Conteúdos audiovisuais na era da Convergência 52º Painel TELEBRASIL Costa do Sauípe, 5 de junho de 2008 Manoel Rangel Diretor Presidente da Agência Nacional de Cinema - ANCINE
Apresentação em três partes: Indústria e Mercado Audiovisual Nova centralidade dos conteúdos audiovisuais e a Convergência Audiovisual e TV por assinatura no Brasil
Indústria e Mercado audiovisual
A indústria e o mercado audiovisual Indústria: produz conteúdos para 1ª exibição no cinema, na televisão ou em novas mídias Mercado: onde se negociam a compra e a venda de direitos: adaptação, distribuição, reprodução, veiculação, exibição e onde se dá o consumo de conteúdos audiovisuais pelos consumidores. Quatro segmentos principais do mercado: Salas de exibição Vídeo doméstico (VHS, DVD) Televisão aberta (radiodifusão de sons e imagens) Televisão fechada Segmento de mercado em ascensão: Vídeo por demanda através de redes digitais interativas
Mercado audiovisual mundial x Mercado audiovisual brasileiro (2005) Mundo: 342 bilhões* em venda de serviços baseados em conteúdos audiovisuais no ano de 2005 valor é quase o dobro das vendas mundiais de eletrônicos de consumo de áudio e vídeo e 30% maior que vendas mundiais de servidores, computadores e periféricos em 2005; Principais protagonistas do mercado audiovisual mundial: Estados Unidos, Europa (Inglaterra, França, Espanha), Japão, China, Índia, Canadá, Coréia do Sul, Austrália. Todos usam instrumentos públicos de apoio à produção. À exceção de EUA e Índia, todos esses países formataram políticas públicas de proteção dos mercados audiovisuais nacionais. Brasil: 1,6% do faturamento mundial, correspondente a menos de 20% do faturamento da maior empresa internacional em vendas de produtos audiovisuais (Time Warner). * Dados do IDATE
O mercado audiovisual no Brasil (2006) Distribuição das receitas, por segmento, no mercado audiovisual brasileiro, em reais (2006): Salas de exibição: R$ 701 milhões Vídeo doméstico: R$ 2,16 bilhões Televisão aberta (publicidade): R$ 10,3 bilhões TV paga (publicidade + assinaturas): R$ 5,13 bilhões Total: R$ 18,30 bilhões Mercado audiovisual brasileiro tem grande parte do seu faturamento derivado da exploração de obras audiovisuais estrangeiras no país Remessas em 2006: TV por assinatura (apenas programadoras estrangeiras): US$ 200 milhões Vídeo doméstico: US$ 183 milhões TV aberta: dos 2114 filmes veiculados em 2006 pelas emissoras comerciais, menos de 5% foram filmes brasileiros.
Filmes de longa-metragem na televisão por assinatura - 2007 Nº DE TÍTULOS DE LONGAS-METRAGENS BRASILEIROS E ESTRANGEIROS Canais Brasileiros % Estrangeiros % Total % Cinemax 16 1,9% 839 98,1% 855 100,0% Fox 0 0,0% 275 100,0% 275 100,0% Fox Life¹ 2 1,3% 152 98,7% 154 100,0% HBO 2 0,4% 566 99,6% 568 100,0% HBO Family 2 1,1% 181 98,9% 183 100,0% HBO Plus 2 0,4% 542 99,6% 544 100,0% Maxprime 10 1,4% 689 98,6% 699 100,0% Telecine Premium 8 1,7% 454 98,3% 462 100,0% Telecine Action 0 0,0% 558 100,0% 558 100,0% Telecine Emotion/Light 1 0,2% 557 99,8% 558 100,0% Telecine Pipoca 18 2,4% 720 97,6% 738 100,0% Telecine Cult 0 0,0% 727 100,0% 727 100,0% TNT 6 0,6% 955 99,4% 961 100,0% Total ³ 45 1,0% 4571 99,0% 4616 100,0% Nota: O canal que exibiu o maior número de longas-metragens brasileiros em 2007 foi o Telecine Pipoca. Ao todo foram 18 títulos, o que representa 2,4% do total de longas-metragens exibidos no canal. Em 2007, de 4.616 filmes exibidos em canais de filmes na TV por assinatura brasileira, apenas 45 filmes (1%) foram brasileiros (exceto Canal Brasil ) Cerca de 75 filmes brasileiros são lançados anualmente no mercado de salas Dados compilados pela SAM / ANCINE
Nova centralidade dos conteúdos audiovisuais e a Convergência
Nova centralidade para o audiovisual Indústria audiovisual foi alçada ao centro da dinâmica econômica mundial a partir da década de 80: Importância econômica: importância crescente a partir de: novas janelas (vídeo doméstico, TV por assinatura, vídeo por demanda); convergência entre mídias, telecomunicação, tecnologias de informação; geração de empregos, renda e divisas em exportações. Importância cultural: afirmação das culturas locais, regionais, nacionais em um mundo globalizado. Importância para a cidadania: acesso à informação plural e à multiplicidade de visões culturais impacta a inserção produtiva dos indivíduos em um mundo globalizado.
Audiovisual e convergência O processo: processo de agregação e combinação dos setores de telecomunicações (serviços de rede), meios de comunicação (produção e difusão de conteúdos) e tecnologias da informação (serviços diversos de internet). A finalidade: dotar o usuário/consumidor/cidadão da capacidade de acessar qualquer conteúdo através de qualquer rede ou plataforma, com qualidade e a preços baixos. O objetivo para a sociedade brasileira: aumentar o acesso à informação diversa e plural, assim como a produção e a circulação de conteúdo nacional, gerando emprego, renda e o fortalecimento da cultura brasileira.
Audiovisual, TV paga e Convergência Na convergência, o mercado de serviços audiovisuais representa o nó central, pois enlaça, por meio das tecnologias digitais, as atividades de telecomunicações com as atividades de comunicação social No momento, a televisão paga (provimento de canais por assinatura e vídeo por demanda) está no centro da questão
Audiovisual e TV por Assinatura no Brasil
Televisão por assinatura no Brasil e no mundo Penetração do serviço de TV por assinatura (2005) Mundo 43,6% (2006) África 29,2% Ásia 34,2% Am. Central e Caribe 26,4% Argentina 53,8% Colômbia 50,4% Uruguai 49,5% México 26,2% Chile 23,0% Venezuela 21,9% Paraguai 15,7% Equador 11,5% Peru 9,7% Brasil 8,1% Bolívia 4,0% É medida em relação ao número de domicílios com aparelhos de TV Penetração do serviço de televisão por assinatura no Brasil é muito inferior ao encontrado no continente africano Em toda a América Latina, o Brasil só supera a Bolívia em penetração do serviço de televisão por assinatura Dados: de 2005, à exceção do dado referente ao mundo. Os percentuais referem-se aos domicílios com aparelhos de TV. Fontes: Digiworld 2007 (Idate) e Mídia Fatos ABTA 2007.
Preços do serviço de TV por assinatura países selecionados País Provedor Pacote 1 Preço moeda local Portugal Espanha Chile Metodologia dos dados: Canais (liquido) 2 Preço R$ em 27/08/200 Preço por canal (líquido, R$) TvCabo Clássico 22,99 57 61,19 1,07 Tvtel Clássico 20,00 43 53,24 1,24 Ono Estrella 30,00 53 79,85 1,51 Telecable Principal * 17,00 20 45,25 2,26 Directv Chile Flexi + Mas CH$ 21.980,00 70 81,77 1,17 Zaptv Zap Total * CH$ 19.490,00 40 72,50 1,81 VTR d-box + pack magazine * CH$ 4.890,00 26 18,19 0,70 1 Optou-se pelo 2º pacote mais barato de cada provedor, a não ser quando especificado por um (*) quando o provedor possui apenas um pacote e grupos adicionais de canais podem ser adquiridos separadamente. 2 Canais líquido: montante total de canais excluindo canais abertos, de veiculação obrigatória, religiosos, canais regionais e locais, de televendas, canais pay-per-view, canais à la carte, canais de jogos, canais de áudio, canais legislativo ou judiciário e canais que veiculem a mesma programação com atraso (canais repetidores).
Preços do serviço de TV por assinatura países selecionados País Provedor Pacote 1 Preço moeda local Canais (liquido) 2 Preço R$ em 27/08/2007 Preço por canal (líquido, R$) Argentina Brasil (Rio de Janeiro) Tvfuego Basico * AR$ 69,00 53 42,43 0,80 Directv Arg. Basico * AR$ 89,99 88 55,33 0,63 Provedor 1 Provedor 2 Provedor 3 2º pacote + barato 2º pacote + barato 2º pacote + barato R$ 81,90 R$ 103,90 R$ 88,90 24 54 13 81,90 103,90 88,90 3,41 1,92 6,84 Pacote mais caro Pacote mais caro Pacote mais caro R$ 179,90 R$ 189,90 R$ 131,90 66 76 40 179,90 189,90 131,90 2,73 2,50 3,30 Preços por canal varia de: - Espanha / Portugal: R$ 1,07 a R$ 2,26 (57 e 20 canais por pacote, respectivamente) - Chile / Argentina: R$ 0,63 a R$ 1,81 (88 e 40 canais por pacote, respectivamente) - Brasil (2º pac.+ barato): R$ 1,92 a R$ 6,94 (54 e 13 canais por pacote, respectivamente) Os brasileiros têm uma oferta menor de canais, e pagam mais por serviço similar, em relação a ibéricos, chilenos e argentinos.
TV por assinatura no Brasil: um mercado sub-aproveitado TV por assinatura continua sendo um serviço para poucos brasileiros: O Brasil tem 53,5 milhões de domicílios Apenas 5,3 milhões de assinantes em 2007 Existiam em 2007: 17 milhões de domicílios das classes AB 22,5 milhões de domicílios da classe C 14 milhões de domicílios das classes DE Há um mercado potencial de 39,5 milhões de assinantes Mesmo nas classes A e B o mercado é sub-aproveitado Classe C terá 45,8% dos domicílios em 2008 Argentina e Colômbia provam que é possível ter uma penetração do serviço em torno de 50% com a incorporação de classes sociais com esse perfil Dados: ABTA, Brasil em Foco IPC Target 2008
TV por assinatura é um segmento do mercado audiovisual que tem sofrido pressões Pressões por cima nos estratos sociais de mais alta renda Internet (trazida pela banda larga) e mídias interativas Pressões por baixo nos estratos sociais de renda mais baixa Desinteresse diante da relação custo-benefício Alto preço, mesmo se comparado a países desenvolvidos x Conteúdo oferecido leva pouco em conta a demanda do consumidor Roubo de sinais: Gato, por condenável que seja, indica uma falha do mercado, que não tem conseguido atender adequadamente (custo-benefício adequado) estratos sociais numericamente importantes.
Audiovisual brasileiro e crescimento do segmento de TV por assinatura Conteúdo audiovisual brasileiro é pouco representativo na televisão por assinatura Conteúdo brasileiro é o que mais suscita afetividade em um número expressivo de brasileiros Outros segmentos do mercado audiovisual brasileiro só se desenvolveram quando fizeram o conteúdo nacional de carro-chefe, TV aberta brasileira não teria a relevância adquirida nas décadas de 1970 e 1980 e mantida ainda hoje caso não veiculasse conteúdos audiovisuais nacionais O segmento de salas de exibição como um todo oscila economicamente de acordo com o desempenho dos filmes nacionais
Desempenho do segmento de exibição depende do desempenho do conteúdo nacional Comportamento do segmento de exibição em períodos e anos selecionados Períodos selecionados Filmes nacionais lançados* Número de salas* Público anual* Público filmes nacionais (%)* 1975-1980 86 2.978 217.097.554 25,3% 1992-1997 13 1.302 70.750.000 2,6% 1999-2002 29 1.521 74.823.928 8,9% 2003 30 1.817 80.903.065 21,4% 2004 48 1.997 98.322.541 14,30% 2005 45 2.088 93.492.778 11,50% 2006 70 2.095 90.280.134 11,00% 2007 78 2.140 87.914.437 11,72% * Média, para anos agrupados
Elementos para o crescimento do segmento de televisão por assinatura Crescimento depende de dois fatores primordiais: Queda dos preços do serviço na ponta do consumo Oferta de canais diferenciados (distintos da TV aberta) que tenham o conteúdo audiovisual brasileiro como carro-chefe Tais fatores, por sua vez, dependem de mais competição: Na distribuição do serviço Na produção, programação e empacotamento do conteúdo audiovisual
Competição no segmento de TV por assinatura Em todo o mundo a televisão por assinatura destaca-se como um setor sujeito a falhas de mercado que podem prejudicar a competição É preciso que o Estado disponha de instrumentos mínimos para, quando convocado, atuar no sentido de garantir a competição justa entre os players, em benefício: do interesse público; do consumidor; do próprio desenvolvimento continuado do mercado.
TV por assinatura: uma visão do momento presente Mercado sub-aproveitado e com grande potencial de crescimento; Capacidade de produção de conteúdos audiovisuais de qualidade, aliada ao aumento de recursos públicos destinados à atividade; Propostas de regras mínimas que garantirão a atuação parcimoniosa do Estado e o aumento da competição em alguns elos da cadeia de valor Um jogo de tipo ganha-ganha é absolutamente possível
Muito Obrigado! Agência Nacional do Cinema Escritório Central Av. Graça Aranha, 35 - Centro Rio de Janeiro - RJ CEP: 20030-002 Tel.: (21) 2292-8955 / 2240-1400 www.ancine.gov.br