Yoga historiografia e religiosidade Imagem retirada da internet
Yoga(s): fruto de contexto histórico múltiplo e complexo Daoismo Chi-kung Tai-chi Budismo Zen Budismo Theravada Jainismo Vedas Dharshanas: Samkhya; Yoga sutras; outros Épicos: Mahabarata (Bhagavad Guítá); Ramayana Upanishads ayurveda Budismo Vajrayana Yoga Puranas Hatha yoga Nath Advaita Vedanta Danças indianas Tantras Agamas Samhitas Shatktísmo Shivaísmo Vaishnaísmo Artes marciais indianas Teosofismo (e similares) Neo Vedanta Nacionalismo Hindu Hatha yoga moderno Animismo Sufismo Ocultismo(s) Movimento hippie, alternativo; New age Xamanismo Alquimia Cristianismo ascético/místico Romantismo
3 Contexto cultural oriental, múltiplo, interligado, complexo, contraditório Nova religião no ocidente contemporâneo: X Yoga XGuru Yoga Como pegar num aspecto cultural presente em variadas, vastas e complexas tradições e criar uma nova cultura?
4 Problema: Pode uma história ajudar a criar uma identidade religiosa, e a revelá-la?
5 Estudo de caso concreto, exemplificativo Escola de Swásthya Yôga, ou Método DeRose
5/8/10 6 A proposta deste livro é [ ] o resgate da imagem de um Yôga Ancestral que, fora da nossa linhagem, já não se encontra em parte alguma. [ ]quase nada há escrito sobre o Yôga Antigo, que é muito mais fascinante. O Yôga Pré-Clássico é uma peça viva de arqueologia cultural, considerada extinta na própria Índia, seu país de origem há mais de 5.000 anos. O que é raro é mais valioso, mas, independentemente desse valor como raridade, o Yôga Pré-Clássico é extremamente completo e diferente de tudo o que você possa estereotipar com o cliché Yôga. Além disso tudo, ao estudar essa modalidade, temos ainda a satisfação incontida de estar dedicando-nos ao Yôga original, logo, o mais autêntico de todos. DeRose, Origens do yôga antigo, páginas 27 e 28
Mas 7 Negação do carácter religioso Em termos de classificação, Yôga é uma filosofia. Filosofia de vida. Filosofia prática. DeRose, Origens do yôga antigo, página 46 Yoga: filosofia; filosofia de auto-conhecimento; filosofia de vida; filosofia prática; filosofia naturalista; cultura; espiritualidade; arte; ciência; terapia; desporto; método; tudo menos: religião!
8 Porquê a negação do carácter religioso? R: Questão de marketing, de posicionamento no mercado das consciências ocidentais 1- A maioria da população já se diz seguidora de uma religião. Evita-se o confronto e concorrência directa 2 Conotação negativa das palavras - Religião: inquisição; repressão; atraso; passado; fundamentalismo; corrupção; - Seita: diferente; herege; demoníaco; heresia; perseguição, sectarismo, fanatismo, proselitismo; alienação; manipulação;
O que caracteriza o ser religioso? Religião como modo de vida, como caminho Pensar, agir e sentir 9 Indícios, cumulativos e interligados, de religiosidade: Institucionalização grupo organizado, com meios e fins Locais de culto: escolas onde se pratica, estuda, trabalha e convive Regulamentação: institucional; etiqueta; ética, moral, doutrinal, epistemológica, Guru inspiração, veneração, devoção, fidelidade, obediência a um líder-guia Sangha comunidade religiosa, reforço da identidade grupal Hierarquia religiosa, clero : instructores, devotos e/ou gestores Pensamento mágico- através da prática obtém-se um êxtase místico iluminador Rituais: a pratica do yoga e o trabalho pelo guru e sua causa Existência de uma doutrina filosófica estabelecida e de dogmas de fé Ideal utópico, visionário, uma causa Visão histórica: idealista, teleológica, reveladora de sentido e causa
10 Que tipo de história ajuda a conformar a religiosidade? A HISTÓRIA É SÓ ESTÓRIA: NÃO ACREDITE NELA! Os historiadores sabem-no bem: não é à toa que história e estória (History & story) têm a mesma origem semântica. Em inglês é etimologicamente muito significativo que a palavra History seja composta de his+story (sua estória, sua versão). No fundo, é tudo mitologia. DeRose, Yoga, mitos e verdades, página 313 Uma história mitológica
Visões diferentes da história: 11 História científica, académica História mitológica, ideológica, teleológica
12 Duas filosofias historiográficas diferenciadas História construtivista, Multidisciplinar, reproblematizante História essencialista, Mitológica, romântica e legitimadora
13 Dogma de fé legitimador: QUAL É O YÔGA MAIS AUTÊNTICO Não há dúvida de que o Yôga mais autêntico é o original. Todos concordam com essa premissa. O primeiro a surgir é o mais legítimo. As outras variedades modificaram a proposta e a estrutura inicial, conseqüentemente, passaram a oferecer versões menos genuínas. DeRose, Origens do yôga antigo, página 46
5/8/10 14 UMA VIAGEM NO TEMPO E NO ESPAÇO O estudo do Yôga e da sua história é cativante por tratar-se de uma aventura no tempo e no espaço. Primeiramente, transportamo-nos ao Oriente, à Índia, região para nós misteriosa, [ ] Além dessa viagem ao Oriente, precisamos realizar uma expedição no tempo, recuando mil, dois mil, três, quatro, cinco mil anos! Como seria o povo que viveu naquela época? Quais seriam seus valores e estrutura comportamental? [ ] DeRose, Origens do yôga antigo, página 46
Origem/salvação transcendentes. Heterotópia 15 Transcendencia celeste Mito do eterno retorno Passado préhistórico Eu no aqui e agora: inferno Futuro algures num passado distante interior O Yôga Antigo data de 5.000 anos, um período denominado proto-histórico, pois nem mesmo histórico ele chegava a ser, já que não foram encontrados textos escritos que registrassem a história. A questão é que não conseguimos sequer imaginar como era aquela civilização. Uma coisa parece certa: não eram religiosos.
Mito do eterno retorno 16 História: corrompe; deturpa, fragmenta, desune, torna impuro, caótico, infernal Mito Rito Rito reactualiza o Mito O mito refere-se ao que é original, essencial, sagrado, puro, uno. Um ideal de perfeição, que é, ao mesmo tempo, verdade, paz, felicidade e liberdade, justiça, ordem, harmonia, salvação o paraíso! Rito é o sacrificio, seja isso a prática técnica do yoga, um acto devocional, uma oferenda (puja); ou algo mais genérico, como o trabalho pela causa, cujo custo de realização, em nome do reviver do ideal de perfeição original, sacraliza o adepto
5/8/10 17 Pode uma história ajudar a criar uma identidade religiosa, e a revelá-la? Sim.
A função da história mitológica no contexto religioso: 18 O mito é cosmogónico, ontológico, escatológico, [ ]a verdadeira proposta do Yôga original é relativamente fácil de se demonstrar pelo estudo da Cronologia Histórica do Yôga. Um belo dia, descortinei uma modalidade que ficara perdida durante séculos, o Yôga Pré-Clássico. [ ]O resultado foi impactante e pode mudar a História do Yôga. DeRose, Origens do yôga antigo, página 30 Origem História Indivíduo (Re)fazer a história torna-se o próprio fim e coloca o indivíduo como princípio, meio e fim da sua propria saga.
O mito é o nada que é tudo Fernando Pessoa 19
5/8/10 20 Outras possibilidades de pensar a questão historiográfica do yoga 1- Historicidade construtivista: as identidades são múltiplas, complexas e reconstroem-se constantemente 2 Hipótese historiográfica progressista: o conhecimento do yoga como ferramenta técnico-pratica vai aumentando 3 O yoga fora do tempo-espaço: yoga sou eu a responder a quem sou, a (re)conhecer-me a mim mesmo, ao si mesmo, Purusha/ Atman-Brahman, o real. O sentimento de si não é histórico-cultural.
5/8/10 21 Aquele que vê vive no seu esplendor Yoga-sutra I,3 Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz, Nem invejas que dão movimento demais aos olhos, Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria, E sempre iria ter ao mar. Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos, se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias, Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro Ouvindo correr o rio e vendo-o. Ricardo Reis