diferenciação à fatores de ordem cultural, pois em nossa cultura é esperado uma resposta agressiva vinda dos meninos, e muitas vezes são encorajados à isso. BEE (1995), atribui essa diferenciação tanto a fatores do meio como fatores biológicos, e este segundo ela leva em consideração a ligação hormonal dos altos níveis de testosterona nos meninos. Em um estudo realizado pela autora no Canadá, o resultado revelou que 30,9% dos meninos se envolveram em brigas, enquanto que 9,8% das meninas tinham o mesmo comportamento, e em todos os testes eles sempre se apresentaram mais agressivos que elas. Quanto a forma de agressão (física e verbal), verificou-se que as crianças apresentam-na em proporções iguais, o que nesse período escolar, segundo BEE (1995) é normal, pois, a criança ao sair do período pré-escolar e ingressar nos primeiros anos de 1 o grau, melhora suas habilidades verbais e com isso pode ocorrer uma diminuição da agressão física, e aumento verbal para ferir o outro. Sirlene Izabel WOLKMER - Herton Xavier CORSEUIL 37

ARTIGO ORIGINAL - ESTUDOS E REFLEXÕES EDUCAÇÃO FÍSICA - 1ª PARTE - PÁGS. 33 A 42 MUSSEN, CONGER, KSANGAN & HUSTON (1995), ressaltam que antes do período escolar, as crianças brigam pela posse de brinquedos, já na fase escolar as agressões, segundo os autores se tornam hostis. No que se refere a constatação de casos de agressão de um mesmo aluno, 100% dos professores responderam que, todos os alunos apresentaram comportamento agressivo em mais de uma ocasião. Esses resultados referem-se apenas ao ano letivo de 2002, porém, MUSSEN, CONGER, KANGAN & HUSTON (1995) comentam sobre um estudo longitudinal que apresentaram resultados semelhantes, onde a agressividade física e verbal expressa em crianças de 6 a 10 anos correlaciona-se com a agressividade aos companheiros entre 10 a 14 anos, e crianças com 8 anos, consideradas agressivas pelos companheiros, tendiam a ser consideradas agressivas dez anos depois, e apresentavam probabilidade três vezes maior de terem registros policiais em relação as outras crianças, e ainda colocam que a agressividade é estável no tempo. Percentual 80 70 60 50 40 30 20 10 0 14,3 14,3 71,4 SIM NÃO ÀS VEZES FIGURA 3. Valores percentuais referentes aos alunos agressivos com os demais colegas e apresentam o mesmo comportamento com os professores. Como vemos na figura, os alunos agressivos com os colegas em mais de 70% costumam as vezes terem o mesmo comportamento com o professor. Analisando o que Campos & Manning apud DIAS (1996) colocam que a agressão pode ser resultado de uma frustração, e se o aluno agressivo foi repreendido pelo professor, de certo modo ele se sente frustrado, pois foi impedido pelo professor, de maneira correta, e não conseguiu atingir certo objetivo, de prejudicar o colega agredido, e com 38 ESTUDO SOBRE A AGRESSIVIDADE NO ENSINO FUNDAMENTAL...

- ESTUDOS E REFLEXÕES EDUCAÇÃO FÍSICA - 1ª PARTE - PÁGS. 32 A 42 ARTIGO ORIGINAL isso pode vir às vezes a se comportar agressivamente contra o professor, e em 14, 3% das vezes ele sempre tem esse comportamento. Na figura 4 abaixo são apresentados os valores referentes ao aluno agressivo nas aulas de Educação Física, e se este apresenta o mesmo comportamento em sala de aula. Percentual 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0 0 71,4 28,6 SIM NÃO ÀS VEZES NÃO RESP FIGURA 4 Valores percentuais referentes ao aluno agressivo nas aulas de Educação Física, e se este apresenta o mesmo comportamento em sala de aula. Observamos que 28,6% não responderam, o que nos leva a crer que nesses casos não há comunicação por motivo desconhecido entre professores de Educação Física e os de Sala de Aula. Já 71,4% disseram que as vezes o aluno agressivo nas aulas de Educação Física se comporta da mesma forma em sala, e esse comportamento pode ser desencadeado por vários fatores, que são segundo DIAS (1996), a ansiedade, a frustração, a provocação e a rejeição que fazem parte do ambiente escolar, e acredita que em sala de aula seja mais fácil controlar esse comportamento, pois o aluno não se encontra em constante movimentação, o que torna atitudes agressivas menos freqüentes. Em relação ao procedimento e atitude tomada pelo professor de Educação Física com o aluno agressivo, 100% deles responderam que primeiro conversam com o aluno sobre o ocorrido, e 40% dos professores tem como um segundo procedimento encaminhar o aluno para a direção. Para DIAS (1996), através do diálogo e do convívio com os demais, o aluno aprende a trocar ideiais, a questionar sobre si e sobre seus companheiros, e é através desse diálogo que a criança irá aprender a Sirlene Izabel WOLKMER - Herton Xavier CORSEUIL 39

ARTIGO ORIGINAL - ESTUDOS E REFLEXÕES EDUCAÇÃO FÍSICA - 1ª PARTE - PÁGS. 33 A 42 interferir no seu próprio comportamento de forma consciente, e com isso se torna claro a importância do diálogo com o aluno, principalmente em casos de comportamento agressivo. De acordo com os resultados sobre a participação dos alunos agressivos nas aulas de Educação Física, todos, 100% são participativos, porém com comportamento instável, sempre agitados e se irritam com os colegas com a atividade e seu desempenho facilmente. MIELNIK ( 1977) cita que o impulso agressivo em crianças visa a liberação de uma certa quantidade de energia, e é necessário segundo o autor, que esses crianças gastem essa energia, sendo assim o ambiente mais propício para aulas de Educação Física, onde o professor deve direcionar os alunos para que ocorra justamente isso, fazendo e criando formas para que os alunos participem e transformem sua agressividade em, algo positivo canalizando-a. De acordo com os resultados sobre o fator ou fatores que influenciam, o comportamento agressivo na criança, os diretores das escolas foram unânimes na questão familiar. Todos eles responderam que a desestruturação familiar como falta de diálogo, de limites e a própria violência que a criança sofre em casa é o principal agravante e causador da agressividade. Já um segundo fator que eles pode causar este comportamento seriam os programas de TV com cenas de violência. Rodrigues apud DIAS (1996) e MUSSEN, CONGER, KAGAN & HUSTON (1995), citam que a educação dada pelos pais, a rejeição paterna e a permissividade levam a altos níveis de agressividade nas crianças. Já BEE (1995) dá uma atenção a influência da TV, como fator responsável pelo aumento da agressividade a curto prazo nas crianças. No que se refere aos procedimentos da direção em relação aos alunos agressivos, primeiramente, o diálogo e esclarecimento com o ou os alunos envolvidos, em seguida se o caso for sério, chamam os pais para juntos buscarem uma solução, e se ainda não surtir efeito positivo encaminham para a ajuda psicológica junto deste profissional. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base nos resultados obtidos no presente estudo, pode-se concluir que a agressividade em escolares de 1 o a 4 o séries das escolas municipais de Marechal Cândido Rondon PR, é real e bastante presente. Em relação à ocorrência da agressividade nas aulas de Educação Física vimos que ela se faz muito presente, se apresentando mais entre os 40 ESTUDO SOBRE A AGRESSIVIDADE NO ENSINO FUNDAMENTAL...

- ESTUDOS E REFLEXÕES EDUCAÇÃO FÍSICA - 1ª PARTE - PÁGS. 32 A 42 ARTIGO ORIGINAL meninos, e se dá tanto verbal como fisicamente nas mesmas proporções. Ainda, constatamos que ela ocorre nos dois últimos anos, que seriam 3 o e 4 o séries. Também, conclui-se que esses alunos agressivos, em algumas vezes costumam ter o mesmo comportamento com o professor de Educação Física, e ainda se apresentam participativos, mas de temperamento muito instável. Diante dos procedimentos do professor de Educação Física notamos coerência nas atitudes dos mesmos, pois o diálogo é uma arma poderosa para resolver ou amenizar estes problemas de comportamento. Nas aulas de Educação Física o número de casos de agressão é significativamente alto. Nota-se que a grande maioria dos casos de agressão ocorrem com os mesmos alunos, o que torna a agressão estável no tempo, e vemos um problema que poderá vir a se agravar futuramente se esses alunos não receberem uma atenção necessária e consciente da parte dos professores. Há unanimidade em relação ao sexo; os meninos se apresentam mais agressivos do que meninas, o que de alguma forma é herança do comportamento machista, pois segundo autores já citados, o comportamento agressivo faz parte do estereótipo masculino em nossa cultura, muitas vezes o mesmo é esperado e até encorajado nos meninos. Os resultados apresentados mostram o grande problema da agressividade infantil poder vir a se transformar. Uma vez que várias pesquisas realizadas mostraram que a agressividade se mantém no tempo e no comportamento do indivíduo, e somando esse agravante os problemas que os indivíduos passam na adolescência, as crises que ocorrem nesse período conturbado pode-se prever um agravante da agressividade podendo não só para a escola, mas para toda a sociedade. É comum no meio escolar ouvir comentários de diretores de escolas principalmente de Ensino Médio, sobre alunos problemas que são transferidos de um colégio para a outro e nenhum deles quer esse aluno, e com isso apenas estão contribuindo para que esse indivíduo e sua situação se torne futuramente para toda a sociedade um problema com proporções trágicas, não que com isso estejamos afirmando que toda criança que apresenta comportamento agressivo na escola seja um futuro marginal, mas suas chances de vir a se transformar em uma pessoa com problemas de comportamento e convivência em sociedade serão grandes e poderão aumentar se escola e família não se preocuparem, não tratarem o problema com atenção, e o que é de muito importância, fazerem isso juntas, pois a escola por si só não consegue resolver o problema. Sirlene Izabel WOLKMER - Herton Xavier CORSEUIL 41

ARTIGO ORIGINAL - ESTUDOS E REFLEXÕES EDUCAÇÃO FÍSICA - 1ª PARTE - PÁGS. 33 A 42 Com tudo, concluímos que a agressividade na maioria das vezes vem de casa para a escola, e que a família é um fator decisivo para a formação da personalidade da criança. Com isso, cabe a cada um de nós, pais ou futuros pais e professores, termos consciência da importância da família e da educação no desenvolvimento e formação de nossas crianças. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BEE,H. A Criança em Desenvolvimento. São Paulo: Harbra, 1986. COLOMBIER, C., MANGEL G., PERDIAULT,M. A Violência na Esco- la. São Paulo; Summus, 1989. DIAS, K. P. Educação Física X Violência Uma abordagem com meninos de rua. Rio de Janeiro Editora Sprint, 1996. MIELNIK, I. O Comportamento Infantil: técnicas e métodos para entender crianças. São Paulo, IBRASA, 1977. MUSSEN, P. H., CONGER, J. J., KAGAN, J., HUSTON, A.C. Desenvolvi- mento e Personalidade da Criança. 3 o edição. São Paulo: Editora HARBRA Ltda, 1995. THOMAS, A. Esporte: introdução à psicologia. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1983. VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em administra- ção. São Paulo: Atlas, 1998. 42 ESTUDO SOBRE A AGRESSIVIDADE NO ENSINO FUNDAMENTAL...