CLAUDINEI ZAGUI PARESCHI Núcleo de Estudos e Pesquisas: História e Filosofia da Educação Mestrando Orientador: Prof. Dr. Bruno Pucci I Introdução



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Transcrição:

AS NOVAS TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE FILOSOFIA A DISTÂNCIA NO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO DA REDE SÃO PAULO DE FORMAÇÃO DOCENTE (REDEFOR): ANÁLISES. CLAUDINEI ZAGUI PARESCHI Núcleo de Estudos e Pesquisas: História e Filosofia da Educação Mestrando Orientador: Prof. Dr. Bruno Pucci I Introdução O trabalho intitulado: As Novas Tecnologias na Educação e a Formação de Professores de Filosofia a Distância, no curso de Especialização da Rede São Paulo de Formação Docente (Redefor): Análises, investiga o tema das novas tecnologias na educação e na formação continuada de professores à distância. Recentemente, na rede Estadual de São Paulo foi criada a Escola de Formação de Professores Paulo Renato de Souza (EFAP) com o intuito de dar continuidade à formação de professores, visando à capacitação profissional e à implantação do currículo do Estado de São Paulo nas mais diversas disciplinas. Dentro desta escola foi criada com parceria da UNESP e de outras Instituições públicas a REDEFOR (Rede de formação docente) que está movimentando toda a rede e em especial os professores de Filosofia, oferecendo a eles a oportunidade de formação a distância para suprir a necessidade de uma formação voltada para a discussão e análise de temas filosóficos e o incentivo à pesquisa em Filosofia. As ferramentas usadas na EAD trazem ao professor-cursista uma nova oportunidade de aprendizado, facilitando a aquisição de conhecimentos através da troca de experiências entre os envolvidos e das ferramentas tecnológicas responsáveis pela difusão do conhecimento, facilitando o contato com os conteúdos online, com as atividades síncronas e assíncronas mediadas pelo tutor. Por outro lado, as tecnologias podem ser usadas contra o homem, o tornando preguiçoso intelectualmente, atrapalhando a formação e causando a sua semiformação, pois ele deixa de estudar e de fazer algumas atividades básicas necessárias para seu desenvolvimento cultural. Essa semiformação criada por esse método de aquisição rápida de informação sem a devida reflexão crítica pode prejudicá-lo e fazer com que o homem perca a capacidade críticoreflexiva, tão importante para a criação de um ser autêntico, autônomo e emancipado. Ao investigar os objetivos do curso da REDEFOR procura-se entender se neste caso, a tecnologia está a favor do homem na produção do conhecimento ou contra ele como reprodutora do capitalismo que obstrui a capacidade crítica do indivíduo e mercantiliza a educação, massificando os indivíduos e botando um freio no trabalho intelectual. Desta forma, é preciso repensar a educação baseada nos valores e nos princípios dos filósofos frankfurtianos para que a barbárie presente em Auschwitz não se repita, usando temas e estratégias de ensino que possam atrair os alunos para a reflexão crítica e filosófica, necessária para a cidadania. II Objetivos e fundamentos teóricos O objetivo desta pesquisa é desenvolver a partir da teoria crítica da sociedade os conceitos de formação cultural, razão instrumental, semiformação, Indústria Cultural, técnica e tecnologia para poder, com eles, analisar se a iniciativa do Governo Estadual de São Paulo em ofertar um curso de Especialização à Distância contribui para a formação do professor de Filosofia enquanto aluno ou se o mesmo é mais um meio de favorecer a semiformação e a dominação que a tecnologia exerce nas pessoas em nossos dias. O objetivo principal dessa pesquisa é apresentar o Curso de Especialização de professores de Filosofia da REDEFOR à distância como uma alternativa para quem quer se atualizar e não dispõe de tempo para frequentar os cursos presenciais, em consonância com as

contribuições da Teoria Crítica da Sociedade, apropriando-se de seus conceitos como um norte para uma reflexão consistente, tendo como principais referências os filósofos frankfurtianos Adorno, Horkheimer e Marcuse. III Desenvolvimento Esta dissertação está organizada em três capítulos. No capítulo 1, intitulado A Teoria Crítica e a Possibilidade de uma Educação Emancipatória serão analisados aspectos do pensamento dos filósofos frankfurtianos da Teoria Crítica da Sociedade: Adorno, Horkheimer e Marcuse, para dar fundamento às análises em torno da Indústria Cultural, da técnica e da tecnologia e seus impactos na educação e na semiformação do indivíduo. O segundo capítulo intitulado: As Novas Tecnologias na Educação; a Educação à Distância e a Formação de Professores visa abordar a presença das novas tecnologias na Educação e sua influência na criação da Cibercultura e na formação de professores na modalidade EAD. Já o terceiro capítulo com o título: A Formação de Professores de Filosofia à Distância, no curso de Pós-Graduação da Rede São Paulo de Formação Docente (REDEFOR) tem o objetivo de apresentar e analisar os dados do curso de Especialização em Filosofia à Distância da REDEFOR como uma alternativa para a formação e atualização de professores em serviço na rede Estadual de São Paulo, suas contribuições e limitações para a formação de professores. De modo geral, o primeiro capítulo pretende elencar alguns aspectos do pensamento dos filósofos frankfurtianos sobre a técnica e a tecnologia, bem como algumas de suas contribuições para a educação como o conceito de Indústria Cultural e de Semiformação Cultural para poder criar um embasamento teórico e tecer uma crítica à tecnologia hoje, sua ambiguidade e sua influência na sociedade. Adorno se destacou na escola de Frankfurt por levar a fundo a crítica à sociedade administrada. Essa sociedade é marcada pela apatia burguesa que, infiltrando-se nos meios de comunicação de massa, não censurava as notícias da guerra, tornando os homens apáticos e insensíveis. Seu principal objetivo era a domesticação das massas. Numa das suas mais importantes obras, a Dialética do Esclarecimento, escrita em conjunto com Max Horkheimer durante a segunda guerra, Adorno faz uma análise do desenvolvimento do esclarecimento da sociedade ocidental desde os primórdios até o ápice do Iluminismo, uma crítica à razão instrumental, à civilização técnica e à lógica cultural do sistema capitalista que criou uma sociedade de mercado baseada na busca do progresso técnico. Com uma crítica radical ao esclarecimento, nossos filósofos almejavam chegar à gênese da ratio tecnificada para mostrar que o desenvolvimento da modernidade foi marcado por um processo permanente de instrumentalização da razão. Compreender a análise filosófica desenvolvida pelos teóricos frankfurtianos neste sentido pode ajudar a pensar os desafios postos à formação cultural e pelos aparatos tecnológicos cada dia mais modernos e presentes em nossa sociedade e na educação. A instrumentalização da razão pela ciência tornou os indivíduos cada vez menos reflexivos. A tecnologia, que na época de Adorno e Horkheimer era representada pelas máquinas, foi denunciada como resultado da razão instrumental. O que os homens querem aprender da natureza é como empregá-la para dominar completamente a ela e aos homens, nada mais importa (ADORNO E HORKHEIMER, 1985, p.18). Administrados pela racionalidade tecnológica, os indivíduos perdem sua autonomia, ficando cada vez mais vulneráveis frente às exigências do mercado. A coisificação de sua subjetividade os enfraquece, e muitas vezes, não esboçando qualquer reação, caem no conformismo. Todos estes aparatos tecnológicos a que estamos sujeitos em nosso cotidiano e ao mediar a educação, não deixam de possuir a mesma racionalidade técnica que, de acordo com a visão de Adorno e Horkheimer, sempre esteve atrelada ao progresso, ao poder e ao capital. O tema da técnica em Adorno e Horkheimer nos leva a fazer uma profunda

crítica à racionalidade instrumental que, na busca do progresso aliena os homens em seu trabalho e fetichiza a técnica. O processo de desenvolvimento da tecnologia em nossos dias está ligado intimamente aos interesses daqueles que detém os bens de produção e o controle socioeconômico na sociedade, podendo assim, beneficiar o sistema capitalista. O ensaio de Marcuse, Algumas implicações sociais da tecnologia moderna, de 1941, assinala que a tecnologia com a totalidade dos instrumentos que caracterizam a era da máquina é ao mesmo tempo uma forma de organizar e perpetuar as relações sociais, bem como uma manifestação do pensamento e dos padrões do comportamento dominante, ou seja, um instrumento de controle e dominação (MARCUSE, 1999, p. 73). Essa ambiguidade da tecnologia afeta os indivíduos na medida em que estes passam a usá-las mecanicamente e sem limites, passando por cima dos valores e afetando a racionalidade daqueles a quem servem. A tecnologia, neste caso, é resultado do desenvolvimento da técnica a partir do capitalismo tardio, como uma forma de organizar e perpetuar as relações sociais, padronizando os comportamentos dominantes como um instrumento de controle e dominação. O segundo capítulo pretende mostrar como as tecnologias estão presentes no campo educacional de diversas formas mediando a relação entre educador e educando e trazendo a mudança de paradigmas educacionais. Frisa também como se deve prezar a ideia de consciência crítica e autonomia na formação e como a EAD está sendo utilizada como alternativa para a formação continuada de professores. Muito já se debateu sobre as novas tecnologias e educação escolar. Neste meio há aqueles que são otimistas e defendem a sua importância para a formação na atualidade. Por outro lado, há os que são críticos a respeito das novas tecnologias e sua instrumentalização da formação e os que apontam sua importância, mas, ao mesmo tempo evidenciam seus limites. Nossa posição aqui é não é dar conta de tudo o que já foi debatido neste campo e sim trazer novamente uma discussão para podermos analisar a Educação a Distância na formação de professores no curso Filosofia da REDEFOR. Como em nossos dias as transformações tecnológicas estão ocorrendo em toda parte, ou as escolas ou se tornam contemporâneas de seu tempo com o uso das novas tecnologias de informação e de comunicação ou terão suas salas cada vez mais vazias (PUCCI, 2005, p. 1). O uso das novas tecnologias na educação justifica-se pelo grande avanço tecnológico que estamos vivendo e pela crescente presença das novas tecnologias mediando as relações dos indivíduos com o mundo, com o trabalho e como ferramentas fundamentais na possibilidade de redução das desigualdades sociais. Assim, coube a escola o desafio de assegurar a democratização do acesso aos meios tecnológicos e o preparo das crianças e dos agentes escolares para o uso dessas tecnologias como um meio de melhorar a qualidade de ensino e prepará-los para o mercado de trabalho. O recente avanço das tecnologias de informação e comunicação e as ferramentas da WEB 2.0 trouxe uma nova dinamicidade para a EAD em geral. Na formação de professores a EAD vem sendo constantemente utilizada pelas IES públicas e privadas como uma alternativa para quem não pode frequentar um curso superior presencial. MILL (2010) entende que a concepção do que é ensinar e do que é compreender mudou completamente em função das mudanças sociais e tecnológicas dos últimos anos. Com a EAD e em função das mudanças no mercado de trabalho, ser estudante ou ser professor adquire nova configuração o professor deixa de ser um detentor de um saber válido por excelência e o aluno deixa de ser sujeito passivo do processo ensino-aprendizagem (MILL, 2010, p. 296). A interatividade possibilitada pela Web 2.0 proporcionou novos ambientes de ensino-aprendizagem, os ambientes virtuais onde alunos e professores trocam experiências e constroem em parceria o conhecimento. Este sistema oferece maior autonomia ao aluno. Todavia, quando essa interação não acontece, a

aprendizagem fica comprometida e os benefícios que a metodologia EAD pode proporcionar são mal aproveitados. Já o terceiro capítulo pretende apresentar e analisar o curso de especialização a distância em Filosofia da REDEFOR, oferecido pela Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos professores do Estado de São Paulo "Paulo Renato Costa Souza" (EFAP). Sabemos que o intuito deste curso é investir na formação, na capacitação dos professores da rede pública estadual. Porém, queremos diagnosticar seus aspectos relevantes e críticos para a formação dos professores de Filosofia da rede estadual de São Paulo, a fim de revelar como as ferramentas tecnológicas usadas neste curso à distância puderam fornecer ao professor uma nova oportunidade de aprendizado, facilitando a aquisição de conhecimentos, a troca de experiências entre os envolvidos e ao mesmo tempo, levando-o a se atualizar de maneira efetiva. A REDEFOR tem o intuito de oferecer novas estratégias e novos materiais para que a prática pedagógica do professor venha contribuir para a melhoria na educação. Para contribuir com a formação continuada de professores e para uma possível melhora em seu oferecimento em suas próximas edições, o capítulo visa discutir como a formação vem sendo desenvolvida neste curso, como se processa a interação entre tecnologia, formadores e professores de maneira reflexiva e como se dá ou não a integração dos conhecimentos adquiridos com a prática exercida pelos participantes em sala de aula. O curso de especialização em Filosofia foi desenvolvido pela Pró-Reitoria de Pós- Graduação (PROPG), com gestão de tecnologia pelo Núcleo de Educação a Distância (NEaD) da UNESP. O curso é gratuito e teve a duração de 12 meses com carga horária total de 360 horas, sendo 320 horas em atividades no ambiente virtual, complementadas com 40 horas de atividades presenciais. Este curso de Especialização em Filosofia a distância da REDEFOR teve como objetivo possibilitar aos participantes sua atualização para ensino de Filosofia nas escolas estaduais de São Paulo, trazendo reflexões pertinentes para facilitar o trabalho do professor em sala de aula, dando a ele conteúdos teóricos para poder pensar sua prática educacional, no seu contexto escolar. O objetivo principal de nossa pesquisa foi analisar este curso de formação continuada de professores realizado na modalidade à distância, atentando para a eficácia do uso do computador e da Internet. Com isso, compreende-se que as novas tecnologias quando corretamente aplicadas na educação podem ser grandes ferramentas de apoio ao aprendizado dos professores-cursistas em processo de atualização e na construção de um sujeito crítico e autônomo. Porém, não se pode deixar de frisar a importância da mediação correta e necessária para o processo ensino-aprendizagem, o que pede uma preparação constante do professor que irá exercer esta atividade e uma abertura dos envolvidos neste processo para vencer os desafios que esta nova realidade impõe para a efetivação da aprendizagem. Não é apenas o uso do computador e da Internet que vai permitir a construção colaborativa necessária neste curso, mas sim, toda a didática, a metodologia utilizada e o incentivo ao trabalho em conjunto, juntamente com a vontade e empenho dos professores-cursistas em firmar um processo educativo de qualidade que ultrapasse a semiformação. Por fim, queremos analisar como as ferramentas tecnológicas usadas neste curso a distância puderam fornecer ao professor-cursista uma nova oportunidade de aprendizado, facilitando a aquisição de conhecimentos, a troca de experiências e ao mesmo tempo, levando-o a se atualizar de maneira autônoma e efetiva.

IV Considerações finais Nesta pesquisa constatou-se que o produtivismo e o consumismo, frutos das promessas iluministas do progresso do homem no domínio da natureza (Physis), impulsionaram o domínio do homem pela tecnologia que aos poucos foram invadindo todos os setores da vida humana, permeando todas as suas relações, fazendo com que o homem perdesse cada vez mais seu espaço como ser pensante e autônomo na sociedade, evidenciando cada vez mais seu lado excludente e competitivo. Esse processo também é corrente na Educação, onde o homem se vê dependente das novas tecnologias, coisificando-se nas suas relações e prejudicando sua formação cultural (Bildung), vivendo sob seus mandos, sob sua tutela. A EAD, que ainda é nova no país, principalmente em relação às Universidades públicas, proporcionou momentos formativos a muitos professores que só puderam fazer este curso porque fora ofertado a distância, caso contrário, não poderiam estar presentes nas Universidades parceiras. Sabe-se que o intuito deste curso é investir na formação, na capacitação dos professores da rede pública estadual de São Paulo. Porém, como a pesquisa ainda está em andamento, seus resultados ainda não foram diagnosticados com clareza e não se sabe com afinco todos os seus aspectos positivos e negativos para a formação dos professores de Filosofia da rede estadual de São Paulo, cabendo agora uma investigação mais precisa junto aos alunos que concluíram este curso. V Referências Bibliográficas ADORNO, Theodor W.; HORKHEIMER, Max. Dialética do Esclarecimento - Fragmentos filosóficos. Trad. Guido Antônio de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1985.. Educação e Emancipação. 6. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2011.. Minima Moralia: reflexões a partir da vida danificada. Tradução de Luiz Eduardo Bicca. São Paulo: Ática, 1993.. Teoria da Semiformação. In PUCCI, Bruno; ZUIN, A. S; LASTÓRIA, Luiz A. Calmon Nabuco (orgs.). Teoria Crítica e inconformismo novas perspectivas de pesquisa. Campinas, SP: Autores Associados, 2010. MARCUSE, Herbert. Tecnologia, guerra e facismo. São Paulo: editora UNESP, 1999. MILL. D. R. S. Reflexões sobre a formação de professores pela/ para educação à distância: convergências e tensões. In DALBEN, A.; DINIZ, J.; LEAL, L.; SANTOS, L.; (org.). Convergências e tensões no campo da formação e do trabalho docente. Belo Horizonte: Autêntica, 2010, v. p. 295-314. PUCCI, B. Teoria Crítica e Educação: contribuições da teoria crítica para a formação do professor. Espaço Pedagógico, v. 8, p. 13-30, 2001.. Tecnologia, Crise do Indivíduo e Formação. Comunicações (Piracicaba), Piracicaba - SP, v. 02, p. 70-80, 2005. ; RAMOS-DE-OLIVEIRA, Newton. O enfraquecimento da experiência na sala de aula. Pró-posições, Campinas, São Paulo, v. 18, nº 1 (52), p. 41-50, jan/abr 2007. ; LASTÓRIA, Luiz A. C. N; COSTA, Belarmino C. G. (org.). Tecnologia, cultura e formação... Ainda Auschwitz. São Paulo: Cortez, 2003.