DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA LEGAL: Evolução e Monitoramento



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Transcrição:

DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA LEGAL: Evolução e Monitoramento Maria Suely Margalho do Vale 1, Maria Estefânia Farias Marques 2 Fabio Ricci 3 e Edson Aparecida de Araújo Querido Oliveira 4 1 Mestrado em Gestão do Desenvolvimento Regional Programa de Pós-graduação em Gestão em Desenvolvimento Regional PPGDR Universidade de Taubaté, Rua Visconde do Rio Branco, 210 Centro 12020-040 Taubaté/SP Brasil. suelymargalho@gmail.com 2 Mestrado em Gestão do Desenvolimento Regional, Universidade de Taubaté Rua Visconde do Rio Branco, 210 Centro - 12020-040 Taubaté/SP, f.mariaestefania@yahoo.com.br 3 Professor do Programa de Pós-graduação em Gestão e Desenvolvimento Regional PPGDR - Universidade de Taubaté - Rua Visconde do Rio Branco, 210 Centro 12020-040 Taubaté/SP Brasil fabioricci@uol.com.br 4 Professor e Orientador do Programa de Pós-graduação em Gestão e Desenvolvimento Regional - PPGDR - Universidade de Taubaté Rua Visconde do Rio Branco, 210 Centro - 12020-040 Taubaté/SP Brasil edson@unitau.br Resumo: Foram analisadas neste trabalho as áreas desmatadas no Bioma Amazônia, bem como suas causas, ocorridas nos Estados da Amazônia Legal, objetivando apresentar avaliação da situação da floresta amazônica e distribuição de incêndios florestais na Amazônia Legal, com destaque para Estado do Pará. A pesquisa caracteriza-se como exploratório, com levantamento bibliográfico e descritivo a partir de estudos realizado pela SEMA e INPE Os resultados indicam que o desmatamento na Amazônia Leal, durante o período de 1º de agosto de 2010 a 31 de julho de 2011 foi de 6.238 km2. Nos últimos três anos, correram sistematicamente as menores taxas de desmatamento, desde que o INPE deu início ao monitoramento da cobertura vegetal na Amazônia e que a maior perda de Bioma Amazônia é verificada nos Estados de Mato Grosso e Tocantins, com 48,95 e 59,12%, respectivamente, já os Estados do Amapá e do Amazonas, por sua vez, são os que apresentaram menores taxas médias de desmatamento, considerando desde 1978 até 2009, com 1,41 e 2,14%, respectivamente e o estado do Pará, no ano de 2010, havia desmatado 3.770 km², ao passo que, em 2011, essa área diminuiu para 2.870 km², uma redução de 23,9%. Palavras Chave: Florestas, Desmatamento, Amazônia Legal e Fundo Amazônia Área de Conhecimento: Ciências Sociais Aplicadas Introdução A Floresta Amazônica é a maior floresta tropical do Brasil, situada na região norte da América do Sul. Dessa forma, o Brasil é o país com maior cobertura vegetal do Bioma Amazônia neste continente, com 4,2 milhões km2(brasil, 2008) que equivalem a mais de 60% desse Bioma. Neste, a chamada Amazônia Legal cobre nove Estados: Amazonas, Acre, Amapá, Mato Grosso, Maranhão, Pará, Roraima, Rondônia e Tocantins. Segundo Ambiente Brasil (2010), desmatamento é a operação que objetiva a supressão total da vegetação nativa de determinada área para o uso alternativo do solo, ou seja, qualquer descaracterização que venha a suprimir toda vegetação nativa de uma determinada área deve ser interpretada como desmatamento. No ano de 2011, a taxa de desmatamento na Amazônia Legal foi de 6.238 km², considerada a menor taxa dos últimos 20 anos, segundo a série histórica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais INPE. Essa redução representa aproximadamente 13.387 km² de desmatamento evitado. Assim, o Brasil impede a emissão de 491 milhões de toneladas de carbono por desmatamento (INPE, 2011). Nesse sentido, comparado aos anos de 2008 e 2009, o ano de 2010 apresentou um elevado índice de focos de calor no Brasil durante a época de estiagem, fato que repercutiu de forma bastante negativa na mídia. Nesse sentido, grande foi à preocupação da sociedade quando do governo brasileiro, pois as mudanças das condições do clima, tal como mudanças climáticas decorrentes do aquecimento global, ou mudanças naturais nos padrões das chuvas; as atividades humanas associadas ao desmatamento e às atividades agrícolas; e fatores ligados ao contexto político e o debate sobre mudanças no Código Florestal. Objetivo Apresentar avaliação da situação das florestas urbanas e distribuição de incêndios florestais na Amazônia Legal, mais precisamente no Estado do 1

Pará, no ano de 2011, sob uma perspectiva histórica, comparada a uma série desde 2005. Metodologia A pesquisa caracteriza-se como exploratório, com levantamento bibliográfico e descritivo a partir de estudos realizado pela SEMA e INPE. Resultado LEGISLAÇÃO AMBIENTAL A legislação federal estabelece regras gerais. Estados e municípios podem complementá-las, mas não podem estabelecer regras menos restritivas. São exemplos de normas federais o Código Florestal de 1934 e a Política Nacional de Meio Ambiente de 1981. Somente a legislação federal dispõe sobre direito penal, ou seja, define o que é crime. Os crimes ambientais estão definidos na Lei de Crimes Ambientais de 1998. Os três níveis de governo são responsáveis por ações para assegurar a qualidade e a proteção ambiental, como a fiscalização e o licenciamento de atividades. O Código Florestal de 1934 foi reformado em 1965 e estabeleceu a obrigação de manter 50% da propriedade rural na Amazônia coberta com vegetação natural, destinada à conservação ambiental e à produção florestal sustentável (Reserva Legal Florestal RLF). Nas outras regiões, a RLF foi restrita a situações autorizadas pelo poder público. Portanto, no início dos grandes projetos de ocupação da Amazônia, no final da década de 1960, já existiam restrições ao desmatamento. No entanto, muitos dos ocupantes da região desobedeceram a essas regras. A fiscalização era escassa ou ineficaz já que as penas eram apenas administrativas e o valor das multas era baixo (BARRETO, 2012). Além da impunidade, o governo estimulava a derrubada da floresta por meio de incentivos fiscais e crédito rural para permitir a rápida ocupação da região. Até o início fixado em 20%. O Código Florestal também determina a preservação da cobertura Vegetal em áreas sensíveis (Área de Preservação Permanente APP), como ao longo dos rios e em topos de morros, cujo uso é restrito a situações autorizadas pelo poder público. Portanto, no início dos grandes projetos de ocupação da Amazônia, no final da década de 1960, já existiam restrições ao desmatamento. No entanto, muitos dos ocupantes da região desobedeceram a essas regras. A fiscalização era escassa ou ineficaz já que as penas eram apenas administrativas e o valor das multas era baixo (BARRETO, 2012). Após pressões nacionais e internacionais foi criado instrumento para melhorar a gestão ambiental. Em 1996, após o INPE (2011a) registrar a maior taxa de desmatamento de sua história (29.000 km2), o governo brasileiro aumentou o percentual de RLF no bioma Amazônia; passou de 50% para 80% do imóvel rural. Outro avanço legal foi a Lei de Crimes Ambientais de 1998 e sua regulamentação em 1999, que descreveram as condutas consideradas infrações e crimes ambientais e estabeleceram multas elevadas. FUNDO AMAZÔNIA Considerado uma iniciativa pioneira de financiamento de ações de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD). Nesse contexto, o relato de seu histórico, do processo de aprendizagem e de seus resultados são aspectos relevantes a serem compartilhados (FUNDO AMAZÔNIA, 2011). Dessa forma, O fundo Amazônia tem como desafio ao enfrentamento das principais causas e efeitos associados ao processo de desmatamento na Amazônia, profundamente arraigado no histórico de ocupação territorial e que obedece a uma lógica econômica que desvaloriza a floresta em pé, como é costume dizer. Assim, mudar esse cenário requer decisão política, governança institucional, desenvolvimento científico e tecnológico, inovação, conscientização e participação de diversos atores da sociedade, entre outros requisitos fundamentais. Soma-se a isso a necessidade de transformações culturais, como a modificação dos hábitos e do padrão de consumo da sociedade global. A gestão do Fundo Amazônia alinha-se à missão e aos objetivos estratégicos do BNDES, uma instituição historicamente instada a responder aos diferentes desafios socioeconômicos enfrentados pelo país, sendo seu principal financiador de investimentos de longo prazo voltados para o desenvolvimento sustentável. Premissas do Fundo Amazônia Captação de recursos de doação voluntária, nacionais e internacionais, destaca-se a importância da comunicação, da transparência de suas informações e de accountability. Nesse sentido, essa visibilidade é fundamental para demonstrar a seriedade e a credibilidade das ações implementadas. Além disso, a informação e a avaliação dos projetos apoiados pelo fundo podem contribuir para a formulação de outras iniciativas de REDD, cujas experiências ainda são incipientes mundialmente. Captação de recursos financeiros provenientes de doações voluntárias A atividade de captação é bastante complexa e demanda dedicação e tempo operacional: visitas e 2

reuniões com potenciais doadores para avaliação do potencial de parceria e da compatibilidade de Relatório Anual de Atividades do Fundo Amazônia, procedimentos aplicáveis (due diligence), envolvendo negociações múltiplas até resultar na efetiva contratação da doação. Dessa forma, são necessárias providências nos campos tributário, financeiro e nos procedimentos para gestão das chamadas dos recursos de cada doação contratada. Destaca-se para os recursos doados pelos governos da Noruega e da Alemanha, no período de 2009 até dezembro de 2011. No ano de 2011, foi inaugurada a captação de recursos com empresas nacionais, com o início de doações por parte da Petrobras. No total, o fundo captou o montante de US$ 457.045.534,09 equivalentes à cerca de R$ 857.326.012,85 em contratos de doação já formalizados a serem utilizados até 31.12.2015 (FUNDO AMAZÔNIA, 2011). Aplicação Recursos Financeiros do Fundo No exercício de 2011, dos 47 projetos que se encontravam na carteira do Fundo, 23 Projetos Produtivos sustentáveis foram apoiados, recebendo de forma parceladamente, no decorrer de sua implantação e seguindo os prazos estabelecidos nos cronogramas físico-financeiros previstos no momento de sua formulação. No caso dos projetos apoiados com recursos do Fundo Amazônia, esses projetos usualmente têm sua execução planejada para um ano e meio a cinco anos. Isso significa que o valor de um projeto contratado com duração de três anos, por exemplo, só será totalmente desembolsado no fim do terceiro ano, contado a partir da data de sua contratação. Observa-se para a enorme responsabilidade e expectativa que envolve esse mecanismo pioneiro que é o Fundo Amazônia, nesse sentido, requer alinhamento estratégico na implementação de ações e políticas públicas, de forma a produzir impactos de maior magnitude e de natureza estruturante, para se dar um salto na escala de atuação do referido Fundo. Monitoramento de Resultados do Fundo Amazônia Em termos dos resultados esperados, do momento inicial até sua completa execução, que pode variar de um ano e meio a cinco anos, os 23 projetos apoiados até 2011 apresentam alto potencial de impacto com relação aos objetivos do Fundo Amazônia, conforme se depreende das metas contratadas, consolidadas na lista a seguir: Metas Contratadas Nº / Resultado Famílias beneficiadas com pagamento 12.569 por serviços ambientais Indivíduos capacitados participantes de 4.690 eventos de sensibilização ou eventos integradores Oficinas e cursos de capacitação 339 Assistências técnicas aos produtores 6.100 rurais Propriedades com projetos de produção 2.200 sustentável Nascentes recuperadas 1.200 Órgãos ambientais estruturados 52 (estaduais e municipais) Área de imóveis com mapeamento 10.000.00 georreferenciado realizado para fins de 0 CAR (ha) Imóveis que tiveram seu pedido de 103.000 adesão ao CAR protocolado Unidades de Conservação apoiadas 82 (federal e estadual): Extensão de áreas protegidas com 526.000 gestão ambiental e/ou controle do seu território fortalecido (km²) Área de Unidades de Conservação a 135.000 serem criadas (km²) Indígenas beneficiados 7.000 Propriedades rurais com situação 800 fundiária regular Área de propriedades rurais 58.955 georreferenciadas para fins de regularização fundiária (ha) Montante do apoio a projetos de ciência, tecnologia e inovação: Quadro 1: Monitoramento de Resultados do Fundo Fonte: Adaptado de Fundo Amazônia (2011) R$ 15,8 milhões O Fundo Amazônia é um instrumento do governo Brasileiro para combater o intenso desmatamento no Bioma Amazônia, além de promover a conservação e o manejo sustentável das forestas, fato este comprovado pelos 23 projetos aprovados, contribuindo assim, direta ou indiretamente, para redução do desmatamento na Amazônia Legal. DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA LEGAL De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais INPE indica que o desmatamento na Amazônia Leal, durante o período de 1º de agosto de 2010 a 31 de julho de 2011 foi de 6.238 km2. Nos últimos três anos, como se nota no Quadro 2, correram sistematicamente as menores taxas de desmatamento, desde que esse instituto deu início ao monitoramento da cobertura vegetal na Amazônia, há 23 anos. 3

Ano Área Desmatada Ano Área Desmatada 1998 21.050 2000 18.226 1999 17.770 2001 18.165 1990 13.730 2002 21.651 1991 11.030 2003 25.396 1992 13.786 2004 27.772 1992 14896 2005 19.014 1994 14.896 2006 14.285 1995 29.059 2007 11.651 1996 18.161 2008 12.911 1997 13.227 2009 7464. 1998 17.383 2010 7.000 1999 17.259 2011 6.238 Qudro2 : Desmatamento na Amazônia Legal Fonte: INPE (2011) Taxa de Desmatamento A taxa de desmatamento na Amazônia Legal tem aumentado e diminuído ao longo dos anos em função de uma variedade de forças econômicas e políticas. Conforme dados do INPE sobre desmatamento, o ano de 2003 indica várias mudanças que requerer medidas mais radicais se o processo de perda de floresta é para ser trazido sob controle governamental. O controle para acompanhamento tem sido realizado e dos Estados da Amazônia Legal, destaca-se para o Estado do Pará, registrado baixas sucessivas nos últimos quatro anos, resultado em parte as condições estruturais (queda de preços de commodities) e em parte às ações de comando e controle desencadeadas pelo governo federal e estadual. Entretanto, exatamente por ser suscetível à conjuntura econômica interna e externa, é necessário orientar cada vez mais as ações públicas do Estado no sentido, sobretudo da prevenção (INPE, 2012). Estado Ano 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Acre 592 398 184 254 167 259 271 Amazonas 775 788 610 604 405 595 528 Amapá 33 30 39 100 70 53 51 Maranhão 922 613 613 1272 828 712 365 Mato 7141 4333 2678 3758 1049 871 1126 Grosso Pará 5731 5505 5425 5606 4281 3770 2870 Rondônia 3244 2049 1601 1136 482 435 869 Roraima 133 231 309 574 121 256 120 Tocantins 271 124 63 107 61 49 40 Amazônia Legal 18846 14109 11532 12911 7464 7000 6238 Quadro 3: Monitoramento de Queimadas Fonte: INPE (2012) Nesse sentido, observa-se que, dos nove estados da Amazônia Legal, seis diminuíram as taxas anuais de desmatamento. Maranhão e Roraima apresentaram as reduções percentuais mais significativas. Além disso, o Estado do Pará também reduziu expressivamente sua taxa de desmatamento. Em 2010, o Estado havia desmatado 3.770 km², ao passo que, em 2011, essa área diminuiu para 2.870 km², uma redução de 23,9%. Dessa forma, esse desempenho contribui de modo significativo para a redução verificado no Gráfico 1 com a variação da taxa de desmatamento da Amazônia Legal. Gráfico 1: Variação por Estado 2000/2011 em KM 2 Fonte:INPE (2012) Patrimônio Florestal Mais de 71 milhões de hectares são Florestas Públicas. Destas, 77,91(em torno de 55 milhões de hectares) são Florestas Públicas Federais. Os restantes 15.715.019,759 hectares, ou seja, 22,09% são Florestas Públicas Estaduais. O Cadastro de Florestas Públicas do Estado do Pará identificou, até maio de 2008, um total de 11.469.119,424 hectares de florestas públicas já destinadas, tanto para Unidades de Conservação como para Uso Comunitário. As florestas públicas não destinadas encontram-se nas áreas de glebas estaduais que correspondem a 4.245.900,335 hectares e estão em processo de identificação. Figura 1. Distribuição de UCs e outras áreas no Mapa do Pará Fonte: SEMA, adaptado de IDEFLOR e ITERPA(2009) Fatores que tem contribuído para o desmatamento no Estado do Pará Situação fundiária Uma parte das análises aponta, por um lado, para a apropriação de terras através dos processos de grilagem como um dos motores mais importantes do desmatamento, problema este que tem suas origens no Brasil colônia (IMAZON, 2008). O Instituto de Terras do Para ITERPA no seu mapeamento mostra a situação fundiária do Estado e o desafio do ordenamento e da regularização fundiária. Segundo os dados do Sistema Nacional de Cadastro Rural (SNCR) até 2005 apenas 42% 4

(40 milhões de ha) da área total do Estado (124 milhões na base do INCRA) estavam cadastrados, ou seja, até 2005 68% da superfície do Estado seguiam sem cadastro. Excetuando-se as áreas especialmente protegidas, sejam elas de Unidades de Conservação, Terras Indígenas entre outras, as áreas federais sob jurisdição federal (INCRA e GRPU) totalizam, segundo os levantamentos do ITERPA, cerca de 30 milhões de hectares. Concernente à gestão do órgão estadual são 19,9 milhões de hectares. Com a publicação do decreto federal n 6.321 de 21/12/2007, o cadastramento dos imóveis rurais, sobretudo nos municípios com maior número de desmatamento na Amazônia, tornou-se prérequisito para o acesso ao crédito e às políticas públicas correlatas, dessa forma, o ITERPA tem a competência de cadastrar e regularizar fundiariamente os imóveis rurais em extensas porções do território e passa adotar, em sua atual gestão, a comprovação da regularidade ambiental ou a adoção de medidas formais para a regularização ambiental dos imóveis rurais junto ao órgão ambiental do Estado como critério para a titulação de terras públicas estaduais. Um instrumento associado a esta medida é o Cadastro Ambiental Rural - CAR que também passou a ser pré-requisito também para os processos de licenciamento e financiamento da produção agropecuária. Pecuária extensiva A pecuária em médias e grandes propriedades, e sua relação com o desmatamento é o fator que mais se sobressai nos meios de comunicação. Segundo o IBGE (Censo Agropecuário 2006) o rebanho de bovinos no Estado do Pará somava até 2006, 12,8 milhões de cabeças. Há uma sutileza para a relação entre pecuária e desmatamento que não deve ser perdida de vista: segundo Margulis (2003), a pecuária foi a atividade responsável pela ocupação de 80% das áreas desmatadas em 2003, do que não decorre que essa atividade tenha sido responsável, sozinha ou enquanto vetor mais importante, do desmatamento que tomou lugar em tais áreas. De qualquer forma, nas regiões onde a pecuária já esta reconhecidamente estabelecida, é necessário trabalhar a questão da produtividade tanto para o gado de corte quanto para o de leite, uma vez que o Estado tem registrado os mais baixos índices de produtividade por hectare do país. Investimentos neste sentido se fazem indispensáveis para a redução de futuras pressões sobre os remanescentes florestais existentes. Agricultura É comum a ligação que se produz entre o cultivo de soja e desmatamento na Amazônia. A produção de soja no Pará, iniciada em meados dos anos 90, cresceu de poucas centenas para quase 16.000. As regiões aptas para cultivo de grãos são Santarém, Paragominas, Redenção, assim como o sudoeste e sudeste do Estado, que faz limite com as regiões produtoras vizinhas do Mato Grosso. Existe grande disponibilidade de vegetação secundária, principalmente pastagens degradadas: mais de 700.000 ha de áreas alteradas entre os municípios de Santarém e Belterra, entre eles, 300.000 ha abertos pela borracha, há 70 anos, e cerca de 1 milhão de ha de pastagens degradadas ao redor de Paragominas. Segundo dados do IBGE sobre a evolução da área plantada no Arco do Desmatamento, no período de 1999-2001, o arroz e o milho experimentaram um decréscimo de 11,44% e 1,94%, respectivamente, enquanto a área plantada em soja aumentou 57,31%. A expansão da soja na Amazônia tem se concentrado em áreas de topografia plana, com condições favoráveis de solos, clima, vegetação e infraestrutura de transporte. A crescente demanda pela soja em mercados globalizados, a disponibilidade de terras baratas na Amazônia e a falta de internalizarão de custos sociais e ambientais pelo setor privado têm impulsionado este fenômeno (BRASIL, 2004). Produção madeireira Toda a madeira extraída da mata nativa do Pará é convertida em dois produtos primários: lenha ou madeira em tora, os quais são destinados, respectivamente, para geração de energia térmica (carvão vegetal) ou para obtenção de subprodutos como madeira serrada, compensados, laminados, e Outros. Siderurgia Todo o consumo de carvão vegetal por parte das guseiras é obtido de carvoarias independentes, ou seja, aquelas com as quais se estabelece estritamente uma relação de aquisição do termo-redutor, não sendo elas, pois, controladas diretamente pelas guseiras (IOS, 2006) As únicas exceções para isso parecem ser a empresa Ferro Gusa Carajás, a qual possui uma produção própria (ou integrada) de termoredutor, e a empresa Cosipar. As guseiras do Pará concentram-se totalmente na cidade de Marabá sendo em número de oito e somando uma capacidade instalada de 2.638.000 toneladas de ferro-gusa (SINDIFER, 2009). 5

Praticamente toda essa produção é destinada ao mercado externo, sendo os EUA o principal país consumidor (IOS: 2006). Comparativamente ao que temos no Maranhão, o setor paraense é recente, uma vez que cinco das oito guseiras do último estado foram criadas após 2002, enquanto que as guseiras do primeiro estado foram instaladas na década de 90. Assistência técnica e fomento O entendimento geral e consensual é de que há um déficit de incentivos (fiscais e econômicos) e de oferta de assistência técnica voltada para fazer chegar aos setores produtivos citados acima a informação necessária para a mudança de paradigma. Não se trata, muitas vezes, da inexistência de conhecimento técnico e de tecnologia produzidos, mas da falta de sua difusão e divulgação. Discussão O Fundo Amazônia é um instrumento do governo Brasileiro para combater o intenso desmatamento no Bioma Amazônia, além de promover a conservação e o manejo sustentável das florestas, fato este comprovado pelos vários projetos apresentados ao BNDES, além de cinco projetos já terem sido aprovados, contribuindo assim, direta ou indiretamente, para redução do desmatamento no Bioma Amazônia (FUNDO AMAZONIA, 2011). Conclusão Visivelmente estamos trilhando o caminho correto, pois os esforços empreendidos durante o período de 1º de agosto de 2010 a 31 de julho de 2011 foi de 6.238 km2. Nos últimos três anos, correram sistematicamente as menores taxas de desmatamento, desde que esse instituto deu início ao monitoramento da cobertura vegetal na Amazônia e que a maior perda de Bioma Amazônia é verificada nos Estados de Mato Grosso e Tocantins, com 48,95 e 59,12%, respectivamente. Os Estados do Amapá e do Amazonas, por sua vez, são os que apresentaram menores taxas médias de desmatamento, considerando desde 1978 até 2009, com 1,41 e 2,14%, respectivamente. Dessa forma, dos nove estados da Amazônia Legal, seis diminuíram as taxas anuais de desmatamento. Maranhão e Roraima apresentaram as reduções percentuais mais significativas, reduziu expressivamente sua taxa de desmatamento. Em 2010, o Estado do Pará, havia desmatado 3.770 km², ao passo que, em 2011, essa área diminuiu para 2.870 km², uma redução de 23,9%. Esse desempenho contribui de modo significativo para a redução, com a variação da taxa de desmatamento da Amazônia Legal. Além disso, as características do desmatamento, apresentadas nesta pesquisa, revelam que o desafio do combate ao desmatamento deve priorizar ações que criem condições para a mudança efetiva do paradigma de desenvolvimento. Referencias Ambiente Brasil. Desmatamento. Ambiente Brasil S/S Ltda. Disponível em http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3? base=./florestal/index.html&conteudo=./florestal/art igos desmatamento.html. Acesso em 20.06.2012. BARRETO, Paulo. O Brasil atingirá sua meta de redução do desmatamento? / Paulo Barreto; Elis Araújo Belém, PA: Imazon, 2012. BRASIL 2004. Plano de ação para a prevenção e controle do desmatamento na Amazônia Legal. Brasília, DF. HOMMA, A. K. O ET AL. Guseiras na Amazônia: Perigo para a floresta Ciência Hoje. V. 39, n. 233, p. 56-59, dez. 2006. Criação de bovinos de corte no estado do Pará. Em: HTTP//sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/Fo nteshtml/bovinocorte/bovinocortepara/paginas/me rcado.html. Acesso em 20.05.2012. IMAZON. 2005. Fatos florestais da Amazônia. Belém, Pará. IMAZON. 2008. Quem é dono da Amazônia. Belém. Pará Instituto Observatório Social (IOS). 2006. Responsabilidade social das empresas siderúrgicas na cadeia produtiva do ferro-gusa na região de Carajás: os produtores de carvão vegetal - Relatório Geral. Rio de Janeiro. 51 p. INPE. Monitoramento de Queimadas em Tempo Quase-Real do INPE. Perguntas frequentes. 2010 a. Disponível em <http://sigma.cptec.inpe.br/queimadas/perguntas.h tml>. Acesso em: 21.06.2012..Queimadas Banco de Dados de Queimadas. DPI/INPE. 2010b. Disponível em: <http://www.dpi.inpe.br/proarco/bdqueimadas/>. Acesso em: 20.05.2012. MMA. Ministério do Meio Ambiente. 2008. Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal PPCDAM: Documento de Avaliação 2004-2007. Disponível em <http://www.ipam.org.br/download/livro/plano- de-acao-para-prevencao-e-controle--do- Desmatamento-na-Amazonia-Legal-PCDAM/115>. Acesso em 29.06.2012 MARGULIS. Causas do desmatamento na Amazônia brasileira. W.B.W.P, n 22. 80 p. 6