A EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A EXPERIÊNCIA DO PROJETO DE EXTENSÃO PRÁTICAS CORPORAIS NA E. M. JARDIM DE INFÂNCIA BRANCA DE NEVE.



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Transcrição:

A EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A EXPERIÊNCIA DO PROJETO DE EXTENSÃO PRÁTICAS CORPORAIS NA E. M. JARDIM DE INFÂNCIA BRANCA DE NEVE. Paulo Rogério Santos e Silva 206 Layenne Grigório Martins 207 Resumo: A presente pesquisa trata-se de uma proposta de intervenção por meio da Cultura Corporal e elementos Lúdicos, com a finalidade de colaborar com a formação das crianças da Escola Municipal Jardim de Infância Branca de Neve Nova Aurora-GO, as quais não possuem o contato com práticas corporais tão essenciais para uma formação integral dos sujeitos. O objetivo geral é de propiciar a vivencia da cultura corporal, produzindo discussões em torno da educação do corpo, como processo histórico e social, capaz de proporcionar reflexão e colaborar com a formação humana pelo acesso e interação com essas formas de manifestação da cultura. Especificamente: a) Fortalecer a rede de Educação Infantil na cidade Nova Aurora GO, tendo como referência a construção de propostas referentes à cultura corporal; b) Propiciar espaço e oportunidade de autoconhecimento, vivências inclusivas, desenvolver habilidades de comunicação e interação social das crianças envolvidas no projeto; c) colaborar com a formação acadêmica dos alunos envolvidos com o projeto no que se refere à prática pedagógica exercida sob a perspectiva de professor, intelectual, pesquisador e transformador. Esperamos com este estudo aprofundar os debates referentes a esta temática, bem como ampliar as discussões dos processos de produção de conhecimento nessa área. Com esta pesquisa, podemos verificar as implicações da realização do projeto na escola e refletir juntamente com a direção e as professoras a importância do trabalho com o corpo e o movimento na educação infantil visando à formação integral da criança, bem como a importância de um profissional qualificado na área. Palavras Chave: Educação Infantil; Educação Física; Inclusão. 206 Mestrando em Educação PPGEDUC Regional Catalão UFG. Email: ppaullao@hotmail.com 207 Professora de Educação Física da Escola Aprov Kids Catalão-GO. Email: layennegrigorio@yahoo.com.br 607

1. Introdução O estudo das relações referentes ao corpo e ao movimento na educação infantil apresenta-se como um tema cada vez mais abordado e se mostra indispensável para a formação dos educadores da contemporaneidade que atuam neste nível de ensino. Diversos são os elementos tratados por essa área de pesquisa, dentre eles as distintas linguagens corporais como a fala, o gesto, e todas outras expressões que derivam dos movimentos corporais, as quais são claramente características que inserem as crianças no contexto cultural e expandem as suas formas de expressão (SAYÃO, 2002). Entretanto, no ambiente escolar, local onde as crianças passam grande parte de seu tempo, as linguagens não podem ser entendidas unicamente como falas, o gesto; o corpo como um todo deve ser pensado e compreendido de forma integral. Deste modo, a expressão corporal é uma linguagem, um conhecimento universal, patrimônio da humanidade que igualmente precisa ser transmitido e assimilado pelos alunos na escola (SOARES et al, 1992, p. 29). Apesar da importância do trabalho com outras linguagens que poderia ser desenvolvido por meio da Educação Física, esta disciplina não faz parte dos componentes curriculares previsto para a educação infantil. Se a Educação Física fosse incluída como um aprendizado pedagógico nesse nível de ensino oportunizaria um conhecimento universal, construído constantemente pela humanidade o qual podemos chamar de cultura corporal. Ressaltamos o discurso de Sayão (1996) que enfatiza a necessidade de uma proposta da implementação da Educação Física na educação infantil, retratando que a criança está inserida em uma sociedade, e deste modo tem o direito de apropriar-se dela, sendo produto e produtora da cultura. A autora percebeu que a escola ou melhor, a Educação Física escolar, poderia oferecer os subsídios para a compreensão das práticas que acontecem nas Creches e Pré-Escolas. Apostei que a Educação Física concreta ou verdadeira que se manifesta no cotidiano da Educação Infantil materializa-se como uma apropriação socialmente construída por seus profissionais a partir da Educação Física escolar, principalmente, daquela praticada nas séries iniciais do primeiro grau. (SAYÃO, 1996, p. 27) 608

A presente proposta de intervenção buscou propiciar a vivencia da Cultura Corporal como os Jogos, as Ginásticas, as Danças e os Esportes, problematizando discussões em torno da Educação do Corpo, como o processo histórico e social, capaz de proporcionar reflexão e colaborar com a formação humana pelo acesso e interação com essas formas de manifestação da cultura. Nesse sentido, a presente pesquisa trata-se de uma intervenção na Escola Municipal Jardim de Infância Branca de Neve situada no Município de Nova Aurora - GO, escola que atende a educação infantil e que não realiza nenhum tipo de trabalho ou projeto que agregue os aspectos da Cultura Corporal das crianças e por consequência promova uma Educação Integral. No Brasil as Escolas de Educação Infantil não tem a obrigatoriedade de ter um professor especifico para trabalhar com aspectos voltados a Educação Física, mas o Art.29 da LDB prevê que A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. Sendo assim, como prevê está lei é de suma importância para o Desenvolvimento Integral da criança que na escola de educação infantil haja também um trabalho dos aspectos Motores. Mas como não se tem uma política com preocupação sobre estes aspectos as escolas possuem apenas professores pedagogos os quais são nomeados como regentes e não tem uma formação voltada para trabalhar o amplo campo da Cultura Corporal. Com isso é negado um Desenvolvimento Integral as crianças não permitindo que estas alcancem o ponto alto de suas competências deixando de colaborar com a formação de suas personalidades e integração com o meio social. A Escola Municipal Jardim de Infância Branca de Neve é uma escola de educação infantil a qual atende 110 crianças do maternal, creche até os jardins I, II, III e IV de todo o município incluindo a zona rural tanto de Nova Aurora-GO quanto das cidades vizinhas Corumbaíba-GO e Ipameri-GO. O projeto Práticas Corporais encontrou lugar nessa escola a qual abraçou o projeto viabilizando espaços, tempos e materiais, além da possibilidade de oferecer acesso a outras 609

formas de manifestações culturais que no nosso caso é a Cultura Corporal até então negada neste espaço. Assim o foco principal deste projeto foi propiciar a vivência da cultura corporal (ginástica, jogos, brincadeiras, danças e as lutas), tematizando discussões em torno da educação do corpo, como processo histórico e social, capaz de proporcionar reflexão e colaborar com a formação humana pelo acesso e interação com essas formas de manifestação da cultura. Mais especificamente pretendemos: 9. Fortalecer a rede de Educação infantil que acolhe na cidade Nova Aurora GO, tendo como referencia a perspectiva de construção de propostas referentes à Cultura Corporal; 10. Propiciar espaço e oportunidade de auto-conhecimento, vivências inclusivas, melhora da auto-estima, desenvolver habilidade de comunicação, expressão e interação social das crianças envolvidas no projeto; 11. Colaborar com a formação acadêmica dos alunos envolvidos com o projeto no que se refere à prática pedagógica exercida sob a perspectiva de professor, intelectual, pesquisador e transformador. 2. O movimento corporal na educação infantil A importância do movimento corporal na educação infantil é enfatizada pelo documento Referencial Curricular para a Educação Infantil RCNEI, o qual apresenta um capítulo destinado a designar suas principais características e propostas de intervenção sobre essa temática. Este documento oficial destinado a assegurar os direitos das crianças brasileiras prevê que ao brincar, jogar, imitar e criar ritmos e movimentos, as crianças também se apropriam do repertório da cultura corporal na qual estão inseridas (BRASIL, 1998, p. 15). Outra dimensão trazida à tona por este documento é a questão do movimento ir além do deslocar, mudar de lugar. Nesta fase da vida a criança utiliza o movimento como uma linguagem imprescindível para se comunicar com os que estão a sua volta, por exemplo, utilizando expressões faciais para transmitir todo tipo de informação, correndo, pulando e movimentando objetos. Deste modo, dar espaço e significado às formas de expressão presentes nos ambientes de educação infantil facilita a comunicação e a interação das crianças nas instituições. 610

Conforme enfatiza o RCNEI os conteúdos para o trabalho com o movimento devem priorizar o desenvolvimento das capacidades expressivas e instrumentais do movimento, possibilitando a apropriação corporal pelas crianças de forma que possam agir com cada vez mais intencionalidade. Devem ser organizados num processo contínuo e integrado que envolve múltiplas experiências corporais, possíveis de serem realizadas pela criança sozinha ou em situações de interação. Os diferentes espaços e materiais, os diversos repertórios de cultura corporal expressos em brincadeiras, jogos, danças, atividades esportivas e outras práticas sociais são algumas das condições necessárias para que esse processo ocorra. (BRASIL, 1998, p. 29) Nessa mesma linha de raciocínio, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação LDB/ 1996 na seção III destinada a Educação Infantil em seu Art. 29 prevê que a educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade (BRASIL, 1996, p. 12). Considerando os aspectos garantidos pela LDB/1996 visando a formação integral da criança, entendemos que eles estão direcionados a cultura corporal de movimento. O corpo constitui-se, no período da infância, como meio fundamental para a construção do aprendizado, já que é por meio dele que a criança pode agir para compreender e expressar significados presentes no contexto histórico-cultural em que se encontra (GARANHANI, 2010, p. 2017). Segundo Wallon (1979), nas crianças o ato de pensar se desenrola no ato de mover, o que, em outras palavras, significa dizer que, enquanto realiza alguma ação, a criança necessariamente está pensando. Esse argumento, pois, reforça a importância e o significado das práticas corporais no período inicial da formação do ser humano. Dada a importância do movimento para o desenvolvimento físico intelectual das crianças, principalmente durante os seis primeiros anos de vida, o estímulo ao ato de brincar passa a ser de extrema importância, apresentando-se, assim, como um princípio pedagógico que deveria orientar os métodos e práticas utilizadas na educação infantil. Segundo Oliveira (1996 apud GARANHANI, 2010, p. 2023), A brincadeira constitui o recurso privilegiado de desenvolvimento da criança em idade pré-escolar. Nela, afeto, motricidade, linguagem e percepção, representação, 611

memória e outras funções cognitivas são aspectos profundamente interligados. A brincadeira favorece o equilíbrio afetivo da criança e contribui para o processo de apropriação de signos sociais. Ela cria condições para uma transformação significativa da consciência infantil, por exigir das crianças formas mais complexas de relacionamentos com o mundo. Através do brincar, a criança passa a compreender as características dos objetos, seu funcionamento, os elementos da natureza e os acontecimentos sociais. Ao mesmo tempo, ao tomar o papel do outro na brincadeira, ela começa a perceber as diferentes perspectivas de uma situação, o que lhe facilita a elaboração do diálogo interior característico de seu pensamento verbal. (OLIVEIRA,1996 apud GARANHANI, 2010, p. 2023) Diante dessa perspectiva, nota-se que a valorização do movimento corporal supera a questão do atendimento das necessidades físico motoras de uma criança, se desdobrando também em uma forma de aprimoramento das capacidades de expressão e cognição. Desse modo, como lembra Garanhani (2010, p. 112) a escola da pequena infância é um espaço, por excelência, de aprendizagens que envolvem movimentos corporais, e o brincar é um princípio que norteia, pedagogicamente, o seu cotidiano. Apesar da importância do corpo e movimento, Freire (1991) faz contundente crítica a forma como a escola trabalha com o corpo e a mente da criança. Segundo ele a escola tradicionalmente tem desconsiderado a cultura infantil e tem optado por deixar a criança imóvel na expectativa de que ela aprenda conceitos teóricos de forma disciplinada. Os efeitos dos equívocos educacionais que atualmente visa a alfabetização das crianças antes de chegarem aos primeiros anos do ensino fundamental levam a restrição do movimento corporal, submetendo a imobilidade das crianças quando entram na escola. Por causa dessa concepção de que a escola só deve mobilizar a mente, o corpo fica reduzido a um estorvo que, quanto mais quieto estiver, menos atrapalhará (FREIRE, 1991). Segundo o autor existe um rico e vasto mundo de cultura infantil repleto de movimentos, de jogos, da fantasia, quase sempre ignorados pelas instituições de ensino (FREIRE, 1991, p. 13). Assim, o autor sugere que a cada início de ano letivo, por ocasião das matrículas, também o corpo das crianças seja matriculado (FREIRE, 1991, p. 14). Observando-se o corpo e o movimento, portanto, como fundamentos básicos para o processo de desenvolvimento e aprendizagem infantil, propõe-se, mais uma vez a partir de Garanhani (2001/2002), uma forma de organização pedagógica do movimento corporal na educação infantil que se estrutura segundo três eixos principais, quais sejam: 612

1. Autonomia e identidade corporal implica aprendizagens que envolvem o corpo em movimento para o desenvolvimento físico-motor, proporcionando assim o domínio e a consciência do corpo, condições necessárias para a autonomia e formação da identidade corporal infantil; 2. Socialização é a compreensão dos movimentos do corpo como uma forma de linguagem, utilizada na e pela interação com o meio social; 3. Ampliação do conhecimento das práticas corporais infantis envolve aprendizagens das práticas de movimentos corporais que constituem a cultura infantil, na qual a criança se encontra inserida. (GARANHANI, 2001/2002, p. 117) A proposta é que estes três eixos sejam utilizados para a formulação das atividades direcionadas para a educação infantil, que sirvam à prática pedagógica como pontos de referência, podendo ser focados separadamente ou em complementaridade um com o outro, de acordo com os objetivos almejados pelos educadores. Percebemos, pois, que os apontamentos feitos para a educação infantil sempre salientam a importância de conteúdos e eixos temáticos que são contemplados no currículo da disciplina Educação Física. Enfatizando a importância dessa área Oliveira, Martins e Pimentel (2013) compartilham desta ideia, a partir da qual a: [...] educação física tem uma participação importante neste processo educacional, pois é ela que proporciona as crianças a sistematização dos brinquedos, as brincadeiras e os jogos, participando ativamente no desenvolvimento integral destas. Ou seja, é imprescindível sua presença neste tempo-espaço, uma vez que tem muito a contribuir a partir da cultura corporal. (OLIVEIRA; MARTINS; PIMENTEL, 2013, p. 121) Desta forma como afirma Ayoub (2011, p. 57) a educação física na educação infantil pode configurar-se como um espaço em que a criança brinque com a linguagem corporal, com o corpo, com o movimento, alfabetizando-se nessa linguagem. Considerando a importância do movimentar, brincar e explorar, pertencente ao campo da cultura corporal, confirmamos a estima dada pelos autores acima ao ensino da Educação Física na educação infantil. Deste modo a educação física aparece atrelada ao seu marco singular na condição de não disciplina, mas como um tempo didático responsável por sistematizar os conhecimentos acerca do movimento e assim por consequência da cultura corporal. (OLIVEIRA; MARTINS; PIMENTEL, 2013, p.130). 613

Porém, apesar da importância da Educação Física esta não se encontra presente nas instituições de educação infantil e como ressaltam Silva e Cruz (2010, p. 69) a criança na atualidade começa a frequentar a escola cada vez mais cedo [...] a criança mal descobre que seu corpo pode correr, andar, brincar, saltar, desfrutar de suas possibilidades e já é ensinada que deve ficar sentada e quieta. Deste modo, podemos considerar que a predominância na educação infantil se torna condicionar a criança a permanecer sentada por grande período de tempo, ou seja, a inércia do corpo. Após realizarmos diálogo com os autores acima, os quais salientam a significância da Educação Física, mais especificamente sobre a importância do trabalho com o corpo e movimento na educação infantil, podemos compreender que sua inserção iria contribuir de forma significativa para a formação integral das crianças, garantindo assim todos os aspectos sobre esta temática previstos nos documentos RCNEI e LDB. Porém esta contribuição se torna inviável devido a não obrigatoriedade de se terem professores de Educação Física em escolas de educação infantil no Brasil. 3. Descrevendo o projeto de extensão Práticas Corporais na Escola Municipal Jardim de Infância Branca de Neve Este projeto teve duração de um ano, sendo desenvolvido no 2º semestre de 2012 e 1º semestre de 2013, na turma de Jardim IV da Escola Municipal Jardim de Infância Branca de Neve. Esta instituição atende 110 crianças do maternal, creche e dos jardins I, II, III e IV de todo o município, incluindo a zona rural tanto de Nova Aurora-GO quanto das cidades vizinhas, como Corumbaíba-GO e Ipameri-GO. O projeto de extensão pautou-se pelos fundamentos teórico-metodológicos do campo das Pedagogias Críticas da Educação Física, enfatizando a abordagem proposta pela Teoria Crítico Superadora. No que se refere à forma de trabalhar os conteúdos da Educação Física na escola, esta perspectiva teórica visa trabalhar com o conceito de Cultura Corporal, opondo-se a consideração de aptidão física enquanto objetivo final (SOARES et al, 1992). Desta forma, nos apropriamos da concepção Crítico Superadora (SOARES et. al 1992), pois esta nos leva a tratar a Cultura Corporal de movimento como uma linguagem. 614

Deste modo, propõe olhar para as práticas constitutivas da Cultura Corporal, como Práticas Sociais, vale dizer, produzidas pela ação (trabalho) humana com vistas a atender determinadas necessidades sociais. Portanto, as atividades corporais, componentes da nossa Cultura Corporal, são vivenciadas - tanto naquilo que possuem de fazer corporal, quanto na necessidade de se refletir sobre o significado/sentido desse mesmo fazer. Mais especificamente no que se refere a nossa intervenção, a experiência vivenciada foi bastante significativa, conseguimos explorar diversos elementos corporais e relacionamos aos conteúdos que as professoras regentes trabalhavam em sala da aula. Assim, trabalhou-se com as seguintes temáticas: Como é o Meu Corpo?, Motricidade e Expressão Corporal, Jogos e Brincadeiras, Brincadeiras Cantadas e com eixos transversais como Meio Ambiente e Reciclagem, visando proporcionar vários estímulos para que as crianças adentrassem nesta interface explorando, assim, a criatividade, a ludicidade e as expressões corporais. Quanto à metodologia utilizada podemos citar a proposição de diversas brincadeiras, dentre elas brincadeiras cantadas, regionais e de roda, as quais eram sempre dinâmicas, pois tinham um papel fundamental na condução das intervenções, funcionando como um fio condutor da transmissão de cada conteúdo. Utilizamos também como aporte metodológico a musicalidade, na qual buscávamos levar às crianças músicas como as dos grupos Palavra Cantada, Parangolé e também as músicas do cantor Toquinho. Podemos ressaltar que o projeto se pautou ainda pela utilização de materiais alternativos como, por exemplo, instrumentos musicais feitos com materiais recicláveis, tais como potes de iogurte, palitos de picolé e garrafas pet. Além disso, buscamos realizar as mais diversas atividades com outros materiais como folhas de árvores, areia e laranja. Outro aspecto metodológico empregado durante o desenvolvimento do projeto foi a confecção de um painel com gravuras que representavam coletividade, respeito e dialogo. Este foi configurado com a seguinte estratégia: ao final de cada aula, conversávamos com as crianças questionando-as se naquele dia tínhamos conseguido realizar os objetivos representados pelas gravuras. Para que conseguissem visualizar tais características, nós retomávamos alguns acontecimentos da aula para reflexão. E quando, durante a conversa, 615

chegávamos a um consenso, acrescentávamos estrelas ao quadro representando o avanço das crianças em cada um dos quesitos mencionados. Estrelas vermelhas iam para aqueles que tinham conseguido atingir o objetivo almejado, já as estrelas amarelas representavam o insucesso de atingir tal objetivo. Esta dinâmica despertou o interesse das crianças, pois com o passar dos dias elas próprias, durante a intervenção, já se remetiam ao cartaz, relembrando os fatos ocorridos. O propósito do cartaz era o de fazer com que, ao final do semestre, tivéssemos mais estrelas vermelhas do que amarelas, e assim fazer com que a coletividade, o respeito e o dialogo fossem compreendidos e desenvolvidos pelas crianças. Adotamos também propostas diversificadas para finalizar cada conteúdo, realizando atividades de reconhecimento dos conteúdos já apresentados como a realização de charadas de diversas brincadeiras, para que as crianças pudessem relembrar os objetivos das brincadeiras e depois vivenciá-las. Por fim, realizamos visitas ao curso de Educação Física da UFG/Regional Catalão para que pudéssemos retomar os conteúdos através do brincar livre e direcionado, no qual utilizávamos os espaços do salão de dança, da sala de luta e da Ludoteca. Dentre os resultados proporcionados pela realização do projeto podemos citar a ampliação do conhecimento das crianças a respeito de novos elementos da Cultura Corporal. Esta ampliação possibilitou fazê-las conhecerem novas atividades e reconstruir experiências já vivenciadas, permitindo-as repensarem questões estigmatizadoras como, por exemplo, as relações de gêneros (o carrinho para os meninos e a boneca para as meninas), o que abriu novas perspectivas sobre as formas de lidar com o corpo. Além disso, as novas práticas transmitidas às crianças produziram uma melhor noção de como se organizar coletivamente e de vivenciar a possibilidade de ser voz ativa, construindo meios para enriquecer as próprias intervenções. Outro fator que podemos notar a partir de nossas intervenções foi a melhora na relação afetiva entre as crianças durante as atividades propostas. No decorrer do projeto, construíram laços de amizade e cumplicidade, os quais se tornaram visíveis em diversos gestos que demonstram maior compreensão, paciência e altruísmo. Para além das nossas próprias impressões sobre o projeto na rotina escolar das crianças realizamos uma roda de conversa 616

com eles para identificar o que a realização do referido projeto significou para eles. A roda de conversa [...] constituiu-se como um momento privilegiado para nós alunos e professorapesquisadora, e que se organiza pela/na possibilidade dialógica de se produzirem novos significados compartilhados (RYCKEBUSH, 2011, p. 88). A roda de conversa teve duração de cinco minutos e cinquenta e cinco segundos e foi realizada com dezessete crianças na faixa etária de 5 a 6 anos. Durante a roda de conversa foram feitos questionamentos como: o que vocês faziam; o que mais gostavam e o que aprenderam. Obtivemos como respostas nomes de brincadeiras sendo elas: o homem da cola, toca do coelho, zoológico, pular corda dentre outras. Questionamos também o que eles não gostavam, porém as crianças confundiram a pergunta relatando o que realizam dentro de sala com as professoras regentes, e não conseguiram responder esta pergunta. Uma das questões mais pertinentes no que se refere ao significado do projeto foi a pergunta: vocês queriam participar do projeto novamente? Por quê? Em suas respostas mostraram grande interesse quanto a participação nas diversas atividades realizadas durante o projeto, constatando assim que o corpo e o movimento devem e podem ser trabalhados na educação infantil. Por meio da roda de conversa percebemos que os alunos lembram apenas do nome das brincadeiras realizadas, e dentre as diversas brincadeiras lembradas, destacamos a mais citada pelas crianças, a qual chamamos de Homem da Cola. Esta brincadeira é descrita da seguinte forma: As crianças deverão estar espalhadas pelo pátio. O educador deverá escolher uma delas para iniciar a brincadeira, cantando o seguinte verso: Eu sou o homem da cola Eu sou o homem da cola Eu sou o homem da cola Agora eu vou colar..." (dizer o nome de uma parte do corpo) 617

Os colegas, então, deverão unir, em duplas, a parte do corpo solicitada, sendo assim, não poderão ser capturados pelo homem da cola. A criança que for capturada torna-se o novo homem da cola (PORTAL EDUCAR BRASIL, 2013). Por meio desta descrição podemos analisar que a brincadeira é dinâmica e estimula o conhecimento de diversas partes do corpo, pois durante a atividade as crianças devem colar/encostar a mesma parte do corpo com a do colega, solicitada pela pessoa que esta dirigindo a brincadeira. É importante descrever que esta atividade tem como objetivo a cooperação entre as crianças e que dentre inúmeras brincadeiras que o projeto propiciou esta foi eleita pelas crianças como a mais interessante e a que eles mais gostaram. Podemos ainda ressaltar que a atividade colabora com a visão, audição e as diferentes formas de locomoção como andar e correr. Percebe-se, pois, que as intervenções possibilitaram questionamentos dentro da escola de educação infantil, deixando transparecer que o pátio com alguns brinquedos em mal estado de conservação não podem ser o único refúgio para as práticas corporais das crianças. O projeto pode, ainda, fazer com que a escola como um todo visualizasse que não são necessárias quadras poliesportivas e materiais de ultima geração para que as atividades vinculadas a Educação Física fossem desenvolvidas, pois promovíamos brincadeiras em todos os cantos da escola, como em salas de aula com pouco espaço, as quais na maioria das vezes estavam cheias de carteiras. Utilizávamos também o ambiente ao ar livre onde o chão era de cimento, demonstrando que as condições de infraestrutura nem sempre são um empecilho para desenvolvimento de um bom trabalho. O projeto proporcionou às crianças a possibilidade de vivenciar as diversas práticas corporais que são essenciais para a formação integral das mesmas e assim, pode fazer com que a escola vivenciasse a proposta da inserção do professor de Educação Física na educação infantil. Desta forma, foi imprescindível proporcionar a Cultura do Movimento, despertando nestas crianças a oportunidade de conhecer e se identificar com as diversas formas de Linguagem Corporal. Logo, foi essencial buscar trabalhar com distintas temáticas e 618

diversificá-las, pois possibilitou aos alunos um melhor aproveitamento e consequentemente um aprendizado significativo. Além disso, ainda proporcionou um contato que foi de suma importância para a vida acadêmica dos monitores que desenvolveram o projeto, os quais tiveram um contato direto com o chão da escola e puderam fazer de fato a extensão, levando o que é compreendido na Universidade a uma Escola que de fato não tinha a Educação Física. Diante disto, o projeto de extensão possibilitou perceber a realidade da escola e vivenciar o cotidiano das Práticas Corporais o qual levou ao amadurecimento e crescimento enquanto professores em formação. 4. Conclusão O presente estudo teve como propósito propiciar a vivência da cultura corporal (ginástica, jogos, brincadeiras, danças e as lutas), tematizando discussões em torno da educação do corpo, como processo histórico e social, capaz de proporcionar reflexão e colaborar com a formação humana pelo acesso e interação com essas formas de manifestação da cultura. Podemos compreender que através do projeto de extensão a escola como um todo visualizou o brincar, o movimentar e o aprender de forma diferente observando que as práticas corporais vão além de uma mera complementação da rotina escolar. Percebe-se também que a escola de educação infantil enxergou a necessidade de um professor de Educação Física capacitado para orientar as professoras regentes bem como para estar presente na escola contribuindo com a formação integral das crianças. A roda de conversa direcionada as crianças conseguiu de uma forma geral mostrar que elas adquiriram um vasto repertório de brincadeiras, pois durante toda a conversa com elas nos respondiam com grande entusiasmo diversos nomes de brincadeiras. Além disso, as crianças avaliaram positivamente as atividades realizadas no projeto, dando a entender que aprovariam uma rotina que incluísse as práticas corporais. Esperamos com este estudo aprofundar os debates referentes a esta temática, bem como ampliar as discussões dos processos de produção de conhecimento nessa área. Além disso, com esta pesquisa, podemos verificar as implicações da realização do projeto na escola e refletir juntamente com a direção e as professoras a importância do trabalho com o corpo e o 619

movimento na educação infantil visando à formação integral da criança e não apenas a alfabetização, bem como a importância de um profissional qualificado na área. Referências bibliográficas AYOUB, E. Reflexões sobre a Educação Física na Educação Infantil. Rev. paul. Educ. Fís., São Paulo, supl.4, p.53-60, 2011. BRASIL. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília: Ministério da Educação e do Desporto / Secretaria de Educação Básica, 1998. (v. 3) BRASIL. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: n. 9394/96. Brasília: MEC, 1996. FREIRE, J. B. Educação de corpo inteiro: teoria e prática da Educação Física. 2. ed. São Paulo: Scipione, 1991. GARANHANI, M. C. A. O Corpo em Movimento na Educação Infantil: uma linguagem da criança. 2010. (mímeo).. A. Educação Física na escolarização da pequena infância. Pensar a Prática, Goiânia, v. 5, p. 106-122, jul./jun. 2001-2002. MARCONDES, E. Atividade física e crescimento. Revisões e ensaios. São Paulo: Pediat,2011. Disponível em: <http://pediatriasaopaulo.usp.br/upload/pdf/898.pdf>. Acesso em: out. 2013. OLIVEIRA, V. J. M; MARTINS, D. G; PIMENTEL, N. P; O cotidiano da Educação Infantil e a presença da Educação Física na poética de ser criança. Pensar a Prática, Goiânia, v. 16, n. 1, p. 13-19, jan./mar. 2013. OLIVEIRA, Z. R. de. A brincadeira e o desenvolvimento infantil: implicações para a educação em creches e pré-escolas. Motrivivência, Florianópolis, Ano VIII, n. 9, p. 136-145, dez. 1996. Portal Educar Brasil. Disponível em: <http://173.203.31.59/portal.base/web/vercontenido.aspx?id=211617>. Acesso em: 3 jan. 2014. RYCKEBUSCH, C. G. Roda de conversa na Educação Infantil: uma abordagem críticocolaborativa na produção de conhecimento. 238 f. 2011. Tese (Doutorado em Linguística aplicada e estudos da linguagem) - Pontifícia Universidade Católica/PUC-SP, São Paulo, 2011. SAYÃO, D. T. Grupo de Estudos em Educação Física na Educação Infantil: alguns aspectos do trabalho pedagógico. Rev. Motrivivência, Florianópolis. 2002. 620

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