ILHA DE ITAPARICA - LEITURA PRELIMINAR DA DERROCADA AMBIENTAL (Salvador-Bahia - Brasil)

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Transcrição:

XXIX CONGRESO INTERAMERICANO DE INGENIERÍA SANITARIA Y AMBIENTAL (AIDIS) 22 al 27 de agosto de 2004 San Juan, Puerto Rico ILHA DE ITAPARICA - LEITURA PRELIMINAR DA DERROCADA AMBIENTAL (Salvador-Bahia - Brasil) Maria de Fátima Nunesmaia (*) Doutora em Ciências Ambientais, UPC/França. Profª. Titular da Universidade Estadual de Feira de Santana, Departamento de Tecnologia. Pesquisadora da Rede de Tecnologias Limpas TECLIM/UFBA, Coordenadora do Projeto ECOPET/Curso Gestão de Resíduos Sólidos Socialmente Integrada - GERSI Lorena Cerqueira Araújo Estudante em Engenharia de Alimentos UEFS/DTEC Ricardo Santos Nascimento Estudante em Engenharia de Alimentos UEFS/DTEC (*) Rua Aristides Novis, 02, 4º andar, DEA; sala do TECLIM, Bairro: Federação; CEP: 40.210-630 Salvador/BA, Telefone: (71) 235-4436, fafa@ufba.br, fatinha@uefs.br RESUMO Nos municípios que possuem um perfil turístico, constata-se ações predatórias associadas às atividades de lazer. O descarte aleatório de resíduos sólidos (em forma de embalagens que acondicionam alimentos e bebidas) principalmente latas, plásticos, vidros, em terreno baldio, nas praias e em pontos turístico é uma realidade. Os governos municipais estão presenciando a degradação nesses locais pela ação nefasta do turismo selvagem e/ou insensível à questão ambiental. Associado a este fato é constatado a ausência de planos de ação de comunicação e educação ambiental, sistemáticos, bem elaborados, visando intervir neste processo de agressão crescente à natureza (NUNESMAIA, 1995). A estrutura de serviços voltada para o turismo na Ilha de Itaparica: hotéis, pousadas, restaurantes e similares são responsáveis pelo forte aquecimento da economia local, mas igualmente responsável pela produção de lixo, principalmente por ocasião dos meses de veraneio e fins de semana prolongados. A quantificação desta produção não é facilmente determinada, a exemplo da proliferação de estabelecimentos do tipo informal que aumentam na alta estação. O estudo aqui apresentado integra o projeto de pesquisa Gestão Sócio-Ambiental dos Resíduos de Itaparica da Universidade Estadual de Feira de Santana, ele visa identificar as principais fontes de geração de resíduos em Amoreiras, Cacha-Prego, Jiribatuba e Itaparica na Ilha de Itaparica e suas interfaces com as vertentes sociais, econômicas, políticas e ambientais. Após a identificação do caótico quadro ambiental da Ilha de Itaparica, utilizou-se os dados obtidos neste estudo, para subsidiar novo projeto de intervenção ampliando as metas originais, buscando parcerias. PALAVRAS CHAVES: Gestão Sócio-Ambiental; Resíduos Sólidos; Saneamento Ambiental 1

1- INTRODUÇÃO As políticas governamentais voltadas para o setor de saneamento ambiental em geral são caracterizadas por ações esporádicas e localizadas, muitas vezes em detrimento das demandas por bens e serviços provocados pelo crescimento da população urbana. Nos municípios a precariedade do atendimento se faz sentir, sobretudo nas altas taxas de mortalidade infantil e no agravamento da deterioração sanitária. A gestão de resíduos municipais foi destacada como uma das questões mais preocupantes no âmbito mundial, na Agenda 21. As cidades brasileiras que tratam o lixo urbano e lhe dão destinação final correta são raras. As conseqüências desse fato são, notoriamente, deploráveis: a degradação e a poluição do meio ambiente e o comprometimento da saúde pública. Nesse sentido, o lixo urbano é considerado hoje um problema de interesse nacional, tendo os governos municipais o desafio e a responsabilidade de encontrar soluções alternativas para o tratamento e a destinação final dos resíduos sólidos. (NUNESMAIA, 1997) Nos municípios que possuem um perfil turístico, constata-se ações predatórias associadas às atividades de lazer. O descarte aleatório de resíduos sólidos (em forma de embalagens que acondicionam alimentos e bebidas) principalmente latas, plásticos, vidros, em terreno baldio, nas praias e em pontos turístico é uma realidade. Os governos municipais estão presenciando a degradação nesses locais pela ação nefasta do turismo selvagem e/ou insensível à questão ambiental. Associado a este fato é constatado a ausência de planos de ação de comunicação e educação ambiental, sistemáticos, bem elaborados, visando intervir neste processo de agressão crescente à natureza (NUNESMAIA, 1995). A consolidação da Ilha de Itaparica como espaço de lazer, turismo e veraneio promoveram a canalização de recursos para a estruturação deste segmento, no sentido de dotar a ilha de uma infraestrutura capaz de absorver os fluxos que para ela se dirigem, com vistas, principalmente, ao usufruto de seu principal recurso paisagístico: as praias. A estrutura de serviços voltada para este fim: hotéis, pousados, restaurantes e similares são responsáveis pelo forte aquecimento da economia local, mas igualmente responsável pela produção de lixo, principalmente por ocasião dos meses de veraneio e fins de semana prolongados. Realizou-se então, uma leitura inicial do ecossistema urbano do município de Itaparica considerando também a infraestrutura econômica dos municípios de Itaparica e Vera Cruz, através de pesquisas bibliográficas e visitas in loco. 2- OBJETIVOS Identificar as principais fontes geradoras de resíduos nos municípios de Itaparica e Vera Cruz (Figura 1) e o impacto ambiental ocasionado pelo aumento populacional temporário, assim como o desperdício de alimentos. Figura 1 : Mapa da Ilha de Itaparica (Salvador-Bahia- Brasil) 2

3- MATERIAIS E MÉTODOS Realizou-se levantamento bibliográfico de estudos anteriores sobre a população de veranistas na alta estação. Mapeouse as cestas de lixo para pedestres, pontos de descartes aleatórios de resíduos e de comercialização de alimentos tais como, supermercados de diferentes portes, além de restaurantes, hotéis, pousadas, açougues, abatedouros, peixarias, bares e barracas de praias, em algumas localidades de Itaparica e Vera Cruz. Analisou-se, informações disponíveis sobre quadro ambiental do município. 4- RESULTADOS E DISCUSSÃO Itaparica em geral tem infraestrutura deficiente, função da sazonalidade das ocupações de veranista e turistas. Além da necessidade da população residente no tocante ao saneamento ambiental, a população flutuante que triplica nos finais de semana e feriados prolongados reforça a emergência de ações estratégicas a serem implementadas nesta área. A produção per capita de resíduos por setores de Itaparica é: domésticos 14,50 (t/dia), comerciais 0,15 (t/dia) e de serviços de saúde 0,02 (t/dia). Estudos anteriores determinaram composição dos resíduos oriundos de restaurantes e supermercados verificando-se maior percentual de fração orgânica, conforme demonstrativo na Tabela 1. Tabela 1 : Distribuição percentual da composição dos resíduos oriundos dos Restaurantes e Supermercados Composição Percentual em Peso (%) Matéria Orgânica 48 Plástico 14 Papel e Papelão 12 Metal 11 Vidro 9 Madeira 2 Inertes 4 Fonte: Plano Diretor de Limpeza Urbana/ Conder, 1994 (adaptado) O lixo, tanto no município de Itaparica quanto no de Vera Cruz são recolhidos diariamente, sendo que nos locais impossibilitados de trafego aos caminhões, os descartes são feitos em pontos estratégicos, onde cada equipamento realiza 3 viagens por dia na baixa estação, chegando até a 5 viagens por dia no período de alta estação (Prefeitura de Itaparica e Prefeitura de Vera Cruz, 2004). O abandono do aterro sanitário o transformou em lixão, a presença dos badameiros é constatada. Verifica-se que tanto os resíduos do município de Vera Cruz quanto os do município de Itaparica são depositados no LIXÃO (aterro transformado) no Bairro de Baiacu, o qual pertence ao município de Vera Cruz, sendo que este disponibiliza tal serviço mediante pagamento de uma taxa. Em alta estação são coletados 80 t/dia, em baixa estação cai para 50%. A população flutuante é de 30 a 35 mil, e a população nativa é de 17 a 20 mil. Nas visitas in loco observou-se que mesmo estando incluso em seus planos de serviços cestas de lixo para pedestres e containeres de 5 m 3 colocados em pontos estratégicos, nem todos existiam realmente, algumas cestas estavam quebradas, outras estavam sendo usadas por barracas de praia ou restaurantes beira mar e os containeres quando existiam, estavam virados ou impossibilitados de uso, assim o lixo nestes locais eram depositados ao lado dos mesmos, favorecendo o acesso de animais. A Figura 2 e os mapeamentos realizados em Itaparica (Figura 3), Vera Cruz (Figura 4) e Amoreiras (Figura 5) ilustram o quadro atual. 3

Figura 2: Vista de pontos de descarte de lixo que favorece o acesso de animais (Itaparica/Bahia/Brasil, 2004) Mapeamento de Itaparica (sede) Figura 3 : Mapeamento dos pontos de descarte de resíduos em Itaparica (sede, 2004) Fonte: Plano Diretor de Limpeza Urbana/ Conder, 1994 (adaptado) 4

Figura 4: Mapeamento de pontos de descarte de resíduos em Cacha Prego (Vera Cruz,2004) Fonte: P. D. L. U./ Conder, 1994 (adaptado) Figura 5 : Mapeamento de pontos de descarte de resíduos em Amoreiras (Itaparica, 2004) Fonte: P D L.U./ Conder, 1994 (adaptado) 5

O Município de Itaparica, por sua localização, apresenta um panorama distinto do que ocorre no município de Vera Cruz, pois as atividades comerciais concentram-se nos centros urbanos do Município, a exceção de Bom Despacho. A nucleação de Bom Despacho identificado pelo terminal de Ferry-Boat concentra atividades que a caracterizam como mais importante núcleo de abastecimento comercial do interior da ilha, destacando-se nesta área: supermercados, restaurantes, lanchonetes, self service, posto de gasolina, farmácias, etc. A situação do município quanto a presença de estabelecimentos comerciais está quantificada na Tabela 2. Tabela 2 : Quantificação dos principais estabelecimentos comerciais por setores do município de Itaparica. Estabelecimentos Quantidades Hotel/Pousada 09 Restaurante/Bar 61 Armazém/Mercado 68 Barraca de Praia 44 Farmácia 04 Abatedouro/Açougue 04 Oficina Mecânica 06 Distribuidora de Bebidas 05 Dentistas 01 Cabeleireiro/Barbeiro 02 Posto de Saúde 04 Hospital 01 Materiais de Construção 22 Posto de Gasolina 03 Embasa 01 Coelba 01 Agência dos Correios 01 Banco 01 Biblioteca 01 Frigorífico 01 Fonte: Prefeitura Municipal de Itaparica (adaptado, 2004) Quanto ao município de Vera Cruz, o comércio periférico tem uma abrangência maior que a local, pois se destina ao atendimento aos usuários não só da ilha, mas aos que estão de passagem. As distribuições comerciais dos principais estabelecimentos estão descritas na Figura 3, destacando-se pela grande quantidade de bares. 6

Tabela 3: Quantificação dos principais estabelecimentos comerciais do município de Vera Cruz/Bahia/Brasil (2004) Estabelecimentos Quantidades (nº) Hotel/Pousada/Pensões 39 Restaurante 43 Armazém/Bar 523 Padaria 08 Mercado 19 Barraca de Praia 110 Farmácia 07 Abatedouro/Açougue 15 Oficina Mecânica 14 Distribuidora de Bebidas 03 Dentistas 02 Cabeleireiro/Barbeiro 20 Posto de Saúde 15 Hospital 01 Materiais de Construção 24 Posto de Gasolina 03 Embasa 01 Coelba 01 Agência dos Correios 01 Banco 01 Fonte: Prefeitura Municipal de Vera Cruz (adaptado,2004) 5- CONSIDERAÇÕES FINAIS A pesquisa encontra-se em fase de andamento, novos estudos de campo estão sendo realizados. Pode-se inferir a partir da leitura preliminar do quadro ambiental da Ilha de Itaparica, que são necessárias ações intervenientes para interromper a derrocada ambiental deste sítio ecoturístico de beleza singular. Figura 6 : Vista parcial de alguns pontos de abandono ambiental em Amoreira (Itaparica, 2004) 6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Nunesmaia, M.F.S. (1997) Lixo; Soluções Alternativas projeções a partir da experiencia UEFS. UEFS:Feira de Santana, 152p. Companhia de de Desenvolvimiento da Região Metropolitana de Salvador (1994) Plano Diretor de Limpeza Urbana Município de Vera Cruz. V. 3, Tomo II. Companhia de de Desenvolvimiento da Região Metropolitana de Salvador (1994) Plano Diretor de Limpeza Urbana Município de Itaparica. V. 3, Tomo I. 7