DEPENDÊNCIA QUÍMICA: USUÁRIOS E FAMILIARES FRENTE AO TRATAMENTO ADDICTION: USERS AND FAMILY FACE OF TREATMENT



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Este caderno é parte integrante da Revista APM Edição n 561 -Outubro de 2005

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Transcrição:

DEPENDÊNCIA QUÍMICA: USUÁRIOS E FAMILIARES FRENTE AO TRATAMENTO ADDICTION: USERS AND FAMILY FACE OF TREATMENT Maria Verônica Schmitz Wingen 1 RESUMO O presente artigo busca revisar estudos acerca do tratamento da dependência química, bem como suas características e implicações. O entendimento do tratamento para familiares é ilustrado a partir da discussão da experiência clínica. Constata-se a necessidade do familiar se engajar em um tratamento especializado, englobando-o como ferramenta e estratégia atuante na prevenção da recaída e reestabelecendo canais de comunicação entre familiar/usuário. ABSTRACT Palavras-chave: dependência química; usuários; familiares; terapia cognitivo- comportamental; tratamento. 1 Psicóloga no Núcleo de Orientação Acadêmica do Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha (CESUCA) e supervisora de estágios na Clínica de Saúde Mental do CESUCA. Endereço eletrônico da autora: mariawingen@cesuca.edu.br 1

This article aims to review studies on the treatment of chemical dependency, both for users and for families as well as their characteristics and implications. The understanding of the treatment groups is illustrated through discussions of clinical experience. Notes the need to engage the family in a specialized treatment, wrapping it as a tool and an active strategy in preventing relapse and re-establishing establishing channels of communication between family/user. Key Words: addiction, users; relatives; cognitive behavioral therapy; treatment. INTRODUÇÃO É sempre um desafio descrever as causas da dependência química uma vez que a relação do homem com a possibilidade de alterar a consciência e desfrutar de efeitos prazerosos e de relaxamento vem de longa data. O primeiro contato com as drogas muitas vezes ocorre na adolescência. Nessa fase, o indivíduo passa por bruscas mudanças biológicas e psíquicas, sendo uma das etapas mais vulneráveis de todo o desenvolvimento humano. Conflitos de naturezas diversas aparecem num momento de instabilidade emocional e extrema sensibilidade 1-2. Fato é que, inicialmente o uso e abuso são esporádicos e ocorrem pelos mais diversos motivos: fuga de problemas, frustrações, ambiente facilitador, influência de amigos... Aos poucos, há a possibilidade de o sujeito envolver-se e apresentar dependência para a substância 3. Desta forma, a dependência química torna-se uma doença com etiologia social, cultural, familiar, psicológica, genética e neurológica, uma vez que muitos aspectos estão relacionados neste contexto. 1 Marquesa, C. P. R., & Cruz, M.S. (2000). O adolescente e o uso de drogas. Revista Brasileira de Psiquiatria, 22 (Supl. II), p. 32-6. 2 Andretta, I., & Oliveira, M. S. (2005). A técnica da entrevista motivacional na adolescência. Psic. Clin., 17, 127-139. Rio de Janeiro. 3 Figlie, N. B., Laranjeira, R., & Bordin, S. (2004). Aconselhamento em Dependência Química. São Paulo. Roca. 2

Atualmente, segundo o DSM IV-TR 4 a dependência química pode ser diagnosticada quando há um padrão inadequado do uso de alguma substância psicoativa, levando ao comprometimento ou sofrimento do sujeito, que pode ser avaliado mediante a apresentação de três ou mais características descritas, ocorrendo a qualquer momento de um período de 12 meses. São características, desta forma, a tolerância (necessidade de quantidades progressivamente maiores da substância para obter a intoxicação ou a acentuada redução do efeito com o uso continuado da mesma quantidade de substância), e a abstinência (quando a substância é consumida para aliviar ou evitar os sintomas da interrupção do uso, que podem causar sofrimento, prejuízo funcional, não sendo gerados por uma condição médica geral) 4. Outros fatores determinantes, também, para a dependência química, são o consumo freqüente ente de substâncias em maiores quantidades ou por um período mais longo do que o pretendido, existir um desejo persistente ou esforços mal sucedidos no sentido de reduzir ou controlar o uso da substância, muito tempo ser gasto em atividades necessárias para a a obtenção da substância, na utilização da mesma ou na recuperação de seus efeitos, importantes atividades sociais, ocupacionais ou recreativas serem abandonadas ou reduzidas, e o uso da substância continuar, apesar da consciência do sujeito de problemas físicos ou psicológicos serem causados ou exacerbados pela substância 4. Atualmente, é desafiador traçarmos um perfil da prevalência da dependência química no Brasil em função das inúmeras variáveis que acompanham este processo e de poucos dados precisos sobre o tema. As estatísticas do II Levantamento Domiciliar sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil (OBID 2005) 5 envolvendo cerca de 8.000 entrevistas, revelam que 22,8% da população já utilizou alguma substância na vida (exceto álcool e tabaco), sendo mais comum o uso da maconha. No que diz respeito à dependência de álcool, os dados estimam que 12,3% da população se enquadra neste perfil, e que um terço dos entrevistados masculinos de 12 à 17 anos, declarou já ter sido submetido a tratamento para dependência química. 5 4 DSM IV TR. (2002). Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. American Psychiatric Association (APA). 5 - Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas (OBID SENAD). [II Levantamento Domiciliar sobre o uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil 2005] Disponível em http://www.obid.senad.gov.br/portais/obid/index.php. Acesso em outubro de 2010. 3

Sabe-se que o perfil dos usuários tem mudado ao longo dos anos, mas os dados são ainda incipientes. Nota-se, no Brasil, a ascensão de drogas psicotrópicas como a cocaína e, sobretudo o crack 6, associados a comportamentos de criminalidade 6-7. Várias abordagens são utilizadas, entretanto, para o tratamento da dependência química conforme pesquisas realizadas. Os mais indicados, utilizados e com maior relevância na atualidade são o Modelo Transteórico de Mudança de Comportamento (Proschaska e Di Clemente) 8, a Entrevista Motivacional (Miller e Rolnick) 9, o Modelo de Prevenção à Recaída e o Treinamento em Habilidades (Gordon e Marlatt) 10, bem como os referenciais da Teoria e Terapia Cognitivo - Comportamental 3. A família é capaz de, durante o tratamento da dependência química, ser uma forte aliada no processo de resgate do indivíduo. A inclusão da família no tratamento de dependentes químicos tem sido bastante estudada, todavia, nas várias propostas, não existe um consenso sobre o tipo de abordagem a ser utilizada. As abordagens que envolvem a unidade familiar têm como principal função a reconstrução do vínculo emocional entre pais e filhos, restabelecendo o canal de comunicação entre ambos 11-12. Entretanto, os familiares podem desempenhar papéis de co-dependência, colocando por vezes o tratamento em risco à medida que boicota o processo, com pensamentos e comportamentos não adequados à recuperação do usuário 13. O presente artigo será focado em alguns dos modelos de tratamento para dependência química, refletindo sobre o usuário e os seus familiares neste contexto de recuperação. O estudo será ainda, ilustrado pela prática clínica da autora, respeitado o sigilo profissional dos dados. 6 Duailibi, L. B., Ribeiro M., & Laranjeira R. (2008). Profile of cocaine and crack users in Brazil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 24. 7 Guimarães C. F., Santos D. V. V., Freitas R. C., & Araújo R. B. (2008). Perfil do usuário de crack e fatores relacionados à criminalidade em unidade de internação para desintoxicação no Hospital Psiquiátrico São Pedro de Porto Alegre (RS). Revista de psiquiatria do Rio Gd. Sul, 30, 2 POA. 8 Szupszynski, O. (2008). O Modelo Transteórico no tratamento da dependência química. Revista Psicologia - Teoria e Prática, 10, 1. Disponível em http://www3.mackenzie.com.br/editora/index.php/ptp/article/view/749/0. Acesso em outubro de 2010. 9 Miller J., William R.; & Rollnick, S. (2001). Entrevista Motivacional. POA: Artmed. 10 Marlatt, A., & Gordon J. (1993). Prevenção de recaída: estratégias de manutenção no tratamento de comportamentos adictivos. POA: Artmed. 11 Bezerra, V.C., & Linhares A.C.B. (1999). A família, o adolescente e o uso de drogas. Cadernos juventude, saúde e desenvolvimento; 1, 184-96. 12 Matosa, M. T. S., Pinto, F. J. M., & Bessa, M. S. (2008). Grupo de orientação familiar em dependência química: uma avaliação sob a percepção dos familiares participantes. 32, n.1, 58-71 jan./abr. 13 Seadi, S. M. S. (2007). A terapia multifamiliar e a dependência química. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Dissertação de Mestrado. 4

O método realizado para esta pesquisa foi uma revisão bibliográfica nas bases de dados científicas EBSCO, PubMed/Medline, Ovid, Web of Science(ISI) e Scielo, com os descritores citados anteriormente, além da busca de livros com as mesmas palavras- chave e tendo como limitação as publicações dos últimos 15 anos. TRATAMENTO TAMENTO DA DEPENDÊNCIA QÚIMICA PARA USUÁRIOS Segundo estudos 14-15, muitos fatores explicam o consumo e a dependência química em vários aspectos, como, por exemplo, as influências culturais, sociais e as respostas comportamentais (perda da timidez e retraimento, leveza, bem estar, euforia...). Em sujeitos dependentes de substâncias, muitas vezes a decisão problemática por parte de quem utiliza está nas respostas classicamente condicionadas aos estímulos relacionados com a droga de preferência. Gatilhos e situações de risco perturbam a realização das habilidades adaptativas, contendo um maior grau de resposta fisiológica condicionada, demonstrando uma deteriorização o nas habilidades de enfrentamento 14. Para propiciar um melhor entendimento e tratamento aos dependentes endentes químicos algumas teorias foram estudadas com maior cuidado. A Terapia Cognitiva, por exemplo, tem seu foco prioritariamente nos pensamentos, crenças, sentimentos e circunstâncias, como base no comportamento disfuncional. Desta forma, o sujeito trabalha, na terapia, a identificação desses pensamentos, chegando até sua crença central e criando possibilidades de modificar tais disfunções 15. Segundo a Teoria Cognitiva, é essencial que sejam estabelecidas metas terapêuticas e se obtenha uma conceitualização cognitiva do paciente em questão para se iniciar o tratamento. Pontos fundamentais desse primeiro entendimento do paciente incluem: O diagnóstico clínico, os problemas atuais e os fatores estressores precipitantes que contribuíram para seus problemas psicológicos ou interferiram em sua habilidade para resolvê-los, as aprendizagens e 14 Caballo, V. E. (org.). (2007). Tratamento Cognitivo Comportamental dos Transtornos Psicológicos da Atualidade. São Paulo: Santos. 15 Silva, C. J., & Serra, A. M. (2004). Terapias Cognitiva e Cognitivo-Comportamental Comportamental em dependência química. Revista Brasileira de Psiquiatria, 26, (suppl.i), 33-39. 5

experiências antigas que contribuem para seus problemas atuais, as predisposições genéticas e familiares, seus pensamentos automáticos, suas crenças subjacentes (incluindo atitudes, expectativas, regras e pressupostos), suas crenças nucleares, os mecanismos cognitivos, afetivos e comportamentais que ele desenvolveu para enfrentar suas crenças disfuncionais e como ele percebe a si mesmo, os outros e o futuro. 19 Por outro lado, a Técnica Cognitivo-Comportamental Comportamental lança mão de técnicas que são tanto de caráter cognitivo quanto comportamental, recaindo a escolha sobre aquela mais útil e indicada em cada situação 15. Algumas das técnicas básicas utilizadas na Terapia Cognitivo-Comportamental são: psicoeducação, identificação de pensamentos automáticos, avaliação e questionamento dos pensamentos automáticos, registro diário dos pensamentos automáticos, resolução de problemas, exame das vantagens e desvantagens, visualização, distração, monitoramento de atividades e agendamento, exposição gradual, experimentos comportamentais para testar pensamentos e atitudes, relaxamento, dissensibilização sistemática, cartões de enfrentamento, role-plays 16. Os propósitos finais fundamentais da TCC consistem em aumentar o nível de automonitoramento do paciente sobre seus pensamentos, fazendo com que ele identifique suas crenças, cheque o quanto acredita nelas e aprenda a testar sua veracidade e/ou validade a partir de procedimentos de resolução de problemas mais racionais. Com isso acredita-se que o paciente obtenha uma reestruturação cognitiva e adquira as técnicas necessárias para ser o próprio terapeuta, tanto durante quanto no término do tratamento, buscando, assim, a prevenção de futuras recaídas 17. Segundo estudos 18, em sua essência, todas as terapias cognitivocomportamentais compartilham de três premissas fundamentais: A cognição afeta o comportamento, a cognição pode ser monitorada e alterada e de que a mudança desejada pode ser efetuada por meio da mudança cognitiva. A Prevenção de Recaída e o Treinamento de Habilidades baseiam-se nas teorias comportamentais, além da teoria Cognitiva 15. 16 - Rangé, B. (org.). (2001). Psicoterapias Cognitivo Comportamentais: Um diálogo com a psiquiatria. São Paulo: ArtMed. 17 Caminha, R. M., Wainer, R., Oliveira, M., & Picolloto, N. M. (2003). Psicoterapias cognitivo comportamentais teoria e prática. São Paulo: Casa do psicólogo. 18 Dobson, K. S. (org.). (2001). Manual de Terapias Cognitivo Comportamentais. 2 ed.. São Paulo: ArtMed. 6

Este tratamento 14 é estruturado para abordar comportamentos relacionados à vulnerabilidade. Para tanto, os indivíduos ivíduos aprendem estratégias de enfrentamento diferentes das do seu repertório antigo, para atenuar os déficits comportamentais, o afeto negativo e a ativação excessiva. Desta forma, o princípio central desta intervenção é que, por meio da aplicação de técnicas de aprendizagens os indivíduos podem aprender uma série de novas habilidades, sendo definidas, de forma ampla, com a capacidade de utilizar pensamentos, emoções e ações para solucionar problemas 14. Os passos para modificar o comportamento dependente seriam: inicialmente uma avaliação ampla do caso, seguida de uma preparação para a mudança (melhora da relação, feedback e reestruturação das expectativas sobre os resultados), um treinamento das habilidades de enfrentamento (incluindo a construção das cenas nas quais consome o substância, a seleção de técnicas e estratégias de enfrentamento, o treinamento destas soluções em problemas e a prática das técnicas e estratégias de enfrentamento) e a generalização estruturada (treinamento em habilidades e exposição aos sinais e recorrer ao apoio social) 10. Outro modelo aplicado à dependência química é a entrevista motivacional 9 aplicada ao modelo transteórico de mudança, que tem o objetivo de ajudar pessoas relutantes à mudança ou ambivalentes, onde identifica o estágio de motivação que o sujeito se encontra (Pré-contemplação, Contemplação, Preparação, Ação, Manutenção e Recaída). Para tanto, a IBM utiliza uma abordagem onde o terapeuta não assume um papel autoritário, adotando como estratégias a persuasão e encorajamento através da motivação. Possui cinco princípios norteadores, são eles: expressar empatia, desenvolver a discrepância, evitar a argumentação, acompanhar a resistência e promover a Auto Eficácia 9. OS FAMILIARES NA DEPENDÊNCIA QUÍMICA 7

A família sempre foi vista como fator de risco ou como causa dos problemas dos filhos. Inúmeros artigos procuram associações do tipo causa-efeito que expliquem o uso de drogas do filho como, por exemplo: o alcoolismo de um dos pais, a transmissão genética familiar, a separação dos pais, ou ainda a estrutura e a relação afetiva familiar 12. Estudos 13 identificaram aspectos familiares que são fatores de risco e contextos familiares que constituem proteção. Os fatores de risco que estão associados à família são: um contexto doméstico caótico, especialmente se os pais fazem uso abusivo de substâncias ou sofrem transtorno mental; monitoramento parental ineficiente especialmente com crianças e jovens com temperamentos difíceis e distúrbios de conduta; falta de vinculação mútua. Os fatores de proteção ligados à família seriam a boa vinculação familiar; o monitoramento familiar eficiente, com regras claras de conduta, unidade familiar e envolvimento dos pais nas vidas dos filhos; bom desempenho escolar; vinculação com associações que oportunizem uma socialização saudável; adoção de normas sociais convencionais a respeito de substâncias psicoativas 13. Uma experiência clínica 12 possibilitou considerar a família não como um entrave, um problema ou um fator complicador que deveria ficar fora do processo, mas como uma forte aliada, se tornando o principal instrumento no processo de resgate do indivíduo dependente químico. Dentro deste contexto 12, um dos modelos a ser adotado quando se tem em mente as intervenções familiares em dependência química é o cognitivo-comportamental aliado à terapia sistêmica, abordagens que envolvem a unidade familiar tendo como principal função a reconstrução do vínculo emocional entre pais e filhos, restabelecendo o canal de comunicação entre ambos, com foco, no entanto, nas soluções para o caso. Este método 12 parece ser de fácil aprendizagem para os envolvidos e aparentemente traz resultados rápidos porque se concentra no problema, sendo bem aceito pelos familiares e dependentes, por não atribuir responsabilidades implícitas. O terapeuta não deve preocupar-se em ser neutro, e sim em ficar o mais próximo possível do grupo, utilizando-se de orientações, informações, sugestões, incentivos, proibições, entre outras atitudes. Acredita-se que esta abordagem focada na solução é bem aceita 8

pelo familiar e por isto utiliza-se na prática profissional diária, sendo aliada aos referenciais teóricos da terapia sistêmica. DISCUSSÃO Em minha prática clínica da dependência química são utilizados, conforme a demanda do paciente e as variáveis terapêuticas, as intervenções mais adequadas ao caso, seguindo os referenciais da Teoria Cognitivo-Comportamental. O mais comum é a psicoterapia, precedida ou continuada por internações e aliadas a grupos terapêuticos. Em todas essas modalidades são percebidos ebidos temas como a família, sendo cruciais para a recuperação. Pacientes dependentes químicos mencionam que algo que lhes gera muita fissura, facilitando, portanto, a recaída, são falas que revelam a falta de confiança dos familiares, sobretudo mães. Tais desconfianças são naturais, analisando os comportamentos familiares, uma vez que tais conclusões foram obtidas a partir de inúmeras atitudes do usuário, consolidando tal pensamento. Mas é de suma importância, segundo alguns usuários, ter um ambiente acolhedor e propício a seu processo de recuperação, incluindo a confiança em suas intenções de permanecerem sem o uso de substâncias psicotrópicas. Na prática com pacientes dependentes químicos é comum encontrarmos a seguinte situação: no instante em que o usuário em recuperação sai de casa há olhares desconfiados, afirmações como tu já vai usar de novo?, perguntas insistentes de para onde vai? e quanto dinheiro tem, entre outros. Ao serem monitoradas no Registro de Pensamentos Disfuncionais, essas atitudes familiares aparecem como situação de risco, seguidas de pensamentos automáticos como então vou usar mesmo, acompanhado por sentimentos de raiva, ansiedade ou tristeza e seguidos de comportamentos de recaída, por exemplo. Vemos, desta forma, o quanto o familiar é essencial no processo de recuperação do usuário, já que, muitas vezes, é neste ambiente que muitos gatilhos e situações de risco são ativados, sem, na maior parte das vezes, haver uma consciência por parte do 9

familiar do que repercute suas atitudes. O que se observa na é que, na maioria das vezes, a família fica fora de programas de prevenção e tratamento da dependência química em muitos países, inclusive no Brasil 19. É muito comum a falta de preparação e conhecimento apuradoado por parte da família sobre o transtorno. Na prática, podemos escutar afirmações que delegam ao dependente químico um suposto controle da droga: não para porque não quer, porque é vagabundo, porque não tem responsabilidade.... O oposto também ocorre quando o familiar interpreta o transtorno como totalmente debilitante, colocando o dependente químico em uma posição totalmente passiva e onde não há espaço para mudanças. Urge desta forma, que o conhecimento científico seja transmitido, a fim de que o familiar esteja melhor preparado para poder lidar com o usuário em recuperação. Não raro são os casos, no entanto, em que o familiar boicota o tratamento, sendo extremista em atitudes (nunca deixando o usuário sair de casa ou sendo totalmente conivente com suas saídas, por exemplo), ou adotando comportamentos sabidamente negativos para o sujeito (por exemplo, um paciente que é alcoolista e a mulher exige a sua presença em coquetéis onde há diversidade de bebidas alcoólicas). É neste contexto que se torna fundamental, também, a psicoterapia para os familiares ou a terapia sistêmica. Por fim, podemos instigar o familiar para que, após os conhecimentos básicos sobre dependência química e aspectos da psicoeducação sobre o assunto serem transmitidos, ele faça parte do processo de prevenção à recaída do familiar, estipulando, em terapia familiar, as melhores estratégias de enfrentamento e fazendo combinações sobre qual atitude do familiar, em determinada situação, pode ser mais útil para o momento de fissura ou de risco que o familiar esteja passando, constituindo assim, mais uma ferramenta de enfrentamento para o usuário em seu repertório de possibilidades. Corroborando diversos outros estudos, fica evidenciado que o familiar deve ser visto e tratado como primordial ial no processo de recuperação em dependência química, podendo contribuir para a melhora das relações familiares, aumentando a possibilidade do dependente motivar-se a iniciar e manter-se em tratamento. 20 19 Knapp, Paulo & Colaboradores. (2004). Terapia Cognitivo-Comportamental Comportamental na Prática Psiquiátrica. Porto Alegre: Artmed. 20 Canoletti B, Soares CB. (2005). Programas de prevenção ao consumo de drogas no Brasil: uma análise de produção científica de 2001 a 2002. Revista Interface, Comunicação, Saúde, Educação set/2005 :115-29. 10

Não podemos esquecer, da mesma forma, que o usuário também precisa ser melhor treinado e exercitar habilidades como a empatia, uma vez que muitos familiares agem de determinada forma em função de uma história pregressa bastante traumática para eles. Neste contexto,se inserem as habilidades sociais do usuário e a capacidade de compreensão sobre determinados aspectos, não gerando, com isso, à recaída. Para tanto, é fundamental uma boa vinculação no tratamento da dependência química, trabalhando em grupos ou em terapia a reestruturação dos pensamentos e um comportamento culminante mais adequado. CONSIDERAÇÕES FINAIS A revisão bibliográfica sobre o tema aqui exposto nos leva à alguns conhecimentos em relação ao tratamento do usuário e do familiar no que diz respeito à dependência química. Atualmente, alguns dos referenciais utilizados para o processo de recuperação são os da terapia cognitivo-comportamental, comportamental, perpassada por modelos como o da prevenção à recaída, entrevista breve motivacional, treinamento em habilidades e o transteórico da mudança. É notório que o tratamento para dependência química, no entanto, não deve ser unilateral. Esta doença abarca um rol de diversas situações, devendo o tratamento ser nesta mesma perspectiva. Desta forma, surge a importância da família se aliar ao tratamento, como fator de proteção e auxílio na prevenção da recaída. Portanto, o familiar participa do processo à medida que recebe orientações e informações sobre a dependência química e o manejo do paciente em recuperação. Por estar muito presente na vida do usuário, quando um trabalho conjunto é sugerido, há grandes possibilidades de situações de risco se tornarem neutras e o familiar se tornar um aliado nas estratégias de enfrentamento. Para tanto, é preciso que a comunicação entre ambos seja resgatada e trabalhada, o que é possível através de um acompanhamento durante a terapia familiar. 11

Por fim, é importante que usuário e familiar estejam engajados no tratamento, evitando desta forma situações de risco geradas pela falta de comunicação e aumentando o repertório de estratégias para a manutenção da abstinência do paciente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Marquesa, C. P. R., & Cruz, M.S. (2000). O adolescente e o uso de drogas. Revista Brasileira de Psiquiatria, 22 (Supl. II), p. 32-6. Andretta, I., & Oliveira, M. S. (2005). A técnica da entrevista motivacional na adolescência. Psic. Clin., 17, 127-139. Rio de Janeiro. Figlie, N. B., Laranjeira, R., & Bordin, S. (2004). Aconselhamento em Dependência Química. São Paulo. Roca. DSM IV TR. (2002). Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. American Psychiatric Association (APA). Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas (OBID SENAD). [II Levantamento Domiciliar sobre o uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil 2005] Disponível em http://www.obid.senad.gov.br/portais/obid/index.php. Acesso em outubro de 2010. Duailibi, L. B., Ribeiro M., & Laranjeira R. (2008). Profile of cocaine and crack users in Brazil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 24. Guimarães C. F., Santos D. V. V., Freitas R. C., & Araújo R. B. (2008). Perfil do usuário de crack e fatores relacionados à criminalidade em unidade de internação para desintoxicação no Hospital Psiquiátrico São Pedro de Porto Alegre (RS). Revista de psiquiatria do Rio Gd. Sul, 30, 2 POA. Szupszynski, O. (2008). O Modelo Transteórico no tratamento da dependência química. Revista Psicologia - Teoria e Prática, 10, 1. Disponível em http://www3.mackenzie.com.br/editora/index.php/ptp/article/view/749/0. Acesso em outubro de 2010. 12

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