USO DE EQUIPAMENTOS E TECNOLOGIAS EM OPERADORES LOGÍSTICOS: UMA ANÁLISE DE ESTUDOS DE CASO E SEUS SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO



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USO DE EQUIPAMENTOS E TECNOLOGIAS EM OPERADORES LOGÍSTICOS: UMA ANÁLISE DE ESTUDOS DE CASO E SEUS SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO PRISCILLA CRISTINA CABRAL RIBEIRO - priscri@ig.com.br UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO - UFOP NAYARA REGINA MARQUES MEYER - naregina@hotmail.com UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO - UFOP RAPHAELA IANNARELLI MARTINO DE FREITAS - raphaella_freitas@yahoo.com.br UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO - UFOP Resumo: AS EMPRESAS TEM UTILIZADO ESTRUTURAS DIFERENTES EM SEUS CENTROS DE DISTRIBUIÇÃO (CDS) PARA ARMAZENAR PRODUTOS DIFERENTES E, PARA MAXIMIZAR ESPAÇO E TEMPO DESPENDIDOS NAS OPERAÇÕES INTERNAS, UTILIZAM TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO (TIS) E EQUIPAMMENTOS. ESSAS EMPRESAS BUSCAM ELEVAR O NÍVEL DE SERVIÇO, A FIM DE CRIAR E MANTER UMA CARTEIRA DE CLIENTES, POR MEIO DA AGILIDADE, REDUÇÃO DE AVARIAS E DE ERROS EM SUAS OPERAÇÕES, DESDE O RECEBIMENTO ATÉ A EXPEDIÇÃO, COMO É O CASO, PRINCIPALMENTE, DOS OPERADORES LOGÍSTICOS (OLS). O OBJETIVO DESSE ARTIGO É APRESENTAR O USO DE EQUIPAMENTOS DE MOVIMENTAÇÃO E ARMAZENAGEM UTILIZADOS POR OPERADORES LOGÍSTICOS (OLS) EM SUAS OPERAÇÕES NOS CENTROS DE DISTRIBUIÇÃO (CDS) E ANALISAR OS SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO E A IMPORTÂNCIA DE TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO (TIS) NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS LOGÍSTICOS. NA PESQUISA FORAM UTILIZADOS: O MÉTODO DE ESTUDO DE CASO, A ABORDAGEM QUALITATIVA E COMO TÉCNICA DE PESQUISA, AS ENTREVISTAS SEMIESTRUTURADAS, COM UM ROTEIRO DE PERGUNTAS ABERTAS E FECHADAS. AS ESTRUTURAS DE ARMAZENAGEM E A AUTOMAÇÃO DEPENDEM AINDA MAIS DAS CARACTERÍSTICAS DOS PRODUTOS DO QUE ASSIM COMO NOS SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO DA LOCALIZAÇÃO DE CLIENTES. NOS ESTUDOS DE CASO, O USO DAS TIS E SEU DESENVOLVIMENTO ESTÃO DE ACORDO COM O PLANEJAMENTO DA EMPRESA, BENEFÍCIOS PARA SUAS OPERAÇÕES E PROPRIEDADE DOS CDS. Palavras-chaves: ARMAZENAGEM; EQUIPAMENTOS; SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO; TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO; OPERADORES LOGÍSTICOS

Área: 1 - GESTÃO DA PRODUÇÃO Sub-Área: 1.3 - LOGÍSTICA E GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO THE USE OF EQUIPMENT AND TECHNOLOGIES IN 3PLS: AN ANALYSIS OF CASE STUDIES AND THEIR DISTRIBUTION SYSTEMS Abstract: COMPANIES HAVE BEEN USING DIFFERENT STRUCTURES IN THEIR DISTRIBUTION CENTERS (DC) TO WAREHOUSE DIFFERENT PRODUCTS, AND TO MAXIMIZE SPACE AND TIME SPENDING IN HOUSE OPERATIONS, THEY IMPLEMENT INFORMATION TECHNOLOGIES (IT) AND EQUIPMENT. THESSE COMPANIES INTEND TO INCREASE THE LEVEL OF SERVICE THROUGH AGILITY, DAMAGES REDUCTION, AND PROBLEMS IN THEIR OPERATIONS, FROM RECEIVING TO EXPEDITION, MAINLY IN 3PL PROVIDERS. THIS PAPER AIMS TO PRESENT THE USE OF WAREHOUSING EQUIPMENT USING BY 3PL PROVIDERS IN THEIR OPERATIONS IN DISTRIBUTION CENTERS, AND ANALYZE THE DISTRIBUTION SYSTEMS AND THE IMPORTANCE OF INFORMATION TECHNOLOGY (IT) IN LOGISTICS SERVICES OFFER. IN THIS RESEARCH THE CASE STUDY, THE QUALITATIVE APPROACH AND A SEMI-STRUCTURE INTERVIEW WITH A LIST OF OPEN AND CLOSE QUESTIONS WERE USED. THE WAREHOUSE STRUCTURE AND THE AUTOMATION DEPEND ON THE CHARACTERISTICS OF PRODUCTS AS IN DISTRIBUTION SYSTEMS RATHER THAN THE LOCATION OF CUSTOMERS. THE USE AND THE DEVELOPMENT OF IT BY THE CASE STUDIES ARE ACCORDING TO THE COMPANY PLANNING, THE BENEFITS TO THEIR OPERATIONS, AND THE PROPERTY OF DISTRIBUTION CENTERS. Keyword: WAREHOUSING; EQUIPMENT; DISTRIBUTION SYSTEM; INFORMATION TECHNOLOGIES; LOGISTICS OPERATORS 2

1. Introdução XIX SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO As empresas tem se deparado com a seguinte decisão: terceirizar ou não as atividades logísticas. Para Ballou (2006), a dúvida entre a realização das atividades logísticas ou a busca pela terceirização dependem do equilíbrio entre as seguintes questões: a importância da logística para o sucesso da firma e a competência da empresa para o gerenciamento logístico. Pela dificuldade de gerenciar as atividades logísticas e por decidir focar nas atividades essenciais para a produção, muitas empresas optam em terceirizar as atividades logísticas e contratam os serviços dos Operadores Logísticos (OLs) para realizar a entrega de seus produtos ao cliente. Segundo a Associação Brasileira de Movimentação e Logística (ABML, 2009), OL é um fornecedor de serviços logísticos, especializado em gerenciar e executar todas ou parte das atividades logísticas nas várias fases da cadeia de suprimentos. Para executar essas atividades de forma eficiente, desde o ponto de origem (embarcador-fornecedor dos produtos) até o destino (cliente varejista), os OLs utilizam sistemas de distribuição (diretos ou indiretos), Tecnologias de Informação (TI) e equipamentos de movimentação e armazenagem que permitem o melhor planejamento e gerenciamento do fluxo logístico, sendo a entrega de produtos no prazo, nas quantidades e condições desejadas um conjunto dos principais indicadores de satisfação dos clientes. Os sistemas de distribuição diretos podem também usar instalações intermediárias, que permitam, em alguns casos, o armazenamento temporário, porém com foco no rápido fluxo de produtos, aliado a baixos custos de transporte, são elas: transit point, cross-docking e mergein-transit (RIBEIRO et al., 2006). Já as TIs tem sido utilizadas por esses OLs para o gerenciamento e transmissão de um maior volume de informações e em tempo real. A transmissão de informações precisas é um dos principais desafios na prestação do serviço logístico (WANKE e AFFONSO, 2011). Em uma pesquisa realizada sobre OLs brasileiros publicada na Revista Intralogística (2011), perguntou-se sobre o papel realizado dos PSLs e em relação a TI, 75% das empresas disseram que vêem os PSLs como usuários, 20% como implantadores e apenas 12% como desenvolvedores de TI. Como consequência disso, apenas 30% dos embarcadores tem como um dos motivos para se contratar o PSL a melhora da utilização de TI, e 85% tem como maior motivo da contratação a redução de custos. O uso de equipamentos de movimentação e armazenagem e as seguintes TIs utilizadas para a armazenagem também são tema do estudo de caso apresentado neste artigo: Sistemas Integrados de Gestão de Empreendimentos (ERP); o Sistema de Gestão de Armazéns (WMS); o código de barras e a Identificação por rádio frequência (RFID). O presente artigo tem por objetivo apresentar o uso de TIs, equipamentos de movimentação e armazenagem utilizados por OLs em suas operações nos centros de distribuição (CDs) e analisar os sistemas de distribuição e a importância de tecnologias de informação (TIs) na prestação de serviços logísticos. O artigo está dividido nos seguintes itens: sistemas de distribuição, estruturas de armazenagem, equipamentos e sistemas de movimentação e o uso de TIs em OLs no Brasil; metodologia; resultados e discussão a partir dos estudos de casos; e a conclusão. A motivação desta pesquisa - e ao mesmo tempo uma contribuição - é entender como os operadores logísticos e prestadores de serviços logísticos tem trabalhado para atender às necessidades dos embarcadores e de seus clientes varejistas. Assim, o artigo traz um estudo de caso realizado em dois operadores logísticos e em um distribuidor de grande porte que funciona como um prestador de serviço logístico para várias empresas do setor de moda. 3

2. Sistemas de distribuição, equipamentos de movimentação e estruturas de armazenagem 2.1 Sistemas de distribuição A atividade de distribuição compreende uma das funções logísticas, que pode ser desempenhada pela própria empresa ou por uma terceirizada (no caso o OL). Os OLs quando realizam a atividade de distribuição possuem uma grande responsabilidade de satisfação dos clientes, interligando desde a empresa fornecedora até o cliente final da cadeia de suprimentos, pois a entrega de produtos no prazo é um dos principais indicadores de satisfação dos clientes. Chiavenatto (2006, p. 157) acredita que: toda distribuição envolve um sistema complexo de atividades, isto é, um conjunto ou combinação de atividades, forma de venda, intermediários e meios de entrega que constituem um todo integrado e necessário para fazer com que o produto/serviço da empresa chegue até o consumidor final ou consumidor industrial. Para que os OLs entreguem os produtos no prazo, estes podem utilizar sistemas de distribuição que os auxiliem. Esses sistemas podem ser diretos ou indiretos (escalonados). Segundo Lacerda (2000), nos sistemas indiretos, a empresa possui um ou mais armazéns centrais e um conjunto de centros de distribuição avançados, próximos aos clientes. Os sistemas de distribuição diretos podem usar instalações intermediárias, não para manter estoque, mas para permitir um fluxo rápido de produtos nos CDs, aliados a baixos custos de transportes (RIBEIRO et al., 2006). As instalações intermediárias que serão abordadas neste tópico são: cross docking, transit point, merge in transit, break bulk e milk run. O resumo desses sistemas de distribuição pode ser visto Na Tabela 1: TABELA 1 - Sistemas de distribuição. Variáveis Cross-docking Transitpoint Atividades sortimento pré-alocação separação produtos consolidação de Merge-in-transit consolidação postergação Break bulk Separação Estoque não gera não gera componentes para não gera postergação Fornecedor mais de um Um mais de um Separação 1 Consolidação mais de um Clientes mais de um mais de um mais de um Separação mais de uma rota por clientes diferentes Consolidação uma rota por clientes diferentes Fonte: Elaborado pelos autores. Além dos sistemas que constam na Tabela 1, a estratégia milk run, segundo Silva e Tondolo (2012), é um sistema de coletas programadas de materiais, utilizando um único equipamento de transporte, podendo ser administrado por um OL. Este realiza as coletas de um ou mais fornecedores e entrega a mercadoria em horários e dias já estabelecidos. Esse sistema de coleta não consta na Tabela 1 porque os autores desse artigo não consideram o milk-run como um sistema de distribuição. 2.2 Estruturas de armazenagem As estruturas de armazenagem são essenciais na atividade de armazenagem dos itens nos armazéns ou CDs, diminuindo os estoques e organizando o espaço destinado a 4

armazenagem. Segundo Paoleschi (2009), as estruturas de armazenagem são elementos básicos para o uso racional do espaço e atendem os diferentes tipos de cargas. Essas estruturas são constituídas por perfis em L/U, tubos modulares e perfurados, formando estantes, berços ou outros equipamentos de sustentação. Tais estruturas podem ser: dinâmicas, os porta-paletes convencionais, porta-paletes corredores estreitos, porta-paletes para transelevadores, portapaletes autoportante, porta-paletes deslizante, cantiléver, push-back (também denominado de glide in ou gravity feed) e flow-rack. As estruturas de armazenagem a serem apresentadas na Tabela 2 são aquelas utilizadas nos estudos de caso. TABELA 2: Estruturas de armazenagem. Estrutura/ Dinâmica Cantiléver Push-back Flow-rack características Estrutura 2 corredores para Árvore de metal Possui uma viga Simples, parecida ida e volta dos ou por cantoneiras com batente para os com as gôndolas do páletes perfuradas paletes, trilhos supermercado, de telescópicos para baixa estatura, posicionamento dos formada por trilhos paletes e com e roletes, sendo que roletes ou sua parte superior carrinhos funciona como atacado e a inferior como varejo Produtos/ Perecíveis Peças de grande Produtos mde Pequenos itens materiais porte: madeiras, média rotação perfis trefilados, tubos, barras e pranchas Custo Alto Alto Médio Baixo Vantagens Rotação automática Seletividade e maior seletividade, Alta velocidade na dos estoques, velocidade de acesso a qualquer preparação para permitindo a armazenagem nível de distribuição, utilização do armazenagem, facilita o picking, sistema FIFO produtiva, custo pode ser integrado menor do que o a outros tipos de dinâmico equipamentos de convencional e armazenagem e velocidade maior movimentação de que o drive-in materiais; estático; pode ser flexibilidade na integrado a outros disposição dos tipos de níveis de separação equipamentos Fonte: Elaborado pelos autores. 2.3 Equipamentos e Sistemas de manuseio e movimentação de materiais Quanto aos equipamentos de movimentação, segundo Ambrogi (2011), os mais utilizados são: paleteira manual, carrinho hidráulico, empilhadeiras frontais de contrapeso, empilhadeiras elétricas, empilhadeiras pantográficas, empilhadeiras laterais, empilhadeiras trilaterais, empilhadeiras selecionadoras de pedidos, push-pulls e o transelevador. Paoleschi (2009) acrescenta outros que podem ser utilizados para movimentação de materiais, como: veículos industriais, equipamentos de elevação e transferência (transelevador), transportadores contínuos, embalagens, recipientes e unitizadores, estruturas para armazenagem. Os sistemas de manuseio de materiais nos armazéns e CDs podem ser classificados como mecanizados, semi-automatizados, automatizados e orientados pela informação. Os 5

sistemas mecanizados mais comumente utilizados são: empilhadeiras de modo geral, empilhadeiras paleteira manual, cabos de reboque (towlines), rebocadores, esteiras rolantes e carrosséis. Os sistemas semi-automatizados incluem veículos guiados automaticamente (AGVs), separação computadorizada, robótica e estantes dinâmicas. Os sistemas automatizados concentram-se em sistemas de separação de pedidos de caixas principais e em sistemas de estocagem/coleta automatizada. Por fim, os sistemas orientados pela informação é um conceito de manuseio relativo novo, estes sistemas utilizam manuseio mecanizado controlado pela tecnologia de informação (BOWERSOX et al., 2007). Esses equipamentos de movimentação que são utilizados pelas empresas dos estudos de caso e que constam na literatura podem ser vistos na Tabela 3: TABELA 3: Equipamentos de movimentação Equipamentos Descrição Estrutura para operação Paleteira manual Projetada para o manuseio de cargas paletizadas, destinada ao transporte e locomoção horizontal de cargas postas sobre paletes com agilidade e segurança Carrinho hidráulico Desempenha mesmas funções que as paleteiras, mas com um sistema elétrico Empilhadeira de contrapeso frontal Empilhadeira elétrica Empilhadeira pantográfica Empilhadeira lateral Veículo de reboque Empilhadeira trilateral Possui contrapeso em sua parte traseira, que concede a estabilidade à máquina, sendo razoavelmente robusta A velocidade de operação é baixa e emite pouco barulho. O tempo de uso da carga de uma bateria em média é de 14 horas Equipamento com patolas, porém permite maior acesso à carga Faz a operação de carga e descarga nas estruturas de um único lado, evitando que a máquina vire para acessar as posições Consiste em um veículo guiado por um motorista que reboca carretas Conjunto que movimenta / sustenta a carga, com rotação e acesso às cargas nos diversos tipos de estruturas verticais Possui duas opções de rodados que se adaptam aos diferentes tipos de pisos e aplicações Possui sistema elétrico que permite elevar o palete cerca de 20 cm do solo, sem necessidade de acionamento manual Tem bom desempenho em pisos não uniformes, tendo potência suficiente para subir pequenas rampas. Opera em corredores entre 3,5 a 4,5 metros de largura e com altura de elevação de carga limitada a 7m Pode trabalhar com várias no mesmo ambiente. Opera em corredores mais estreitos, em torno de 2,5 metros Opera em corredores estreitos, que variam em torno de 2,5 metros Normalmente opera em corredores em torno de 2 m de largura Capazes de rebocar cargas de 4.000 até 23.000 kg dependendo do tipo de veículo de reboque Opera em corredores estreitos com larguras inferiores a 2 metros Aplicações/Capacidade Possui uma capacidade de carga de 2.500kg, - Está voltada para áreas externas, apresentam mais agilidade no descarregamento das cargas paletizadas. Consegue elevar a carga a 7 metros de altura e sua capacidade de carga pode chegar a 2 toneladas - Pode atingir cerca de 12 m de altura Este é utilizado para separação de pedidos e possui grande flexibildade. Pode atingir alturas superiores a 13 metros. 6

Esteiras rolantes Utilizadas para operações de embarque e recebimento de matérias Ponte rolante É uma máquina que realiza içamento de cargas Empilhadeira à gás Possui a mesma funcionalidade da empilhadeira elétrica, porém é operada por meio de combustão de um gás, propano ou GLP Fonte: Elaborada pelos autores. XIX SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Eliminam a necessidade de movimentação de equipamentos, apenas o produto é movimentado Constituída de viga, carro e talha e pode movimentar cargas nos sentidos vertical, longitudinal e transversal Possui uma grande capacidade de elevação de carga. Sua grande vantagem é sua potência, já que esta possui uma potência superior à empilhadeira elétrica 2.4 Uso de Tecnologias de Informação em OLs no Brasil Utilizadas para separação de pedidos, embarque ou recebimento de materiais Comumente utilizadas em diferentes meios industriais para movimentação e içamento de cargas São empregadas em áreas externas aos armazéns, devido a combustão, em que são liberadas substâncias poluentes Ramalho et al. (2011) afirmam que a logística deixou de ser atividade acessória nas organizações e passou a ser vista como agregadora de valor. Com isso, as exigências dos clientes impuseram novos requisitos às atividades logísticas, em termos de qualidade, velocidade e custos. Diante disso, para esses autores, a terceirização tem sido realizada com o objetivo de reduzir custos, aumentar o desempenho e evitar ou postergar necessidades de investimento. Em 2010, o Prêmio Instituto de Logística e Supply Chain (ILOS) publicou uma tabela apresentando o Mercado Brasileiro de Operadores Logísticos composto no total por 134 OLs. A partir dessa tabela foi realizada uma busca por informações sobre os OLs brasileiros e, mais especificamente, os OLs da região sudeste. Na análise do ILOS (2010), o raio de atuação dos OLs no território nacional e as atividades realizadas por esses, observou-se que a armazenagem e a distribuição são aquelas que mais demandam competência logística Os autores concluíram que dentre os OLs brasileiros, 29,85% deles atuam no sudeste executando a atividade de armazenagem e 34,33% deles atuam na mesma localização, realizando a distribuição. Essa informação é relevante, pois se atribui a importância da região analisada com relação ao espaço geográfico desses OLs. Além dos sistemas de manuseios, a implantação de TIs complexas pelos PSLs e OLs tem sido cada vez mais comum devido à necessidade de transmissão de maiores informações e em tempo real. A transmissão de informações é um dos principais desafios na prestação do serviço logístico (WANKE e AFFONSO, 2011). Em especial, os sistemas ERP padronizam e integram as informações de demanda, tornando-as mais confiáveis para o planejamento dos recursos dos PSLs e OLs no que se refere aos estoques dos clientes, possibilitando uma melhoria operacional (CHOU e CHANG, 2008). Além disso, os PSLs e OLs são mais reconhecidos no mercado quando detêm TIs que disponibilizam informações via internet, como a consulta do status da carga (LIEB e LIEB, 2008 Apud WANKE e AFFONSO, 2008). Quanto às empresas brasileiras que operam com armazenagem que já possuem a TI implantada, a Revista Tecnologística publicou em março de 2011 uma pesquisa sobre o mercado dos Operadores Logísticos no Brasil. A pesquisa foi realizada com 126 OLs, onde eles foram entrevistados sobre sua receita bruta anual e quanto à utilização de rastreamento de sua frota. A Tabela 4 resume as tecnologias mais utilizadas por esses OLs segundo a referida 7

pesquisa e suas características principais. Tais tecnologias são pertinentes a este trabalho por serem apresentadas no estudo de caso. TABELA 4 Resumo das tecnologias utilizadas por OLs e a % dos que utilizam. Tecnologias % dos OLs que Finalidade utilizadas usam Tecnologia de rastreamento por satélite da frota própria 71% Os veículos rastreados podem ser localizados em tempo real por meio de coordenadas e promovem a interface de comunicação com a central de monitoramento. Pode-se obter informações como abertura de portas, início e fim de rotas, quanto tempo ficou parado, dentre outros. As tecnologias disponíveis são: GSM/GPRS, Satelital e Híbrido por 48% celular WMS 88% É um sistema de gestão de CDs que otimiza diversas atividades tais como: recebimento, inspeção, endereçamento, armazenagem, separação, embalagem, carregamento, expedição, emissão de documentos e controle de inventário TMS 76% Faz o monitoramento em tempo real do deslocamento de determinado produto desde a saída do armazém até a entrega ao cliente ERP 84% Permite o planejamento integral de toda a cadeia de suprimentos Fonte: Adaptado da Revista Tecnologística (2011), Spak e Kovaleski (2012), Portal LOGWEB (2009) e Portal LOGWEB (2011) e Figueiredo et al. (2003). Observa-se que a elevada percentagem do uso de TIs pelos operadores logísticos pode refletir na necessidade de aumentar o nível de serviço e na tentativa de reduzir custos logísticos totais. Embora a tecnologia de rastreamento de frota própria por celular ainda apresente uma taxa de uso baixa quando comparada com rastreamento por satélite, pela evolução dos equipamentos de telecomunicações e da inserção da computação ubíqua, talvez essa taxa possa crescer em um futuro próximo e tornar o seu uso mais acessível do que por satélite. Ademais, os celulares poderão agregar funções de controle dos sistemas WMS, TMS e ERP, além de servir como consulta online. 4. Metodologia Esta pesquisa é de natureza qualitativa, aplicada e exploratória, pois visa investigar o uso de equipamentos de movimentação e armazenagem utilizados por OLs em suas operações nos centros de distribuição, bem como analisar os sistemas de distribuição e a importância de tecnologias de informação na prestação de serviços logísticos com base na revisão de literatura e aplicação de entrevistas semiestruturadas (GIL, 2002). Assim, o objetivo é apresentar o uso de TIs, equipamentos de movimentação e armazenagem utilizados por OLs em suas operações nos centros de distribuição. Para isso, foi utilizado o método de estudo de caso, com um instrumento de pesquisa construído a partir da revisão bibliográfica, no qual constam como itens: características da empresa, serviços oferecidos, operações, tecnologia utilizada, sistemas de distribuição, estruturas de armazenagem e TIs utilizadas. Foram contatados quatro grandes OLs que possuem abrangência nacional e três deles concordaram em participar da pesquisa. Um desses OLs foi classificado como um distribuidor de grande porte que funciona como um prestador de serviço logístico para várias empresas do setor de moda. Este artigo é oriundo de um projeto de iniciação científica que teve início em agosto de 2011 e terá seu término em 31 de julho de 2012. A pesquisa foi desenvolvida primeiramente por meio de um levantamento bibliográfico, cujo foco foi no aspecto gerencial 8

da TI e da automação nas estruturas de armazenagem utilizadas por OLs em centros de distribuição. A partir da revisão de literatura, foi realizada a pesquisa de campo, que se encontra no item Resultados e Discussão. Para isso, foram estruturados três estudos de caso sobre o uso de TIs e de automação em um grupo de OLs no Brasil. Essa pesquisa de campo foi realizada entre os meses de março e junho de 2012 em OLs localizados nos estados de Minas Gerais e São Paulo. As entrevistas foram aplicadas a gerentes e diretores responsáveis pelo setor de operações logísticas das empresas do estudo de caso. Para a análise de dados não foi utilizada uma técnica específica, mas todos os pontos levantados nos questionários provenientes da revisão de literatura foram sistematizados com a pesquisa de campo para se realizar a discussão dos casos. 5. Resultados e discussão: estudos de caso 5.1 Caracterização das empresas A empresa 1 é de porte médio, sendo uma multinacional japonesa que opera há 40 anos no Brasil Ela possui unidades no sudeste do país. Na unidade de Minas Gerais, onde foi realizada a pesquisa, a empresa possui 2.500 funcionários, sendo 1.800 no setor de logística e conta com uma receita bruta anual no Brasil de R$300.000.000,00. Ela tem como clientes, principalmente, empresas siderúrgicas, prestando serviços de montagem eletromecânica, manutenção em equipamentos e logística interna. Na área de logística, ela oferece serviços de armazenagem, controle de estoque, embalagens, monitoramento de desempenho, importação e exportação e desembaraço aduaneiro. Os serviços são realizados de forma integrada com os clientes. A operação, no geral, é de responsabilidade do cliente e a estrutura de armazenagem, que engloba TI, o espaço físico, etc é do cliente, ou seja, são CDs dedicados. A empresa 2 possui mais de 100 clientes em todo o Brasil, atuando em todo o território nacional e atendendo a diferentes tipos de empresa, como empresas automobilísticas, empresas alimentícias, empresas na área de informática, empresas do setor de tecnologia, dentre outras. Na área de logística, ela oferece os serviços de armazenagem, controle de estoque, transporte, montagem de kits e conjuntos, paletização, logística reversa, suporte fiscal, monitoramento de desempenho, cross docking e assessoria empresarial. As atividades realizadas por esta aos seus clientes são feitas de forma integrada (transporte e armazenagem) ou específica (somente transporte). Esta empresa possui 46 armazéns e, em geral, esses são terceirizados. A empresa não respondeu quanto à questão das estruturas de armazenagem. A frota de transportes da empresa é terceirizada. A empresa 3 atua na área de comércio eletrônico e operações logísticas há quase dois anos no Brasil e possui, aproximadamente, 1.000 funcionários. A empresa possui CDs de atuação em São Paulo, em alguns países na América do Sul e no México, além de um escritório na cidade de São Paulo. Esta empresa trabalha, especificamente, com revenda de produtos de diferentes marcas, tendo clientes internos (setor de compras, SAC, conteúdo) e externos (clientes finais, consumidores) com contratos de longo prazo. Seus produtos ofertados são artigos da indústria da moda, como calçados, vestuário e acessórios, atingindo a diferentes públicos (feminino, masculino e infantil). Esta possui dois armazéns próprios e os serviços ofertados por ela são: armazenagem, transporte, controle de estoque, embalagem, montagem de kits e conjuntos, gerenciamento de terceiros, logística reversa, suporte fiscal, monitoramento de desempenho e paletização. Os serviços realizados em geral são integrados, com exceção de alguns serviços prestados a marcas específicas, como os serviços de 9

etiquetagem. As estruturas de armazenagem utilizadas são: estantes, porta paletes, cestos e drive in, tratando de estruturas mais simples. Os sistemas de distribuição adotados pelas empresas, as estruturas de armazenagem e os equipamentos utilizados estão apresentados na Tabela 5: TABELA 5 Sistemas de distribuição, estruturas de armazenagem e equipamentos. Empresa 1 Empresa 2 Empresa 3 Sistemas de NR transit point, cross transit point e o cross Distribuição docking e merge in docking transit Estruturas de dinâmica não revelado estantes, porta paletes, armazenagem cestos e drive in Equipamentos de empilhadeira frontal de paleteira manual; empilhadeira elétrica, manuseio e contrapeso, carrinho hidráulico; esteira e carrinho de movimentação esteiras/pontes rolantes empilhadeira frontal de picking manual contrapeso; empilhadeira elétrica; empilhadeira pantográfica; empilhadeira lateral; veículo de reboque; empilhadeira trilateral; empilhadeira a gás e esteiras rolantes Fonte: Elaborada pelos autores. Na empresa 1, área de TI está subordinada a matriz e a TI utilizada nos serviços logísticos da empresa é de propriedade do cliente. Quanto aos investimentos nessa área e na de automação, o entrevistado respondeu que não está satisfeito, há muito espaço para novos projetos que estão aguardando definições... há concorrente com os processos com níveis melhores de automação. Na empresa 2 não existe uma equipe específica para acompanhar a implantação de TI, mas é realizada uma avaliação de acompanhamento, pois a empresa desenvolve os software a serem utilizados em suas operações. O papel da TI para a empresa 3 é crítico e existe uma equipe designada para a implantação, desenvolvimento e aplicação da TI. Além disso, a empresa também é desenvolvedora de TI para evitar uma dependência de outras empresas que atuam na área de desenvolvimento TI. A Tabela 6 apresenta um resumo das TIs utilizadas pelas empresas. TABELA 6 TIs utilizadas pelas empresas dos estudos de caso TIs utilizadas Empresa 1 Empresa 2 Empresa 3 Software de simulação e otimização X WMS X X TMS X ERP X X X RFID Data warehouse X X Código de barras X Consulta pela internet X X Consulta por celular X X EDI X X 10

Picking by voice Rastreamento da frota por satélite Rastreamento da frota por celular Fonte: Elaborada pelos próprios autores. X X X X 5.2 Comparação dos casos Quanto aos sistemas de distribuição, a empresa 1 não trabalha com sistemas de distribuição, segundo o respondente. Já a empresa 2 é a que mais utiliza sistemas de distribuição distintos. Além disso, a empresa 2 e a 3 adotam comumente os sistemas de distribuição transit point e cross docking. O transit point é para atender clientes que estão distantes dos seus fornecedores e funciona como uma passagem, sendo viável para grandes volumes de distribuição; o que se aplica às empresas 2 e 3 que atendem distintos clientes e grandes volumes de mercadorias. O cross docking é o sistema de distribuição mais comumente utilizado sem que ocorra a armazenagem de produtos. A empresa 3 relatou que necessita investir mais nas operações de cross docking. Sobre o uso de equipamentos de armazéns, a empresa 1 é a que utiliza menos equipamentos distintos, esta utiliza a empilhadeira frontal de contrapeso, as esteiras rolantes e a ponte rolante. Isto pode ser justificado pelo tipo de indústria que esta atende, como ela só possui clientes no ramo siderúrgico, a variedade dos produtos que são movimentados nos armazéns é baixa, e, portanto, estes três tipos de equipamentos são suficientes. Por outro lado, a empresa 2 é a que possui maior variedade de equipamentos de armazenagem. Isto pode ocorrer devido a esta ser uma empresa de grande porte no país, pertencente ao grupo de logística líder mundialmente e por atender clientes de diferentes ramos industriais. A referida empresa necessita de equipamentos que manuseiem desde pequenos produtos ligados à área de informática, até produtos de grande porte do ramo automobilístico. A empresa 3 possui menor variedade de equipamentos que a empresa 2, e maior que a 1, tendo cinco distintos equipamentos de armazenagem. Uma questão interessante é que a empresa 2 é a única que opera com empilhadeira à gás, certamente destinada à área externa dos armazéns devido aos gases liberados na combustão. Em relação às três empresas apresentadas e às TIs utilizadas, percebe-se que na empresa 1 o sistema ERP é suficiente para sua operação, devendo tratar-se de um software com diferentes tipos de plataformas e que possui um elo de ligação com seus clientes. A empresa 2 é a que mais utiliza TIs, mas ainda falta o desenvolvimento do código de barras e do sistema RFID, o que poderá trazer benefícios como agilidade nos processos e mais informações sobre as mercadorias (se a mercadoria necessita de uma temperatura ideal de armazenagem e/ou transporte, o cliente designado, de qual fornecedor advêm, dentre outras). A empresa 3 já utiliza o código de barras, mas ainda não utiliza a RFID. Por fim, percebe-se que nenhuma das empresas opera com o sistema milk run. O milk run é um sistema de entrega ou coleta em horários programados e por estar limitado à questão de hora pré-estabelecida entre a empresa e seus clientes; necessita de uma maior organização da OL e uma maior troca de informações entre empresa-cliente. 6. Conclusão Na pesquisa realizada por meio de questionários realizados aos OLs da amostra, percebe-se que essas empresas oferecem serviços integrados com sistemas automatizados, 11

trabalham com um grande número de atividades logísticas, atuam como integradores logísticos, otimizam processos, oferecem diferenciais competitivos, integram regiões geográficas, realizam serviços comuns entre elas; como armazenagem, controle de estoque e monitoramento de desempenho. Por fim, estas ainda desenvolvem soluções tecnológicas por meio de sistemas como o EDI, TMS, ERP, WMS, rastreamento da frota, consulta via internet, entre outros. Dentre as três empresas, a empresa 1 tem um foco mais limitado ao setor siderúrgico, a empresa 3 também tem foco mais limitado e ainda possui uma atividade de revenda de produtos, o que a faz se dedicar menos a essa atividade. A empresa 2 é a empresa maior, que possui uma carteira de clientes mais diversificada, um foco maior em suas atividades de prestação de serviços logísticos. Por a empresa 3 ser maior, ela possui investimentos mais altos e mais focados em suas atividades, podendo no futuro ampliar de uma atividade característica de um 3PL para um perfil de 4PL. O comprometimento em operações e controle de transações comerciais realizadas pela empresa 1 pode reduzir sua dedicação às atividades logísticas, apesar de seus esforços. Os sistemas de distribuição empregados nas três empresas são todos diretos. No caso das empresas 2 e 3, que decidiram pelo uso do transit point e do cross-docking. No primeiro caso, justifica-se porque todas as duas empresas distribuem para regiões distantes, nacionalmente e, no caso da empresa 2, internacionalmente. No caso do cross-docking é justificado porque todas as duas separam e consolidam cargas para envio a varejistas das indústrias atendidas (vestuário, calçados, alimentos, computadores e periféricos). Além disso, observa-se a afinidade do uso de sistemas de distribuição e de TIs, esses dois sistemas diretos utilizados pelas empresas 2 e 3 são aqueles, principalmente o cross-docking, que, segundo a literatura, permite a implantação de TIs, principalmente o EDI. A empresa 2 ainda utiliza o merge in transit, que é uma extensão do cross-docking, com o adicional de um espaço e tempo para a postergação. Essa estratégia bastante utilizada na indústria automobilística, de alimentos e de produtos de informática, é bastante empregada na montagem de kits e conjuntos, o que é realizado pela empresa. A empresa 2 também utiliza o drop and hook, pela característica dos produtos que distribui. O entrevistado da empresa 1 não informou qual seria a escolha da empresa. O sistema milk run não é adotado por nenhuma das três empresas, talvez por tratar-se de um sistema de entrega e coleta em horários programados, o que dificultaria o processo de distribuição, visto que o Brasil possui, ainda, problemas na malha rodoviária (a malha mais utilizada) pelos OLs. As estruturas de armazenagem e a automação dependem ainda mais das características dos produtos do que assim como nos sistemas de distribuição da localização de clientes. Diante disso, a empresa 1 que trabalha com produtos de formatos mais padronizados e que possuem risco de avarias e manuseio menores que os das demais empresas, investe em equipamentos mais simples. A empresa 2 opera e gerencia uma gama de produtos maior, de valor agregado por unidade maior, o que a leva a utilizar equipamentos mais sofisticados. A empresa 3 armazena e distribui produtos que exigem um cuidado maior no manuseio, mas são produtos similares, o que torna sua escolha mais diversa que a empresa 1, mas menos sofisticada que a empresa 2. Quanto ao uso de TI, ainda é necessário um maior envolvimento das empresas na implantação e planejamento de desenvolvimento, assim como da avaliação do retorno obtido com os investimentos em TI, pois apenas para a empresa 3 a TI é crítica. Para isso, deve-se repensar o método de avaliação, implantação e planejamento das TIs, e no caso da empresa 2, designar uma unidade de negócio para apoiar a implantação das TIs. Além disso, somente a empresa 3 é desenvolvedora de TIs, cabendo as duas primeiras empresas passarem a 12

desenvolver suas próprias TIs. Percebe-se que a empresa 2 por ser de maior porte e pertencente ao Grupo líder de logística mundialmente é a que possui maior diversidade de TIs e equipamentos de armazenagem implantados. Porém, cabe a esta empresa e à empresa 1 o desenvolvimento do código de barras, o que facilitaria na movimentação nos armazéns. Como as duas são empresas de grande porte, elas podem desenvolver suas próprias TIs, de acordo com as suas necessidades. Nenhuma das empresas apresentadas utiliza o sistema de RFID, um sistema de identificação que ajudaria no controle de todo o processo, mas que ainda é considerado oneroso no Brasil. As empresas tem CDs de terceiros, no caso da empresa 1 é dos clientes, onde se utiliza bastante TIs, mas a empresa é somente usuária, por não ser a proprietária dos CDs, o que a impede de ter autonomia para implantar as TIs que necessita para as suas atividades logísticas nas instalações. A empresa 2 opera com várias TIs, também, o que é justificável pela diversidade de produtos e informações de clientes diferentes e localidades por todo o continente sul americano. Diante das observações acima, observa-se que quando a empresa decide por ser proprietária ou terceirizar os armazéns ou CDs, os tipos de clientes e suas localizações, produtos e volume desses a serem manuseados, todas essas decisões influenciarão em quais tipos de sistemas de distribuição seguir, quais estruturas de armazenagem escolher, quais tipos de equipamentos adquirir e quais TIs implantar. Neese últim caso, quando a empresa for proprietária ainda pode decidir por somente adquirir um pacote tecnológico ou desenvolver internamente. Esse artigo poderá informar às empresas sobre suas atividades e escolhas de estruturas de armazenagem, sistemas de distribuição, equipamentos e TIs. Sugere-se, como pesquisas futuras: ampliação da amostra das OLs, alcançando mais OLs no território nacional; aplicação do questionário nos principais clientes das mesmas, a fim de observar a cadeia de suprimentos da empresa, abordando a questão dos serviços ofertados pelos OLs; aplicação da amostra nas empresas que não terceirizam os serviços logísticos. Referências ABML - Associação Brasileira de Movimentação e Logística. Conceito do Operador Logístico. Fev. 1999. Disponível em: <http://www.abml.org.br/conceito.htm>. Acesso em: 20 nov. 2011. AMBROGI, M. S. M. Identificação de falhas de uso de WMS em armazenagem: Um estudo de caso. 125f. Monografia (Graduação em Engenharia de Produção). Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto UFOP, Ouro Preto, 2011. BALLOU, R. H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos. 5ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J.; COOPER, M. B. Gestão da Cadeia de Suprimentos e Logística. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. CHIAVENATO, I. Administração de Materiais, uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2006. CHOU, W, S.; CHANG, Y. C. The implementation factors that influence the ERP (enterprise resource planning) benefits. Decision Support Systems, n. 46, p. 149-157, 2008. FIGUEIREDO, K. F.; FLEURY, P. F.; WANKE, P. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos. Planejamento do Fluxo de Produtos e dos Recursos. 1ª ed. Rio de Janeiro: Atlas, 2003. GIL, A. C.. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. ILOS Instituto de Logística e Supply Chain. Prêmio ILOS Logística, 2010. Disponível em: <www.ilos.com.br>. Acesso em: 25 nov. 2011. LACERDA, L. Armazenagem estratégica: analisando novos conceitos. In: FLEURY, P. F.; WANKE, P.; FIGUEIREDO, K. F. Logística empresarial: a perspectiva brasileira. São Paulo: Atlas, 2000. 13

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