Introdução à Filosofia



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Transcrição:

Universidade do Sul de Santa Catarina Introdução à Filosofia Disciplina na modalidade a distância

Universidade do Sul de Santa Catarina Introdução à Filosofia Disciplina na modalidade a distância Palhoça UnisulVirtual 2011

Créditos Universidade do Sul de Santa Catarina Campus UnisulVirtual Educação Superior a Distância Avenida dos Lagos, 41 Cidade Universitária Pedra Branca Palhoça SC 88137-900 Fone/fax: (48) 3279-1242 e 3279-1271 E-mail: cursovirtual@unisul.br Site: www.unisul.br/unisulvirtual Reitor Ailton Nazareno Soares Vice-Reitor Sebastião Salésio Heerdt Chefe de Gabinete da Reitoria Willian Corrêa Máximo Pró-Reitor de Ensino e Pró-Reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação Mauri Luiz Heerdt Pró-Reitora de Administração Acadêmica Miriam de Fátima Bora Rosa Pró-Reitor de Desenvolvimento e Inovação Institucional Valter Alves Schmitz Neto Diretora do Campus Universitário de Tubarão Milene Pacheco Kindermann Diretor do Campus Universitário da Grande Florianópolis Hércules Nunes de Araújo Secretária-Geral de Ensino Solange Antunes de Souza Diretora do Campus Universitário UnisulVirtual Jucimara Roesler Equipe UnisulVirtual Diretor Adjunto Moacir Heerdt Secretaria Executiva e Cerimonial Jackson Schuelter Wiggers (Coord.) Marcelo Fraiberg Machado Tenille Catarina Assessoria de Assuntos Internacionais Murilo Matos Mendonça Assessoria de Relação com Poder Público e Forças Armadas Adenir Siqueira Viana Walter Félix Cardoso Junior Assessoria DAD - Disciplinas a Distância Patrícia da Silva Meneghel (Coord.) Carlos Alberto Areias Cláudia Berh V. da Silva Conceição Aparecida Kindermann Luiz Fernando Meneghel Renata Souza de A. Subtil Assessoria de Inovação e Qualidade de EAD Denia Falcão de Bittencourt (Coord.) Andrea Ouriques Balbinot Carmen Maria Cipriani Pandini Assessoria de Tecnologia Osmar de Oliveira Braz Júnior (Coord.) Felipe Fernandes Felipe Jacson de Freitas Jefferson Amorin Oliveira Phelipe Luiz Winter da Silva Priscila da Silva Rodrigo Battistotti Pimpão Tamara Bruna Ferreira da Silva Coordenação Cursos Coordenadores de UNA Diva Marília Flemming Marciel Evangelista Catâneo Roberto Iunskovski Auxiliares de Coordenação Ana Denise Goularte de Souza Camile Martinelli Silveira Fabiana Lange Patricio Tânia Regina Goularte Waltemann Coordenadores Graduação Aloísio José Rodrigues Ana Luísa Mülbert Ana Paula R.Pacheco Artur Beck Neto Bernardino José da Silva Charles Odair Cesconetto da Silva Dilsa Mondardo Diva Marília Flemming Horácio Dutra Mello Itamar Pedro Bevilaqua Jairo Afonso Henkes Janaína Baeta Neves Jorge Alexandre Nogared Cardoso José Carlos da Silva Junior José Gabriel da Silva José Humberto Dias de Toledo Joseane Borges de Miranda Luiz G. Buchmann Figueiredo Marciel Evangelista Catâneo Maria Cristina Schweitzer Veit Maria da Graça Poyer Mauro Faccioni Filho Moacir Fogaça Nélio Herzmann Onei Tadeu Dutra Patrícia Fontanella Roberto Iunskovski Rose Clér Estivalete Beche Vice-Coordenadores Graduação Adriana Santos Rammê Bernardino José da Silva Catia Melissa Silveira Rodrigues Horácio Dutra Mello Jardel Mendes Vieira Joel Irineu Lohn José Carlos Noronha de Oliveira José Gabriel da Silva José Humberto Dias de Toledo Luciana Manfroi Rogério Santos da Costa Rosa Beatriz Madruga Pinheiro Sergio Sell Tatiana Lee Marques Valnei Carlos Denardin Sâmia Mônica Fortunato (Adjunta) Coordenadores Pós-Graduação Aloísio José Rodrigues Anelise Leal Vieira Cubas Bernardino José da Silva Carmen Maria Cipriani Pandini Daniela Ernani Monteiro Will Giovani de Paula Karla Leonora Dayse Nunes Letícia Cristina Bizarro Barbosa Luiz Otávio Botelho Lento Roberto Iunskovski Rodrigo Nunes Lunardelli Rogério Santos da Costa Thiago Coelho Soares Vera Rejane Niedersberg Schuhmacher Gerência Administração Acadêmica Angelita Marçal Flores (Gerente) Fernanda Farias Secretaria de Ensino a Distância Samara Josten Flores (Secretária de Ensino) Giane dos Passos (Secretária Acadêmica) Adenir Soares Júnior Alessandro Alves da Silva Andréa Luci Mandira Cristina Mara Schauffert Djeime Sammer Bortolotti Douglas Silveira Evilym Melo Livramento Fabiano Silva Michels Fabricio Botelho Espíndola Felipe Wronski Henrique Gisele Terezinha Cardoso Ferreira Indyanara Ramos Janaina Conceição Jorge Luiz Vilhar Malaquias Juliana Broering Martins Luana Borges da Silva Luana Tarsila Hellmann Luíza Koing Zumblick Maria José Rossetti Marilene de Fátima Capeleto Patricia A. Pereira de Carvalho Paulo Lisboa Cordeiro Paulo Mauricio Silveira Bubalo Rosângela Mara Siegel Simone Torres de Oliveira Vanessa Pereira Santos Metzker Vanilda Liordina Heerdt Gestão Documental Lamuniê Souza (Coord.) Clair Maria Cardoso Daniel Lucas de Medeiros Jaliza Thizon de Bona Guilherme Henrique Koerich Josiane Leal Marília Locks Fernandes Gerência Administrativa e Financeira Renato André Luz (Gerente) Ana Luise Wehrle Anderson Zandré Prudêncio Daniel Contessa Lisboa Naiara Jeremias da Rocha Rafael Bourdot Back Thais Helena Bonetti Valmir Venício Inácio Gerência de Ensino, Pesquisa e Extensão Janaína Baeta Neves (Gerente) Aracelli Araldi Elaboração de Projeto Carolina Hoeller da Silva Boing Vanderlei Brasil Francielle Arruda Rampelotte Reconhecimento de Curso Maria de Fátima Martins Extensão Maria Cristina Veit (Coord.) Pesquisa Daniela E. M. Will (Coord. PUIP, PUIC, PIBIC) Mauro Faccioni Filho (Coord. Nuvem) Pós-Graduação Anelise Leal Vieira Cubas (Coord.) Biblioteca Salete Cecília e Souza (Coord.) Paula Sanhudo da Silva Marília Ignacio de Espíndola Renan Felipe Cascaes Gestão Docente e Discente Enzo de Oliveira Moreira (Coord.) Capacitação e Assessoria ao Docente Alessandra de Oliveira (Assessoria) Adriana Silveira Alexandre Wagner da Rocha Elaine Cristiane Surian (Capacitação) Elizete De Marco Fabiana Pereira Iris de Souza Barros Juliana Cardoso Esmeraldino Maria Lina Moratelli Prado Simone Zigunovas Tutoria e Suporte Anderson da Silveira (Núcleo Comunicação) Claudia N. Nascimento (Núcleo Norte- Nordeste) Maria Eugênia F. Celeghin (Núcleo Pólos) Andreza Talles Cascais Daniela Cassol Peres Débora Cristina Silveira Ednéia Araujo Alberto (Núcleo Sudeste) Francine Cardoso da Silva Janaina Conceição (Núcleo Sul) Joice de Castro Peres Karla F. Wisniewski Desengrini Kelin Buss Liana Ferreira Luiz Antônio Pires Maria Aparecida Teixeira Mayara de Oliveira Bastos Michael Mattar Patrícia de Souza Amorim Poliana Simao Schenon Souza Preto Gerência de Desenho e Desenvolvimento de Materiais Didáticos Márcia Loch (Gerente) Desenho Educacional Cristina Klipp de Oliveira (Coord. Grad./DAD) Roseli A. Rocha Moterle (Coord. Pós/Ext.) Aline Cassol Daga Aline Pimentel Carmelita Schulze Daniela Siqueira de Menezes Delma Cristiane Morari Eliete de Oliveira Costa Eloísa Machado Seemann Flavia Lumi Matuzawa Geovania Japiassu Martins Isabel Zoldan da Veiga Rambo João Marcos de Souza Alves Leandro Romanó Bamberg Lygia Pereira Lis Airê Fogolari Luiz Henrique Milani Queriquelli Marcelo Tavares de Souza Campos Mariana Aparecida dos Santos Marina Melhado Gomes da Silva Marina Cabeda Egger Moellwald Mirian Elizabet Hahmeyer Collares Elpo Pâmella Rocha Flores da Silva Rafael da Cunha Lara Roberta de Fátima Martins Roseli Aparecida Rocha Moterle Sabrina Bleicher Verônica Ribas Cúrcio Acessibilidade Vanessa de Andrade Manoel (Coord.) Letícia Regiane Da Silva Tobal Mariella Gloria Rodrigues Vanesa Montagna Avaliação da aprendizagem Claudia Gabriela Dreher Jaqueline Cardozo Polla Nágila Cristina Hinckel Sabrina Paula Soares Scaranto Thayanny Aparecida B. da Conceição Gerência de Logística Jeferson Cassiano A. da Costa (Gerente) Logísitca de Materiais Carlos Eduardo D. da Silva (Coord.) Abraao do Nascimento Germano Bruna Maciel Fernando Sardão da Silva Fylippy Margino dos Santos Guilherme Lentz Marlon Eliseu Pereira Pablo Varela da Silveira Rubens Amorim Yslann David Melo Cordeiro Avaliações Presenciais Graciele M. Lindenmayr (Coord.) Ana Paula de Andrade Angelica Cristina Gollo Cristilaine Medeiros Daiana Cristina Bortolotti Delano Pinheiro Gomes Edson Martins Rosa Junior Fernando Steimbach Fernando Oliveira Santos Lisdeise Nunes Felipe Marcelo Ramos Marcio Ventura Osni Jose Seidler Junior Thais Bortolotti Gerência de Marketing Eliza B. Dallanhol Locks (Gerente) Relacionamento com o Mercado Alvaro José Souto Relacionamento com Polos Presenciais Alex Fabiano Wehrle (Coord.) Jeferson Pandolfo Karine Augusta Zanoni Marcia Luz de Oliveira Mayara Pereira Rosa Luciana Tomadão Borguetti Assuntos Jurídicos Bruno Lucion Roso Sheila Cristina Martins Marketing Estratégico Rafael Bavaresco Bongiolo Portal e Comunicação Catia Melissa Silveira Rodrigues Andreia Drewes Luiz Felipe Buchmann Figueiredo Rafael Pessi Gerência de Produção Arthur Emmanuel F. Silveira (Gerente) Francini Ferreira Dias Design Visual Pedro Paulo Alves Teixeira (Coord.) Alberto Regis Elias Alex Sandro Xavier Anne Cristyne Pereira Cristiano Neri Gonçalves Ribeiro Daiana Ferreira Cassanego Davi Pieper Diogo Rafael da Silva Edison Rodrigo Valim Fernanda Fernandes Frederico Trilha Jordana Paula Schulka Marcelo Neri da Silva Nelson Rosa Noemia Souza Mesquita Oberdan Porto Leal Piantino Multimídia Sérgio Giron (Coord.) Dandara Lemos Reynaldo Cleber Magri Fernando Gustav Soares Lima Josué Lange Conferência (e-ola) Carla Fabiana Feltrin Raimundo (Coord.) Bruno Augusto Zunino Gabriel Barbosa Produção Industrial Marcelo Bittencourt (Coord.) Gerência Serviço de Atenção Integral ao Acadêmico Maria Isabel Aragon (Gerente) Ana Paula Batista Detóni André Luiz Portes Carolina Dias Damasceno Cleide Inácio Goulart Seeman Denise Fernandes Francielle Fernandes Holdrin Milet Brandão Jenniffer Camargo Jessica da Silva Bruchado Jonatas Collaço de Souza Juliana Cardoso da Silva Juliana Elen Tizian Kamilla Rosa Mariana Souza Marilene Fátima Capeleto Maurício dos Santos Augusto Maycon de Sousa Candido Monique Napoli Ribeiro Priscilla Geovana Pagani Sabrina Mari Kawano Gonçalves Scheila Cristina Martins Taize Muller Tatiane Crestani Trentin

Marciel Evangelista Cataneo Introdução à Filosofia Livro didático Design instrucional Leandro Kingeski Pacheco 1ª edição revista Palhoça UnisulVirtual 2011

Copyright UnisulVirtual 2011 Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. Edição Livro Didático Professor Conteudista Marciel Evangelista Cataneo Design Instrucional Leandro Kingeski Pacheco João Marcos de Souza Alves (1ª Edição Revista) Assistente Acadêmico Aline Cassol Daga (1ª ed. rev.) ISBN 978-85-7817-278-7 Projeto Gráfico e Capa Equipe UnisulVirtual Diagramação Delinea Soluções Gráficas e Digitais LTDA Michael Bernardini Alberto Regis Elias (1ª ed. rev.) Revisão Amaline Boulus Issa Mussi 100 C35 Cataneo, Marciel Evangelista Introdução à filosofia : livro didático / Marciel Evangelista Cataneo ; design instrucional Leandro Kingeski Pacheco ; [assistente acadêmico Aline Cassol Daga]. 1. ed. rev. Palhoça : UnisulVirtual, 2011. 183p. : il. ; 28 cm. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7817-278-7 1. Filosofia. I. Pacheco, Leandro Kingeski. II. Daga, Aline Cassol. III. Título. Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul

Sumário Apresentação...........................................................7 Palavras do professor...................................................9 Plano de estudo...................................................... 11 UNIDADE 1 - O que é Filosofia......................................... 15 UNIDADE 2 - Conhecimento e conhecimento filosófico................ 47 UNIDADE 3 - Filosofia e história: períodos e características............. 65 UNIDADE 4 - Os grandes temas da Filosofia.......................... 109 UNIDADE 5 - A Filosofia na vida e a vida na Filosofia.................. 139 Para concluir o estudo................................................ 165 Referências.......................................................... 167 Sobre o professor conteudista........................................ 173 Respostas e comentários das atividades de autoavaliação............. 175 Biblioteca Virtual..................................................... 183

Apresentação Este livro didático corresponde à disciplina Introdução à Filosofia. O material foi elaborado visando a uma aprendizagem autônoma e aborda conteúdos especialmente selecionados e relacionados à sua área de formação. Ao adotar uma linguagem didática e dialógica, objetivamos facilitar seu estudo a distância, proporcionando condições favoráveis às múltiplas interações e a um aprendizado contextualizado e eficaz. Lembre-se que sua caminhada, nesta disciplina, será acompanhada e monitorada constantemente pelo Sistema Tutorial da UnisulVirtual, por isso a distância fica caracterizada somente na modalidade de ensino que você optou para sua formação, pois na relação de aprendizagem professores e instituição estarão sempre conectados com você. Então, sempre que sentir necessidade entre em contato; você tem à disposição diversas ferramentas e canais de acesso tais como: telefone, e-mail e o Espaço Unisul Virtual de Aprendizagem, que é o canal mais recomendado, pois tudo o que for enviado e recebido fica registrado para seu maior controle e comodidade. Nossa equipe técnica e pedagógica terá o maior prazer em lhe atender, pois sua aprendizagem é o nosso principal objetivo. Bom estudo e sucesso! Equipe UnisulVirtual. 7

Palavras do professor Olá, acadêmico(a)! Seja bem-vindo(a) ao Curso de Filosofia da UnisulVirtual. O nosso curso tem como objetivos: favorecer atividades de pesquisa, difundir a cultura filosófica e incentivar o exercício da cidadania. É este o enfoque que daremos ao apresentar, nesta disciplina, os conceitos introdutórios ao estudo da Filosofia. Queremos familiarizá-lo(a) com o mundo da Filosofia, convencê-lo(a) de que fez uma boa escolha quando optou por aproximar-se da Filosofia e, motivá-lo(a) a permanecer conosco, contribuindo com este projeto: um sonho de muitos amantes da sabedoria. Para quem ama a sabedoria, longe é um lugar que não existe. A distância física que nos separa não é maior que o mútuo interesse que nos une. Nós temos uma mesma paixão e, com o uso das novas tecnologias de informação e comunicação, a distância não é obstáculo para a produção, transmissão e socialização do conhecimento, na interação entre docentes e discentes. Filosofia é busca, é curiosidade em conhecer e inquietação, é um não se contentar de contente. Por isso, não se limite a ler, estudar, fazer o que é dito, sugerido, solicitado neste livro didático: vá muito mais além, vá muito mais longe. Não tenha medo! Para quem ama a sabedoria, longe é um lugar que não existe. Bons estudos! Professor Marciel Evangelista Cataneo

Plano de estudo O plano de estudos visa a orientá-lo no desenvolvimento da disciplina. Ele possui elementos que o ajudarão a conhecer o contexto da disciplina e a organizar o seu tempo de estudos. O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual leva em conta instrumentos que se articulam e se complementam, portanto, a construção de competências se dá sobre a articulação de metodologias e por meio das diversas formas de ação/mediação. São elementos desse processo: o livro didático; o Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem (EVA); as atividades de avaliação (a distância, presenciais e de autoavaliação); o Sistema Tutorial. Ementa O problema do conceito de Filosofia. Filosofia e outras formas de conhecimento. Os dois eixos norteadores para o estudo da Filosofia: o eixo histórico e o eixo temático. Panorama da história da Filosofia: principais períodos e respectivas características. Disciplinas clássicas da Filosofia.

Universidade do Sul de Santa Catarina Objetivos Geral Apresentar a Filosofia e o conhecimento filosófico como uma busca amorosa da sabedoria sobre a existência humana no tempo e no mundo. Específicos Identificar um conjunto de referenciais teóricos que lhe possibilite divisar por detrás de tal multiplicidade de objetos de estudo a unidade que caracteriza a prática filosófica. Conhecer e compreender as especificidades da prática filosófica, diferenciando-a de outras formas de conhecimento e de atitude. Carga Horária A carga horária total da disciplina é 60 horas-aula. Conteúdo programático/objetivos Veja, a seguir, as unidades que compõem o livro didático desta disciplina e os seus respectivos objetivos. Estes se referem aos resultados que você deverá alcançar ao final de uma etapa de estudo. Os objetivos de cada unidade definem o conjunto de conhecimentos que você deverá possuir para o desenvolvimento de habilidades e competências necessárias à sua formação. Unidades de estudo: 5 12

Nome da disciplina Unidade 1 - O que é Filosofia Nesta unidade, você estuda o modo humano de ser e a origem e necessidade da atividade filosófica; a Filosofia como atitude, autonomia, reflexão, crítica, criatividade, sabedoria e visão de mundo; os primórdios da Filosofia e do pensamento ocidental; os objetivos e motivações do projeto pedagógico do curso de graduação em Filosofia da UnisulVirtual. Unidade 2 Conhecimento e conhecimento filosófico Por meio desta unidade, você conhece o conhecimento e o conhecimento filosófico; as diferenças e aproximações entre ciência e filosofia; e as peculiaridades do conhecimento filosófico, assim como a missão do filósofo. Unidade 3 Filosofia e história: períodos e características Você identifica, nesta unidade, a relação entre Filosofia e história; a importância do conhecimento da história e da história da Filosofia; as características dos diferentes períodos da história do pensamento; a relação entre o surgimento dos filósofos e os principais eventos históricos; e as características e transformações da sociedade ocidental. Unidade 4 Os grandes temas da Filosofia Nesta unidade, você conhece os principais temas com os quais se ocupa o pensamento ocidental no desenvolvimento da Filosofia; as disciplinas clássicas da Filosofia; a aproximação do pensamento do acadêmico com o mundo da Filosofia. Unidade 5 A Filosofia na vida e a vida na Filosofia Nesta unidade, você estuda a relação entre a vida humana em seu quotidiano e a reflexão filosófica; a importância do ter objetivos, metas e ideais para a realização da existência humana em todas as suas potencialidades; a Filosofia do cuidado como aproximação ideal e desejável entre reflexão filosófica e vida humana; e o momento existencial humano e seu necessário reencontro com a sabedoria e a Filosofia. 13

Universidade do Sul de Santa Catarina Agenda de atividades/cronograma Verifique com atenção o EVA, organize-se para acessar periodicamente a sala da disciplina. O sucesso nos seus estudos depende da priorização do tempo para a leitura, da realização de análises e sínteses do conteúdo e da interação com os seus colegas e professor. Não perca os prazos das atividades. Registre no espaço a seguir as datas com base no cronograma da disciplina disponibilizado no EVA. Use o quadro para agendar e programar as atividades relativas ao desenvolvimento da disciplina. Atividades obrigatórias Demais atividades (registro pessoal) 14

unidade 1 O que é Filosofia 1 Objetivos de aprendizagem Identificar no modo humano a origem e a necessidade da atividade filosófica. Conhecer e compreender a Filosofia como atitude, autonomia, reflexão, crítica, criatividade, sabedoria e visão de mundo. Identificar os primórdios da Filosofia e do pensamento ocidental. Conhecer os objetivos e motivações do projeto pedagógico do curso de graduação em Filosofia da UnisulVirtual. Seções de estudo Seção 1 Seção 2 Seção 3 Seção 4 O desejo de compreender o mundo O que é Filosofia? Os primórdios da Filosofia Filosofia na UnisulVirtual

Universidade do Sul de Santa Catarina Para início de estudo Nesta primeira unidade, conversaremos sobre a importância do pensar e sobre o desejo humano de compreender a vida e o mundo. Também veremos o que é a Filosofia e conheceremos as principais etapas que percorreu no Ocidente. Afinal, concluiremos que a busca pelo conhecimento e pela sabedoria fez surgir a Filosofia, e que esta muito caracteriza o modo humano de ser. Seção 1 O desejo de compreender o mundo Nosso impulso ao conhecimento é forte demais para que ainda sejamos capazes de estimar a felicidade sem conhecimento, ou a felicidade de uma ilusão forte, firme. (NIETZSCHE, 1983, p. 139). Diante do mundo, da realidade que o cerca, encontram-se no homem o desejo e a necessidade de conhecer, explicar, compreender, dominar, etc. Desejo e necessidade nos tiraram das cavernas, dando início à aventura humana. Homem: um ser que pensa O homem é o animal que pensa! Assim se define o ser cuja principal característica é a racionalidade. A possibilidade do uso da razão nos faz diferentes de todos os outros seres, caracterizandonos como senhor de engenhos e potencialidades. E nos coloca diante da realidade. Diferentemente de outros seres vivos que estão apenas imersos no mundo, o homem está diante do mundo, enfrentando-o, dando-lhe um sentido, transformando-o. Veja o que diz Buzzi sobre o pensar humano. 16

Introdução à Filosofia Para Buzzi (1983, p. 11), Pensar, na significação etimológica do termo, quer dizer sopesar, pôr na balança para avaliar o peso de alguma coisa. Assim, aprender a pensar é aprender a avaliar. Descobrir o verdadeiro peso de cada coisa, fato, realidade. É esta atividade que produz o conhecimento: a justa medida sobre determinado objeto. É por isso que Buzzi diz que o conhecimento das coisas é obra dos que pensam. Um ser que busca explicações A Filosofia é obra humana. É da atitude do homem que pensa. Ao fazê-lo, constrói a sua existência e origina a Filosofia. Pensar é filosofar. Tudo começou na Grécia, banhada pelo mar Mediterrâneo, cujas águas foram o berço de civilizações e impérios. É na Grécia, com suas costas irregulares e suas muitas ilhas, que um punhado de homens contempla os mistérios do céu e do mar. O homem exercita o pensamento, diante do mistério. O homem que pensa é inquieto e suspeita do que vê. A realidade como se apresenta instiga o pensamento. O exercício do pensamento desvela mistérios, revela o escondido, descobre a realidade. Veja o que expressa Martins Filho (1997, p. 19) sobre os primórdios da Filosofia: Nos primórdios da história, as explicações que os homens davam para os fenômenos e para as coisas eram de caráter mitológico: forjavam mitos em que os deuses permeavam todos os acontecimentos (lendas e estórias de seres fabulosos, heróis e divindades) e que eram transmitidos de geração em geração através da tradição oral [...] Os gregos são o primeiro povo a dar explicações racionais às coisas, surgindo daí a Filosofia. No entanto, nos seus começos, a Filosofia não se distinguia das demais ciências: o conhecimento humano primitivo era um amálgama único... Afinal, o que leva um homem à Filosofia? Unidade 1 17

Universidade do Sul de Santa Catarina Para Aristóteles, é a admiração. Desde que dotado para tanto, o homem, impressionado pelo mundo que o circunda, pela variedade e diversidade das coisas que lhe são próximas, e, mesmo, as que se encontram bem distantes, tenta explicá-las com o recurso da razão. Parafraseando Pessoa: Pensar é preciso! Viver não é preciso. Não há nesta frase do poeta nenhum desprezo pela vida, ou elogio exagerado à racionalidade. Pessoa fala de precisão, da confiança, da certeza que brota do exercício do pensamento, contrapondo-se às imprecisões que marcam a vida, principalmente quando vivida sem reflexão. Veja que, já na origem da Filosofia ocidental, encontramos a convicção de que a vida, sem reflexão, não tem sentido. Sócrates, por exemplo, é um grande defensor desta perspectiva. Um ser capaz de compreender Compreender o mundo em que vivemos e o tipo de sociedade à qual pertencemos, o tipo de cultura e de civilização que nos envolvem é tarefa da qual nenhum de nós pode abrir mão. Por isso, pensar é preciso, pois permite a construção do conhecimento, e disto depende a qualidade das nossas escolhas, a realização dos nossos sonhos e projetos. Pensar nos faz sujeito, protagonista da nossa própria história, senhor de si. Pensar liberta, torna-nos livres. Sistemas autoritários, regimes totalitários, tudo faz com que o homem não pense. Fazem uso de todas as formas de manipulação, alienando-o da sua própria existência, levando-o a realizar um projeto de vida que não é seu. O pensamento e o conhecimento produzem ideias, renovam todas as coisas, reinventam o mundo. Entre as qualidades exigidas de um gestor no mundo dos negócios, por exemplo, sobressai-se a capacidade de pensar. Ou seja, avaliar o peso de cada coisa, fato, situação. Medir o peso de cada atitude, escolha, decisão. A sobrevivência e o sucesso pessoal e profissional, 18

Introdução à Filosofia em realidade tão competitiva, dependem desta capacidade de compreender o mundo que nos envolve, os relacionamentos e as circunstâncias que nos definem. Seção 2 - O que é Filosofia? Você já pôde perceber que a Filosofia não é muito fácil de ser definida, não é mesmo? Ela é conhecimento do homem sobre si mesmo e o mundo. Diante desta afirmação, um universo de saberes e mistérios podem ser vislumbrados. Filosofia é uma atitude Figura 1.1 - Immanuel Kant Fonte: Neo Lumen Veritatis (2011). Saiba que Filosofia é antes uma prática, um exercício do pensar. Implica colocar a racionalidade a serviço da curiosidade, do prazer de conhecer. Não basta apenas aprender uma série de definições e teorias. É necessário aprender a filosofar. O filósofo Immanuel Kant (1724-1804) costumava dizer a seus alunos: Não há Filosofia que se possa aprender, só se aprende a filosofar (KANT apud ARANHA e MARTINS, 1996, p. 72). Filosofia é uma atitude! Você já deve ter ouvido esta expressão em algum momento da sua vida: Você tem que ter atitude! A atitude do filósofo caracteriza-se pela humildade intelectual de quem convive com a dúvida; pela admiração crítica diante dos mistérios e contradições da realidade; pelo espanto e encantamento diante do que se apresenta como normal ou natural. Filosofia é autonomia Conforme Pacheco e Nesi (2007, p. 23), a palavra autonomia está ligada à capacidade de pensar por si próprio. Tem origem grega e é composta por duas outras palavras, autós e nómos. Autós refere-se à condição de independência, de realizar algo Unidade 1 19

Universidade do Sul de Santa Catarina por si mesmo, por si próprio. Nómos refere-se à lei, à norma, à regra. Autônomo é aquele que é capaz de estabelecer regras e procedimentos a partir de si mesmo. Os seres humanos encontram na autonomia um pressuposto para a realização do sujeito no exercício da liberdade. Não desenvolver esta habilidade implica ser conduzido, manipulado, robotizado, coisificado. Filosofia é autonomia, pois, enquanto reflexão, possibilita as escolhas que irão determinar os caminhos pelos quais trilhará o indivíduo que pensa a vida e se torna apto a conduzi-la segundo a sua própria vontade. Filosofia é reflexão O trabalho filosófico é um trabalho de reflexão. Esta palavra define bem a atitude do filósofo: reflexão vem do verbo latino reflectere, que significa voltar atrás. Filosofar significa, portanto, retomar, reconsiderar os dados disponíveis, revisar, analisar, examinar, prestar atenção. É este o sentido da expressão acercarse amorosamente do saber. A Filosofia é um exercício de raciocínio, é uma maneira de se posicionar diante das coisas e fatos do mundo. A Filosofia não é um conjunto de conhecimentos prontos, um sistema acabado, fechado em si mesmo. Mas um constante ver e rever, que permite o desenvolvimento e a evolução. A reflexão é o que qualifica o conhecimento filosófico, e esta reflexão tem que ser um exercício profundo e sério: ela tem que ser crítica. 20

Introdução à Filosofia Filosofia é crítica A palavra crítica vem do grego krisis (crise) e significa purificação, crescimento. É o conceito de crítica que torna a reflexão filosófica qualitativamente superior a uma reflexão, pelo simples prazer de refletir. Conforme Pacheco e Nesi (2007, p. 25), a crítica está ligada a nossa capacidade de questionar e julgar. Criticar significa não se conformar com as explicações já fornecidas sobre o nosso mundo e a realidade que nos cerca. A crítica está sempre em relação com algo que nos é apresentado. É uma maneira privilegiada de nos posicionarmos perante fatos, objetos, conceitos e situações. O filósofo, feito criança envolta num mundo de muitos e variados porquês, não pára de questionar. Tem um espírito inquiridor, inquieto, investigativo. Conforme Pacheco e Nesi (2007, p. 25), criticar abrange duas características básicas: questionar os fundamentos, as idéias, as causas e os efeitos de um fenômeno; julgar estes fundamentos ou idéias como aceitáveis ou não. Filosofia é crítica. A filosofia parte do que existe, analisa, critica, coloca em dúvida, faz perguntas importunas, abre a porta das possibilidades, faz entrever outros mundos e outros modos de compreender a vida. A Filosofia questiona o modo de ser das pessoas, das culturas, do mundo. Questiona as práticas política, científica, técnica, ética, econômica, cultural e artística. E, por isso, incomoda. A Filosofia quer encontrar o significado mais profundo dos fenômenos. Não basta saber como funcionam, mas o que significam na ordem geral do mundo humano. A Filosofia emite juízos de valor, ao julgar cada fato, cada ação em relação ao todo. Unidade 1 21

Universidade do Sul de Santa Catarina Filosofia é criatividade A Filosofia é criatividade e, conforme Pacheco e Nesi (2007, p. 25): a criatividade está relacionada com a nossa capacidade de gerar [novas explicações e realidades,] de criar o novo. [É a atitude ou atividade criadora.] A criatividade representa um passo posterior em relação à crítica. Se, ao criticar, questionamos e julgamos as explicações sobre o nosso mundo, então, agora estamos preparados para desenvolver a criatividade, ao propor uma nova explicação sobre o mundo. A crítica queima e purifica. A criatividade, por sua vez, constrói o novo. Aqui a Filosofia encontra-se com a ousadia. O filósofo não tem medo de balançar as estruturas do que está estabelecido e caminhar em direção ao novo, ao inaudito. O filósofo é pensamento em busca do novo. Atividade de quem apressa o parto de novas ideias e concepções, gerando novos sentidos e explicações para a realidade. A criatividade, enquanto atitude filosófica, exige a contemplação, a admiração, que são filhas do tempo. A criatividade exige o tempo da gestação do novo. Por isso ela não pode ser apressada sob pena de ser falseada e confundida com mero modismo, que muito barulho faz para, num breve e curtíssimo tempo, dissolver-se no ar pueril das novidades. Filosofia é amor à sabedoria A etimologia da palavra Filosofia confirma o enunciado. O vocábulo, originário do verbo grego philosophein, significa amar (philia) a sabedoria (sophia) ou procura amorosa da verdade, entendida como reflexão da pessoa acerca da vida e do mundo. A Filosofia, além de sofia (saber, ciência), é a procura dessa sofia. 22

Introdução à Filosofia A essência da Filosofia é a procura do saber e não somente a sua posse: O que eu sei, é que nada sei, dizia Sócrates (470-399 a.c.). O sábio não julga saber, o sábio busca, procura, investiga. O verdadeiro sábio sabe que a verdade não lhe pertence e, por isso, acerca-se amorosamente dela. A palavra Filosofia foi utilizada pela primeira vez por Pitágoras (século V a.c.). Em resposta aos que o chamavam de sábio, Pitágoras retrucava, exigindo não ser chamado assim, mas apenas de amante da sabedoria, alguém que procura pelo saber, ou seja: um filósofo. Veja a figura 1.2. Figura 1.2 Pitágoras Fonte: Souza (2008). Filosofia é visão de mundo Filosofar é olhar o mundo com os olhos da Filosofia. Por ser uma particularidade do ser pensante, há um grau considerável de subjetividade na atitude filosófica. Os filósofos podem chegar a conclusões diversas, dependendo das premissas de partida e da situação histórica dos próprios pensadores. A Filosofia está sempre vinculada a um determinado contexto histórico que procura, ao seu tempo, responder às questões que intrigam a racionalidade humana. Estas diferentes concepções são chamadas de sistemas filosóficos. Mas, em qualquer situação, o processo do filosofar ultrapassará a mera informalidade, enquanto compromisso com respostas satisfatórias e com assento na realidade. A Filosofia informal Na vida cotidiana, as pessoas deparam-se com situações para as quais buscam respostas. Estas questões rotineiras são refletidas no ritmo em que acontecem, sem nenhum compromisso com a lógica, a coerência, o formalismo científico, por pessoas comuns, dotadas de racionalidade. Este pensar cotidiano dá origem a uma filosofia vulgar, ou seja, popular, ou do povo. Uma sabedoria de vida. Unidade 1 23

Universidade do Sul de Santa Catarina Além destas reflexões que são provocadas naturalmente pelos acontecimentos diários, as pessoas optam -- condicionadas pelo meio em que vivem ou por tradições arraigadas --, por princípios básicos que norteiam as suas vidas. E, de alguma forma, mesmo sem ser filósofo, toda pessoa tem uma proposta de vida, valores que são eleitos no decorrer da vida, um perfil do que pretende realizar na sua existência, uma maneira específica de enxergar e viver a realidade, mesmo que isto não seja muito claro para ela. Eis aqui o que podemos chamar de filosofia de vida. É preciso deixar claro, no entanto, que esta filosofia informal é subjetiva e superficial. Não obedece a nenhuma exigência formal ou rigorosa. É construída artesanalmente ou espontaneamente, de acordo com a vida que cada indivíduo vai levando. Seu único limite são as convenções sociais, o espaço do outro. Assim compreendida a Filosofia, cada ser humano é um filósofo, pois pensa, reflete e cria a sua própria forma de enxergar o mundo. A Filosofia formal A Filosofia não se resume apenas à filosofia de vida. Ela também tem sua elaboração formal, seu compromisso com a lógica, seus critérios universais. É a chamada Filosofia formal. Para que uma reflexão possa ser chamada de filosófica, é preciso que satisfaça a uma série de exigências. Entre elas, Saviani (2002) destaca três: radicalidade: a Filosofia exige que a questão a ser analisada seja colocada em termos radicais. Quer dizer, é preciso que se vá até as raízes, até seus fundamentos, ou seja, uma reflexão em profundidade; rigorosidade: deve-se proceder à reflexão com rigor, ou seja, sistematicamente, segundo métodos determinados; 24

Introdução à Filosofia totalidade: a questão não pode ser analisada de modo parcial, mas em uma perspectiva de conjunto, relacionando-a com os demais aspectos do contexto em que está inserida. O filósofo, além de pensar com maior rigor lógico, com maior coerência, com maior espírito de sistema, deve conhecer a história do pensamento humano, saber explicar o desenvolvimento que o pensamento teve e ser capaz de retomar os problemas a partir do ponto em que se encontram, depois de terem sofrido as mais variadas tentativas de solução. Esta estrutura racional de tratamento das questões promove a passagem do mito para o logos, das explicações mitológicas e religiosas para as explicações racionais. Seção 3 - Os primórdios da Filosofia Na história do pensamento ocidental, a Filosofia nasce na Grécia, por volta do século VI a.c. Surge, por meio de longo processo histórico, promovendo a passagem do saber mítico ao pensamento racional. O que caracteriza, portanto, a origem da Filosofia, o aparecimento do espírito filosófico enquanto tal é a passagem das explicações a partir do sobrenatural para as explicações racionais ou humanas. Os primeiros filósofos, assim como os poetas Homero e Hesíodo, buscam uma explicação para a relação entre o caos e a ordem do mundo. O que muda é a maneira de entender essa relação. Enquanto o poeta vê os deuses como os responsáveis por tudo que existe e acontece, os antigos pensadores preferem partir das formas da natureza (terra, água, ar etc...) para entender a vida. Unidade 1 25

Universidade do Sul de Santa Catarina A mitologia A palavra grega mythos significa narrativa. Trata-se de uma palavra que aponta a origem dos deuses, do mundo, dos homens, das técnicas (fogo, caça, pesca, artesanato, guerra etc...) e da vida social. No entanto, pode-se afirmar que os mitos são mais do que simples narrativa. De acordo com Chaui (1998, p. 138), são a maneira pela qual, através das palavras, os seres humanos organizam a realidade e a interpretam. Imanência é a qualidade do que está aqui e faz parte deste mundo, da realidade da natureza e da realidade do homem. Naturalismo é a concepção que defende a origem natural do homem e do mundo, sendo a natureza o lugar privilegiado para encontrar respostas e explicações para todo questionamento. Antropomorfismo refere -se a explicações que atribuem aos deuses e à natureza formas humanas. Uma espécie de metáfora em que se fala dos deuses e da natureza a partir do entendimento, linguagem e realidade humana. O pensamento mítico grego teve início desde o séc. XXI ao VI a.c. A verdade do mito não obedece à lógica da verdade empírica, nem da verdade científica. É verdade intuída, que não necessita de provas para ser aceita. É uma intuição compreensiva da realidade, é uma forma espontânea do homem situar-se no mundo. As características do logos, que o contrapõem ao pensamento mítico, são a imanência (oposta à transcendência), o naturalismo e o abandono do antropomorfismo. A passagem da consciência mítica ou religiosa para a consciência racional ou filosófica não aconteceu instantaneamente. Esses dois tipos de consciência coexistiram na sociedade grega. Durante muito tempo, os primeiros filósofos gregos compartilhavam de diversas crenças míticas, enquanto desenvolviam o conhecimento racional que caracterizaria a Filosofia. O mito não é exclusividade de povos primitivos, nem de civilizações nascentes, mas existiu em todos os tempos e culturas como componente indissociável da maneira humana de compreender a realidade, também na sociedade atual. 26

Introdução à Filosofia Tudo começou com Tales O grego Tales de Mileto (624-546 a.c.) é considerado o marco inicial da história da Filosofia. Ele se encontra entre os chamados filósofos pré-socráticos (os que viveram antes de Sócrates). A preocupação principal destes pensadores originais e originantes era a de desvendar para estes gregos os segredos do universo, compreender a natureza num sentido amplo, a physis. Por isso, dizemos que a Filosofia primeira era cosmológica (estudo do cosmos). Tales inaugura uma nova atitude do homem em relação ao mundo. Conforme Pacheco e Nesi (2007, p. 20), começou a questionar racionalmente a natureza com perguntas como essas: - Por que uma planta cresce? Por que ela se desenvolve e morre? Por que os seres vivos nascem, desenvolvem-se e morrem? O que garante a vida dos seres vivos? Qual o princípio (arkhé) que origina todos os seres? Tales não se satisfaz com as respostas dadas pela mitologia, que atribuía a realidade e o sentido de todas as coisas à ação dos deuses e a fenômenos inexplicáveis. Ele procurava investigar, compreender o mundo de modo racional (questionando). Conforme Pacheco e Nesi (2007, p. 21), Tales De acordo com Pacheco e Nesi (2007, p. 20), os gregos antigos tinham uma concepção de natureza diferente da nossa, de hoje. O conceito de natureza (physis) grego abrangia todas as coisas que existem, inclusive a subjetividade humana, o processo de nascimento, desenvolvimento e morte dos seres, o processo de geração e corrupção das coisas. De acordo com Pacheco e Nesi (2007, p. 20), arkhé é uma palavra grega que designa princípio. Os primeiros filósofos, os pré-socráticos, tinham em comum o fato de que investigavam qual seria o princípio (arkhé) constitutivo de todas as coisas presentes na natureza (natureza esta entendida em seu sentido amplo como physis). acredita que há razões, motivos, em função dos quais uma planta, por exemplo, nasce, cresce e morre. Fundamenta a investigação de Tales a concepção de que o nascimento, o crescimento e a morte são efeitos que podemos perceber, mas que existe uma causa que originou esta mudança. Esta relação de causa e efeito, o princípio da causalidade [...] é o caminho de Tales para o entendimento racional da realidade e marca o surgimento da Filosofia como tentativa de investigação racional da realidade.(ibidem, p. 21). Unidade 1 27

Universidade do Sul de Santa Catarina Por que a Grécia? Você sabe por que a Filosofia surgiu justamente na Grécia e naquele período histórico? Quais as condições materiais (políticas, econômicas, sociais, históricas etc...) que permitiram o surgimento da Filosofia? Acompanhe algumas das principais condições, segundo Chaui (1998, p. 31-32). Viagens marítimas - estas permitiram aos gregos descobrir que os locais ditos pelos mitos como habitados por deuses, heróis etc... eram, na verdade, habitados por outros seres humanos; e que as regiões dos mares que os mitos diziam habitadas por monstros e seres fabulosos, não possuíam nada disso. As viagens produziram o desencantamento ou a desmistificação do mundo. A explicação do mito já não era mais razoável. Invenção do calendário - observe que este é uma forma de calcular o tempo conforme as estações do ano, as horas do dia, enfim os fatos importantes que se repetem, revelando, com isso, uma capacidade de abstração nova, ou uma percepção do tempo como algo natural, e não como um poder divino incompreensível. Invenção da moeda - permitiu uma forma de troca que não se realiza através das coisas concretas ou dos objetos concretos trocados por semelhança (escambo), mas uma troca feita pelo cálculo do valor semelhante das coisas diferentes, revelando, assim, uma nova capacidade de abstração e generalização. Surgimento da vida urbana - com predomínio do comércio e do artesanato, dando desenvolvimento a técnicas de fabricação e de troca, diminuiu o prestígio das famílias da aristocracia proprietárias de terras, por quem e para quem os mitos foram criados; além disso, o surgimento de uma classe de comerciantes, que precisava encontrar pontos de poder e de prestígio para suplantar o velho poderio da aristocracia de terras e de sangue (famílias), fez com que se procurassem as artes, as técnicas, os conhecimentos, favorecendo um ambiente onde a Filosofia poderia surgir. 28

Introdução à Filosofia Invenção da escrita alfabética - outro elemento que revela o crescimento da capacidade de abstração e de generalização, uma vez que a escrita alfabética ou fonética, diferentemente de outras escritas (como, por exemplo, os hieróglifos dos egípcios ou os ideogramas dos chineses), supõe que não se represente uma imagem da coisa que está sendo dita, mas a ideia dela, o que dela se pensa e se transcreve. Desenvolvimento da política - que introduz três aspectos novos e decisivos para o nascimento da Filosofia: a ideia da lei como expressão da vontade de uma coletividade humana, que decide por si mesma o que é melhor para si e como ela definirá suas relações internas, dentro da polis; o surgimento de um espaço público, que faz aparecer um novo tipo de discurso, diferente daquele que era proferido pelo mito. Agora, com a polis, surge a palavra como direito de cada cidadão de emitir em público sua opinião, discuti-la com os outros, persuadi-los a tomar uma decisão proposta por ele, de tal modo que surge o discurso político como a palavra humana compartilhada, como diálogo, discussão e deliberação humana; a política estimula um pensamento e um discurso que não procuram ser formulados por seitas secretas dos iniciados em mistérios sagrados, mas que procuram, ao contrário, ser públicos, ensinados, transmitidos, comunicados e discutidos. A idéia de um pensamento que todos podem compreender e discutir, que todos podem comunicar e transmitir, é fundamental para Filosofia. Em torno do ano 1500 a.c., começou a formar-se no seio da cultura semita, provavelmente na Síria, a escrita alfabética. O método consistia na representação gráfica de sons isolados mediante sinais próprios. Foi utilizado por numerosos povos antigos e, posteriormente, permitiu aos fenícios criar seu alfabeto, o qual disseminaram por todos os países a que levaram sua civilização. Os signos do alfabeto fenício, como os de todas as línguas semitas, só representam as consoantes. Os gregos, que o adotaram por volta do ano 800 a.c., acrescentaram-lhe a representação das vogais. Todos os alfabetos posteriores procedem do semita ou do grego e dispõem de um repertório de vinte a trinta letras. A primitiva escrita grega utilizava somente letras maiúsculas; posteriormente, introduziram-se as minúsculas. Segundo Abrão (1999, p. 18), há uma diferença fundamental entre o pensamento mítico e o pensamento racional dos primeiros filósofos. A mitologia exprimia, na forma divina e celestial, todo o conjunto de relações, quer dos homens entre si, quer entre o homem e a natureza. Assim como os deuses são criadores do mundo, o rei é o criador da ordem social. Por isso, a mitologia apenas narra a sucessão de fenômenos divinos, naturais e humanos. Ela não os explica, pois a explicação já está dada pelo poder real. Unidade 1 29

Universidade do Sul de Santa Catarina O desaparecimento do rei divino altera este cenário. A pólis surge como criação da vontade humana. Os acontecimentos, antes considerados realizações do rei (e dos deuses) perdem a base de compreensão. Tornam-se problemas. Para resolvê-los, o homem deve servir-se do meio que ele próprio desenvolveu ao criar a pólis: a razão. Praça pública das antigas cidades gregas, em geral constituída de um espaço aberto, cercado de edifícios públicos. Símbolo da democracia grega, utilizada, sobretudo, em atividades políticas e assembléias dos cidadãos. Epopéia em 24 cantos atribuída ao poeta grego Homero. Narra as proezas do herói Aquiles na Tessália, durante a última etapa da guerra de Tróia, quando esta é tomada pelos gregos. Tróia: Cidade histórica erguida por colonos gregos por volta do ano 700 a.c. Base dos épicos de Homero. Ulisses: Herói da mitologia grega, filho do rei Laerte e de Anticléia. Protagonista das epopéias homéricas, tornou-se símbolo da capacidade humana para superar as adversidades. Odisséia: Epopéia do poeta grego Homero, escrita provavelmente no século VIII a.c. Narra as aventuras de Ulisses, ou Odisseu, rei de Ítaca e marido de Penélope. Também o centro da cidade sofre uma mudança radical com a ágora, a praça pública, onde acontecem as transações comerciais e as discussões sobre a vida da cidade. O acesso à ágora torna-se cada vez maior, estendendo-se, com a instituição da democracia, a todos os que têm direito à democracia, ou seja, habitantes do sexo masculino, adultos e que não sejam estrangeiros ou escravos. No entanto, muito antes do nascimento da pólis, a Grécia já vivia uma vida cultural intensa, da qual Homero é o representante. Os poemas atribuídos a ele, Ilíada e Odisséia, narram as últimas guerras troianas, que ocorreram por volta de 1250 a.c. Ilíada conta a fase final dos combates. Derrotada Tróia, o herói Ulisses parte para Ítaca, sua terra natal, onde a esposa Penélope o espera. Odisséia descreve esta longa viagem através dos mares. Em Ilíada, explica por que os troianos eram vitoriosos em certas batalhas e, em outras, a vitória cabia aos gregos. Os deuses estavam divididos: alguns, a favor de um lado; e outros, a favor de outro. Zeus (o rei dos deuses) ficava com um dos lados a cada vez: aliava-se a um dos grupos (gregos ou troianos) e fazia um dos lados vencer uma batalha. A causa da guerra, aliás, foi uma rivalidade entre as deusas. Elas apareceram em sonho para o príncipe troiano Páris, oferecendo a ele seus dons, e ele escolheu a deusa do amor, Afrodite. As outras deusas, enciumadas, o fizeram raptar a grega Helena, mulher do general grego Menelau, e isso deu início à guerra entre os humanos. 30

Introdução à Filosofia Você quer saber mais sobre a Odisséia de Homero? Então, assista ao filme A Odisséia. Acompanhe os dados básicos, o resumo e contexto histórico do filme. TÍTULO DO FILME: A ODISSÉIA (The Odyssey, EUA 1997) DIREÇÃO: Andrei Konchalovsky ELENCO: Isabella Rosselini, Armand Assante, Eric Roberts, Greta Scacchi, Geraldine Chaplin, Christopher Lee, Irene Papas. 150 min, Alpha Filmes. Resumo: O filme, uma produção de Francis Ford Coppola, é uma adaptação do poema A Odisséia, atribuído a Homero. Narra as aventuras de Ulisses na guerra de Tróia e sua saga para retornar para Itaca e para a sua amada Penélope. Para tanto, luta contra a vontade de deuses e deusas e contra o poder das criaturas mitológicas. A saga de Ulisses representa um marco na passagem da Mitologia para a Filosofia, pois, contra a força dos deuses, o herói usa as qualidades e habilidades humanas (racionalidade, engenhosidade, critividade, coragem). Explicação racional e argumentada da realidade Observando que os antigos narradores (Homero, Hesíodo) só transmitiam tradições, sem dar nenhuma prova de suas doutrinas, Aristóteles (384-322 a.c.), um dos fundadores da Filosofia ocidental, distinguiu entre Filosofia e mito, dizendo ser próprio dos filósofos dar a razão daquilo que falam, ou seja, justificar as suas afirmações. Estabeleceu-se assim, na cultura ocidental, uma primeira delimitação do conceito de Filosofia como explicação racional e argumentada da realidade. No entanto, não havia sido definida, naquele momento, a separação da Filosofia e das diversas ciências. Aristóteles, por exemplo, investigou tanto sobre metafísica, como sobre física, história natural, medicina Unidade 1 31

Universidade do Sul de Santa Catarina e história geral, todas reunidas sob a denominação comum de Filosofia. Somente a partir do Renascimento, as diversas ciências se diferenciaram, e a Filosofia foi-se definindo em seus atuais limites e conteúdos. Pode-se afirmar que o homem sempre se questionou sobre temas como a origem e o fim do universo, as causas, a natureza e a relação entre as coisas e entre os fatos. Essa busca de um conhecimento que transcende a realidade imediata constitui a essência do pensamento filosófico, o qual, ao longo da história, percorreu os mais variados caminhos, seguiu interesses diversos, elaborou muitos métodos de reflexão e chegou a várias conclusões, em diferentes sistemas filosóficos. Desta maneira, Filosofia é uma busca da sabedoria, conceito que aponta para um saber mais profundo e abrangente do homem e da natureza, o qual transcende os conhecimentos concretos e orienta o comportamento diante da vida. A Filosofia pretende ser também uma busca e uma justificação racional dos princípios primeiros e universais das coisas, das ciências e dos valores, e uma reflexão sobre a origem e a validade das ideias e das concepções que o homem elabora sobre ele mesmo e sobre o que o cerca. Seção 4 - Filosofia na UnisulVirtual A presença da Filosofia na Unisul não começa com o oferecimento deste curso na UnisulVirtual: temos uma história de proximidade e afinidade com o saber filosófico. Nesta seção, conheceremos um pouco desta história e acentuaremos alguns aspectos do projeto pedagógico que norteia a proposta atual de Filosofia na modalidade a distância. 32