RELATO DE EXPERIÊNCIA BRINCANDO DE BIBLIOTECA COM PROGRAMA LITERÁRIO



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Transcrição:

RELATO DE EXPERIÊNCIA BRINCANDO DE BIBLIOTECA COM PROGRAMA LITERÁRIO Justificativa O impulso inicial da proposta nasceu da vontade de levar a leitura àqueles que ainda não tem o prazer de ler; uma grande necessidade constatada nas escolas. Além de que os espaços, que promovem a leitura e o lazer, mostram-se escassos em muitas escolas do Distrito Federal (DF). Diante de tal situação, surgiu a ideia de levar bibliotecas itinerantes ao encontro de futuros leitores, uma vez que a experiência vivenciada ensinou que o espaço da biblioteca é uma ferramenta transformadora. Na biblioteca podem ser usadas as mais variadas formas de dinamização. Além disso, é onde se podem promover as linguagens artísticas, pois cabe à biblioteca potencializar o professor e a escola e permitir que aconteça uma revolução no seu cotidiano. A partir da percepção de eficácia do ambiente de uma biblioteca e, considerando a necessidade de iniciativas literárias e culturais, própria das regiões mais carentes, o Projeto já teve 11 anos de execução, a maioria aprovado pelo Fundo de Apoio à Cultura - FAC, que é um Programa de apoio aos artistas locais autônomos, pela Secretaria de Cultura do Distrito Federal - DF. São atendidas escolas de diferentes cidades do DF, priorizando as mais carentes de eventos culturais e de bibliotecas atuantes. São escolas da zona urbana e escolas de zona rural. São Escolas Classes que atendem de 1ª a 4ª séries e também Centros de Ensino que atendem de 5ª a 8ª séries. Alunos do ensino fundamental, de faixa etária de 9 a 13 anos, havendo exceções. Os que estudam em zona rural, normalmente, são filhos de chacareiros com poder aquisitivo baixo; já teve casos em escolas de zona rural de alunos que nunca haviam pegado em um livro de literatura. Em quaisquer situações, seja de melhor renda ou não, quem é que não quer uma aula diferente, uma aula que fuja das tradicionais aulas com giz e quadro-negro, uma aula em que podem virar artistas, como muitos a denominam. A educação inclusiva, presente em algumas oficinas, com a presença de alunos com necessidades visuais, auditivas e outras, é sempre recomendada às escolas. A aquisição da leitura e da escrita, especialmente pelas crianças das escolas públicas, depende de praticar essa leitura, depende de ter livros disponíveis e atraentes. Está entre os desafios que a escola pública continua a enfrentar no Brasil. O Projeto foi idealizado a fim de dar condições de acesso a livros apropriados à idade e interesse de alunos do ensino fundamental. As ações fundamentadas neste projeto possibilitam que alunos do ensino fundamental evidenciem, de maneira prazerosa, em apresentações lúdicas, a compreensão do que leram. E que com o auxílio da arte, com suas várias linguagens, pode-se contribuir muito para a Educação de qualidade. O Projeto Brincando de Biblioteca com Programa Literário é desenvolvido por meio de uma série de oficinas e vai além da tarefa de incentivar e sensibilizar,

pois dissemina a prática ao capacitar alunos do ensino fundamental para atuarem como multiplicadores de leituras na escola, em casa, na sua comunidade. Objetivos Busca-se atingir, com o Projeto, desde a sensibilização dos alunos para que percebam a importância da arte, até sua mágica socialização. Para estabelecer e alcançar metas específicas, em cada uma das etapas da execução da oficina, que é a metodologia do desenvolvimento do Projeto, destacam-se os seguintes objetivos: formar alunos-multiplicadores de leituras nas escolas; estender a prática de brincar de biblioteca em casa e na comunidade; estimular a leitura por prazer, por meio de atividades lúdicas; enriquecer os recreios com atividades culturais de leitura, teatro, música, diminuindo cenas de violência comuns nos intervalos escolares; divulgar a literatura brasiliense e outras obras nacionais; educar os alunos para a recepção da arte, como plateia, expectadores, leitores e como mediadores; desenvolver o hábito de trabalhar em equipes; incentivar a prática de hemerotecas; descobrir e estimular talentos em várias linguagens artísticas; despertar vocações profissionais; valorizar bibliotecas e vê-las como espaços privilegiados da cultura nas escolas. Metodologia A metodologia utilizada nas oficinas tem sua característica principal na simplicidade e na economia. O indispensável é o entusiasmo. É preciso gostar de ler para se estimular o gosto pela leitura. Aquele que vai conduzir a oficina tem de ser um leitor apaixonado, só assim as crianças serão contagiadas por essa atmosfera de prazer. O Projeto prevê a necessidade de aquisição de livros. Setenta e duas obras de literatura infantil são distribuídas em seis minibibliotecas para que os alunos participantes leiam, apreciem, planejem e apresentem um programa literário. Neste programa, trabalha-se com linguagens artísticas como o teatro, a música, a poesia. As equipes organizam-se e escolhem funções para apresentarem um espetáculo literário. As funções, pré-definidas e expostas em cartaz, em cada grupo, são: apresentadores, atores, cartazistas, críticos, cronometristas, humoristas, jornalistas, jurados, investigadores. Uma prática que permite descobrir e evidenciar os talentos existentes no grupo. Ao final, acontece um show, denominado Alunos/Talentos. Em apresentações, lançando mão de várias linguagens e manifestações artísticas, evidenciam a reflexão que lhes foi permitido fazer, a partir da instigante leitura. Vestem-se com uma capa de artista, para apresentarem seu dom, dentro das suas possibilidades e/ou falar dos livros que leu, pois tem alunos que no momento da leitura silenciosa consegue ler a maioria dos livros contidos na minibiblioteca de seu grupo. Ao final, avaliam a oficina, registram seus nomes, e recebem dicas e certificados.

Dentre as 72 obras literárias trabalhadas, são priorizados os autores do DF. Trata-se de valorizar e divulgar a cultura local, além de mostrar aos alunos que, na mesma realidade em que vivem, há pessoas compondo histórias cheias de encanto e magia. Com isso, pretende-se incentivá-los e evidenciar que escrever é atividade acessível. O trabalho é desenvolvido em conjunto com as escolas. Cabe ao corpo docente formar o grupo de alunos a ser atendido, comunicando aos pais, por escrito, sobre a atividade. Depois da oficina realizada, há a continuidade e disseminação, pois surge um elo entre o projeto e cada leitor/multiplicador. Ou seja, é dado às escolas o suporte para estender a prática a todos os seus alunos. Cada oficina tem três momentos: (1) inicia-se com o momento da sensibilização prévia, em que os participantes são despertados para a importância da leitura e da biblioteca, por meio de: cenário previamente preparado, discussões, histórias, música; (2) trata-se do momento ações compartilhadas", em que são formados os grupos de trabalho, verificando as tendências, de acordo com os talentos artísticos que já se identificam. Neste momento é imprescindível o estímulo e orientação para o trabalho. Em seguida, dá-se um pequeno intervalo para a montagem da sala para os espetáculos literários e o show dos artistas; (3) é o momento da "tomada de decisão", em que acontece a avaliação e os alunos recebem dicas escritas e certificados para atuarem como Multiplicadores de Leituras. Alguns preparativos facilitam os passos de cada oficina: Número de vagas: Mínimo de 36 e máximo de 72 alunos (no momento da leitura silenciosa, um livro na mão de cada aluno). Momento só do aluno, silêncio total, no qual aproveita-se para colocar o nome do aluno, em cada certificado. Nessa hora, a lista de frequência, passada inicialmente, já está completa. Preparação, aquisição e confecção dos materiais a serem utilizados nas oficinas: livros com papeletas para registro dos leitores (mínimo de 72), certificados, frequências (listas), avaliações (fichas), banner, xerox com dicas, kit de revistas para entrega, revistas temáticas, jornais com reforma ortográfica... Seleção de obras com temas sociais/transversais (Ex: Menina Bonita do Laço de Fita de Ana Maria Machado e outras obras brasilienses, que tratam do negro; Brasília, novo amor de Regina Célia Melo, que aborda pontos turísticos de Brasília; Na minha escola todo mundo é igual de Rossana Ramos, literatura que trata das diferenças. O Suplemento Super/Correio Braziliense para cada grupo com a reforma ortográfica, acessível a alunos do ensino fundamental e a Revista Brasília Humanizada, com os monumentos e pontos importantes da cidade... Atendimentos a cada grupo, para que a junção dos 3 recursos (livro, jornal e revista) em cada minibiblioteca seja bem utilizada na montagem do Programa Literário a ser apresentado à frente. Frequência/Avaliação: lista de presença, participação em Programa Literário, avaliação escrita e entrega de certificados nominais. Momento solene e foto geral dos alunos com os certificados - Multiplicadores de Leituras! Passos da oficina: sensibilização prévia. ações compartilhadas e tomada de decisão. Nas ações do Programa os alunos desempenham as funções de: apresentadores, atores, cartazistas ou muralistas, cronometristas, críticos,

humoristas, investigadores, jornalistas, jurados e outras (músicos, poetas, dançarinos, etc). Apresentação dos Programas Literários, ressaltando as funções de cada participante e os temas sociais/transversais trabalhados. Minipalestra sobre a importância de hemerotecas nas escolas e entrega solene de kit de revistas, com dicas de como trabalhá-las, integradas às diversas linguagens artísticas. Divulgar a parceria com a Pacta Internacional Consultoria, que doa as revistas para as escolas. Discussão sobre algum artista da cidade citado pelos alunos, mostrando que, na realidade em que vivem, pertinho deles, tem artista já renomado e que, cada um poderá a ser um deles, um dia... Distribuição de folderes a alunos que conhecem deficientes visuais na sua comunidade, para os convidarem a conhecer novo Ponto de Leitura em Biblioteca Braille. Avaliação Brincar de Biblioteca é uma resposta simples, entretanto séria o suficiente para encarar tantos problemas que ameaçam a possibilidade de nossas crianças desfrutarem o prazer da leitura. Toda oficina é avaliada, individualmente, pelos participantes que utilizam uma ficha previamente preparada para fazer seus comentários de forma bem espontânea, que são lidos, atentamente, servindo de subsídios para aprimoramento de outras. Algumas respostas são dadas às escolas e cerca de 90% das avaliações são positivas e os alunos demonstram que gostaram demais da aula diferente, assim a chamam, e que vão dar continuidade ao projeto falando de leituras. No último momento da oficina, intitulado Tomada de Decisão, acontece, também, uma avaliação oral, feita por alguns alunos-voluntários, que serve de estímulo e reforço aos alunos mais tímidos a assumirem a função de Multiplicadores de Leituras. Brincando de Biblioteca é uma resposta simples, entretanto séria e eficiente, frente a tantos problemas que ameaçam a educação de qualidade; pois se trata de dinâmica que conquista para a leitura e desperta para um mundo de diferenças, com arte e ludicidade. Os participantes sentem-se motivados a ler, descobrem novos horizontes e percebem a importância da sua própria atuação, no processo, uma vez que recebem o desafio de multiplicarem a experiência. Os depoimentos colhidos durante o desenvolver das oficinas permitem uma avaliação constante do Projeto. À proporção que vai sendo disseminado, oportunidades de desenvolvimento vão surgindo. Por 7 anos, as Feiras do Livro de Brasília permitiram e incentivaram oficinas que foram oferecidas a professores da Secretaria de Educação e comunidade interessada. A iniciativa favorece as trocas de experiências entre as pessoas envolvidas, pois o espírito do projeto é multiplicar. Orienta-se enfaticamente cada participante a relatar a experiência contando as histórias dos livros que leram, das peças que assistiram, de tudo que viram, em casa, na sala de aula e até na comunidade. Eles

se sentem multiplicadores de leituras e começam a trocar experiências com entusiasmo. Os alunos percebem o quanto a Arte pode enriquecer sua vida, tomam conhecimento de vários eventos e grupos artísticos e, nunca mais são os mesmos. Aluno falando pra aluno, contando de um livro que leu, de uma exposição que foi, de um filme que viu ou outra manifestação artística atrai bem mais do que o adulto falar, pois os interesses se comungam. Durante as atividades das oficinas, é possível observar que os alunos assimilam um novo olhar para eventos e assistência a performances de grupos artísticos. Ou seja, a arte em várias manifestações passa a ter a atenção deles. Depoimentos de alunos sobre livros lidos, exposições e filmes assistidos, ou outras manifestações artísticas evidenciam que o desenvolvimento das ações, nas oficinas, permite maior interação, resultados mais eficazes, agregando interesses e gerando criatividade. Em acordo com os objetivos, vários resultados são alcançados, após os alunos participarem de uma sensibilização prévia, ações compartilhadas, e tomada de decisão, os momentos básicos de cada oficina. Destacam-se os resultados: o surgimento de alunos-multiplicadores de leituras nas escolas; a prática de brincar de biblioteca em casa e na comunidade; a leitura por prazer, com atividades lúdicas; os recreios enriquecidos, com atividades culturais de leitura, teatro, música, dança, etc.; a divulgação de literatura brasiliense e outras obras nacionais; a preparação/transformação de alunos para a recepção da arte, como expectadores, leitores e como mediadores; a incorporação do hábito consistente de trabalhar em equipes; o despertar para o hábito de lerem e guardarem recortes de jornais e revistas; o despertar de talentos, em várias linguagens artísticas, e até vocações profissionais; o despertar para a valorização de bibliotecas, como espaços privilegiados da cultura nas escolas. Todos os que se envolvem com a prática da leitura são beneficiados, ela tem o poder de operar milagres, é a base do sucesso educacional. A comunidade escolar sente-se gratificada de receber a oficina, que muda sua rotina e transforma o espaço da aprendizagem numa brincadeira prazerosa. Os pais compartilham a nova missão com os filhos e a escola. As atividades desenvolvidas respondem a necessidades da população local, pois promovem a leitura em diferentes linguagens. Procura-se, ainda, valorizar a literatura local, integrada à renomados autores nacionais. Busca-se estimular o gosto pela leitura. É imprescindível que o oficineiro seja um leitor dedicado e consciente do valor da leitura; só assim as crianças serão estimuladas a ler. A experiência tem revelado que não há nenhuma restrição para o Brincando de Biblioteca. O Projeto cabe em qualquer contexto e público, inclusive envolvendo adultos ou idosos. Afinal, ao contrário do que se pensa, nunca é tarde para se envolver com a leitura. Também se acredita que a ideia possa ser aplicada em relação a outros conteúdos curriculares. Sintetizando, alguns resultados numéricos, reconhecimentos, intercâmbios: 129 escolas, mais de 6 mil alunos e mais de 400 professores já participaram das oficinas do projeto em 11 anos. Em 2010, 50 oficinas foram realizadas, em homenagem ao cinquentenário de Brasília.

O projeto ficou entre os finalistas em prêmio Nós fazemos a nossa parte em Seminário Internacional sobre os objetivos de desenvolvimento do milênio e também classificado em prêmio Arte na Escola Cidadã. Em 2009, participou de exposição na biblioteca da Presidência da República e foi contemplado pelo Ministério da Cultura no Concurso Pontos de Leitura, com um kit de 650 livros, computador, mesa, etc. Já extrapolou fronteiras, foi apresentado em Huancayo, Peru, no I Congresso Latino-Americano de Compreensão da Leitura (julho de 2008) e também em workshop em Braga/Portugal (julho de 2009), com troca de informações com educadores de lá, participantes do1º Fórum Ibero- Americano de Literacias e da 16th European Conference on Reading, na Universidade do Minho, presentes no workshop; serviu de inspiração à criação de projeto por bibliotecária portuguesa. Enfim, construção de minibibliotecas em várias escolas; melhoria nas produções literárias e na prática da leitura; reforço na educação inclusiva, com vários alunos de necessidades especiais presentes; aumento de pedidos pelas oficinas; vários destaques em recitais poéticos, música, teatro, dança; programas literários sobre as obras trabalhadas em 6 grupos de trabalhos, em cada uma das 129 oficinas já realizadas. As parcerias que enriquecem e facilitam a realização das oficinas crescem: a Secretaria de Cultura, por meio do Fundo de Apoio à Cultura FAC, que não só patrocina o projeto, mas faz um acompanhamento na realização do mesmo, com prestação de contas; a Administração Regional de Taguatinga (fornecimento de cópias); a Pacta Internacional Consultoria (doação de revistas para as Hemerotecas Criativas, nas escolas atendidas); a Secretaria de Educação (sedia todas as escolas atendidas e material gráfico). A cada escola visitada, a parceria se solidifica, com contatos posteriores para eventos pedagógicos, culturais, como também assessoria a iniciativas criadas pelos professores. Parceria com os escritores do DF que, ao saberem que suas obras foram trabalhadas na escola, se prontificam a fazer visitas nas mesmas, o contato se torna mais fácil e consistente, inclusive com doações de livros. Parceria indireta com a comunidade brasiliense que, ao verem notas de divulgação das oficinas na mídia local ou no site da Secretaria de Educação, ligam solicitando oficina em sua escola ou presença em alguma na sua cidade. O Projeto Brincando de Biblioteca é, pois, oportunidade de disseminação e apoderamento da capacidade de transformar, pela leitura, o olhar interior que dá cor e forma à vida, uma vida bem mais bonita, por meio da vivência com a literatura.