PRA VIDA PROGRAMA DE APOIO A VIDA
Definições Doença crônica: Persiste por períodos superiores a seis meses e não se resolve em um curto espaço de tempo e apresentam efeitos de longo prazo, difíceis de prever. Não põe em risco imediato a vida de um paciente, por isso não assume caráter de emergência. Apesar de uma doença crônica não ser uma emergência, ela pode ser extremamente séria em determinados tipos de câncer, doenças respiratórias, doenças cardiovasculares, entre outras. As populações adulta e idosa são as mais afetadas pelas doenças crônicas
No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, nas últimas décadas as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) tornaram-se as principais causas de óbito e incapacidade prematura. As possíveis causas são as transformações sociais e econômicas das últimas décadas e a alterações nos estilos de vida das pessoas: Mudanças dos hábitos alimentares. Aumento do sedentarismo e do estresse. Aumento da expectativa de vida da população. Hoje, elas constituem um sério problema de saúde pública.
Doenças crônicas Doenças crônicas que se manifestam mais na população adulta e idosa: Hipertensão Doenças cardiovasculares Asma Câncer Doenças auto-imunes Diabetes Doença de Alzheimer Doença de Parkinson ou Mal de Parkinson Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) AIDS/SIDA
As doenças crônicas incluem também todas as condições em que um sintoma existe continuamente, e mesmo não pondo em risco a saúde física da pessoa, são extremamente incômodas levando à disrupção da qualidade de vida e actividades das pessoas. EX: síndromes dolorosos.
Doenças cardiovasculares, câncer, diabetes e doenças crônicas respiratórias são as maiores responsáveis pela mortalidade no mundo, representando 60% de todas as mortes. Várias delas podem ser prevenidas ou controladas: Detecção precoce. Adoção de dieta e hábitos saudáveis. Prática de exercícios. Acesso a tratamento adequado recomendado pelo profissional de saúde.
No Brasil, segundo o IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e e Estatistica - 75,5% dos idosos têm alguma doença crônica As doenças físicas, particularmente as graves, crônicas e dolorosas, têm um papel importante em cerca de 20% dos suicídios entre os indivíduos idosos.
Doenças crônicas em que há maior prevalência de comportamento suicida. Câncer Mal de Alzheimer - onde ocorre um declínio cognitivo Mal de Parkinson -é caracterizada por uma desordem progressiva do movimento Doenças Pulmonar Obstrutivas Crônicas DPOCs Bronquite crônica e Enfisema. (Bronquiectasias e Asma) HIV Outras doenças incapacitantes.
Depoimento "Há quatro anos, eu estava andando na rua quando desmaiei, caí e quebrei uma costela. Investigando a causa daquele desmaio, descobri que tenho ateromatose, uma doença degenerativa que entope minhas artérias carótidas e aorta. Isso prejudica o fluxo de sangue e oxigênio para meu cérebro, provocando desmaios e a morte de células nervosas. A ateromatose é imprevisível. Posso ter um derrame, dentro de um mês ou 15 anos, e perder a consciência de quem sou para sempre. Logo que fui diagnosticada, me inscrevi na Dignitas. Eu conhecia e admirava o trabalho do americano Jack Kevorkian, o Dr. Morte, que auxiliava seus pacientes terminais a morrer. Fiquei aliviada ao descobrir uma organização capaz de fazer isso, mesmo que eu tivesse de viajar até a Suíça. Não sei se usarei o serviço algum dia, mas é um conforto ter essa opção. Tenho duas filhas maravilhosas. Uma é mais emotiva e não gosta de tocar no assunto. Mas nenhuma das duas se opõe à minha decisão. Caso eu tenha algum problema grave, com sequelas, elas sabem onde encontrar uma pasta com declarações escritas sobre o meu desejo de cometer suicídio assistido e ser cremada.
Antes, eu era muito ativa. Hoje em dia, tudo é devagar por causa dessa doença. Tenho sono o tempo todo. Sinto dor para engolir. Às vezes, não consigo me equilibrar. Sei que há uma cirurgia para tratar da ateromatose. Mas é um risco. De dois conhecidos que fizeram, um morreu durante a operação e outro ficou com sequelas graves. Como qualquer outra pessoa, adoraria morrer dormindo, de enfarte, daqueles fulminantes. Mas nada me garante esse destino, e eu tenho pavor de perder o controle do meu cérebro. Sei bem como é acompanhar alguém que sofreu disso. Antes de morrer, minha mãe passou três anos delirando num leito de hospital, sem reconhecer pessoas e falar coisa com coisa. Foi terrível. Proibi minhas filhas de a visitarem. As duas tinham que guardar somente lembranças boas da avó, que não parecia mais um ser humano. Quero livrar as minhas filhas dessa dor. Para mim, a morte é o final feliz. Você e seu sofrimento não existem mais. As pessoas próximas ficam tristes, passam por um período de luto e depois sentem saudade.
Frequento médicos e faço exames regularmente. Não deixei de fumar um maço de cigarros por dia. Não há muito o que fazer nesse estágio da vida. Daqui pra frente, o que vier é lucro. Já deixei tudo pronto para elas. Não tenho mania de morte. Sou bem-humorada. Faço um esforço danado para realizar tudo o que ainda posso. Ultimamente, ando atarefada com a reforma do meu apartamento. Não entendo quando alguém sonha viver até os cem anos e não imagina a qualidade de vida e limitações que teria nesta idade. Experimentei muito mais do que várias pessoas de 90 anos. Não fiquei na janela olhando a vida. Aproveitei minha juventude, peguei muito sol, viajei pelo mundo, namorei, casei, me divorciei e trabalhei duro. Não me sinto uma suicida. Jamais pularia da janela. Cada um de nós é diferente e tem a suas crenças. O que serve para mim pode não servir a mais ninguém. Respeito isso. Não sou dona da verdade. Mas sou dona da minha vida."
Suicídio Pacientes com patologias crônicas em estágios avançados tem risco aumentado de suicídio quando comparado a população em geral.(breibart, 2009) No que se refere a ideação suicida, acredita-se que sua prevalência em pacientes com patologias crônicas em cuidados paliativos, seja mais alta do que os estudos revelam. (Breibart, 2009) Pesquisa mostraram que 17% dos pacientes com dor, apresentavam a ideação suicida. E que sua revelação estava atrelada a uma sólida relação médico-paciente.
Suicídio Mesmo com a capacidade física reduzida, observa-se que o ato consumado de suicídio ocorre mais em estágio muito avançado da doença, estando relacionado de forma clara com o prognóstico. Fatores que aumentam o risco de suicídio: Tentativas prévias. Ideação suicida. Histórico familiar
Suicídio Motivações: A perda do status funcional. Considerar-se um peso para os outros. Depressão. Falta de esperança. Medo de sofrer. Reação emocional negativa ao tratamento. Reação adversa ao tratamento.
A Depressão e a Desesperança são fatores importantes a serem observados A Depressão deve ser tratada antes de se propor discussões sobre planejamento de suporte e manutenção ou não, do tratamento ao final da vida em doenças progressivas. A Falta de Esperança é comum em pacientes com prognóstico reservado ou em estágios avançados da doença. A sensação de não ter mais nada a ser feito ou oferecido cria a sensação de abandono e isolamento.
COMUNICAÇÃO DA MÁ NOTÍCIA Cada vez mais as relações entre os profissionais de saúde e o paciente tem sofrido transformações sobre o consentimento a respeito do diagnóstico e tratamento desse último. Quando o tratamento é curativo, é confortável para médico e sua equipe trabalhar com informações. Quando a doença caminha para uma resposta não eficaz e há a possibilidade de morte do paciente, essa relação tende a se tornar difícil. Considerando a morte como um fracasso terapêutico, a comunicação da má noticia se torna muito difícil, as vezes quase impossível.
A exaustão, que é a fadiga no seu sentido mais amplo também é um fator importante no que se refere ao aumento do suicídio em paciente com doença crônica-degenerativa. O desenvolvimento da tecnociência proporciona atualmente uma perspectiva de vida mais longa através da melhora das terapias. Esse fator acaba gerando um maior desgaste social, físico e psicológico.
COMUNICAÇÃO DA MÁ NOTÍCIA A comunicação da Má Notícia deve ser feita pelo médico. Ele pode até ser auxiliado por um psicólogo, porém, ele deve informar o diagnóstico e o prognóstico. O médico precisa desenvolver habilidades para informar a situação ao paciente. Saber transmitir segurança frente a situação e responder as perguntas do paciente com honestidade. Se a comunicação for feito somente por quem não tem a capacidade técnica para responder as frequentes perguntas de forma adequada, com certeza a comunicação será um fracasso.
Avaliação e manejo do paciente potencialmente suicida Deve ser realizada uma acurada avaliação psicológica: Frases de alerta Eu preferia estar morto Eu não aguento mais Nada mais pode ser feito Eu estou sendo um peso para os outros Os outros serão mais felizes sem mim Nessa situação é preciso haver uma escuta atenciosa procurando identificar causas, medos e valores que levam o paciente a ter a ideação suicida.
Intervenção A intervenção deve ser no sentido de prevenir o suicídio através do controle inadequado dos sintomas físicos e psiquiátricos/psicológicos Cuidados Paliativos: Conforto; Atenção; Controle dos sintomas físicos; Presença constante ( papel da família); Facilitar a expressão religiosa; Explorar os sentimentos presentes; Buscar sentido, valores e propósitos para o hoje.
OMS - Organização Mundial da Saúde A OMS considera como paliativos aqueles cuidados totais ativos Fundamental: O controle da dor e de outros sintomas Controle de problemas psicológicos, sociais e espirituais.
Cuidados Paliativos Por que? Predomínio de doenças crônicodegenerativas De evolução lenta, causando muito sofrimento ao paciente e à família Levam ao comprometimento funcional causando dependência física e psicológica.
É necessário que os cuidados paliativos avaliem e preencham as lacunas psicoexistenciais nos pacientes portadores de doenças crônicas, degenerativas ou fora de possibilidade de cura, cumprindo seu papel de abrangê-lo em sua totalidade.