Franquia de Acesso para Empresas Orbitais: Um Novo Mecanismo de Fortalecimento do Mercado de Capitais



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Transcrição:

Franquia de Acesso para Empresas Orbitais: Um Novo Mecanismo de Fortalecimento do Mercado de Capitais Lilian Maria Campolina de Morase Mestre em Administração pela PUC Minas Diretora Técnica da APIMEC MG Mônica Mansur Brandão Mestre em Administração pela PUC Minas Conselheira da APIMEC MG RESUMO O presente trabalho propõe a inserção de empresas fechadas no mercado de capitais através da FRANQUIA DE ACESSO, mecanismo que visa o financiamento de projetos de investimento de pequeno e médio portes, cujas necessidades de capital, expressivas sob a ótica dos empreendedores, tornam-se inviáveis quando cotejadas com operações realizadas por companhias abertas, no que concerne aos custos de emissão e intermediação. Além disso, incita uma reflexão sobre as potencialidades pouco exploradas das cadeias empresariais no novo ambiente do mercado de capitais, à luz da abordagem da FRANQUIA DE ACESSO. Trata-se de uma contribuição para o debate sobre novas oportunidades concretas de acesso ao mercado de capitais nacional, respaldada no desenho de uma estrutura de financiamento de projetos com AVAL INSTITUCIONAL de companhias abertas a empresas de capital fechado denominadas empresas orbitais, e no desenvolvimento de uma aplicação prática da referida estrutura.

1. INTRODUÇÃO O presente trabalho tem por objetivos: I. propor a inserção de empresas fechadas no mercado de capitais através da FRANQUIA DE ACESSO, mecanismo que visa o financiamento de projetos de pequeno e médio portes, cujas necessidades de capital, expressivas sob a ótica dos empreendedores, tornamse inviáveis quando cotejadas com operações realizadas por companhias abertas, no que concerne aos custos de emissão e intermediação; II. incitar uma reflexão sobre as potencialidades pouco exploradas das cadeias empresariais no novo ambiente do mercado de capitais, à luz da abordagem da FRANQUIA DE ACESSO. Inicialmente, contempla-se uma breve discussão sobre a convergência do universo de tomadores orbitais, notadamente sólidas empresas de capital fechado, sinérgicas à cadeia produtiva das companhias abertas clientes e fornecedores vitais de pequeno e médio portes, com um nicho específico de investidores institucionais: clubes de investimento e fundos de pensão. Assume-se que as empresas orbitais em tela possuem necessidades de alavancagem para projetos importantes do seu "core business" (caracterizados ao longo do trabalho), que poderiam ser atendidas no âmbito do mercado de capitais, à luz do modelo descrito. Na segunda etapa, delinea-se uma estrutura de financiamento de projetos baseada nos seguintes pilares: AVAL INSTITUCIONAL de companhias abertas a projetos de investimento de empresas orbitais empresas de capital fechado, clientes e fornecedores preferenciais, denominado FRANQUIA DE ACESSO; AVAL FINANCEIRO, consubstanciado na constituição de um FUNDO DE AVAL para garantir e sustentar as emissões, capitalizado pelas companhias abertas; EMISSÃO DE NOTAS PROMISSÓRIAS comerciais aqui denominadas BABY BONDS ( babies ); CRITÉRIOS PRÓPRIOS E TRANSPARENTES para a qualificação de crédito de tomadores orbitais e habilitação de projetos; uso da interatividade propiciada pela tecnologia da informação - PORTAL FINANCEIRO E INTERNET, para a redução substancial de custos de emissão e intermediação. Na terceira etapa, qualificam-se os projetos de investimento elegíveis, com base em sua finalidade, escopo e benefícios para a empresa tomadora e investidores.

Na quarta etapa é abordado um exemplo de projeto financiado com emissão de babies por empresa de capital fechado, de modo a ilustrar a aplicação do mecanismo proposto. Finalmente, na quinta etapa, constam as conclusões do trabalho, que constitui uma contribuição para o debate sobre as novas oportunidades concretas de acesso ao mercado de capitais nacional. Ainda que reconhecendo a importância crucial da articulação interna entre capitais nacionais e externos no ambiente de globalização, não se incorpora no mecanismo proposto a perspectiva de participação de investidores estrangeiros, tema que poderá ser desenvolvido "a posteriori". 2. A CONVERGÊNCIA ENTRE EMPRESAS ORBITAIS E INVESTIDORES INSTITUCIONAIS A globalização dos mercados, a dinâmica e a intensidade da concorrência têm incitado os núcleos econômicos grandes empresas líderes de segmentos, a direcionar esforços para suas competências essenciais e a geração interativa de valor, originada da conexão em cadeia com unidades econômicas orbitais - clientes e fornecedores vitais ao seu negócio, visando ao incremento de produtividade e maior grau de diferenciação. A formação de cadeias de empresas orbitais de pequeno e médio portes clientes e fornecedores preferenciais, que atuam em regime de cooperação estreita e subcontratação, desempenha um papel importante na produção, no fornecimento e na inovação de produtos, em virtude: da capacidade de lidar com a incerteza; da agilidade no desenvolvimento de produtos e na incorporação de inovações; da flexibilidade para o acesso e a ampliação de mercados e canais; da velocidade de atendimento à demanda flutuante e fragmentada, caracterizada pelas tendências à customização e diversificação; do apoio do setor público, sob a forma de incentivos especiais (ainda incipiente no contexto brasileiro). Quanto mais globalizada a economia, mais importante torna-se a integração empresarial em cadeia. Apesar de constituirem uma categoria heterogênea, com diferentes padrões de competitividade, as empresas orbitais possuem vantagens competitivas em diversos

segmentos e, principalmente, grande potencialidade exportadora, sinalizando uma perspectiva de participação dinâmica na economia doméstica e no mercado externo. Segundo SEFERTZI (2000), no novo contexto da atividade e do desenvolvimento das unidades empresariais menores, é possível distinguir pelo menos três tipos de empresas orbitais emergentes atuando como clientes ou fornecedoras preferenciais de grandes empresas, ligadas a diversas formas de flexibilidade: 1 Empresa de Nicho de Mercado Empresas especializadas, cuja fabricação de produtos diversificados bem-projetados e de alta qualidade é dirigida para mercados segmentados. Tais empresas podem ser fornecedoras de produtos (insumos para componentes, por exemplo) para empresas centrais ou atender o mercado final. A flexibilidade dessas empresas assenta-se em sua capacidade de atender rapidamente às mais variadas exigências da demanda individualizada, através de: produção especializada, calcada na capacidade técnica; introdução de tecnologia e mão-de-obra flexíveis; organização das estações de trabalho em grupos; distribuição do processo de trabalho em estágios de produção interconectados. 2 Empresa de Alta Tecnologia A inovação e a automação criaram a necessidade de conhecimento especializado em alta tecnologia, pesquisa e desenvolvimento, com o objetivo de aplicação a produtos e métodos de produção. A flexibilidade desse tipo de empresa reside basicamente em sua capacidade de criar novos mercados especializados, aliada a uma organização da produção baseada em alianças estratégicas. 3 Empresa Subcontratada A descentralização da produção, resultado da crescente importância da produção em lotes, conduziu ao incremento das relações de subcontratação e, consequentemente, da importância da empresa subcontratada, largamente dependente de outras empresas centrais.

Caracterizando-se pela utilização de tecnologia relativamente tradicional e pela baixa ocorrência de inovação e trabalho especializado, tal modalidade é, no entanto, excepcionalmente flexível na área de relações trabalhistas, o que lhe possibilita produzir por encomenda com custos mais competitivos, devido à menor remuneração da mão-de-obra. No contexto brasileiro, enquanto as grandes empresas líderes aumentam os investimentos de capital, as pequenas e médias pontificam pelo alto grau de complementariedade com as atividades das líderes, bem como pela capacidade de geração de novos postos de trabalho, através da absorção do excedente. Infelizmente, as pequenas e médias empresas apresentam taxa de mortalidade muito superior às das grandes firmas. Dentre os entraves à sobrevivência das empresas de pequeno e médio portes no Brasil destacam-se a falta de informação especializada, a inexperiência empresarial, os elevados custos de transação, as barreiras de acesso ao crédito, a escassez de capital de giro e a elevada carga tributária. Razões apontadas pelas instituições financeiras circundam entre risco de crédito, custos operacionais elevados, informações precárias sobre desempenho operacional e indisponibilidade de garantias. À luz do acima exposto, identifica-se um grande potencial na convergência entre empresas orbitais sólidas, com necessidades de capital para a ampliação de negócios, e o universo de investidores interessados na capitalização reprodutiva de seu patrimônio, representado pelos clubes de investimento e fundos de pensão. Agregando pensionistas e capitalistas que jamais se aposentam como investidores, os clubes de investimento e os fundos de pensão poderão reorientar suas estratégias de diversificação, de modo a contemplar um novo filão: o financiamento de projetos de investimento atrativos de empresas de capital fechado orbitais, sinérgicas à cadeia produtiva de grandes companhias abertas, avalistas institucionais dos projetos em questão. 3. FRANQUIA DE ACESSO: DESCRIÇÃO DO MODELO 3.1 O MODELO E SUA CONCEPÇÃO A Figura 1 representa o modelo proposto neste trabalho, cujos principais agentes são: Bolsa de Valores; Companhia Aberta hipotética; Empresa Orbital, cliente ou fornecedora da Companhia Aberta;

Clube de Investimento; Fundo de Pensão; CVM; CETIP; Público Investidor. Figura 1 - CONCEPÇÃO DO MODELO FRANQUIA DE ACESSO

3.2 - PILARES, PREMISSAS E PROPOSTAS DA FRANQUIA DE ACESSO PILAR 1: FRANQUIA DE ACESSO Premissa Companhias abertas que desejam solidificar sua posição no mercado, podem contribuir para o sucesso e a autosustentabilidade de projetos estratégicos de seus clientes ou fornecedores preferenciais empresas orbitais (empresas de capital fechado de pequeno e médio portes com reconhecida solidez financeira), que propiciem vantagens mútuas em termos de redução de custos ou diferenciação. Proposta O modelo propõe o acesso de empresas orbitais ao mercado de capitais através do mecanismo denominado FRANQUIA DE ACESSO. A franquia de acesso constitui o AVAL INSTITUCIONAL, a recomendação formal da companhia aberta (FRANQUEADORA) a projetos de investimento previamente qualificados da empresa orbital (ACESSANTE FRANQUEADA), para habilitação de acesso a um PORTAL DE PROJETOS, basicamente um portal financeiro gerido por Bolsa de Valores, aberto a um nicho específico de investidores institucionais clubes de investimento e fundos de pensão, com as informações essenciais para a tomada da decisão de investimento. Entende-se que a Bolsa de Valores, por tradição e reconhecimento, constitui o GRANDE FÓRUM DE LIQUIDEZ DO MERCADO. Seu profundo envolvimento no modelo proposto, como gestora do PORTAL e incubadora de projetos atraentes de empresas orbitais fechadas, reveste-se de mais uma forma de AVAL INSTITUCIONAL, propiciando segurança a ambas as pontas: tomadores e investidores. PILAR 2: FUNDO DE AVAL GERIDO POR BOLSA DE VALORES E CAPITALIZADO POR COMPANHIAS ABERTAS Premissa

Os riscos de acesso de empresas de capital fechado ao mercado de capitais devem ser mitigados. Proposta A constituição de um FUNDO DE AVAL é requisito fundamental para mitigar os riscos inerentes ao financiamento de projetos elegíveis das empresas orbitais, principalmente o risco de crédito. O FUNDO será capitalizado pelas companhias abertas avalistas dos projetos, em montantes previamente definidos pela Bolsa de Valores, que considerem, para cada avalista, uma correlação entre o volume capitalizado e os avais institucionais concedidos. PILAR 3: EMISSÃO DE NOTAS PROMISSÓRIAS COMERCIAIS "BABY BONDS" ( BABIES ) Premissa Investidores institucionais podem obter um balanceamento favorável da relação risco/rentabilidade e melhor controle da volatilidade em seus portfólios, a partir da perspectiva de remuneração travada no curto prazo, decorrente da diversificação com títulos de renda fixa. Proposta O financiamento dos projetos elegíveis das empresas orbitais será lastreado pela emissão de Notas Promissórias denominadas "BABY BONDS" ( BABIES ), com perfil de curto prazo (horizonte máximo de 3 anos) e remuneração compatível com a de títulos de renda fixa. Além do risco de crédito, o risco de flutuação de taxas de juros constitui um dos mais relevantes do sistema financeiro. No modelo representado na Figura 1, propõe-se: taxa de juros pré-fixada na emissão. Implica em prover aos investidores-alvo do arranjo - clubes de investimento e fundos de pensão de visibilidade no que concerne às expectativas de retornos futuros; dilatação do prazo máximo para as emissões de notas promissórias por empresas de capital fechado, fixado em cento e oitenta dias; faixas de taxas de juros estabelecidas para faixas de valores de captação;

estabelecimento de limites mínimos (compatíveis com os custos de emissão) e máximos (não deve ser invadido o escopo de financiamento das companhias abertas) de emissão, de forma a delimitar o escopo de financiamento das empresas orbitais através da FRANQUIA DE ACESSO; regulação e fiscalização estrita da CVM; desenvolvimento ou aperfeiçoamento da legislação de base, em todas as instâncias cabíveis 1. O mercado secundário para os títulos emitidos ( babies ) sinaliza as operações de DESCONTO BANCÁRIO (negociações de ágios e deságios), como o meio mais adequado para a sustentação de liquidez no curto prazo. A liquidez poderia ser ampliada através de operações de desconto parcial de uma emissão específica (parte da dívida tratada como uma modalidade de strip), respeitados critérios de partição e pulverização estabelecidos pela CVM. PILAR 4: CRITÉRIOS PRÓPRIOS E TRANSPARENTES PARA QUALIFICAÇÃO DE CRÉDITO DE TOMADORES ORBITAIS E HABILITAÇÃO DE PROJETOS Premissa A qualificação e a habilitação de tomadores orbitais e projetos devem ser balizadas por CRITÉRIOS PRÓPRIOS, cuja TRANSPARÊNCIA faculte o conforto requerido pelos potenciais investidores. Proposta No que concerne à qualificação de crédito de tomadores, recomendam-se os seguintes critérios: perfil de crédito e solidez financeira comprovados; adimplência com relação às suas obrigações fiscais. 1 A resolução BACEN 2.720, de 24/04/2000, limita a migração dos fundos de pensão para títulos privados mais rentáveis do que títulos públicos e impede, a partir do próximo ano, a compra de títulos emitidos por companhias de capital fechado. Entende-se que a seletividade e a flexibilidade são critérios norteadores da decisão de investimento dos gestores de portfólios. A legislação brasileira não deverá constituir obstáculos para o acesso às emissões de empresas orbitais sólidas, ou impor extrema rigidez na segmentação das aplicações de Clubes de Investimento e Fundos de Pensão.

Para a habilitação de acesso a projetos, recomendam-se: volume total de aval franqueado, a cada ano, para uma dada companhia aberta, limitado a um valor cap fixado pela Bolsa de Valores para o conjunto das tomadoras orbitais de sua cadeia, proporcional a seu share de capitalização no FUNDO; habilitação de acesso, pela companhia aberta, de projetos de empresas orbitais que possibilitarão benefícios concretos para os respectivos processos produtivos, cujo escopo contemple investimentos em programas de: introdução ou ampliação de linha de produção; desenvolvimento tecnológico; melhoria de qualidade de produtos e serviços; redução de custos; prevenção de riscos ambientais; desenvolvimento e capacitação de pessoal, dentre outros. Avaliações de crédito de tomadores orbitais, bem como as de cunho técnico e econômico de projetos elegíveis, poderão ser realizadas por universidades e centros de pesquisa, de modo a inserir novas competências e reduzir custos de consultoria especializada. Considerando que grandes projetos de companhias abertas costumam ser assessorados por grandes firmas de consultoria, as empresas orbitais abrirão oportunidades para instituições com expertise mas, até o momento, pouco atuantes no mercado de capitais. PILAR 5: USO DA INTERATIVIDADE - PORTAL FINANCEIRO E INTERNET, PARA A REDUÇÃO SUBSTANCIAL DE CUSTOS DE INTERMEDIAÇÃO Premissa É crucial demolir a barreira de custos de intermediação que impede, na prática, o acesso de tomadores orbitais ao mercado de capitais. Proposta Propõe-se a redução significativa de custos das emissões, através da interatividade propiciada pela tecnologia da informação. O PORTAL DE ACESSO A PROJETOS VIA INTERNET (PORTAL DE PROJETOS) facilitará o acesso dos investidores institucionais - clubes de investimento e fundos de pensão, às informações essenciais sobre os projetos elegíveis, as características e condições básicas das emissões. Trata-se de um portal de conteúdo, uma plataforma integradora e facilitadora de negócios, orientada para os seguintes enfoques: apoio, ponte de relacionamento e vitrine institucional.

Os custos de intermediação deverão ser adequados ao porte dos projetos e respectivos volumes de emissão. Vislumbra-se uma redução significativa dos custos de emissão propiciada pelo Portal. Os programas de lançamento são substituídos por roadshows virtuais e as atividades de disclosure e research passam a ser interativas. A FRANQUIA DE ACESSO destina-se ao incremento da riqueza do setor produtivo da economia. Os agentes da órbita financeira exercerão suas funções básicas de intermediação no mercado primário, como advisers das emissões, e de sustentação de liquidez no mercado secundário, através das operações de desconto bancário. 4. BUSINESS CASE : EMISSÃO DE BABIES PARA FINANCIAMENTO DE PROJETO ELEGÍVEL DE EMPRESA ORBITAL Seja o PROJETO P, da EMPRESA ORBITAL O de capital fechado, fornecedor preferencial da COMPANHIA ABERTA C (setor de infra-estrutura): Objetivo: incremento de eficiência ao processo produtivo de O, através de programa de redução de custos de insumo essencial (benefícios mensurados para 10 anos). Os benefícios tangíveis estendem-se para a cadeia produtiva de C, consubstanciados na redução substancial de preços de produtos fornecidos por O. Economia do Insumo Ano1 - R$ 98.914 / ano. Economia do Insumo Ano 2 - R$ 212.585 / ano. Dispêndios Iniciais: Material - R$ 5.000. Viagens - R$ 15.000. Pessoal Interno - R$ 297.650. Serviços de Terceiros - R$ 31.200. Outras - R$ 5.000. Investimentos - R$ 650.000. Estrutura de Capital: Equity: 8%. Financiamento: 92%. Companhia Aberta C - Custos Referenciais da Franquia de Acesso: Custo de Transações no PORTAL - R$ 2.000/ mês/empresa, totalizando R$ 24.000 / ano. Fundo de Aval - depósito único de 20% do total da emissão, perfazendo R$ 120.000. Custo Total da Emissão: 18,76% aa. Rentabilidade do Projeto s/ Alavancagem: 18,87% aa. Rentabilidade do Projeto c/ Alavancagem: 21,30% aa.

O Quadro 1 apresenta os dados relativos à emissão factível de "BABIES" para o projeto "P", via FRANQUIA DE ACESSO, supondo-se que "O" necessite de um aporte de financiamento de R$ 600 mil para a concretização do programa: Quadro 1 - FLUXO DE CAIXA DA EMISSÃO LOTE DE 600 "BABIES" - PREÇO UNITÁRIO DE R$ 1.000 R$ - Jun/00 Ano 0 1 2 Emissão ($) 600.000 Principal ($) 300.000 300.000 Juros (14,00% aa) 84.000 42.000 Resgate ($/ano) 384.000 342.000 Comissão de Intermediação (1, 00%) 6.000 IOF (1,00%) 3.840 3.420 IRPJ (20,00%) 16.800 8.400 Despesas de Registro e Custódia CETIP Taxa de Registro (0,005%) 30 Abertura de Conta 660 ISS (5,00%) 33 COFINS (3,00%) 20 Total 743 Total de Despesas Financeiras 6.743 104.640 53.820 Fluxo de Caixa da Operação 593.257 (404.640) (353.820) 5. CONCLUSÕES Das considerações apresentadas no decorrer do trabalho, resultam as seguintes conclusões: I. O mercado de capitais apresenta potencial a ser explorado no que concerne a emissões de menor vulto, podendo beneficiar novos players com solidez financeira comprovada não listados em Bolsa de Valores, desde que estabelecidos modelos e regras que favoreçam a mitigação de riscos e a redução significativa de custos intrínsecos, com benefícios econômicos e sociais tangíveis. II. A oportunidade de indução do acesso de novos players, consubstanciada no modelo descrito no item 3, considera um vínculo negocial bem sedimentado entre companhias

abertas e empresas de capital fechado orbitais de sua cadeia, como condição de habilitação ao franqueamento. III. A oferta de títulos como os babies - emitidos para alavancagem de projetos de boa qualidade, com remuneração garantida e baixo risco, poderá constituir-se em estratégia de diversificação atrativa no curto prazo para clubes de investimento e fundos de pensão, em busca de melhor performance para seus portfólios. IV. A FRANQUIA DE ACESSO propiciará a sedimentação de vantagens competitivas associadas à capilaridade das cadeias produtivas das empresas nucleares e orbitais, beneficiadas com a abertura de mais um canal de funding para projetos importantes. V. A abertura do PORTAL DE PROJETOS a tomadores orbitais e investidores institucionais pontificará como nova forma de intermediação, focada na redução substancial de custos e em novos valores da NOVA ECONOMIA: a VIRTUALIDADE e a INTERATIVIDADE. VI. A FRANQUIA DE ACESSO poderá representar um incentivo à permanência de companhias abertas no mercado de capitais, em contraposição a estratégias de fechamento de capital sinalizadas na atualidade por grandes grupos empresariais. VII. Como crítica ao mecanismo, poderá ser aventado o estabelecimento de uma forte dependência entre empresas orbitais e companhias abertas nucleares. Tal dependência, todavia, é fato; a proposta do trabalho é explicitá-la e utilizá-la como pré-condição para a criação de uma nova modalidade de acesso ao mercado de capitais, atualmente dificultado às empresas orbitais pelas condições vigentes. No ambiente econômico brasileiro, caracterizado por diversos entraves à habilitação de pequenas e médias empresas a recursos de financiamento, a FRANQUIA DE ACESSO poderá representar um avanço importante no processo de democratização do acesso ao mercado de capitais. Espera-se que o mérito da FRANQUIA DE ACESSO seja apreciado nas instâncias de interesse do mercado de capitais, com vistas a uma oportuna implementação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO NACIONAL DAS INSTITUIÇÕES DO MERCADO ABERTO. Brasil para investidores estrangeiros: relatório econômico. Rio de Janeiro: ANDIMA, 1999. ASSOCIAÇÃO NACIONAL DAS INSTITUIÇÕES DO MERCADO ABERTO. Sistema financeiro no Mercosul: relatório econômico. Rio de Janeiro: ANDIMA, 1999. CLUBE DE INVESTIMENTOS DOS EMPREGADOS DA CEMIG CLIC. Estatuto Social. Mota, Marcelo. Emissões internas crescem 64% em janeiro. Gazeta Mercantil, São Paulo, 30, mai.2000. Caderno Finanças & Negócios, p. B-1. Ribas, Silvana. Estrutura para negociar on-line. Gazeta Mercantil, São Paulo, 29, mai.2000. Caderno Informática & Telecomunicações, p. C-3. Sefertzi, Elena. Flexibilidade: os novos desenhos. HSM Management, São Paulo, 18 (3), janeiro-fevereiro, 74-78, 2000. Tajra, João Baratas, as bolsas latinas se esvaziam. Gazeta Mercantil Latino Americana, São Paulo, 29, jun.2000. Caderno Especial Negócios, p. 9. O presente artigo é cedido por seu(s) autor(es), sem ônus, à APIMEC MG, exclusivamente para publicação no portal www.apimecmg.com.br, sob responsabilidade da entidade. O texto apresentado constitui a versão final. Todos os direitos sobre esta propriedade intelectual pertencem exclusivamente ao(s) seus autor(es), responsável (eis) pelo conteúdo.