FACULDADE INTEGRADA DA GRANDE FORTALEZA REVISTA PERSPECTIVA FGF. Revista Científica Multidisciplinar da Faculdade Integrada da Grande Fortaleza



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Transcrição:

FACULDADE INTEGRADA DA GRANDE FORTALEZA REVISTA PERSPECTIVA FGF Revista Científica Multidisciplinar da Faculdade Integrada da Grande Fortaleza Revista Perspectiva FGF /Faculdade Integrada da Grande Fortaleza. V. 2, N. 2, Jul./Dez. 2012. Fortaleza Ceará 2012 ISSN 2238-524X Publicação Semestral Periódico Científico Faculdade Integrada da Grande Fortaleza CDD 001.4 Endereço: REVISTA PERSPECTIVA FGF FACULDADE INTEGRADA DA GRANDE FORTALEZA CEUDESP - Centro de Educação Universitário e Desenvolvimento Profissional LTDA Av. Porto Velho, 401 - João XXIII- Fortaleza/CE - CEP: 60.525-571. Tel. +55 (85) 3299-9900 / Fax. +55 (85) 3496-4384 / Email: revistaperspectiva@fgf.edu.br editorafgf@fgf.edu.br

Expediente Mantenedora Centro de Educação Universitária edesenvolvimento Profissional CEUDESP Eng. José Liberato Barrozo Filho - Diretor Administrativo Financeiro Eng. Julio Pinto Neto Diretor de Infra-estrutura Eng. Adolfo Marinho Diretor de Expansão Mantida Faculdade Integrada da Grande Fortaleza - FGF Eng. José Liberato Barrozo Filho - Diretor Geral Prof. Ms. Paulo Roberto de Castro Nogueira Diretor Acadêmico Editorial Cristina Tonin Beneli Fontanezi cristina@fgf.edu.br Conselho Editorial Adriana Maria Reboucas do Nascimento - adri@fgf.edu.br Adriana Regina Dantas Martins <adriana@fgf.edu.br Celia Maria Diogenes Nogueira celia@fgf.edu.br Claudia Regina de Castro de Lima <claudiaregina@fgf.edu.br> Cora Franklina do Carmo Furtado <cora@fgf.edu.br> Cynthia Barbosa cynthia@fgf.edu.br Denise Maia Alves da Silva - denisemaia@fgf.edu.br Diego Martins diegomartins@fgf.edu.br Erlon Albuquerque de Oliveira <erlon@fgf.edu.br> Francisca Taciana Sousa Rodrigues <taciana@fgf.edu.br> Francisco Ivonilton Rocha da Silva ivonilton@fgf.edu.br João Celso Moura de Castro joaocelso@fgf.edu.br José Eduardo Ribeiro Honório Junior - eduribiologo@fgf.edu.br Luana Lira <luizaluana@yahoo.com.br> Maria Lucia Falcao Nascimento lucia@fgf.edu.br Renato Alves Vieira de Melo renato@fgf.edu.br Roberta Oliveira da Costa roberta@fgf.edu.br Rosane de Almeida Andrade - rosane@fgf.edu.br Saiwori Bezerra <saiwori@yahoo.com.br> Solange Gurgel Alexandre solange@fgf.edu.br Tatiana de Lima Rocha <tatiana@fgf.edu.br> Viviane Mamede Vasconcelos viviane@fgf.edu.br Editora Maria Coeli Saraiva Rodrigues José Rogério Viana de Oliveira Revisão Técnica Damiao Carlos Nobre Juca Projeto Gráfico Célio Gomes Vieira Impressão: Periodicidade: Semestral

Seções Editorial... 01 Artigos Ciências Sociais Aplicadas Administração do Capital de Giro Tarcísio Aureliano Chaves de Sousa, José Costa da Cruz, José Fábio Costa da Cruz e Rafael Rabelo Bastos... 04 Ciências Jurídicas A não Instituição da Contribuição de melhoria pelo Estado do Ceará e a violação à isonomia Jurídica dos cidadãos contribuintes: estudo de caso da obra Arena Castelão Cícero de Oliveira Lucena Filho e José Diego Martins de O. e Silva... 20 S U M Á R I O Ciências da Saúde Percepção da enfermeira sobre o parto humanizado e nascimento Renata Nobre Pinho, Maria Ângela de Freitas, Elisãngela Regina Oliveira Ávila Queiroz, Elis Mayre da Costa Silveira Martins e Cristina Tonin Beneli Fontanezi... 38 O homem biológico e o homem cultural: diálogo da Educação Física com a antropologia Edson Medeiros Oliveira e Milena Marcintha Alves Braz... 49 Ciências Humanas A formação do leitor em uma escola da rede particular do município de Crateús - CE Sílvia Regina Alves de Sousa e Maria das Dores Nogueira Mendes... 57

EDITORIAL A Revista Perspectiva FGF é a publicação científica da Faculdade Integrada da Grande Fortaleza - FGF, criada com o objetivo de promover a publicação docente e discente das áreas de Ciências da Saúde, Sociais Aplicadas, Humanas, Jurídicas e Exatas. Este veículo tem a missão de incentivar a publicação de artigos originais, revisões e reflexões sobre os temas relacionados à formação científica, inovação, tecnologia, recursos humanos e áreas afins, gerando conhecimento amplo, sendo fonte de discussão e de saber de qualidade. Estes objetivos são fundamentados no regimento interno da FGF, como: I - estimular a criação cultural, o pensamento criativo, divergente, as múltiplas formas de expressão e o desenvolvimento do pensamento reflexivo e da postura científica e ética; III - promover a iniciação científica e apoiar o trabalho de pesquisa objetivando, sem prejuízo de outras vertentes, ampliar o conhecimento sobre o meio em que se insere a FGF; IV - divulgar, por múltiplas formas de comunicação, a cultura, a ciência, a arte e a tecnologia que constituem o patrimônio da humanidade, destacando e enfatizando os aspectos regionais deste patrimônio; V - oferecer, no seu âmbito de ação, oportunidade de formação contínua no campo da ciência, da tecnologia, da cultura, da arte e do lazer. Esta publicação destina-se à comunidade acadêmica, formada por pesquisadores, professores, alunos e profissionais atuantes nas áreas supramencionadas e em outras correlatas, dando prioridade ao conhecimento regional, aos dados que se referem ao entorno da faculdade e à possibilidade de realização de estudos interdisciplinares, sem prejuízo de estudos realizados em contextos mais amplos. A Comissão Editorial da Revista Perspectiva FGF agradece aos alunos, professores, à direção da instituição Faculdade Integrada da Grande Fortaleza - FGF e a todos que contribuíram para que essa edição se transformasse em realidade. Profa Dra Cristina Tonin Beneli Fontanezi Editora Científica Revista Perspectiva FGF Coordenadora da Iniciação Científica - FGF 1

ARTIGOS 2

CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS 3

ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO Tarcísio Aureliano Chaves de Sousa Aluno do curso de Administração na Faculdade Integrada da Grande Fortaleza aurelioxaves@hotmail.com José Fábio Costa da Cruz Professor do curso de Administração na Universidade Vale do Acaraú fabioycruz@ig.com.br Rafael Rabelo Bastos Professor Doutor do curso de Administração na Faculdade Ateneu rafaelrabelobastos@yahoo.com.br RESUMO: O capital de giro está diretamente relacionado às fontes, principalmente de curto prazo, que as empresas recorrem para financiar suas operações. O capital de giro também depende dos níveis dos recebíveis, dos estoques, bem como do gerenciamento de caixa, etc. Para cada uma destas aplicações de recursos, há diferentes desafios em relação ao nível ótimo necessário ao pleno desenvolvimento do negócio, cuja execução requer eficiência nos processos e rentabilidade dos investimentos.este trabalho é uma pesquisa bibliográfica exploratória que revisa a literatura sobre o capital de giro, evidencia a importância de sua eficiente administração no crescimento e desenvolvimento de atividades empresariais. Palavras-chave: Capital de Giro. Liquidez. Contas Circulantes. ABSTRACT: The working capital is directly related to sources, mainly short-term, that the companies use to finance its operations. The working capital also depends on the levels of receivables, inventories, as well as the cash management, etc. For each of these applications of resources, there are different challenges in relation to the optimum level necessary for the full development of the business, whose implementation requires efficiency in processes and profitability of investments. This work is a bibliographic research exploratory that reviews the literature on the working capital, highlights the importance of its efficient administration on the growth and development of business activities. Keywords: Working Capital. Liquidity. Accounts Circulating. 4

5 1 INTRODUÇÃO O capital de giro de uma empresa representa os recursos financeiros envolvidos em seu ciclo operacional (caixa, bancos, contas a receber, estoques), requerendo uma administração eficiente em termos de informação, planejamento e controle, objetivando oferecer aos gestores a oportunidade de tomada de decisão, baseada em uma análise de cenário em torno da gestão estratégica do capital de giro. Para Assaf Neto (2002a): O capital de giro tem participação relevante no desenvolvimento operacional das empresas, cobrindo geralmente mais da metade de seus ativos totais investidos. Uma administração inadequada do capital de giro resulta geralmente em sérios problemas financeiros, contribuindo efetivamente para uma situação de insolvência. (ASSAF NETO, 2002a, p. 13). Dessa forma, torna-se sobremaneira importante que haja uma boa administração do capital de giro para um perfeito funcionamento das operações diárias da empresa. De acordo com Sanvicente (1987a, p. 124), É comum o administrador financeiro dedicar boa parte de seu tempo ao planejamento e ao controle do investimento em ativos correntes (giro), pois tais atividades são cotidianas. Porém, as palavras planejamento e controle isoladamente são apenas dois dos elementos da Função Administrativa, todavia quando usadas em conjunto com organização e direção formam o Processo Administrativo, este é o modelo mais seguido pelas organizações com o intuito de alcançarem os objetivos previamente estabelecidos. Podemos defini-las e enumerá-las da seguinte forma: 1- Planejamento Função básica do administrador define os objetivos a serem atingidos pela organização, seja pública ou privada, além de determinar a maneira como alcançá-las. 2- Organização O foco é proporcionar tudo o que útil para o funcionamento da empresa. Congrega as seguintes atividades: a- Demarcar as atividades que serão necessárias para o cumprimento dos objetivos planejados: Especialização. b- Agrupas as atividades de maneira lógica: Departamentalização. c- Unir as atividades com as posições e pessoas específicas: Cargo e Tarefa. 3- Direção Envolve o estilo de liderança e direção utilizado pelo gestor para motivar as

pessoas a atingir os objetivos almejados, através da motivação, treinamento e comunicação. Modernamente, a direção está subdividida em: Coordenação e liderança. 4- Controle Verifica-se o cumprimento dos objetivos, acontece simultaneamente com a Avaliação. Segundo Chiavenato (2010a, p. 514): A essência do controle reside na verificação se a atividade controlada está ou não nos objetivos ou resultados desejados. Ainda de acordo com Chiavenato (2010b, p. 514), O processo de controle apresenta quatro etapas, a saber: a- Estabelecimento de objetivos e padrões de desempenho. b- Avaliação ou mensuração do desempenho. c- Comparação do desempenho atual com os objetivos ou padrões estabelecidos. d- Tomada de ação corretiva para corrigir possíveis desvios ou anormalidades. FIGURA 1: O processo administrativo FONTE: (CHIAVENATO, 2010). 6 Dessa forma, reforça-se a necessidade de se ter uma gestão eficiente do capital de giro, pois, além da constante análise do ciclo operacional visando a otimização dos recursos, tem-se também a própria questão do tempo do administrador financeiro que, ao dispor de informações pre- precisas, pode proceder as suas análises e tomar decisões com mais organização e controle sem, portanto, os atropelos característicos das empresas que não adotam técnicas de gestão financeira. O objetivo principal deste trabalho consiste em demonstrar a

7 importância do capital de giro dentro do contexto de uma empresa, enfocando a abordagem teórica sobre o assunto e discutindo a relevância de se ter uma gestão eficiente do mesmo, tendo em vista a sustentabilidade do negócio. Para isso, utilizaremos o método exploratório através do levantamento bibliográfico de dados secundários sobre o tema capital de giro, bem como discutiremos técnicas de administração do giro que resultem em ganhos de eficiência na gestão dos negócios. 2 REFERENCIAL TEÓRICO Segundo Brigham e Houston (1999, apud GONÇALVES 2004, p. 2), historicamente O termo Capital de giro teve origem com os antigos mascates (vendedores ambulantes) ianques (EUA), que carregavam suas carroças com mercadorias e percorriam suas rotas vendendo seus artigos. Ainda, segundo esses autores, a carroça e o cavalo eram seus Ativos Fixos. E, estes, eram financiados com recursos próprios, mas os fundos para comprar as mercadorias costumavam ser provenientes de empréstimos. Estes eram chamados de empréstimos de capital de giro e tinham que ser liquidados a cada viagem, para demonstrar ao banco que o crédito do mascate era bom. Se o comerciante itinerante conseguia pagar o empréstimo que tinha tomado, então o banco lhe fornecia outro empréstimo. Desta forma, iniciou-se a história do capital de giro, o qual foi ganhando importância e complexidade, ao tempo em que os negócios e as empresas foram incorporando novas formas de negociação em termos de compras, vendas e administração de seus ativos. De acordo com Gitman (2010a, P. 547), Os ativos circulantes, comumente chamados de capital de giro, representam a proporção do investimento total da empresa que circula, de uma forma para outra, na condução normal das operações. Segundo Assaf Neto (2002b, p.14), O termo giro refere-se aos recursos correntes (curto prazo) da empresa, geralmente identificados como aqueles capazes de serem convertidos em caixa no prazo máximo de um ano. Ainda segundo Assaf Neto, O capital de giro ou capital circulante é representado pelo ativo circulante, isto é, pelas aplicações correntes, identificadas geralmente pelas disponibilidades, valores a receber e estoques. Segundo Gitman (2010b): O capital de giro líquido é normalmente definido como a diferença entre os ativos circulantes e os passivos circulantes de uma empresa. Quando os primeiros superam os segundos, a empresa possui

8 capital de giro líquido positivo. Quando os segundos superam os primeiros, a empresa possui capital de giro negativo. (GITMAN, 2010b, p. 547). De acordo com Assaf Neto (2002c): O capital de giro líquido é mais diretamente obtido pela diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante. Reflete a folga financeira da empresa e, representa o volume de recursos de longo prazo (exigibilidade e patrimônio líquido) que se encontra financiando os ativos correntes (de curto prazo). (ASSAF NETO, 2002c, p.16). Comumente chamado de capital circulante líquido (CCL), pode ser representado algebricamente de duas formas: (I) CCL= ativo circulante passivo circulante (II) CCL= (patrimônio líquido + passivo não circulante) (ativo não circulante) Admitindo-se a seguinte estrutura patrimonial de uma empresa representada na figura 1. O valor do capital circulante líquido apresentará o mesmo resultado quando calculado por ambas as equações: CCL = $120 - $90 = $30 ou CCL = ($70+$40) - ($80) = $30 TABELA 1: Empresa com capital de giro líquido positivo. CCL { AÑC $ 80 AC R$ 120 A administração eficiente do capital de giro depende do conhecimento de que este é composto de duas partes, sendo denominadas de permanente e sazonal, respectivamente. PC $ 90 PNC $ 40 PL $ 70 Segundo Assaf Neto (2002d, p.15), O capital de giro permanente refere-se ao volume mínimo de ativo circulante necessário para manter a empresa em condições normais de funcionamento. Ainda de acordo com o Assaf Neto (2002e): O capital de giro variável, por seu lado, é definido pelas necessidades adicionais e temporárias de recursos verificadas em determinados períodos e motivadas, principalmente, por compras antecipadas de estoques, maior morosidade no recebimento de clientes, recursos do disponível em trânsito, maior venda em certos meses do ano, etc. Essas operações promovem variações temporárias no circulante, e são, por isso, denominadas de

(1987b): sazonais e variáveis. (ASSAF NETO, 2002e, p. 15). Segundo Zoratto Sanvicente Numa empresa as vendas podem apresentar a tendência de oscilar a prazos curtos dentro de um ano. Desse modo, e como os investimentos em ativos correntes acompanham as vendas, pois a elas devem a sua existência, eles também devem apresentar saldos aceitáveis durante o ano. Essas oscilações correspondem aos movimentos sazonais das vendas, como ocorre, por exemplo, nos casos de produtos típicos de períodos especiais, como Páscoa, Semana Santa e festas de Natal e Ano Novo ou que estão ligados a alguma característica climática do mercado geográfico onde são vendidos. (ZORATO SANVINCENTE, 1987b, p.126). O capital de giro tem suas particularidades e especificidades que requerem atenção e conhecimento do gestor para uma condução eficiente dos negócios financeiros da empresa. 3 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO As decisões de curto prazo envolvem as questões relativas aos ativos e aos passivos circulantes, exercendo, na maioria das vezes, impacto sobre a empresa no prazo de um ano. 1 - Qual é o nível adequado de caixa que deve ser mantido em um banco para pagamento de contas? 2 - Qual a quantidade de matéria-prima a ser encomendada? 3 - Qual o nível de crédito a ser concedido aos clientes? Para esses temas, as empresas podem adotar dois tipos de política, a flexível ou a restritiva, cujas características podem ser observadas na Figura 2: TABELA 2: Características das Políticas Financeiras Política flexível Manutenção de saldos elevados de caixa e títulos Investimentos elevados em estoque Concessão de crédito em condições liberais, ocasionando um elevado nível de contas a receber. Política Restritiva Manutenção de saldos reduzidos de caixa e nenhum investimento de títulos negociáveis Pequenos investimentos em estoque Ausência de vendas a prazo, ou seja, nenhum investimento em contas a receber 9 Temos três questões básicas relativas ao curto prazo: Para Assaf Neto (2002f, p.15) A administração do capital de giro diz respeito a administração das contas dos elementos do giro, ou seja, dos ativos e

10 passivos correntes (circulantes), e às inter-relações existentes entre eles. Neste conceito, são estudados fundamentalmente o nível adequado de estoques que a empresa deve manter, seus investimentos em créditos a clientes, critérios de gerenciamento do caixa e a estrutura dos passivos correntes, de forma consistente com os objetivos enunciados pela empresa e tendo por base a manutenção de determinado nível de rentabilidade e liquidez. (ASSAF NETO, 2002f, p. 15). De acordo com Ferreira (2005a, p.102), Vez por outra, os administradores das empresas refletem sobre qual estratégia a ser adotada na administração do capital de giro. Em geral, as estratégias de financiamento podem ser mais arrojadas ou mais conservadoras, conforme a determinação dos proprietários. Ainda de acordo com Ferreira (2005b, p. 102), Empresas que utilizam estratégia mais arrojada financiam suas necessidades de capital de giro com recursos de curto prazo e suas necessidades permanentes com recursos de longo prazo. Para Ferreira (2005c, p. 102), Empresas que utilizam a estratégia mais conservadora recorrem a financiamentos de longo prazo, tanto para cobertura de suas necessidades de capital de giro, quanto para suas necessidades de recursos permanentes. Para Sanvicente (1987c, p. 126), A administração das aplicações em ativos correntes, como a administração de qualquer aspecto de empresa, envolve a tomada de decisões. Para tanto Sanvicente refere-se a três dimensões distintas: 1- Liquidez dos ativos correntes da empresa, em face da composição dos prazos de vencimento da suas dívidas, particularmente a curto prazo, ou seja, o risco que os ativos correntes da empresa têm para transformação efetiva em dinheiro. 2- Conflito entre liquidez e rentabilidade. Investimentos em ativos correntes representam um retorno inferior aos realizados em ativos fixos, entretanto, contribuem indiretamente para atingir a rentabilidade através da sustentação do nível de vendas. Assim a empresa enfrenta o dilema de optar em investir em maior volume em ativos correntes para manter a liquidez, tendo como conseqüência um menor volume para investimento em ativos mais rentáveis. 3- Manutenção de saldos excessivos em caixa e estoques ou saldos insuficientes nessas mesmas contas. Saldos excessivos nessas mesmas contas resultam em investimentos e custos mais altos, já a manutenção de saldos insuficientes gera

11 investimentos e custos menores, com a contrapartida de riscos maiores. Administrar eficientemente o capital de giro requer girar os estoques no menor prazo possível, bem como alargar prazos de pagamento, reduzir prazos de recebimento, negociar preços, etc. Essas ações podem resultar em aumentos de rentabilidade e na diminuição dos riscos de insolvência. 4 CICLOS OPERACIONAIS, ECONÔMICOS E FINANCEIROS Na realização de seus negócios, a empresa tem como objetivo atingir de forma otimizada resultados positivos. Concretiza, para tanto, um processo que se inicia com a compra, passa pela produção, venda de bens e de serviços, e finaliza com o devido recebimento das vendas efetivadas. Esse processo constitui o chamado conjunto de atividades do sistema empresa, cuja gestão visa a atender as projeções de retorno financeiro e de sustentabilidade para seus stakeholders. O supracitado conjunto de atividades do sistema empresa, também denominado de ciclo operacional, consiste na operacionalização dos componentes do capital de giro de uma empresa, correspondendo a todas as ações necessárias e exercidas para o desempenho de cada atividade, do qual decorrem o ciclo financeiro e o econômico. O ciclo operacional é representado pelo intervalo de tempo em que não há ingresso de recursos financeiros na organização, gerando a necessidade de capital para financiá-lo. Variando de acordo com o setor da atividade desenvolvida pela empresa, o ciclo operacional tem, em suas etapas, demandas distintas de recursos para financiar suas necessidades. Conclui-se, por conseguinte, que a demanda dos recursos aumenta ou diminui de acordo com a amplitude do ciclo operacional. Para Assaf Neto (2002g, p.22), O ciclo financeiro mede exclusivamente as movimentações de caixa, abrangendo o período compreendido entre o desembolso inicial de caixa (pagamento a fornecedores) e o recebimento da venda do produto, representa o intervalo de tempo que a empresa irá necessitar efetivamente de financiamento para suas atividades. Ocorrendo desconto de títulos de venda a prazo (duplicatas, etc), o período de necessidade de caixa é reduzido. De acordo com Assaf Neto (2002h, p.22), O ciclo econômico considera unicamente as ocorrências de natureza econômica, envolvendo a compra dos materiais até a respectiva venda. Não

levam em consideração os reflexos de caixa verificados em cada fase operacional, ou seja, os prazos de recebimento da venda e os pagamentos dos prazos incorridos. A Tabela 3 apresenta graficamente o ciclo operacional, o ciclo financeiro e o ciclo econômico das empresas. TABELA 3: Ilustração de ciclos, operacionais, econômicos e financeiros. Compra de Matéria-prima Início da Fabricação Fim da Fabricação Venda Recebimento PME PMF PMV PMC PMPF Ciclo Operacional Ciclo Financeiro (caixa) Ciclo Econômico 12 PME = prazo médio de estoque de matéria-prima; PMF = prazo médio de fabricação; PMV = prazo médio de venda (prazo médio de estoques dos produtos acabados); PMC = prazo médio de cobrança (prazo médio de recebimento); PMPF = prazo médio de pagamento a fornecedores. 5 EQUILÍBRIO FINANCEIRO A administração de ativos e passivos circulantes remete a decisões financeiras de curto prazo, influindo diretamente na liquidez da empresa.

13 De acordo com Assaf Neto (2002i): Toda empresa deve buscar um nível satisfatório de capital de giro, de maneira a garantir a sustentação de sua atividade operacional. O conceito de equilíbrio financeiro de uma empresa é verificado quando suas obrigações financeiras se encontram lastreadas em ativos com prazos de conversão em caixa similares aos dos passivos. Em outras palavras, o equilíbrio financeiro exige vinculação entre a liquidez dos ativos e os desembolsos demandados pelos passivos. Para se ter um indicador seguro de um equilíbrio financeiro, é necessário que se identifiquem nos ativos circulantes as contas de longo prazo (permanentes) e as variáveis (sazonais). Para se manter em equilíbrio financeiro, uma alternativa da empresa é financiar suas necessidades variáveis com dívidas de curto prazo, utilizando os recursos de longo prazo para financiar todas as suas necessidades financeiras permanentes. (ASSAF NETO, 2002i, p. 24). Assim se faz mister ao administrador manter a empresa em equilíbrio financeiro, impedindo que esta passe por turbulências em virtude de decisões equivocadas ou de um gerenciamento ineficiente. Vale salientar que, para precaver-se de imprevistos, é sempre importante trabalhar com uma margem de segurança que lhe permita escalonar o vencimento de suas dívidas de acordo com a programação de futuros fluxos de caixa. 6 ÍNDICES DE LIQUIDEZ O equilíbrio financeiro de uma empresa pode ser acompanhado através dos índices de liquidez, cuja compreensão é uma das principais preocupações de analistas e credores. Segundo Gitman (2010c, p. 46), A liquidez de uma empresa é medida por sua capacidade de cumprir as obrigações de curto prazo à medida que vencem. Para Assaf Neto (2002j, p. 29), Um importante indicador de liquidez empresarial é o volume de capital circulante líquido CCL, que é medido pela diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante. Em princípio, quanto maior for este valor, melhor será a posição de liquidez de curto prazo da empresa, ou seja, maior se apresenta sua folga financeira. Ainda de acordo com Assaf Neto (2002l, p.30), O crescimento absoluto ou percentual do CCL não fornece base totalmente adequada para conclusões a respeito da liquidez de uma empresa. É importante que se trabalhe complementarmente com índices financeiros de liquidez, que relacionam também valores correntes compatíveis entre si. Os principais índices financeiros que medem a folga financeira da empresa são: 1- Liquidez imediata = Disponíveis / passivo circulante.

Indica o percentual das dívidas correntes que podem ser liquidadas imediatamente. 2- Liquidez seca = Ativo circulante estoques - despesas antecipadas / passivo circulante. Aponta o percentual das dívidas de curto prazo em condições de serem liquidadas mediante o uso de ativos monetários de maior liquidez. 3- Liquidez corrente = Ativo circulante / passivo circulante. Para cada $1 de dívida de curto prazo, quanto a empresa mantém em seu ativo circulante. A Tabela 4 apresenta o balanço patrimonial do ano X de uma empresa fictícia Indústrias KYZ e que servirá de base para análises financeiras através dos índices referidos. TABELA 4: Balanço Patrimonial do ano X das indústrias KYZ ATIVO PASSIVO Em $ 1.000,00 Em $ 1.000,00 CIRCULANTE CIRCULANTE Disponível 20.000,00 Fornecedores 18.000,00 Contas a receber 70.000,00 Salários e Encargos 23.000,00 Estoques 110.000,00 Instituições Total 200.000,00 Financeiras 58.000,00 Impostos a recolher 15.000,00 NÃO CIRCULANTE Total 114.000,00 Realizável a Longo Prazo 6.000,00 Investimentos 1.500,00 NÃO CIRCULANTE Exigível a Longo Prazo Imobilizado 180.000,00 Financiamentos 10.000,00 Intangível 2.000,00 Debêntures 22.000,00 Total 189.500,00 Rendas Antecipadas 5.000,00 Total 37.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 238.500,00 Total 389.500,00 Total 389.500,00 Tomando-se o Balanço Patrimonial da Tabela 4 das indústrias KYZ, temos que o índice de liquidez corrente (ILC) pode ser calculado da seguinte forma: 14

ILC = Ativo Circulante Passivo Circulante ILI = Disponível ILI = 20.000 Passivo Circulante 114.000 ILC = 200.000 114.000 ILC = 1,75 Conclui-se que, para cada $ 1,00 de dívida de curto prazo, a empresa possui $ 1,75 de disponibilidades e direitos realizáveis a curto prazo. Já em relação ao índice de liquidez seca (ILS), tem-se que: ILS = Ativo Circulante - Estoques - Despesas Antecipadas Passivo Circulante ILS = 200000-110.000 ILS = 90.000 114.000 114.000 ILI = 0,18 Conclui-se que para cada $ 1,00 de dívida de curto prazo, a empresa KYZ possui $ 0,18 para saldar seus compromissos correntes, utilizando-se apenas de seu saldo disponível, ou seja, daqueles recursos que podem ser utilizados imediatamente sem restrições como caixa, bancos conta movimento e aplicações de liquidez imediata. Significa que, além de girar mais rápido os estoques, a empresa necessita modificar sua política de vendas, notadamente reduzindo as contas a receber com o conseqüente incremento de suas vendas à vista. 15 ILS = 0,79 Conclui-se que, para cada $ 1,00 de dívida de curto prazo, a empresa possui $ 0,79 de recursos correspondentes ao disponível somado a contas a receber. O que denota que a empresa precisa girar mais rápido seus estoques. Finalmente em relação ao índice de liquidez imediata, temos segundo o balanço apresentado, a seguinte situação: 7 FLUXO DE CAIXA Uma das mais importantes ferramentas para o correto gerenciamento e planejamento financeiro de uma empresa, o fluxo de caixa, apresenta-se como uma bússola que orienta o gestor sobre os rumos do negócio. Segundo José Pereira da Silva, em seu livro Análise Financeira das Empresas (2006a):

16 O fluxo de caixa (cash flow) é considerado por muitos analistas um dos principais instrumentos de análise, propiciando-lhes identificar o processo de circulação de dinheiro, através da variação de caixa (e equivalentes). No mundo moderno as transações das empresas não envolvem o caixa propriamente dito, uma vez que os pagamentos podem ser feitos via internet ou com cheques e os recebimentos podem ocorrer via transferência eletrônica de crédito ou depositados diretamente nos bancos sem que precisem transitar pelo caixa no sentido contábil desta conta. A expressão fluxo de caixa, portanto, deve ter uma amplitude maior, envolvendo os pagamentos e os recebimentos em geral. (SILVA, 2006a, p. 474) Ainda de acordo com José Pereira da Silva (2006b, p. 474), A análise do fluxo de caixa auxiliará no entendimento da providência e do uso do dinheiro na empresa e poderá levar a medidas administrativas de correção de rota no gerenciamento dos negócios da empresa. Para Gitman (2010d, p. 555), as estratégias básicas que devem ser empregadas na administração de caixa são: 1- Girar o estoque com a maior velocidade possível, sem faltas que resultem em vendas perdidas; 2- Cobrar as contas a receber com a maior rapidez possível, sem perder vendas resultantes do uso de técnicas de cobranças muito agressivas; 3- Gerir os tempos de correspondência, processamento e compensação para reduzi-los ao cobrar dos clientes e aumentá-los ao pagar aos fornecedores; 4- Efetuar os pagamentos das contas a pagar com a maior lentidão possível, sem prejudicar a classificação de crédito da empresa. De acordo com Assaf Neto (2002m, p.39), A partir da elaboração do fluxo de caixa é possível prognosticar eventuais excedentes ou escassez de caixa, determinando-se medidas saneadoras a serem tomadas. Ainda de acordo Assaf Neto (2002n, p.39), O fluxo de caixa se destaca como um instrumento que possibilita o planejamento e controle dos recursos financeiros de uma empresa, sendo indispensável em todo o processo de tomada de decisões financeiras. Destarte, percebe-se que o cenário econômico brasileiro apresenta-se cada vez mais competitivo e globalizado, devendo as decisões empresariais serem rápidas e baseadas em números que representem as verdadeiras possibilidades da empresa. Assim, a projeção e a alimentação de um fluxo de caixa permitem que o administrador financeiro tenha ampla visão das alterações do negócio, bem como lhe possibilitam tomar decisões objetivas para a sustentabilidade da organização.