AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DOS PACIENTES SOBRE DOENÇAS OCULARES DE UMA CLÍNICA OFTALMOLOGICA DO VALE DO PARAIBA



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Transcrição:

AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DOS PACIENTES SOBRE DOENÇAS OCULARES DE UMA CLÍNICA OFTALMOLOGICA DO VALE DO PARAIBA GONÇALVES, Soraya; ²COSTA, Elza Lima; ³ NASCIMENTO, Fernanda Ofir; ⁴CORREA, Ana de Lourdes; ⁵GAMA, Sandro Alex da Silva. sorayaoftalmica@hotmail.com ; vydalle@hotmail.com ; markinhoslima@uol.com.br; anacorrea@univap.br essergama@hotmail.com ; Faculdade de Ciências da Saúde Enfermagem Univap Avenida Shishima Hifumi, 2911 Urbanova. São José dos Campos São Paulo Resumo: As alterações visuais em geral devem ser levadas em consideração pelos profissionais da área de saúde, pois podem representar doenças primárias, envelhecimento, traumas oculares ou alguma doença sistêmica. A visão reduzida é uma ameaça significativa à qualidade de vida das pessoas e as causas mais comum são: a catarata (bastante comum em idosos), glaucoma, retinopatia diabética, entre outras. O objetivo desse trabalho é caracterizar e avaliar o conhecimento dos pacientes em relação a doenças oculares e orientar quanto à importância do tratamento no caso das mesmas. A metodologia utilizada foi de caráter descritivo exploratório, com abordagem quantitativa. Foi aplicado formulário em 50 pacientes em uma clínica privada, onde 68% eram mulheres e 34% homens De acordo com os gráficos apresentados, 72% consultam o oftalmologista anualmente, 80% possuem convênio e a maioria diz conhecer as patologias, mas se contradizem quando o assunto se refere ao exame de fundoscopia. Concluiu-se através deste estudo que as voluntárias sabem o que é a patologia, mas desconhecem a importância do exame. Observou-se a importância de informações mais detalhadas na prevenção. Palavras-chave: enfermagem, saúde, oftalmologia e visão. Área do Conhecimento: Enfermagem Introdução A perda da acuidade visual, as alterações da visão, o embaçamento ou a diminuição da percepção da luz devem ser levados em consideração pelos profissionais da área de saúde. As alterações podem representar doenças primárias, envelhecimento, traumas oculares ou alguma doença sistêmica. A visão reduzida é uma ameaça significativa à qualidade de vida das pessoas, e as causas mais comuns são: a catarata (sendo esta a causa mais comum em idosos), glaucoma, retinopatia diabética, entre outras (BICAS, 2002). A catarata é a opacificação do cristalino natural do nosso organismo, cuja transparência permite que o raio de luz atravesse a retina e emita imagem. Quando há a presença da catarata, a visão fica turva, pois a luz não consegue atravessar a retina.(silva et al, 2004). Existem vários tipos de catarata, o tratamento é somente cirúrgico, porque este tem o objetivo de substituir o cristalino danificado, pelo artificial.(kanski, 2000). As pessoas idosas têm maior chance de desenvolver catarata, isto significa que com o aumento da expectativa de vida, mais pessoas irão desenvolver a doença e o número de casos de cegueira irá aumentar. Segundo dados da OMS, em 2020 haverá 1,2 bilhões de pessoas com 60 anos ou mais no mundo. De acordo com a Organização Mundial de Saúde 2005, existem atualmente, aproximadamente 180 milhões de deficientes visuais, sendo que 50 milhões de pessoas são classificadas como cegas. Acredita-se que se programas de saúde pública não forem intensificados, desenvolvidos e implantados, esse número poderá ser duplicado nos anos subseqüentes. Dependendo da causa, até 80% dos casos de cegueira ou deficiência visual podem ser evitados, seja por métodos de prevenção ou por tratamento específico. No Brasil, em 1998, foi estimada a existência de 600 mil pessoas cegas por catarata, que se encontravam em duas situações básicas: sem um diagnóstico 1

estabelecido, ou com diagnóstico, mas a espera do tratamento cirúrgico. De acordo com dados pesquisados pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia, em nosso país existem 350 mil pacientes, com idade acima de 50 anos, que estão cegos devido à catarata, sendo que 95% desses casos, a cegueira pode ser corrigida.(silva et al, 2004). Nesse trabalho iremos abordar as três maiores causadoras de cegueira no mundo. O Glaucoma é uma neuropatia geralmente causada por um aumento da pressão intra-ocular (valor normal: 10 a 20mmHg). Acarreta na morte de células ganglionares da retina, com conseqüente dano ao nervo óptico e perda de campo visual, principalmente o periférico. Embora raros, podem ocorrer casos de glaucoma com pressão intra-ocular normal, que se deve a uma doença específica do nervo óptico. (RAMALHO et al, 2007). A fase aguda sintomática do glaucoma agudo primário (GAP) é, geralmente, de duração limitada, dessa forma a prevalência é pouco útil como um índice de morbidade quando comparada a incidência. A dor ocular, a baixa visual e os outros sintomas fazem com que os pacientes procurem atendimento médico quando sofrem uma crise aguda de GAP (MÉRULA et al, 2006). O Glaucoma é um problema de saúde pública, estima-se que 66,8 milhões de indivíduos no mundo são acometidos por glaucoma primário de ângulo aberto (GPAA), sua forma mais prevalente de cegueira bilateral em 10% dos casos.(ramalho et al, 2007). De acordo com a OMS, o glaucoma é a segunda doença ocular que causa cegueira, responsável por 15% dos cegos do mundo. A cegueira causada por glaucoma ocorre em vários países em desenvolvimento como o Brasil, devido às dificuldades de acesso as instituições de saúde que lideram os diagnósticos tardios e o tratamento. Outra causa é o tratamento inadequado, principalmente na dificuldade encontrada para se conseguir as medicações, que em geral são muito caras.(cronemberger et al, 2009). A Retinopatia Diabética (RD) é uma complicação crônica do Diabetes Melitus (DM) que atinge 99% dos pacientes portadores de DM tipo1 e em 60% dos pacientes com DM tipo2. (BOELTER et al, 2003). Ela também é a causa mais freqüente de cegueira não infecciosa, e um problema de saúde mundial. A prevalência da RD após 15 anos de diabetes varia de 97% para DM insulinodependentes e 80% nos diabéticos não insulinodependentes(guedes et al, 2009). Os tipos da RD são o proliferativo e o não proliferativo, os principais sintomas são: visão borrada, moscas volantes e perda repentina da visão. A microangiopatia afeta as artérias pré-capilares, capilares e vênulas retinianas, podendo ocorrer oclusões da microvasculatura ou extravasamento vascular causando edema retiniano. O diagnóstico da RD é feito através do exame de fundo de olho ou através da retinografia fluorescente, onde é injetado um contraste de fluoresceína que mostra os pontos de sangramento. O tratamento da RD é feito por um procedimento chamado panfotocoagulação a laser onde é aplicado tiro de laser para cercar o sangramento e é feito em sessões de 2 a 10 vezes. Os pacientes devem realizar exames em casos leves uma vez ao ano e em casos severos, a cada seis meses. (KANSKI, 2000). Estima-se que no Brasil, 7,6% da população urbana entre 30 e 69 anos de idade apresentem DM, sendo que 46% destes não sabem serem portadores, de acordo com o censo realizado pelo Ministério da Saúde em conjunto com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia, em 1989 (MAIA JUNIOR et al 2007). Cerca de 50% dos pacientes não conhecem o diagnóstico e 24% que são portadores de DM não fazem nenhum tipo de tratamento.(guedes et al, 2009). Estudos epidemiológicos têm fornecido informações valiosas sobre a prevalência e distribuição da RD em diversas populações, o que é muito útil para identificação de subgrupos de risco e para o planejamento de saúde pública. Entretanto, a maioria desses estudos só mostra que o problema existe, fornecendo poucos dados sobre como prevení-lo ou tratá-lo. O objetivo deste trabalho foi caracterizar e avaliar o conhecimento dos pacientes em relação às doenças oculares em uma instituição privada do interior paulista. Metodologia A metodologia utilizada foi do tipo descritivo de caráter exploratório, com abordagem quantitativa realizada através de formulário. A pesquisa foi realizada após aprovação do CEP da Universidade do Vale do Paraíba. Participaram da pesquisa 50 pacientes em uma clínica oftalmológica do Vale do Paraíba, que atende paciente de convênio e particular, após assinarem o termo de consentimento livre e esclarecido, a coleta de dados foi realizada no período de abril e maio de 2009. Para o estudo foram utilizados livros de oftalmologia clínica e artigos levantados em base de dados eletrônicos como Scielo, Bireme e Lilacs. Para a coleta de dados, foram fornecidas orientações aos respondentes em relação aos objetivos da pesquisa, anonimato e sigilo das informações prestadas. Resultados Tabela 1. Perfil dos pacientes (N=50) 2

Característica n % Sexo Feminino 34 68 Masculino 16 32 Particular; 7; 14% SUS; 3; 6% Idade 18 a 25 anos 8 16 25 a 35 anos 17 34 35 a 45 anos 10 20 45 a 55 anos 5 10 Acima de 55 anos 10 20 Escolaridade Ensino fundamental I 9 18 Ensino fundamental II 5 10 Ensino médio 29 58 Ensino superior 7 14 Na tabela 1, a maioria dos pacientes entrevistados eram mulheres (68%), com idade entre 25 e 35 anos que cursaram o ensino médio. Periodicidade de consulta ao oftalmologista Quantidade Semanal; 7; 15% M ensal; 1; 2% Trimestra l; 3; 6% Gráfico 1: Periodicidade de consulta ao oftalmologista Semanal M ensal Anual; De acordo com o gráfico 1, a maioria Trimest ral dos pacientes 36; 77% (77%) consultam o oftalmologista A nual anualmente. Gráfico 1: Periodicidade de consulta ao oftalmologista. A maioria dos entrevistados (77%), freqüenta o oftalmologista anualmente. Convênio; 40; 80% Gráfico 2: Tipos de serviços utilizados SUS Convênio Particular Analisando o tipo de serviço utilizado pelos entrevistados, 80% dos pacientes possuem convênio médico. Tabela 2. Conhecimento dos pacientes sobre as patologias (N=50) Patologias n % Catarata 32 64 Glaucoma 30 60 Retinopatia diabética 33 66 Glaucoma x cegueira 42 84 Tratamento de Glaucoma 35 70 Fundoscopia 20 40 Retinopatia x diabetes 26 52 Quanto ao conhecimento dos pacientes em relação às patologias, o gráfico acima mostra que a maioria, em torno 60% dos pacientes conhecem as patologias. Em relação à cegueira que o Glaucoma causa, 84% relatam saber desse fato, 70% relatam saber sobre a importância do tratamento, porém 60% não sabem da importância da fundoscopia e 48% não sabem sobre as complicações que o diabetes causa, o que nos parece contraditório, pois conforme resultado obtido na pesquisa os voluntários sabem o que é a doença, porém não sabem como proceder. Discussão 3

O presente estudo teve o objetivo de levantar dados que representassem o conhecimento dos pacientes em relação às doenças oculares. Foi avaliado o conhecimento dos pacientes em relação a essas doenças, independente da idade e do grau de instrução escolar. Segundo a tabela 1, 68% dos pacientes entrevistados eram do sexo feminino e 34% do sexo masculino. Kará-Junior (2001), cita em sua pesquisa que, provavelmente esta variável poderá ser relacionada a maior exposição de fatores de risco inerente ao trabalho, transito e, ocasionando traumas oculares. Atualmente as mulheres ocupam grande espaço no mercado de trabalho, enfrentando a estes fatores ambientais. Em relação à faixa etária, conforme a tabela 1: 16% tinham idade de 18 a 25 anos, 34% de 25 a 35 anos, 20% de 35 a 45 anos, 10% de 45 a 55 anos e 20% acima de 55 anos. A identificação e tratamento precoces de distúrbios oculares na infância constituem prioridades de programas de prevenção da cegueira. Medidas preventivas para doenças oculares devem ser planejadas e estabelecidas. No Brasil, a valorização da saúde da pessoa idosa começa a ganhar espaço, através do Pacto pela Vida, onde a saúde do idoso entra como uma das prioridades. Os idosos formam o grupo mais susceptível à deficiência visual e cegueira (BRASIL, 2006). Quanto à escolaridade, a tabela mostra que: 18% tinham somente o ensino fundamental I, 10% o ensino fundamental II, 29% completaram o ensino médio e 14% o ensino superior. O conhecimento em relação à doença ocular constitui condição necessária e antecede as ações do indivíduo para preservar a visão. Conforme Silva et al (2004), o conhecimento dos pacientes em relação ao glaucoma foi relacionado às explicações recebidas e ao nível de escolaridade. A população brasileira em sua maioria, não têm acesso as informações necessárias em relação a saúde em geral e das doenças oculares. Quanto à periodicidade das consultas, conforme mostra o gráfico 1: 14% dos entrevistados fazem consulta semanalmente devido a algum problema crônico, 2% dos voluntários entrevistados faz consulta mensalmente, 6% trimestralmente e 77% consultam o oftalmologista anualmente, esse resultado corrobora com outro estudo realizado por Guedes et al (2009), onde diz que a freqüência anual para exame ocular foi citada como adequada para controle clínico por 26% dos pacientes portadores de RD, porém não mencionou a periodicidade em relação a consulta, entretanto, muitos pacientes (41,3%) não sabiam informar a periodicidade necessária de exames para controle clínico da doença. Neste mesmo estudo em relação aos cuidados para prevenção: 32% dos pacientes não tinham conhecimento dos cuidados necessários para controle de diabetes. O idoso, em especial, tem que ser estimulado pelos profissionais de saúde, para que eles possam ter um controle rigoroso e orientações sobre as alterações metabólicas que ocorrem no seu organismo. A ação do enfermeiro é de suma importância nesse processo, pois eles têm como função capacitar sua equipe, realizar consultas de enfermagem, identificar os fatores de risco, a adesão e intercorrências ao tratamento e encaminhar ao médico quando necessário (FAEDA, 2006). Em relação à característica do serviço utilizado pelos entrevistados conforme o gráfico 2: 80% possuem convênio. Vale salientar que na instituição pesquisada predominam os atendimentos particulares e convênios. Durante esta pesquisa, não se encontrou na literatura nenhum trabalho científico sobre o assunto. Quanto ao conhecimento dos pacientes em relação às patologias, a tabela 2 mostra que a maioria dos pacientes detém conhecimento sobre patologias oftalmológicas, porém identificamos que os mesmos não tinham certeza do que estavam dizendo, ou até mesmo desconheciam a importância da periodicidade dos exames e do tratamento a ser realizado. Nosso resultado corrobora com Costa et al (2006), onde cita em sua pesquisa sobre a variável de avaliação do conhecimento dos pacientes com Glaucoma na cidade de Philadelphia (USA) e Campinas. Os resultados obtidos foram: na Philadelphia 44% dos pacientes não conheciam muito sobre o glaucoma e 31% não sabiam o objetivo dos medicamentos utilizados e 45% não entendeu por que razão o campo visual foi examinado. No entanto, a situação em Campinas foi ainda pior, onde 54% das respostas não foram satisfatórias em relação ao saber o que é o Glaucoma, 54% não sabiam o objetivo do medicamento e 94% não entendeu por que razão seu campo visual foi examinado. Neste estudo, durante as pesquisas encontrou-se um manual de saúde ocular no site do Ministério da saúde (2008), onde descreve sobre triagem, orientação e prevenção, porém não se tem conhecimento sobre o funcionamento do programa na rede de saúde pública em nossa região. Esses fatos reforçam a necessidade da manutenção de orientações e divulgação continuada de informação sobre a prevenção e tratamento. Considerações finais Os profissionais atuantes em locais de saúde, particularmente em serviço de oftalmologia, devem deter conhecimentos científicos essenciais a respeito das afecções oculares, no entanto, não se 4

encontra na literatura, a participação da enfermagem no que diz respeito à oftalmologia. O conhecimento em relação à doença ocular constitui condição necessária e antecede as ações do indivíduo para preservar a visão. A importância de se investigar esse tema reside no fato de que a população brasileira em sua maioria, não tem acesso a informações necessárias em relação à saúde em geral e das doenças oculares. Supõe-se que esse desconhecimento acarreta baixa adesão ao tratamento e conseqüente comprometimento do prognóstico visual. Atualmente, na grande maioria das vezes, este primeiro contato de atendimento oftalmológico acontece no nível secundário de atenção, ou seja, nos ambulatórios de clínicas especializadas em oftalmologia, pelo próprio oftalmologista. Faz-se necessário ainda que o médico de família na atenção básica saiba utilizar métodos específicos de triagem para problemas oculares mais freqüentes. É necessário que durante as consultas gerais, façam-se um melhor acompanhamento em determinados casos de doenças oculares para uma maior resolutividade e integralidade ao nível de atenção básica da população. Infelizmente, na prática, não se observa com freqüência tal envolvimento no cuidado ao indivíduo. Conclusão De acordo com a pesquisa realizada, 68% são mulheres, 58% concluíram o ensino médio e 34% têm idade de 25 a 35 anos. A maioria das pessoas entrevistadas conhece sobre as patologias, mas se contradizem quanto ao conhecimento da importância do exame de fundoscopia. Conclui-se através deste estudo que as voluntárias sabem o que é a patologia, mas desconhecem a importância do exame. Embora os fatores que levam as doenças oculares sejam variados, observou-se a importância de informações mais detalhadas na prevenção. Referências Bibliográficas BICAS H.E.A, Acuidade visual. Medidas e notações Arq. Bras. Oftalmol. vol.65 nº 3 São Paulo, June 2002. BOELTER M.C, Azevedo MJ, Gross JL, Lavinsky J. Fatores de risco para retinopatia diabética. Arq. Bras. Oftalmol. v.66 n.2 São Paulo 2003. BRASIL. Pacto pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2006. 76p. CASTRO A.N.B.V, MESQUITA W.A. Não-adesão à terapêutica medicamentosa de glaucoma. Arq. Bras. Oftalmol. 2008;71(2):207-14 CORREA Z.M.S, Jr. RE, Aspectos patológicos da retinopatia diabética. Arq. Bras. Oftalmol. v.68 n.3 São Paulo maio/jun.2005. COSTA V.P, et al. Patient education in glaucoma: what do patients know about glaucoma.arq.bras.oftalmol. vol.69 nº.6 São Paulo Nov./Dec.2006. CRONEMBERGER S., et al. Prognosis of glaucoma in relation to blindness at a university hospital. Arq. Bras. Oftalmol, 2009:72(2):199-204 FAEDA A, et al. Assistência de Enfermagem a um paciente portador de Diabetes Mellitus.Rev. Brasileira de Enfermagem 2006 novdez;59(6):818-21. GUEDES M. F, et al. Prevalência da retinopatia diabética em unidade do Programa de Saúde da Família. Rev.bras.oftalmol.vol.68 nº.2 Rio de Janeiro mar./abr.2009. KANSKI, JACK J. Oftalmologia Clínica: Uma abordagem Sistemática. Ed. Revinter, 2000. 5ª edição. KARA-JUNIOR N, et al. Aspectos médicos e sociais no atendimento oftalmológico de urgência. Arq.Bras.Oftalmol. 2001;64:39-43. MAIA JUNIOR O. O, et al. Avaliação oftalmológica tardia em portadores de retinopatia diabética. Trabalho desenvolvido no Departamento de Oftalmologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), setor de retina e vítreo. Rev. Assoc. Méd. Bras. 2007;53(1):39-43 MÉRULA R.V, CRONEMBERGER S, NASSIM C. Incidência de glaucoma agudo primário no Serviço de Glaucoma do Hospital São Geraldo. Arq. Bras. Oftalmol. 2008;71(3):389-93 MINISTÉRIO DA SAÚDE. Projeto Olhar Brasil http//portal.saude.gov.br/portal/saúde/gestor/área. cfm?id_area=1300. Acesso em 27/08/2009 às 15:38hs. RAMALHO, C.M, RIBEIRO L. N, OLIVIERI l. et al. Perfil socioeconômico dos portadores de glaucoma no serviço de oftalmologia do hospital universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora-Minas Gerais Brasil. Arq. Bras. Oftalmol. 2007;70(5):809-13 5

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