RODRIGO MARTIGNAGO EC/ODONTOLOG1A BIBLIOTECA SETORIAL ALTERAÇÕES NA ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR INDUZIDAS PELO USO DE APARELHOS ORTOPÉDICOS



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Transcrição:

RODRIGO MARTIGNAGO EC/ODONTOLOG1A BIBLIOTECA SETORIAL ALTERAÇÕES NA ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR INDUZIDAS PELO USO DE APARELHOS ORTOPÉDICOS Florianópolis 2005

RODRIGO MARTIGNAGO UFSC/00 0NTOLOG1A BIBLIOTECA SETORIA1. ALTERAÇÕES NA ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR INDUZIDAS PELO USO DE APARELHOS ORTOPÉDICOS Trabalho de conclusão apresentado ao Curso de Especialização em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial, da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito para obtenção do titulo de Especialista em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial. Orientadora: Profa MSc. Graziela De Luca Canto Florianópolis 2005

RODRIGO MARTIGNAGO ALTERAÇÕES NA ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR INDUZIDAS PELO USO DE APARELHOS ORTOPÉDICOS Este trabalho de conclusão foi julgado adequado para obtenção do titulo de Especialista em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial e aprovado em sua forma final pelo Curso de Especialização em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial. Florianópolis, 02 de julho de 2005. BANCA EXAMINADORA Prof MSc. Graziela De Luca Canto Orientador Prof Roberto Ramos Garanhani Membro Prof Rui Tavares Membro

Dedico este trabalho a minha namorada Giseli, pelo imensurável carinho, paciência e compreensão. Muito obrigado!

AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus pais, Deni e Emilia, que me presentearam com a riqueza do estudo e fizeram de mim não apenas profissional, mas, sobretudo ser humano. A minha irmã Deisi que sempre esteve presente, compartilhando idéias incentivando sempre a prosseguir. e me Também agradeço a D. Tarcita e a Josi, pessoas tão especiais, que sempre me acolheram com um sorriso. Mais uma vez agradeço a Gi, por sempre estar ao meu lado, incentivando-me e colaborando na realização deste trabalho. Aos professores Graziela, Bertholdo, Rui, Mário, Roberto e professores convidados, que não se limitaram simplesmente em transmitir conhecimento e técnica, sem medo de expor seus pensamentos e sabedoria. Aos colegas, pelos momentos agradáveis de convivência, pela partilha conhecimentos e principalmente pelas amizades construídas. de

"0 mundo está nas meios daqueles que tem coragem de sonhar e correr o risco de viver seus sonhos. Cada qual com seu talento". Paulo Coelho

MARTIGNAGO, Rodrigo. Alterações na articulação temporomandibular induzidas pelo uso de aparelhos ortopédicos. 2005. 33f. Trabalho de conclusão (Especialização em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial) Curso de Especialização em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. RESUMO 0 uso de aparelhos ortopédicos para correção de retrognatismo mandibular, em pacientes portadores de má-oclusão de Classe II, está a cada dia que passa mais comum na prática odontológica. A proposta dessa revisão é a necessidade de se compreender alterações na ATM, principalmente no nível de cemdilo mandibular e eminência articular em decorrência do uso de aparelhos que fazem avanço mandibular. Processos de remodelação articular acontecem quando se alteram os vetores de força que agem sobre a articulação, sendo a camada condrogênica da cartilagem articular a principal responsável pela remodelação celular, fazendo com que ocorram alterações morfológicas nas eminências articulares e nos dindilos mandibulares. De acordo com a literatura consultada, em um primeiro momento, os aparelhos ortopédicos irão realizar um reposicionamento mandibular e em num segundo momento poderá haver ou não correção da má -oclusão de Classe II, dependendo das características de cada paciente. Palavras-chave: Remodelação. ATM. Aparelho Ortopédico.

MARTIGNAGO, Rodrigo. Alterações na articulação temporomandibular induzidas pelo uso de aparelhos ortopédicos. 2005. 33f. Trabalho de conclusão (Especialização em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial) Curso de Especialização em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. ABSTRACT Temporomandibular the aim of this literature review is to provide a more comprehensive view of TMJ changes as a consequence of devices for madibular advancement, mainly in the mandibular condile and articular eminence. The processes of articular remodelling occur when force vectors act on the articulation. The chondrogenic layer is the main responsible for cell remodelation, leading to morphologic changes in the articular eminence and mandibular condiles. According with the literature, orthopedic devices will effect a mandibular repositioning, and depending upon individual features of each patient, whether or not occurs a correction of a Class II maloclusion. Keywords: Remodelation. TMJ. Orthopedic device.

LISTA DE ABREVIATURAS AOF Aparelhos Ortopédicos Funcionais ATM Articulação Temporomandibular DTM - Disfunção Temporomandibular FCEV Fator de Crescimento Endotelial Vascular

SUMARIO 1 INTRODUÇÃO 11 2 REVISÃO DA LITERATURA 13 2.1 ANATOMIA DA ATM 13 2.2 HISTOLOGIA DA ATM 14 2.3 ALTERAÇÕES ORTOPÉDICAS 17 3 DISCUSSÃO 28 4 CONCLUSÃO 31 REFERÊNCIAS 32

11 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho é uma síntese de revisões literárias e pesquisas cientificas baseadas em alterações ocorridas na articulação temporomandibular. As pesquisas cientificas foram desenvolvidas utilizando-se animais experimentais e evidências clinicas encontradas em pacientes submetidos a tratamentos ortopédicos. Essa monografia foi realizada pela necessidade de se compreender as alterações ocorridas na ATM, em virtude de avanços mandibulares feitos nas correções de pacientes que apresentam má-oclusão de Classe II, além disso, este estudo oferecerá maiores possibilidades de entendimento de partes do funcionamento das terapias ortopédicas. A partir do momento que são implantadas terapias ortopédicas em pacientes portadores de má-oclusão de Classe H, acontecem importantes alterações na ATM, principalmente no nível de dindilo mandibular e eminência articular, fazendo com que ocorram mudanças nos vetores de força que agem sobre a articulação, desencadeando assim, todo um processo de adaptação e remodelação funcional da ATM.

1 1 0 principal objetivo dessa monografia é avaliar as conseqüências dos tratamentos ortopédicos na ATM, principalmente os tratamentos feitos em pacientes com necessidade de avanço mandibular. Espera-se que este trabalho seja útil para estudos futuros e que ajude a produzir conhecimentos científicos úteis para a sociedade.

13 2 REVISÃO DA LITERATURAI 2.1 ANATOMIA DA ATM A articulação mandibular, de acordo com Bhaskar et al. (1978), é uma diartrose bilateral entre as eminências do tubérculo articular e os cemdilos (cabeças) da mandíbula. Uma placa fibrosa, o disco articular é interposto sobre cada lado, entre as superficies articulares dos dois ossos. A articulação temporomandibular é uma articulação que permite a mandíbula se mover como uma unidade. A mandíbula pode ser abaixada ou elevada, protruída ou retraída. Os movimentos laterais consistem de protrusdo e retração alternadas da mandíbula sobre cada lado. Todos estes movimentos mostram um padrão característico para cada indivíduo, que são controlados por interações de músculos e estão envolvidos na ingestão e mastigação de alimentos. A anatomia e a histologia da articulação estão relacionadas A. sua atividade funcional. 'Baseado na NBR 10520: 2002 da ABNT.

14 A articulação temporomandibular (FIG. 1) é uma articulação sinovial formada pela fossa mandibular do osso temporal acima, e o ciindilo da mandíbula abaixo. 0 disco articular divide a articulação em cavidade articular superior e inferior. Fossa Glenóide Disco Cavida Articular Superior Eminência Articular Ctindilo Cavidade Articular Inferior Figura 1 - Corte histológico da articulação temporomandibular. 2.2 HISTOLOGIA DA ATM De acordo com Ten Cate et al. (1998), a articulação temporomandibular é urna articulação sinovial e diferentemente da grande maioria que são cobertas com cartilagem

UFSC/ODONTOLOGIA 15 BIBLIOTECA SETOPIAI hialina, a ATM é coberta por uma camada de tecido fibroso. Esta distinção histológica tern sido utilizada para provar que a ATM não constitui uma articulação de grande sobrecarga. A camada fibrosa que cobre o côndilo consiste em fibroblastos dispersos em uma camada densa e intensamente avascular de coldgeno tipo I, limitado por membrana eletro densa (a lamina esplêndida). A camada fibrosa localiza-se em uma zona proliferativa de células associadas à formação da cartilagem condilar (FIG. 2). Disco Articular Zona Articular Zona Proliferativa Zona Fibrocartilaginosa Cartilagem Calcificada Osso Subarticular Figura 2 -Corte do revestimento articular do ceindilo mandibular de um adulto. A fossa glenóide é sempre coberta por uma fina camada fibrosa que reveste diretamente o osso, da mesma forma que o periósteo, porém essa camada se torna apreciavelmente espessa no local que cobre o declive da eminência articular (FIG. 3 e 4).

ti Osso Temporal Revestimento da Fossa Articular Disco Articular Figura 3 - Corte do osso temporal que mostra o finíssimo revestimento da superfície articular da fossa glenáide. Osso Temporal.. 'ff,j., /ItY.P* e -;. 4, 3. " I S`, d.. Zona Fibrocartilaginosa Zona Proliferativa Zona Articular ; Jr.. - Disco Articular Figura 4 - Corte da eminência articular na articulação mandibular de um adulto que mostra a cobertura articular relativamente grossa nessa area da articulação.

17 0 côndilo mandibular tem uma capacidade de crescimento multidirecional, e sua cartilagem pode se proliferar e qualquer combinação de direção superior e posterior de acordo com a necessidade de fornecer a melhor posição anatômica do arco mandibular. A fibrocartilagem é encontrada tanto na mandíbula quanto no declive da eminência articular. Parece certo que, em ambos os exemplos, as células da camada proliferativa podem reduzir sua atividade, caso haja necessidade. Por isso a remodelação das superficies articulares pode ocorrer em resposta às mudanças funcionais no decorrer da vida ou devido ao tratamento ortodeintico. Pode haver adição as superficies articulares, aumentando a dimensão vertical da face: a remodelação regressiva leva a uma perda de dimensão vertical, e a remodelação periférica adiciona tecido as margens da articulação (freqüentemente uma mudança artrítica). A remodelação também compensa as relações modificadas dos maxilares em virtude da utilização e perda dos dentes. 2.3 ALTERAÇÕES ORTOPÉDICAS Campos et al. (1986), com o objetivo de estudar as modificações ocorridas em áreas da cartilagem condilar de ratos submetidos a alterações oclusais, utilizaram 64 ratos machos (variedade Wistar albinos), com 25 dias de idade, divididos em 03 grupos experimentais, estabelecidos, basicamente, pela cronologia de erupção dos dentes e sua participação na

18 oclusão. Estes animais foram divididos em grupos e subgrupos e suas oclusões dentárias foram sendo alteradas mediante extrações de molares superiores direitos e secção repetida, a cada 7 dias, dos incisivos superiores com a finalidade de se obter uma seqüência de crescimento em condições de oclusão alterada. Os animais foram operados aos 25 dias (extração do primeiro e segundo molar superior direito) e aos 40 dias (extração do terceiro molar superior direito) e sacrificados aos 40, 60 e 90 dias de vida pós-natal. Os autores salientaram que o mecanismo condilar representa um centro de adaptação estrutural e funcional, a essas modificações particulares, que governariam o crescimento regional, proporcionando adição de osso novo que produzirá um dos movimentos dominantes do crescimento total da mandíbula. Esta teoria clássica, que admite ser a cartilagem condilar o centro de maior crescimento além de responsável pelo movimento para baixo e para frente da mandíbula, de certa maneira, choca-se com o conceito atual da função primária da cartilagem condilar: a de proporcionar um crescimento apenas suficiente para permitir que o cõndilo permaneça em contato com a fossa articular, enquanto a mandíbula estaria sendo levada para baixo como conseqüência das forças exercidas pelos tecidos moles adjacentes. Se a cartilagem condilar é vista como um centro de remodelação, o cõndilo responde as alterações das estruturas circunvizinhas, durante o desenvolvimento, de uma maneira adaptativa mantendo a integridade da articulação. Martins et al. (1991), com o objetivo de avaliar, em microscopia óptica, possíveis alterações histológicas ocorridas na articulação temporomandibular do macaco prego adulto. Para obtenção dos cortes histológicos foram utilizados seis animais, desgastaram as cúspides de pré-molares e molares na sua totalidade (diminuindo a dimensão vertical de oclusão) e após um período de 200 a 310 dias estes animais foram sacrificados e suas articulações têmporomandibulares foram processadas para inclusão em parafina. Os cortes foram corados pelo método da hemotoxilina-eosina para análise em microscopia óptica. Os autores

19 observaram que alterações na movimentação da mandíbula devem ter determinado alterações nas características dos esforços ao nível da articulação têmporomandibular, atingindo áreas das superficies articulares não sujeitas a tais esforços, passando a ser solicitadas e induzidas a sofrer adaptações. 0 disco articular sofreu transformações que se caracterizaram por aumento na espessura em decorrência de mudanças adaptativas através de conversão em fibrocartilagem. As alterações adaptativas da articulação temporomandibular em resposta As mudanças nas relações maxilomandibulares estão diretamente relacionadas com a intensidade, duração, direção e freqüência das forças mecânicas incidentes, que estão diretamente relacionadas com a intensidade dos estímulos funcionais. Uma vez cessados os processos de condrogênese e osteogênese, as células da camada condrogênica podem reativar a sua atividade mitótica em resposta a estímulos mecânicos e desencadear o processo de remodelação, que é feito pela adição de novas células, produção de matriz e hipertrofia celular. Ponzoni e Puricelli (1997), com a intenção de contribuir para maiores conhecimentos futuros da relação dos vetores de força sobre a alteração da função e a resposta tecidual das estruturas quanto ao crescimento craniofacial, avaliaram os componentes articulares (cõndilo mandibular, disco articular e osso temporal) frente à mudança da direção do vetor de força da mandíbula que incide sobre essas estruturas. Foram estudados 24 coelhos, divididos em quatro grupos de seis animais. De cada grupo, quatro animais foram experimentais e dois controle. Nos animais experimentais o vetor de força que incide sobre a ATM foi modificado cirurgicamente, alterando a posição do cõndilo mandibular. Após a cirurgia os animais foram sacrificados seguindo o cronograma de 15, 30, 60 e 90 dias pós operatório. A pesquisa realizada reforça a hipótese de que o potencial de adaptabilidade das superficies articulares na ATM persiste na idade adulta e que a camada condrogênica da cartilagem articular é a maior

20 responsável pela renovação celular e remodelação, a qual responde a estímulos decorrentes de alterações na biomecânica articular. Freitas et al. (2000) revisaram a literatura com o objetivo de avaliar a participação ou não de aparelhos ortopédicos funcionais, em especial o bionator, na etiologia das desordens temporomandibulares. Devido à construção do aparelho bionator com a mandíbula anteriorizada, os ciindilos são retirados de sua posição para uma posição mais anterior, esta nova posição condilar é considerada por alguns autores como terapia das desordens da ATM e por outros como um fator etiológico contribuinte. Os efeitos causados na ATM com o uso de aparelhos ortopédicos vem sendo estudados desde que estes aparelhos foram introduzidos para a correção das desarmonias sagitais dos arcos dentários. A terapia de protrusão mandibular tem sido largamente utilizada em nossos dias e a falta de consenso em relação A capacidade adaptativa da ATM diante de alterações estruturais e de caráter funcional motivou os pesquisadores a investigar sobre os efeitos desses aparelhos, que agem deslocando os côndilos para anterior e inferior, possivelmente gerando um desequilíbrio na articulação. Estudos realizados em animais experimentais em fase de crescimento, nos quais houve um reposicionamento mandibular para anterior com a adaptação desta articulação sem alterações histopatológicas observadas. Outros estudos realizados em animais experimentais observaram também que a ATM possui capacidade adaptativa em resposta as alterações biofisicas e químicas, sendo que esta adaptação é alta em indivíduos em crescimento e em indivíduos adultos esta adaptação é variada e limitada, demonstrando que a mandíbula apresenta um determinado crescimento por estímulos funcionais, contrariando a hipótese de apresentar somente crescimento determinado geneticamente. Outros estudos indicaram o uso de aparelhos ortopédicos funcionais em especial o bionator em pacientes com DTM, creditando a esses aparelhos um efeito de relaxamento muscular quando utilizados para dormir, outros acreditam que o bionator promove protrusão e abaixamento da mandíbula promovendo uma

1 1 descompressão da ATM e prevenindo os problemas de artrose, diminuindo a dor e o desconforto. Segundo os autores a correção das discrepâncias sagitais ocasionadas pela protrusdo mandibular promovida pelos aparelhos ortopédicos não ocorre apenas à custa de adaptações na regido da articulação, mas principalmente por alterações dento-alveolares, favorecendo o retorno ao equilíbrio das relações côndilo disco fossa/articular, e mesmo que ao final do tratamento os c8ndilos se encontrem mais anteriorizados, não se pode afirmar qualquer sinal ou sintoma da DTM comparados com os indivíduos não tratados ortodonticamente, não aumentando os riscos de surgimento de sinais e sintomas de DTM. Martins-Ortiz et al. (2001) revisaram a literatura com o objetivo de avaliar alterações microscópicas da cavidade glen6ide induzidas pelo uso de aparelhos funcionais e suas aplicações clinicas. De acordo com esta revisão, quando o avanço mandibular é conseqüência do uso dos aparelhos ortopédicos, ocorre neoformação óssea subperiostal na parede ânteroinferior da fossa glenóide promovendo uma remodelação topográfica desta região que poderia ser denominada de periostite ossificante adaptativa, responsável pelo crescimento ou modificação anatômica da fossa glenóide, principalmente do seu teto e processo ou espinha posterior, característica dos primatas. A alteração na viscosidade da matriz extracelular da região gera uma tração, também denominada pressão negativa, que por mecanotransdução, induz a neoformação óssea subperiostal na superficie óssea glen6ide correspondente. A fossa glenóide remodela-se em direção ao deslocamento condilar, procurando restabelecer as condições de equilíbrio na regido articular. A remodelação da fossa glenóide é possível, mesmo em adultos, apesar de comparativamente menor quando comparada a dos animais em crescimento. Ao que parece, se a nova posição condilar for mantida de forma estável, a neoformação óssea na cavidade será preservada. Se houver tendência de recidiva do côndilo posição original ocorrerá uma pressão sobre a região e a resposta óssea da cavidade glenóide será a reabsorção do osso neoformado. A razão principal de tantas discordâncias reside na

22 dependência da capacidade adaptativa da ATM à idade ou ao estágio de desenvolvimento do indivíduo, na maior parte dos estudos em animais experimentais (FIG. 5). Figuras 5 Ilustração da transdução das forças pelos tecidos retrodiscais A fossa glertóide.

?3 Rabie e Shum (2002) identificaram a relação entre a vascularização e a formação óssea na fossa glenóide durante o crescimento natural e durante a terapia com aparelhos funcionais. Foi identificado o padrão temporal da expressão do fator de crescimento endotelial vascular (FCEV) e da fase de crescimento natural e comparado àqueles ocorridos durante a posição de avanço mandibular. Experimentos foram feitos em ratos do tipo Sprague Dawlley de 35 dias de vida, num total de 150, divididos em 10 grupos experimentais e 10 grupos controle. Os cortes foram feitos e tingidos com anticorpos anti FCEV para avaliar a expressão do FCEV e empregou-se o Acido periódico e o reagente Schi ff para reavaliar as novas formações ósseas. De acordo com o experimento feito pelos autores, descobriram que durante a fase de crescimento natural e do avanço mandibular, os indices do FCEV e de neoformação óssea foram mais elevados na região posterior da fossa glen6ide. Foram identificados aumentos significantes do FCEV e de neoformação óssea nos grupos experimentais quando comparados aos grupos de controle. 0 crescimento, restauração e remodelação óssea são acontecimentos biológicos que dependem estritamente da proliferação de novos capilares sanguíneos, processo denominado angiogénese. Foi demonstrada regulamentação reciproca e uma relação funcional entre as células endoteliais e os osteoblastos durante a osteogénese. Um importante mediador do processo angiogénico envolvido na fisiologia óssea é o fator de crescimento endotelial vascular (FCEV). O FCEV é um regulador central da angiogénese que induz a migração e a proliferação da célula endotelial. Portanto, o FCEV pode atuar como um indicador da angiogénese durante a fase de crescimento ósseo na fossa glenóide. A identificação da expressão do FCEV na fase de crescimento natural e sua correlação com a formação óssea durante maior parte do período de crescimento podem esclarecer a reação da fossa glen6ide ao posicionamento mandibular anterior. Silva Filho et al. (2002) revisaram a literatura com o propósito de trazer a tona informações referentes aos aludidos efeitos a curto e longo prazo induzidos na ATM pelo

24 aparelho Herbst. 0 mecanismo de ação do aparelho de Herbst é de ação continua, mantendo a mandíbula ininterruptamente projetada durante todas as suas funções e repouso. E um fato estimulante no sentido da potencialidade das remodelações ortopédicas desejadas, mas por outro lado, é desafiador no sentido de prováveis iatrogenias à articulação temporomandibular. Com um tempo relativamente curto (mais ou menos 06 meses), de tratamento com o aparelho de Herbst, é provocada uma relativa melhora na relação sagital entre as arcadas com algum caráter definitivo, melhorando a convexidade facial e os cemdilos voltando a sua posição original dentro da fossa glenóide, isto devido a uma série de fatores que vão desde alterações dentoalveolares compensatórias até as desejadas remodelações ortopédicas como a restrição do crescimento maxilar e, principalmente, o aumento do crescimento mandibular acompanhado de remodelação da ATM. 0 comportamento da ATM conta com alterações remodelativas nas estruturas ósseas contíguas, côndilo e fossa articular (mantendo inalterada a relação ctindilo fossa articular original). Existe uma tendência recente de aceitar o mecanismo de crescimento condilar induzido como resposta A. alteração biofisica da ATM, ou melhor, como uma interação com as modificações na fossa articular e não como um fenômeno independente e isolado. A magnitude da resposta ortopédica induzida pelo reposicionamento mandibular, que é individual, variável e imprevisível, não está livre de recidiva necessitando de contenção em longo prazo ou compensações dentárias durante mecanoterapia subseqüente nos tratamentos com Herbst (FIG. 6).

Figura 6 - Reação adaptativa frente a mudança física da ATM. Ceindilo centrado na fossa articular, D. Côndilo avançado continuamente (simulação do efeito provocado pelo aparelho de Herbst), C. Remodelação sugerida para restaurar relação cbridilo-fossa inicial.

26 Vondouris et al. (2003), com o objetivo de testar a hipótese de relatividade de crescimento de como os aparelhos ortopédicos funcionam em especial tratamentos realizados com o aparelho Herbst. Foram investigados 56 indivíduos, 15 primatas (nas dentaduras permanentes precoces e permanente), 17 pacientes humanos na dentadura permanente precoce utilizando o Herbst, 24 controles humanos do centro de crescimento de Burlington, sendo 08 primatas na dentadura mista intermediária o foco deste estudo. De acordo com os resultados a direção para baixo e para trás do crescimento da fossa glenóide nos animais controle foi confirmado por meio de secções histológicas, uma área de osso recentemente formado no animal controle sugeria estar claramente demarcada na região posterior da espinha pós - glenóide. As secções histológicas dos animais experimentais com 12 e 18 semanas demonstram uma linha reserva. Isto indicou uma modificação de crescimento em uma direção inferior e anterior. A teoria da relatividade de crescimento explica essencialmente que a modificação de crescimento ósseo ocorre com relação a dois elementos: os tecidos retrodiscais são distendidos reciprocamente, semelhantes a uma grande faixa elástica, entre a fossa e o côndilo deslocado durante a expansão do complexo facial de crescimento; e a transdução dessas forças musculares mostraram ser efetivos a uma distância significante da fixação fisica real do tecido mole, ou seja, o côndilo anteriorizado desloca-se de forma brilhante com relação à fossa, e a fossa cresce também de forma brilhante com relação ao côndilo, os tecidos retrodiscais distendidos entre o côndilo deslocado e a fossa contribuem para a formação de osso novo em cada regido. Bastos e Mucha (2004) revisaram a literatura com o objetivo de rever a história dos aparelhos funcionais, o mecanismo de ação desses aparelhos, tipos de aparelhos mais comumente utilizados e os efeitos dos aparelhos funcionais sobre os ossos da face. Apresentados como sendo capazes de reorganizar e reequilibrar os tecidos orais, proporcionando um crescimento mais harmônico entre as bases ósseas, sendo muitas vezes

27 também creditado a estes dispositivos a capacidade de estimular o crescimento mandibular. Os aparelhos funcionais determinam um novo padrão morfológico-funcional aos pacientes, envolvendo uma reorganização da posição dos dentes sobre as arcadas, alterando a atividade dos músculos da face. Segundo os autores esta alteração nos padrões musculares não apenas altera a posição da mandíbula (guiada pelo aparelho), como faz com que ocorra uma mudança estrutural dela própria, de seu c8ndilo e dos ossos adjacentes. Deve-se salientar que em um primeiro momento os aparelhos funcionais irão realizar um reposicionamento mandibular, e em um segundo momento poderá haver ou não remodelação óssea, dependendo das características do paciente.

28 3 DISCUSSÃO A protrusão mandibular tem sido muito utilizada hoje em dia, para correção da maoclusão de Classe II de origem esquelética causada pela retrusão mandibular. Uma das opções de tratamento é fazer o reposicionamento mandibular, sendo os c8ndilos retirados de sua posição para uma posição mais anterior (FREITAS et al., 2000). Mudanças posturais mandibulares querem por uso de aparelhos ou por alterações oclusais têm demonstrado a capacidade adaptativa da ATM, tanto estrutural como funcionalmente (CAMPOS et al., 1986). A adaptabilidade da ATM persiste na idade adulta (PONZONI; PURICELLI, 1997), sendo alta em indivíduos em crescimento e limitada e variada em indivíduos adultos (FREITAS et al., 2000), dependendo da capacidade adaptativa da ATM, da idade ou ao estágio de desenvolvimento do indivíduo (MARTINS-ORTZ et al., 2001). A cartilagem condilar é vista como um centro de remodelação, fazendo com que o c8ndilo responda As alterações das estruturas circunvizinhas, de uma maneira adaptativa mantendo a integridade da articulação (CAMPOS et al., 1986). Resultados obtidos em experimentos feitos em animais adultos, alterando-se a dimensão vertical de oclusão desses

29 animais, observaram que a articulação temporomandibular sofreu um processo de remodelação, sendo as alterações mais acentuadas no ceindilo, no qual há aceleração do processo de maturação e de mineralização da cartilagem condilar, reforçando a hipótese de que o potencial de adaptabilidade da ATM persiste na idade adulta e que a camada condrogenica da cartilagem articular é a principal responsável pelas alterações de remodelação e renovação celular (MARTINS et al., 1991). A remodelação da fossa glen6ide é possível, mesmo em adultos, apesar de comparativamente menor quando comparada a indivíduos em crescimento. A fossa glenóide remodela-se em direção ao deslocamento condilar, procurando restabelecer as condições de equilíbrio na região articular (MARTINS-ORTZ et al., 2001). No momento em que o ctindilo é retirado (anteriorizado) da fossa glenóide com o uso de aparelhos os tecidos retrodiscais são distendidos reciprocamente, semelhantes a uma grande faixa elástica, entre a fossa e o ciindilo deslocado contribuindo para formação de osso novo em cada região, ou seja, o côndilo anteriorizado desloca-se em direção a fossa, e a fossa desloca-se me direção ao dindilo (VONDOURIS et al., 2003). A correção das discrepâncias sagitais ocasionadas pela protrusão mandibular promovida pelos aparelhos não ocorre apenas à custa de adaptações na região da articulação, mas principalmente por alterações dento-alveolares favorecendo o retorno do equilíbrio das relações ctindilo - disco - fossa articular (FREITAS et al., 2000; SILVA FILHO et al., 2002). Os aparelhos determinam um novo padrão morfológico funcional aos pacientes, envolvendo uma reorganização da posição dos dentes sobre as arcadas alterando a atividade dos músculos da face. Esta alteração nos padrões musculares não apenas alteraria a posição da mandíbula

30 (guiada pelo aparelho) como faria com que ocorresse uma mudança estrutural dela própria; de seu côndilo e dos ossos adjacentes (BASTOS, 2004). A magnitude da resposta ortopédica induzida pelo reposicionamento mandibular, que é individual, variável e imprevisível, não está livre de recidiva, necessitando de contenção em longo prazo ou compensação dentária durante mecanoterapia subseqüente (SILVA FILHO et al., 2002). Deve-se salientar que em um primeiro momento os aparelhos funcionais irão realizar um reposicionamento mandibular, e em um segundo momento poderá ou não haver remodelação óssea, dependendo das características do paciente, fazendo com que os tratamentos tornem-se limitados (VONDOURIS et al., 2003).

31 4 CONCLUSÃO De acordo com os resultados encontrados pelos autores conclui-se que a camada condrogênica da cartilagem articular é a principal responsável pelas alterações de renovação e remodelação celular. Sendo as maiores alterações morfológicas encontradas nos cõndilos mandibulares (MARTINS, 1991; CAMPOS, 1996; PONZINL 1997; SILVA FILHO, 2002). Alterações morfológicas também foram encontradas na fossa glenóide, mostrando que ela possui capacidade adaptativa em variados graus (MARTINZ-ORTIZ, 2001; VONDOURIS, 2003; PONZINI, 1997; SILVA FILHO, 2002). Deve-se salientar que em um primeiro momento os aparelhos ortopédicos irão realizar um reposicionamento mandibular, e em um segundo momento poderá haver ou não remodelação óssea, dependendo das características do paciente (BASTOS, 2004). A utilização de aparelhos ortopédicos na correção das más oclusões de Classe II não aumenta os riscos de DTM. A ausência de participação desta terapia na etiologia das DTM também não indica o emprego destes aparelhos no tratamento de pacientes com desordens intra-articulares (FREITAS, 2000).

32 REFERÊNCIAS 2 BASTOS, Gustavo Kreuzig; MUCHA, José Nelson. Aparelhos funcionais: uma revisão. Disponível em http://www.pdffactory.com. Acesso em: 14 nov. 2004. BHASKAR, S. N. et al. Articulação Temporomandibular. In:. Histologia e embriologia oral de Orban. Porto Alegre: Artes Médicas, 1978. p. 405-414. CAMPOS, Marifingela Neme Maia et al. Estudo morfométrico da cartilagem condilar da cabeça da mandíbula de ratos submetidos a alterações oclusais. Rev. Facial de Odontol., Ribeirao Preto, v. 23, n. 2, p. 198-204, jul./dez. 1986. FREITAS, Marcos Roberto de; CONTI, Ana Cláudia de Castro F. Bionator e as desordens temporomandibulares (DTM): mito ou realidade? Rev. Dental Press Ortod. Ortop. Facial, Maringá, v. 5, n. 5, p. 80-84, set./out. 2000. MARINS, Arivaldo Antonio et al. Modificações histológicas da articulação temporomandibular do macaco-prego (cebus apella) adulto após diminuição da dimensão vertical de aclusão. Rev. de Odontol. UNESP, Sao Paulo, v. 20, p. 89-99, 1991. MARTINS-ORTIZ, Maria Fernanda. Alterações da cavidade glenóide induzidas pelo uso de aparelhos funcionais. Rev. Dental Press Ortod. Ortop. Facial, Maringá, v. 6, n. 5, p. 125-132, set./out. 2001. 2 Baseado na NBR 6023: 2002 da ABNT.

33 PONZONI, Deise; EDELA, Puricelli. Análise microscópica na articulação temporomandibular a partir da mudança de direção do vetor de força da mandíbula em relação base do crânio: estudo experimental em coelhos (otyctolagus cuniculus 1). Rev. Fac. Odontol., Porto Alegre, v. 40, n. 2, P. 66-72, jan. 2000. RABIE, A. B. M.; SHUM, Lily. Fator de crescimento endotelial vascular e a formação óssea na fossa glenóide em posição mandibular. Dental Press, Maringá, fev. 2004. Disponível em: http://wwvv.dentalpress.com.briartigos/2004/junho/ajodo 123 6 p604.pdf. Acesso em : 28 nov. 2004. SILVA FILHO, O. G. da et al. 0 aparelho Herbst e as alterações adaptativas na ATM: revisão de literatura. J. Bras. de Ortod. e Ortop. Facial, Curitiba, v. 7, n. 41, p. 426-437, 2002. TEM CATE, Richard. Histologia bucal: desenvolvimento, estrutura e função. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998. VONDOURIS, John C. et al. Modificações do ciindilo-fossa e interações musculares durante o tratamento com Herbst parte 1: novos métodos tecnológicos. Dental Press, Maringá, jun. 2004. Disponível em: http://www.dentalpress.com.beartigos/2004/junho/ajodo 123 6 p606.pdf. acesso em: 28 nov. 2004. S'iblioteca Universitária UFSC