A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE QUÍMICA NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL: UMA PEDAGOGIA DIFERENTE



Documentos relacionados
FACULDADE INTERNACIONAL DO DELTA PROJETO PARA INCLUSÃO SOCIAL DOS SURDOS DA FACULDADE INTERNACIONAL DO DELTA

INCLUSÃO ESCOLAR: UTOPIA OU REALIDADE? UMA CONTRIBUIÇÃO PARA A APRENDIZAGEM

Iniciando nossa conversa

Necessidade e construção de uma Base Nacional Comum

EMENTÁRIO DAS DISCIPLINAS DO CURSO DE PEDAGOGIA: DOCÊNCIA E GESTÃO EDUCACIONAL (Currículo iniciado em 2009)

QUADRO DE EQUIVALENTES, CONTIDAS E SUBSTITUTAS DA FACULDADE DE EDUCAÇÃO

Prefeitura Municipal de Santos

A INCLUSÃO DOS PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS EDUCATIVAS NAS SÉRIES INICIAIS SOB A VISÃO DO PROFESSOR.

ENSINO DE CIÊNCIAS PARA SURDOS UMA INVESTIGAÇÃO COM PROFESSORES E INTÉRPRETES DE LIBRAS.

SIGNIFICADOS ATRIBUÍDOS ÀS AÇÕES DE FORMAÇÃO CONTINUADA DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DO RECIFE/PE

II Congresso Nacional de Formação de Professores XII Congresso Estadual Paulista sobre Formação de Educadores

A FORMAÇÃO DOCENTE INICIAL NO CURSO DE MATEMÁTICA: RELATOS DECORRENTES DO COMPONENTE CURRICULAR LIBRAS Inês Ivone Cecin Soprano 1

Fundamentos e Práticas em Libras II

A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR DE PEDAGOGIA DA FESURV - UNIVERSIDADE DE RIO VERDE

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E EDUCAÇÃO ESPECIAL: uma experiência de inclusão

Programa de Pós-Graduação em Educação

JOGOS MATEMÁTICOS: EXPERIÊNCIAS COMPARTILHADAS

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº, DE 2009 (de autoria do Senador Pedro Simon)

A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E AS DIFICULDADES ENFRENTADAS POR PROFESSORES DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE FORTALEZA

A língua brasileira de sinais. A língua brasileira de sinais - LIBRAS

NOTA DE ESCLARECIMENTO DA FENEIS SOBRE A EDUCAÇÃO BILÍNGUE PARA SURDOS (EM RESPOSTA À NOTA TÉCNICA Nº 5/2011/MEC/SECADI/GAB)

PROJETO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA DE FORMAÇÃO CONTINUADA PARA EDUCADORES DE JOVENS E ADULTOS

O PSICÓLOGO (A) E A INSTITUIÇÃO ESCOLAR ¹ RESUMO

Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos

AIMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO CONTINUADA COLABORATIVA ENTRE PROFESSORES QUE ATUAM COM PESSOAS COM AUTISMO.

A DANÇA E O DEFICIENTE INTELECTUAL (D.I): UMA PRÁTICA PEDAGÓGICA À INCLUSÃO

Decreto Lei de LIBRAS

III SEMINÁRIO EM PROL DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA Desafios Educacionais

EXPRESSÃO CORPORAL: UMA REFLEXÃO PEDAGÓGICA

PARECER CME/THE Nº024/2008

CONSELHO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO ENCONTRO DOS CONSELHOS DE EDUCAÇÃO DE SERGIPE

CURSO: EDUCAR PARA TRANSFORMAR. Fundação Carmelitana Mário Palmério Faculdade de Ciências Humanas e Sociais

Educação especial: um novo olhar para a pessoa com deficiência

O PROCESSO DE INCLUSÃO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL: UM ESTUDO DE METODOLOGIAS FACILITADORAS PARA O PROCESSO DE ENSINO DE QUÍMICA

JANGADA IESC ATENA CURSOS

O PROCESSO DE INCLUSÃO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIAS NO MUNICÍPIO DE TRÊS LAGOAS, ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL: ANÁLISES E PERSPECTIVAS

EMENTAS DAS DISCIPLINAS OFERECIDAS NO CURSO DE PEDAGOGIA Catálogo 2012

PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: COMPROMISSOS E DESAFIOS

A QUESTÃO ÉTNICO-RACIAL NA ESCOLA: REFLEXÕES A PARTIR DA LEITURA DOCENTE

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA PIBID ESPANHOL

PROJETO DE VIVÊNCIA

REGULAMENTO ESTÁGIO SUPERVISIONADO CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA FACULDADE DE APUCARANA FAP

EMENTÁRIO DAS DISCIPLINAS DO CURSO DE PEDAGOGIA/IRATI - EAD (Currículo iniciado em 2010)

LICENCIATURA EM MATEMÁTICA. IFSP Campus São Paulo AS ATIVIDADES ACADÊMICO-CIENTÍFICO-CULTURAIS

Art. 1º Definir o ensino de graduação na UNIVILLE e estabelecer diretrizes e normas para o seu funcionamento. DA NATUREZA

TEXTO RETIRADO DO REGIMENTO INTERNO DA ESCOLA APAE DE PASSOS:

PROFESSOR PEDAGOGO. ( ) Pedagogia Histórico-Crítica. ( ) Pedagogia Tecnicista. ( ) Pedagogia Tradicional. ( ) Pedagogia Nova.

ERRADICAR O ANALFABETISMO FUNCIONAL PARA ACABAR COM A EXTREMA POBREZA E A FOME.

Breve histórico da profissão de tradutor e intérprete de Libras-Português

RESOLUÇÃO CEPE/CA N 0245/2009

INTERPRETANDO A GEOMETRIA DE RODAS DE UM CARRO: UMA EXPERIÊNCIA COM MODELAGEM MATEMÁTICA

ESTADO DE SANTA CATARINA Secretaria de Estado da Educação Diretoria de Educação Básica e Profissional

Gráfico 1 Jovens matriculados no ProJovem Urbano - Edição Fatia 3;

PAINEL A MÚSICA NA LINGUAGEM DOS PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS

PROJETOS DE ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: DO PLANEJAMENTO À AÇÃO.

PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO. Prof. Msc Milene Silva

Dispõe sobre o atendimento educacional especializado aos alunos identificados com altas habilidades ou superdotados no âmbito do Município de Manaus.

O COORDENADOR PEDAGÓGICO COMO MEDIADOR DE NOVOS CONHECIMENTOS 1

Pedagogia Estácio FAMAP

PEDAGOGIA ENADE 2005 PADRÃO DE RESPOSTAS - QUESTÕES DISCURSIVAS COMPONENTE ESPECÍFICO

CURSO DE CAPACITAÇÃO EM LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS -LIBRAS. Categoria do projeto: I Projetos em andamento (projetos em execução atualmente)

A INCLUSÃO ESCOLAR DE UM ALUNO SURDO: UM ESTUDO DE CASO NA REGIÃO DO CARIRI ORIENTAL DA PARAÍBA

POLÍTICAS INSTITUCIONAIS DE ACESSIBILIDADE. - Não seja portador de Preconceito -

UMA EXPERIÊNCIA DE FORMAÇÃO CONTINUADA NO CONTEXTO DE CRECHE

Universidade Federal de Roraima Centro de Educação CEDUC Curso de Pedagogia Laboratório de Informática

A DISLEXIA E A ABORDAGEM INCLUSIVA EDUCACIONAL

PROFESSORES DE CIÊNCIAS E SUAS ATUAÇÕES PEDAGÓGICAS

A NECESSIDADE DA PESQUISA DO DOCENTE PARA UMA PRÁTICA PEDAGÓGICA INCLUSIVA, PRINCIPALMENTE NA EDUCAÇÃO ESPECIAL E NO TRABALHO COM AUTISTAS

Profª. Maria Ivone Grilo

INVESTIGANDO O ENSINO MÉDIO E REFLETINDO SOBRE A INCLUSÃO DAS TECNOLOGIAS NA ESCOLA PÚBLICA: AÇÕES DO PROLICEN EM MATEMÁTICA

A INCLUSÃO NO ENSINO SUPERIOR: CONTRIBUIÇÕES DE LEV VIGOTSKI E A IMPLEMENTAÇÃO DO SUPORTE PEDAGÓGICO NO IM-UFRRJ

Projeto Pedagógico do Curso de Licenciatura em Matemática versus Estágio Supervisionado

III SEMINÁRIO EM PROL DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA Desafios Educacionais

DIFICULDADES ENFRENTADAS POR PROFESSORES E ALUNOS DA EJA NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA

EEFM Raimundo Marques de Almeida

Projeto em Capacitação ao Atendimento de Educação Especial

LIBRAS: A INCLUSÃO DE SURDOS NA ESCOLA REGULAR

JOGOS ELETRÔNICOS CONTRIBUINDO NO ENSINO APRENDIZAGEM DE CONCEITOS MATEMÁTICOS NAS SÉRIES INICIAIS

PERCEPÇÃO DOS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO SOBRE A CONTEXTUALIZAÇÃO DO ENSINO DE QUÍMICA NO MUNÍCIPIO DE GURJÃO-PB

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ SILVIA APARECIDA RAMOS SUELLEN RODRIGUES EDUCAÇÃO MATEMÁTICA A DISTÂNCIA: ESTUDO DE CASO GTR

O INTÉRPRETE EDUCACIONAL DE LIBRAS: O DESAFIO DE ATUAR NO ENSINO FUNDAMENTAL I 1 Flávia Cristina V. Bizzozero UNINTER

TEXTO PRODUZIDO PELA GERÊNCIA DE ENSINO FUNDAMENTAL COMO CONTRIBUIÇÃO PARA O DEBATE

A TRANSVERSALIDADE DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO FUNDAMENTAL

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CONSELHO SUPERIOR DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO RESOLUÇÃO N , DE 27 DE FEVEREIRO DE 2013

REFLEXÕES INICIAIS DE ATIVIDADES PEDAGÓGICAS PARA INCLUIR OS DEFICIENTES AUDITIVOS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL & SAÚDE: ABORDANDO O TEMA RECICLAGEM NO CONTEXTO ESCOLAR

A PERCEPÇÃO DE GRADUANDOS EM PEDAGOGIA SOBRE A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA FORMAÇÃO DO EDUCADOR EM UMA FACULDADE EM MONTE ALEGRE DO PIAUÍ - PI

A UTILIZAÇÃO DE RECURSOS VISUAIS COMO ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA NO PROCESSO DE ENSINO - APRENDIZAGEM DE ALUNOS SURDOS.

Lei nº de 04/04/2013

ENSINO SUPERIOR: PRIORIDADES, METAS, ESTRATÉGIAS E AÇÕES

O ESTUDO DE CIÊNCIAS NATURAIS ENTRE A TEORIA E A PRÁTICA RESUMO

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES 1

Conversando sobre a REALIDADE. Propostas Educação. Ano 1 - nº 3 - Nov/15

A INCLUSÃO DOS DIREITOS HUMANOS NAS TURMAS DO EJA POR MEIO DAS NOVAS TECNOLOGIAS

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO: ELABORAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE PROJETOS PEDAGÓGICOS NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM

MATRIZ CURRICULAR CURRÍCULO PLENO 1.ª SÉRIE CÓDIGO DISCIPLINAS TEOR PRAT CHA PRÉ-REQUISITO PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO I ( INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA)

ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO: DA EDUCAÇÃO BÁSICA AO ENSINO SUPERIOR

Aprovação do curso e Autorização da oferta PROJETO PEDAGÓGICO DE CURSO FORMAÇÃO CONTINUADA EM EDUCAÇÃO INCLUSIVA. Parte 1 (solicitante)

AS RELAÇÕES DO ESTUDANTE COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E SUAS IMPLICAÇÕES NO ENSINO REGULAR INCLUSIVO

Transcrição:

1 A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE QUÍMICA NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL: UMA PEDAGOGIA DIFERENTE SILVA.Thiago Pereira da ¹ Universidade Estadual da Paraíba-UEPB e-mail: thiagoellisson@yahoo.com.br MOURA.Camila Cristina Dias ² Universidade Estadual da Paraíba-UEPB e-mail: crys.mila@gmail.com RESUMO Um dos grandes problemas atuais é a falta de qualificação docente, principalmente tratando-se de professores de química na formação com portadores de necessidades especiais, em particular com os surdos. Atualmente no Brasil, os alunos estudam como primeira língua a Libras e o Português escrito como segunda língua. O grande problema da educação dos surdos, gira em torno do processo da aquisição da leitura e da escrita do português. O aluno surdo, não adquire a linguagem oral de forma espontânea, tendo, portanto, desempenho na escrita e na interpretação da Língua Portuguesa extremamente precários, gerando barreiras na comunicação com os ouvintes e, conseqüentemente de socialização. A inclusão dos surdos na escola regular, ainda é pouco eficiente, não conseguido alcançar os objetivos de proporcionar uma educação de qualidade aos surdos. Percebe-se também que os professores são mal preparados para trabalhar com esses alunos, ignorando as limitações trazidas pela deficiência. Para a realização deste trabalho observou-se em especial, o projeto político pedagógico do curso de licenciatura em Química da Universidade Estadual da Paraíba, acerca do tratamento de formação de professores para o ensino de Química com deficientes auditivos. Através da análise feita em cima do Projeto Político Pedagógico, observa-se que em nenhum momento no que se diz respeito à análise das componentes curriculares didático-pedagógicas, que podem tratar justamente do assunto em questão, não foi encontrado nas ementas das disciplinas, nem tão pouco nos conteúdos programáticos, assuntos que tratem acerca da formação de professores de química para o ensino especial com deficientes auditivos. Apenas cita que, na organização do currículo, deve está presente a preocupação com a consciência em torno da inclusão social, em especial as com pessoas portadoras de necessidades especiais. Portanto, vale ressaltar, que na organização do currículo deve está presente a preocupação com a consciência em torno da inclusão social, em especial as necessidades com pessoas portadoras de necessidades especiais. Tendo

2 em vista que o objetivo geral do Curso de Química é de Licenciar professores para atuar no ensino médio e ciências no ensino Fundamental, mediante aquisição de competências relacionadas com o desempenho da prática pedagógica, para o exercício crítico e competente da docência, pautando nos valores e princípios estéticos, políticos e éticos e estimulando-as á pesquisa e ao auto-aperfeiçoamento, de modo a contribuir para a melhoria das condições do desenvolvimento da Educação Básica. Portanto, é necessário também, que dentro deste projeto, se inclua a formação necessária para o professor atender as necessidades de pessoas portadoras de necessidades especiais, em particular, dos surdos. PALAVRAS -CHAVES: Formação de professores; Ensino de Química; inclusão; surdos. 1. INTRODUÇÃO Devem ser tomadas medidas urgentes para favorecer a formação de professores para a educação especial com os alunos surdos no ensino de química, á nível superior nas universidades e em especial na UEPB. A educação especial com alunos surdos não pode continuar a ser refúgio de professores menos qualificados. A dispersão de iniciativas, a fragmentação de serviços, a carência de estruturas, a restrita produção legislativa e documental, etc, vem comprometendo mais ainda a mudança urgente na educação de alunos surdos.a grande problemática na educação dos surdos brasileiros gira em torno do processo de aquisição da leitura e da escrita do português. Segundo Lorenzini (2004) apud Souza e Caixeta (2006), pelo fato de ser surdo, o aluno não adquire a linguagem oral de forma espontânea, tendo, em geral, desempenho na escrita e na interpretação da Língua Portuguesa, extremamente precários. Essa limitação gera barreiras na comunicação com os ouvintes e, consequentemente de socialização. É por isso que eles não aprendem, justamente porque o sistema educacional não é capaz de trabalhar o potencial desse aluno para o aprendizado. Dessa forma, esse estudo tem como objetivo fazer uma análise do currículo de ensino do Curso de Licenciatura Plena em Química da Universidade Estadual da Paraíba, acerca do tratamento de formação de Professores de Químca na Perspectiva da educação Especial para Surdos. A estruturação, dessa pesquisa está constituída pelos seguintes tópicos: Ensino de Ciências Naturais; Ensino de Química; A Educação Especial no Brasil e o Projeto Político Pedagógico do Curso de Licenciatura em Química.

3 2-ENSINO DE CIÊNCIAS NATURAIS Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997, p.15), a formação de um cidadão crítico, exige sua Inserção numa sociedade em que o conhecimento científico e tecnológico é cada vez mais valorizado. Diante desta realidade o papel das ciências naturais é o de colaborar para a compreensão do mundo e suas transformações, situando o homem como indivíduo participativo e parte integrante do universo. 3-ENSINO DE QUÍMICA Santos (2003) enfatiza que a área da educação em química é uma fronteira entre a educação e a química, que se preocupa prioritariamente com o significado do ensino de química nos currículos dos diferentes níveis de ensino. No entanto educador químico é o profissional que possui formação acadêmica em química e que usa esta ciência para fazer educação, através do ensino e/ou realizando pesquisas para aperfeiçoar este fazer. Educação através de química significa um continuado esforço em colocar a ciência a serviço do mundo, da vida, na interdisciplinaridade, no intercâmbio das ciências entre si. Fazer educação através da química é a meta maior daqueles que se envolvem na área da educação química, em essência o que se busca é melhorar o ensino e a aprendizagem de química. É necessário observar, que as pesquisas nesta área emergente versam, ainda, em sua maioria, sobre desenvolvimento curricular e de novos materiais de ensino e técnicas instrucionais com avaliação de seus impactos, procura-se identificação de como os alunos entendem e atribuem significados ás idéias químicas; buscam identificar variáveis que afetam o ensino e a aprendizagem e se propõem e se avaliam modelos para o aperfeiçoamento do processo em sala de aula ; estes envolvem também, a proposição e a avaliação de modelos para a formação continuada de professores e professoras nos diferentes níveis. 4--A EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL Para Fonseca (1995, p. 3), é necessário que as pessoas se sensibilizem em responder uma necessidade internacional, que é o campo da educação especial e a reabilitação total dos seres humanos diferentes, que representam 10% da população geral. De acordo com os dados da Educação Especial, em 1998, havia 337.326 alunos da educação especial matriculados em 6.557 escolas. Em 2007, o número saltou para 654.606 estudantes, em 62.195 escolas, sendo que 63% das matrículas

4 são na rede pública. O número de alunos nas classes comuns do ensino regular passou de 43.923, em 1998, para 306.136 em 2007. Destes, 83.117 recebem atendimento educacional especializado. É neste contexto que se faz necessária uma atenção mais especial a essa população, no que se diz respeito a ter profissionais qualificados para trabalhar suas necessidades. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998), a Educação Especial tem sido atualmente definida no Brasil segundo uma perspectiva mais ampla, que ultrapassa a simples concepção de atendimentos especializados tal como vinha sendo a sua marca nos últimos tempos. Conforme a nova LDB, trata-se de uma modalidade de educação escolar, voltada para a formação do indivíduo, com vistas ao exercício da cidadania. A análise de diversas pesquisas brasileiras identifica tendências que evitam considerar a educação especial como um subsistema à parte e reforçam o seu caráter interativo na educação geral. Sua ação transversal permeia todos os níveis educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e educação superior, bem como as demais modalidades educação de jovens adultos e educação profissional. Os Parâmetros Curriculares Nacionais preconizam a atenção à diversidade da comunidade escolar e baseiam-se no pressuposto de que a realização de adaptações curriculares pode atender a necessidades particulares de aprendizagem dos alunos. Consideram que a atenção à diversidade deve se concretizar em medidas que levam em conta não só as capacidades intelectuais e os conhecimentos dos alunos, mas, também, seus interesses e motivações. A atenção à diversidade está focalizada no direito de acesso à escola e visa à melhoria da qualidade de ensino e aprendizagem para todos irrestritamente, bem como as perspectivas de desenvolvimento e socialização.a escola, nessa perspectiva, busca consolidar o respeito às diferenças, conquanto não elogie a desigualdade. As diferenças vistas não como obstáculos para o cumprimento da ação educativa, mas, podendo e devendo ser fatores de enriquecimento. A expressão necessidades educacionais especiais pode ser utilizada para referir-se a crianças e jovens cujas necessidades decorrem de sua elevada capacidade ou de suas dificuldades para aprender. Está associada, portanto, a dificuldades de aprendizagem, não necessariamente vinculada a deficiência(s). O número de deficientes não tende a diminuir, apesar da redução das deficiências devido ao progresso impressionante da medicina e da técnica. Pelo contrário, a percentagem de acidentes e de semestralidade, a diminuição da mortalidade infantil, que em contrapartida, arrasta mais deficiências ligeiras,e o aumento da esperança de vida que avoluma a população idosa tendem a estabilizar

5 nos 10% da população ou seja, (30 milhões de nacionais da comunidade européia) o número de seres humanos que sofrem de deficiências físicas ou mentais duradouras, mais ou menos graves. Trata-se de necessidades sociais que a todos dizem respeito numa sociedade desenvolvida ou em vias de desenvolvimento, por isso torna-se necessário investir na formação a todos os níveis, não só nas universidades, como nas escolas superiores de educação, desenvolvendo uma carreira atraente e intrinsecamente motivadora, estimulando em simultâneo a investigação e a comunicação interdisciplinar no sentido de promover a formação de equipes multidisciplinares que cubram as necessidades institucionais, exatamente porque pensar em conjunto é pensar melhor. O apoio ao setor cooperativo e ás associações de pais deve ser também, cada vez mais, planificado para que num curto espaço de tempo todas as funções da educação especial e reabilitação, sejam desempenhadas por profissionais devidamente preparados e treinados. 4.1- Conceito e Linguagem sobre pessoa surda Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN s) (1997), caracteriza uma pessoa que tem deficiência auditiva quando ocorre perda total ou parcial, congênita ou adquirida, da capacidade de compreender a fala por intermédio do ouvido. Conforme afirma o site da Língua Brasileira de Sinais (2008, p.1), as Libras é a língua materna dos surdos brasileiros e, como tal, poderá ser aprendida por qualquer pessoa interessada pela comunicação com essa comunidade. Possui todos os elementos classificatórios identificáveis de uma língua e demanda de prática para seu aprendizado, como qualquer outra língua. Foi na década de 60 que as línguas de sinais foram estudadas e analisadas, passando então a ocupar um status de língua. É uma língua viva e autônoma, reconhecida pela lingüística. Atualmente no Brasil, os alunos estudam como primeira língua a Libras e o Português escrito como segunda língua. O grande problema da educação dos surdos, gira em torno do processo da aquisição da leitura e da escrita do português. O aluno surdo, não adquire a linguagem oral de forma espontânea, tendo portanto, desempenho na escrita e na interpretação da língua portuguesa extremamente precários, gerando barreiras na comunicação com os ouvintes e, consequentemente de socialização. 4.2- A necessidade de aprender a língua e a política de inclusão para os surdos

6 Segundo o site da Língua Brasileira de Sinais (2008), atualmente existem cerca de 5.750.000 pessoas com alguma deficiência auditiva no Brasil, correspondendo a quase 2% da população total. Um número como este não pode ser ignorado, e foi pensando nisso que Governo Federal em 2002, reconheceu as Libras como a Língua Oficial Lei Federal nº 10.436 de 24-04-2002 (Anexo A), a ser utilizada pelos surdos no país. A Lei 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases) da Educação Nacional (BRASIL, 1996), afirma em seu artigo 59, que os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais: no primeiro item: currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica, para atender as suas necessidades; no terceiro item que: professores com especialização adequada em nível médio e superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns. E ainda ressalta no parágrafo único que o poder público adotará, como alternativa preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com necessidades especiais na própria rede pública regular de ensino, independentemente do apoio ás instituições previstas neste artigo. 4.3- O intérprete educacional de Língua de Sinais Segundo Lacerda 2000 apud Lodi, Harrison, Campos (2002), afirma que a questão da educação dos surdos no Brasil ainda é um problema longe de ter uma solução satisfatória. As escolas próprias para surdos, atentas a sua condição bilíngüe e ás suas necessidades específicas são ainda pouquíssimas, e, portanto, acessíveis a uma minoria de surdos neste país.isso faz com que os alunos surdos tenham que serem inseridos muitas vezes em uma escola regular. Nesse contexto é que a experiência com intérpretes de Língua de Sinais em sala de aula começa a surgir.essa ainda é uma prática recente em nosso País, pouco conhecida e divulgada que merece atenção e reflexão buscando desvendar suas possibilidades e limitações frente as necessidades educacionais dos sujeitos surdos. No Brasil, com a implantação da Política de Inclusão, os alunos Surdos tem sido inseridos em classes de ouvintes desde o Ensino Fundamental. Essas experiências permitem perceber a dificuldade de acesso á Língua Portuguesa enfrentada pelos alunos surdos, e as dificuldades sentidas pelos professores para a comunicação com crianças e jovens. Algumas escolas, atentas a essa problemática, têm permitido ou proposto a inserção de um interprete de Língua de Sinais em sala de aula, buscando uma possível solução para os problemas de incomunicabilidade e de desentendimento que

7 enfrentam cotidianamente.todavia, tais experiências são pouco numerosas no Brasil como um todo, e menores ainda são as reflexões divulgadas acerca dos limites e do alcance de tais práticas nesse nível de ensino. A presença do intérprete em sala de aula e o uso da língua de sinais não garantem que as condições específicas da surdez sejam contempladas e respeitadas nas atividades pedagógicas. Se a escola não atentar para a metodologia utilizada e o currículo proposto, as práticas acadêmicas podem ser bastantes inacessíveis ao aluno surdo apesar da presença do intérprete. 4.4- Dificuldades no Ensino de Química para os surdos De acordo com Lorenzini (2004) apud Caixeta e Souza (2006), a grande problemática na educação dos surdos, gira em torno do processo de aquisição da leitura e da escrita do português. Pelo fato do aluno ser surdo, ele não adquire a linguagem oral de forma espontânea, tendo em geral, desempenho na escrita e na interpretação da língua portuguesa extremamente precários. Essa limitação gera barreiras na comunicação com os ouvintes e, consequentemente de socialização. Levando-se em conta essas limitações, o vocabulário restrito e a dificuldade de entendimento de conceitos abstratos por parte dos surdos, são possíveis inferir que esses alunos tenham dificuldade na compreensão de alguns conceitos científicos. Caixeta e Souza (2006) citada pelo site da SBQ (Associação Brasileira de Química), afirma que atualmente a metodologia de ensino mais aceita para os surdos é a bilíngüe, na qual os alunos estudam como primeira língua a Libras e o Português escrito como segunda língua.no entanto o que se vê na escola é que o bilingüismo não ocorre efetivamente, porque os professores são mal preparados para trabalhar com esses alunos, ignorando as limitações trazidas pela deficiência, ministrando aulas destinadas basicamente aos ouvintes e solicitando excessiva quantidade de trabalhos escritos.trabalhos esses que os alunos surdos não conseguem realizar sozinhos devido a sua dificuldade de interpretação da língua portuguesa. Assim, percebe-se que o ponto crítico da educação dos surdos está na abordagem adotada pelo professor da sala inclusiva durante a aula, pois segundo Caixeta e Mol, em suas observações feitas sobre a aprendizagem de química por alunos surdos em uma escola de ensino médio da rede pública do Distrito Federal, que trabalha com alunos ouvintes e surdos, a professora da escola considera que a aula sobre modelos atômicos, por exemplo, foi excelente, mas que os alunos surdos não aprenderam porque são burros (sic). Preocupante demais essa situação, não acha? Pois isso demonstra que ela não consegue perceber que o problema não está

8 no aluno surdo ou no conteúdo dos modelos atômicos, que é abstrato e traz muitas dificuldades até mesmo para os alunos ouvintes, e sim no sistema educacional que não é capaz de trabalhar o potencial desse aluno para aprender. 5- CONSIDERAÇÕES SOBRE O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO DO CURSO DE LICENCIATURA EM QUÍMICA O Curso de Licenciatura em Química foi criado em 1967 e reconhecido pelo Decreto Federal Nº 74.201/74. Atualmente funciona nos turnos diurno e noturno, oferecendo anualmente 60 vagas, com duração mínima de quatro anos para o turno diurno e de quatro anos e meio para o noturno. O Projeto Político Pedagógico do Curso de Licenciatura em Química da UEPB (2007, p.17), deixa bem claro que: Na organização do Currículo de formação deve está presente a preocupação com a consciência em torno da inclusão social. Considerando as diversidades culturais, sociais e da etnia brasileira torna-se imprescindível para o conhecimento profissional do professor o saber lidar com as diferenças, assumindo o compromisso com a inclusão de crianças e jovens indígenas, portadores de necessidades educativas especiais, jovens e adultos que não tiveram acesso a educação na idade escolar correspondente; vítimas de um sistema educacional historicamente excludente. Um meio de minimizar a marginalização desses segmentos é tratar pedagogicamente essas questões com os nossos docentes futuros. Este parágrafo anteriormente mencionado deixa bem claro que o projeto deve está preocupado com a inclusão de pessoas portadoras de necessidades especiais, no entanto, mesmo sabendo desta responsabilidade, o Curso de Licenciatura em Química da UEPB, no que se diz respeito a sua grade curricular, em especial as Componentes Curriculares Didático-Pedagógicos, não dispõe em nenhum momento em suas ementas, conteúdos ou práticas que abordem a Formação de Professores para lidar com pessoas portadoras de necessidades especiais. RESULTADOS E DISCUSSÕES Analisaram-se as Ementas e os Conteúdos Programáticos dos Componentes Curriculares didático-pedagógicos do Projeto Político do Curso de Licenciatura em Química da UEPB: Prática Pedagógica em Química I; Filosofia da Educação; Prática Pedagógica em Química II;

9 Sociologia da Educação; Prática Pedagógica em Química III; Organização do Trabalho na Escola e o Currículo; Prática Pedagógica em Química IV; Psicologia, Desenvolvimento e Aprendizagem; Processo Didático, Planejamento e Avaliação; Pesquisa em Ensino de Química. De acordo com o levantamento feito em cima destas Componentes Curriculares e sabendo que na organização do currículo deve está presente a preocupação com a consciência em torno da inclusão social, em especial as necessidades com pessoas portadoras de deficiência auditiva, em nenhum momento é visto alguma formação que dê suporte para que o Professor enfrente essa problemática que é o trabalho em sala com pessoas portadoras de necessidades especiais. CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir das observações realizadas, através do Projeto Político Pedagógico do Curso de Licenciatura em Química, foi possível constatar que em nenhum momento do projeto político pedagógico do curso de licenciatura em química, foi encontrado algum conteúdo programático acerca da formação de professores de química para o ensino especial com deficientes auditivos. A inclusão dos surdos na escola regular, ainda é deficitária, não conseguido alcançar os objetivos de proporcionar uma educação de qualidade para essa clientela. Percebe-se também que os professores não são preparados para trabalhar com esses alunos, ignorando as limitações trazidas pela deficiência. É preciso acolher no Projeto Político Pedagógico do Curso de Química desta Universidade, uma forma de capacitar, criando componentes específicos para tratar e dar formação adequada para que os professores de Química enfrentem esta realidade que é o campo da educação especial, no estudo aqui delimitado, que seria a educação para os surdos. REFERÊNCIAS BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ciências Naturais/Secretaria de Educação Fundamental - Brasília: MEC/SEF, 1997.

10 BRASIL. Lei n. 9394, das Diretrizes e Bases da Educação Nacional. São Paulo: Editora do Brasil, 1996. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Adaptações Curriculares. Secretaria de Educação Especial Brasília: MEC /SEF/SEESP, 1998. BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Educação Especial. Disponível em: <http://www. portal.mec.gov.br>. Acesso em: 20 de setembro de 2008. CARVALHO, A. PEREZ, G. A formação de professores de ciências. São Paulo: Cortez, 2005. CIÊNCIAS NA ESCOLA (TV BRASIL). Disponível em: <http:///www.tvbrasil.com.br> Acesso em: 08 de agosto de 2008. DICIONÁRIO LIBRAS. Disponíveis: <htt://www.dicionariolibras.com.br.> Acesso: em 28 de maio de 2008. FONSECA,V. Educação Especial: programa de estimulação precoce-uma introdução ás idéias de Feuerstein. 2. ed. Porto Alegre:Artes Médicas Sul, 1995. LIBRAS - LINGUAGEM BRASILEIRAS. Disponível em: <http://www. crmariocovas.sp.gov.> Acesso em: 28 de maio de 2008. LORENZINI, N.M.P.Aquisição de um conceito científico por alunos surdos de classes regulares do ensino fundamental, Dissertação de Mestrado, Universidade de Santa Catarina,2004. In: SOUZA, G; CAIXETA, M.L.L. Minha experiência no ensino de química para surdos (2006).Disponível em: <http://www.sociedadebrasileiradequimica>acesso em: 20 de março de 2008. PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO. Curso de Licenciatura em Química, UEPB, 2007. SANTOS, J.C.O. O que é Educação Química. Apostila de Prática de Ensino de Química II.UEPB, 2003. SOUZA, G; CAIXETA, M.L.L. Minha experiência no ensino de química para surdos (2006). Disponível em:<http://www.sociedadebrasileiradequimica> Acesso em: 20 de março de 2008.