Índice. 1. Metodologia de Alfabetização...3. 2. Aprendizagem da Escrita...3 3. Aprendizagem da Leitura...6



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Transcrição:

GRUPO 6.1 MÓDULO 6

Índice 1. Metodologia de Alfabetização...3 1.1. Qual o Conhecimento sobre o Sistema de Escrita dos Jovens e Adultos?... 3 2. Aprendizagem da Escrita...3 3. Aprendizagem da Leitura...6 2

1. METODOLOGIA DE ALFABETIZAÇÃO 1.1. QUAL O CONHECIMENTO SOBRE O SISTEMA DE ESCRITA DOS JOVENS E ADULTOS? A pergunta que fazemos aos professores para saber qual é a concepção que eles têm a respeito do sistema de escrita das crianças, repetiremos em relação aos jovens e adultos não-alfabetizados. O jovem ou adulto se depara com a escrita no primeiro dia de aula? Que ideias ele pode ter sobre ela? A pesquisa realizada, em 1983, por Ferreiro e pesquisadores, com adultos da cidade do México, Los adultos no alfabetizados y su conceptualiciones del sistema de escritura, trazia a seguinte pergunta: qual o conhecimento dos adultos pré-alfabetizados sobre o sistema de escrita? A pesquisa mostrou que, mesmo não tendo passado por um processo normal de escolarização, a pessoa jovem ou adulta tem uma concepção do sistema de escrita e que há mais semelhanças do que diferenças entre a concepção da escrita pelas crianças e pelos adultos. Os adultos já sabem que escrever não é o mesmo que desenhar e também já sabem que as letras são as marcas utilizadas para escrever. Já avançaram na concepção de escrita e não apresentam os níveis primitivos. 2. APRENDIZAGEM DA ESCRITA Quanto ao processo de aprendizagem da escrita, os jovens e os adultos já sabem que escrever não é desenhar e que devem utilizar letras para escrever. Sabem que há uma grande variedade de letras para escrever, assim como há uma quantidade mínima de letras para que algo possa estar escrito. Como os jovens e adultos já avançaram na compreensão da linguagem escrita, sua hipótese inicial é a pré-silábica na qual não há controle sobre o número de letras a serem utilizadas para escrever, assim como não há, ainda, a preocupação com quais letras usar. É uma escrita sem o controle de quantidade de letras, apresentando, às vezes, escritas fixas. Todo processo de construção do sistema de representação da linguagem escrita apresenta tanto avanços como retrocessos e estes fazem parte dessa importante conquista cognitiva. Na ilustração abaixo, vemos um exemplo de uma aluna que apresenta a escrita com a hipótese de três letras para cada palavra. Não há a repetição de letras iguais, embora apresente a repetição das mesmas letras t e a. 3

O avanço nessa conquista é para o que chamamos de hipótese silábica, na qual ainda há a presença de escritas diferenciadas, e as palavras podem se diferenciar segundo as características do objeto de referência. Nesse caso já ocorre a diferenciação na quantidade, na ordem ou na variedade de letras. Aos poucos, ocorre a relação entre a palavra falada e a escrita, e para cada emissão sonora, há a necessidade de uma letra. Num primeiro momento, essa letra pode ser qualquer uma, o que podemos dizer que o adulto está na hipótese silábica sem valor sonoro convencional. Na medida em que a pessoa vai percebendo que as letras têm um valor sonoro específico, a hipótese silábica adquire um avanço, a escolha das letras na escrita das palavras com valor sonoro convencional. Mas essa hipótese ainda tem problemas para serem resolvidos, pois ainda não é aceita a escrita das palavras com as letras iguais, como também palavras diferentes escritas da mesma maneira. Há ainda o problema da palavra monossílaba, pois não há a aceitação da escrita de palavras com somente uma letra. O plural é resolvido escrevendo tantas vezes a palavra quanto são os objetos repetidos, como no texto abaixo, apresentado pelos autores Curto, Morillo e Teixidó no livro Escrever e ler, vol. 1, p.33. Neste caso, a repetição das letras e a sequência delas na escrita é a mesma. Quanto ao nome próprio, considerado um texto, é a escrita estável e ortográfica que está sempre presente e que faz com que as hipóteses sejam repensadas. Na hipótese silábica, o nome próprio não pode ser escrito pela metade. Outra hipótese é que somente substantivos e verbos precisam ser escritos, os artigos não. Ou para escrever o plural, utilizam o recurso de repetir a palavra tantas vezes quanto o número de objetos ao qual o plural se refere. Veja exemplo: 4

O avanço se dá no sentido de acrescentar letras à escrita silábica. Antigamente as pessoas que escreviam silabicamente eram consideradas como as que comiam letras e hoje sabemos que é o contrário, pois acrescentam letras. Estamos nos referindo à hipótese silábico-alfabética, quando na escrita das palavras, estas já apresentam algumas sílabas completas, com valor sonoro convencional ou não. Na escrita abaixo a aluna já apresenta algumas sílabas completas e com valor sonoro convencional. Nesta hipótese, as pessoas podem ou não usar as letras corretas das palavras para escrever, ainda há a discussão do que se escreve e como se escreve e muito conhecimento proveniente da linguagem oral é levado para a escrita. Se o professor não ficar atento a essas crenças, há a continuidade da escrita de forma não ortográfica. O educando no exemplo abaixo apresenta escrita alfabética em sopa de, água e couve, e escrita silábica em pedra e cebola (Durante, ano 1998, p. 63). Significa que ainda está com muitas dúvidas e não quer abandonar a hipótese silábica. 5

A próxima hipótese é a alfabética, na qual a pessoa escreve a palavra com as sílabas completas, consoantes e vogais, mas não há ainda a perfeita compreensão e conhecimento da escrita ortográfica. A compreensão da representação da linguagem escrita até a conquista da hipótese alfabética está explicada pelos estudos de Ferreiro e Teberosky, porém, a partir daí, é outro processo que vai ser construído pela pessoa, uma vez que a escrita ortográfica não tem as mesmas relações que até então a pessoa precisa usar para compreender o sistema de escrita. Nesse sentido, a pessoa que está na hipótese alfabética não precisa escrever ortograficamente, este é outro aspecto pedagógico a ser trabalhado pelo professor. 3. APRENDIZAGEM DA LEITURA Quanto as ideias sobre a aprendizagem da leitura, há diversas hipóteses, uma vez que as pessoas já sabem o que se pode ler e o que não se pode ler e conhecem os diferentes portadores de textos. Já conhecem o que se lê no jornal, numa carta recebida de amigos, num livro de contos de fadas. A interpretação de textos acompanhados de imagem é feita a partir do que se vê representado na imagem e não do que está escrito no texto abaixo da imagem. Outra maneira de leitura antes da compreensão do texto pela decifração é a partir de indicadores textuais: 3 a ilustração deve permitir previsões plausíveis do conteúdo do texto; 3 o contexto e a situação em que se convida a ler são limitados e precisos ( pegar o nome do amigo entre os nomes); 3 pode-se reconhecer e localizar palavras num texto previa mente memorizado; 3 pode-se ler em companhia de um leitor experimentado. Nas escritas pré-silábicas e silábicas a leitura não é fixa, isto é, assim que a pessoa escreve é necessário perguntar o que escreveu, pois, depois de escrito o texto, a pessoa não sabe dizer o que escreveu, as palavras que 6

usou nem qual texto produziu. A interpretação da própria escrita é pessoal e não fixa. As estratégias de leitura a serem desenvolvidas devem ser adequadas ao portador do texto apresentado, visto que: 3 a relação entre a leitura e a decifração não é simples; 3 decifrar não é compreender, uma vez que, compreender é um ato cognitivo resultado de uma atividade mental e ativa, antecipando interpretações, reconhecendo significados, identificando dúvidas, erros e incompreensões no processo de leitura; 3 não se inventa o que se lê, deve-se compreender o que está escrito; 3 a decodificação é um instrumento a serviço da com preensão. 7