II Jornadas Internacionales Sociedades Contemporáneas, Subjetividad y Educación. 9, 10 y 11 de abril de 2014 ISBN 978-987-3617-11-9



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Transcrição:

A PERCEPÇÃO DO GESTOR SOBRE OS PROFISSIONAIS DAS SALAS DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS DOURADOS/MS. PERCEPCIÓN DEL GESTOR DE LOS PROFESIONALES DE LAS CLASES RECURSOS MULTIFUNCIONALES EN DOURADOS/MS. Autores: MELO, Hellen C. Batista de; MARTINS, Morgana de Fátima Agostini. Pertenencia institucional: Universidade Federal da Grande Dourados UFGD. E-mail: hellenufgd@gmail.com; morganamartins@ufgd.edu.br MARTINS, Morgana de Fátima Agostini RESUMO: O presente artigo é um recorte de pesquisa de Mestrado realizada junto ao Programa de Pós Graduação em Educação, que tem por objetivo mapear a implantação e a operacionalização das Salas de Recursos Multifuncionais em um município do interior de Mato Grosso do Sul. Esta investigação integra o Observatório Nacional de Educação Especial: Estudo em Rede Nacional sobre as SRMs nas escolas comuns. Serão apresentados dados obtidos em entrevista com a gestora responsável pelo Núcleo de Educação Especial do Município em questão tendo como objetivo apresentar alguns aspectos da formação dos profissionais da Educação Especial em atuação no Atendimento Educacional Especializado. Discute-se essa formação tendo como referência a Política Nacional de Educação Especial e o Programa de implantação de Salas de Recursos Multifuncionais. Nas considerações, uma breve reflexão sobre a inclusão. PALAVRAS-CHAVES: Educação Especial. Formação de Professores. Salas de Recursos Multifuncionais. RESUMEN: Este artículo es un recorte de Maestría en Investigación llevada a cabo por el programa de postgrado en educación, que tiene como objetivo ordenar la implementación y la operacionalización en las aulas de Recursos Multifuncionales en un município del interior de Mato Grosso do Sul. Esta Investigación integra al Observatório Nacional de Educación Especial: Estudio en Red Nacional sobre las SRMs en las escuelas comunes. Serán presentados datos obtenidos en la entrevista con la gestora responsable por el Nucleo de Educación Especial del município en cuestión, teniendo como objetivo presentar algunos aspectos de la formación de los profesionales de la Educación Especial en actuación al atendimiento Educacional Especial y al programa de implementación de aulas de Recursos Multifuncionales. En consecuencia, una breve reflexión sobra la inclusión. PALABRAS CLAVES: Educación Especial, Formación de Profesores. Aulas de Recursos Multifuncionales. 1

TEMA O presente artigo busca contribuir com reflexões sobre as Políticas de implantação das Salas de Recursos Multifuncionais no Estado do Mato Grosso do Sul. Para tanto, faremos uma análise dos documentos que norteiam as Políticas de Educação Especial e um relato da entrevista com a gestora do Núcleo de Educação Especial de Dourados/MS. A inclusão social é, de certa forma, um ato de impedir a exclusão, que acontece com pessoas deficientes. Daí a importância de discutirmos esse assunto que nos rodeia e exige de nós uma atitude que busque acabar com o preconceito e discriminação. Todos os alunos com necessidades educacionais especiais têm por direto estar matriculado nas escolas regulares. No Brasil esse direito é garantido pela Constituição de 1988 que estabelece o direito à escolarização de toda e qualquer pessoa, a igualdade de condições para o acesso e para a permanência na escola e a garantia de atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino (BRASIL, 1988). Garantir o direito dos alunos com Necessidades Educacionais Especiais (NEE) de frequentar a classe comum da escola regular tem sido um exercício cada vez mais amparado legalmente na maioria dos países. Muitas atitudes já foram tomadas pelos sistemas educacionais públicos no sentido de conduzir para este alvo. Além da questão do direito, imperam também razões éticas, considerando que não há motivos fortes que justifiquem a segregação escolar indiscriminada destes alunos, e por isso, no mundo todo, os sistemas educacionais têm procurado se reestruturar para responder também às necessidades de todos os seus alunos. (MENDES, 2010, p.09) O Programa de implantação das Salas de Recursos Multifuncionais foi elaborado no período (2003-2010). Hoje é um dos mais importantes programas na Educação Especial, implantada nas redes municipais de ensino. De acordo com o Edital n 1 de 26 de Abril de 2007, objetiva-se: 2

Apoiar os sistemas de ensino na organização e oferta do Atendimento Educacional especializado, por meio da implantação de salas de recursos multifuncionais nas escolas de educação básica da rede pública, fortalecendo o processo de inclusão nas classes comuns de ensino regular [...] Selecionar projetos de Estados e Municípios para implantação de salas de recursos multifuncionais nas escolas de educação básica da rede pública de ensino; Expandir a oferta do atendimento educacional especializado aos alunos incluídos nas classes comuns do ensino regular (BRASIL, 2007). Destaca-se a importância do trabalho dos profissionais de Educação que atuam nas SRMs. De acordo com o Decreto 6.571/ 2008, o atendimento educacional especializado é definido como [...] conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados institucionalmente, prestado de forma complementar ou suplementar à formação dos alunos no ensino regular (BRASIL, 2008b). OBJETIVOS Objetivo Geral Apresentar alguns aspectos da formação dos profissionais da educação especial em atuação no Atendimento Educacional Especial neste município. Objetivos Específicos Discutir a formação inicial e continuada dos professores que atuam na Educação Especial; Refletir sobre as dificuldades e os desafios no processo de inclusão educacional a partir do atendimento oferecido na SRM; METODOLOGIA 3

Este trabalho é um recorte de pesquisa de Mestrado realizada junto ao Programa de Pós Graduação em Educação. Esta investigação integra o Observatório Nacional de Educação Especial: Estudo em Rede Nacional sobre as SRMs nas escolas comuns, cujo o objetivo é discutir a formação inicial e continuada dos professores que atuam nas Salas de Recursos Multifuncionais por todo país. Serão apresentados dados obtidos em entrevista com a gestora de Educação Especial do município de Dourados-MS. A entrevista foi agendada previamente via telefone. A participante foi esclarecida quanto aos objetivos do trabalho, bem como assinou o Termo de Consentimento Livre e esclarecido. Foi realizada em uma sala cedida no prédio onde funciona a Secretaria Municipal de Educação e gravada em áudio. O roteiro da entrevista foi elaborado refletindo sobre critérios importantes que envolvem o trabalho do professor e do gestor de Educação Especial, destacando alguns aspectos como a história da Educação Especial no município; a questão da formação inicial e continuada desses professores que atendem nas Salas de Recursos Multifuncionais; os documentos que norteiam as ações municipais nesta área; a questão da identificação ou do diagnóstico dos alunos que são atendidos nas Salas de Recursos Multifuncionais (por quem e como é realizado esse diagnó stico); quais os serviços de apoio oferecidos pelo município atualmente, como se desenvolvem a atuação do professor e do gestor no que se refere às Salas de Recursos Multifuncionais do município. Sendo assim, consideramos importante todas as respostas deste roteiro de entrevista, para o processo de avaliação e implantação dos serviços de apoio aos alunos com Necessidades educacionais Especiais (NEEs). O Documento Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (PNEE-EI) (BRASIL, 2008) especificou a necessidade de garantir entre outras coisas a formação de professores para o atendimento educacional 4

especializado e demais profissionais da educação para a inclusão escolar (BRASIL, 2007, p. 8). De acordo com a gestora responsável pelo Núcleo de Educação Especial do Município, o acesso aos cursos de formação continuada é muito limitado, isto é, voltado somente para professores que atuam na Educação Especial e/ou para profissionais das Salas de Recursos Multifuncionais e não para todos os profissionais que estão envolvidos com a educação, o que seria de grande importância. Apesar de que quando se refere ao atendimento técnico especializado (Psicólogos, Fonoaudiólogos, Fisioterapeutas, entre outros) dos alunos que são atendidos são realizados em parcerias com a Secretaria de Saúde do município por não ter profissionais exclusivos para esse atendimento. Em relação às formações continuadas, ela afirma que: Dourados é um município polo do Programa Educação Inclusiva Direito à Diversidade do MEC, então nós temos 20 municípios que damos assistência. De 2005, quando tivemos o primeiro seminário de Educação Especial, tivemos seis seminários em Dourados, [...], então atendendo ao programa nós tivemos seis seminários em Dourados com a carga- horária de 40h e, para os demais professores regentes que tem esse aluno especial na sala de aula nós temos as formações continuadas para os professores regentes que são de Artes, Educação Física, o professor de apoio também tem suas formações, os nossos acadêmicos e também os interpretes. O que oferecemos são os Seminários, as formações continuadas que é o ano todo, nós chamamos os profissionais e realizamos nossa formação, dentro de cada deficiência, a partir daí os professores trazem a realidade deles em sala de aula, as duvidas para que a gente possa estar ajudando, compreendendo, buscando teorias e palestras com profissionais que ajudem a sanar as duvidas e atender esse aluno da melhor forma possível. As salas de recurso multifuncional têm formação semanalmente, agora para os professores regentes e profissionais de apoio temos encontros uma vez por mês. As vezes nós chamamos separado em cada categoria e as vezes realizamos juntos, ate para ouvirmos como se dá o trabalho em sala de aula. A formação oferecida pelo MEC começou em 2005, e o ultimo seminário ocorreu em 2011. 5

O município teve a oportunidade de realizar cursos de formação continuada e/ou especialização na modalidade à Distância: Duas turmas do EAD. Uma em parceria com a Universidade do Ceará (31 participantes) e a outra turma com a Universidade de Maringá (com 25 participantes) que é o Atendimento Educacional Especializado, que é uma Pós-Graduação. [...] No MEC, todas as vezes que tinha essas formações pra gestores, sempre ia mais um, a antiga gestora enviava um profissional para estar participando, pra depois fazer o repasse para os demais professores daqui. Nem todos os profissionais têm a possibilidade de participar do EAD, primeiro porque tem que ser efetivo da rede e alguns não tinha condições de estar fazendo por não ter internet em casa, também pelo período que está na escola e as vezes não da tempo de estar fazendo todas as atividades que tem que ser feito, por conta dos prazos e eu vejo que quem fez foram aqueles professores que tem o perfil e que gostam de trabalhar com Educação Especial, que gosta da inclusão. O MEC manda as formações e há uma seleção, porque nem todos mandam a inscrição justificando o porquê de fazer a especialização, daí são aceitos. A partir da análise da entrevista da Gestora responsável pelo Núcleo de Educação Especial, pudemos constatar que todo o trabalho realizado neste município é pautado nas Leis e Diretrizes do MEC. No que se refere à formação do intérprete de Libras, o professor responsável por essa área que também trabalha no Núcleo de Educação Especial, aponta que: [...] esse profissional é um professor tem que ter uma Graduação/ licenciatura tal qual o professor da sala de recurso e tem a especialização especifica em Libras ou a Pós-Graduação, ou cursos na área mesmo, a maioria tem especialização. Dois dos professores que trabalharam até o ano passado, que uma se aposentou esse ano, então tem o Letras/Libras que é uma faculdade especifica de tradução e interpretação e o ensino de libras, então temos professores bem capacitados, pois todos têm a formação especifica para essa área. A Nota Técnica SEESP/GAB/n. 11/2010 afirma que: A educação inclusiva, fundamentada em princípios filosóficos, políticos e legais dos direitos humanos, compreende a mudança de 6

concepção pedagógica, de formação docente e de gestão educacional para a efetivação do direito de todos á educação, transformando as estruturas educacionais que reforçam a oposição entre o ensino comum e especial e a organização de espaços segregados para alunos publico alvo da educação especial. (BRASIL, 2010. P.1) As Salas de Recursos Multifuncionais foram implantadas no Município tendo uma das escolas na área central da cidade como pioneira (piloto) no modelo da sala de recursos, desde 2006. Atualmente a escola atende como SEM, oferecendo o AEE, sendo o serviço mais antigo oferecido na Rede Municipal. Tivemos muitos benefícios no que se refere às contribuições por parte da entrevistada, de opiniões sobre a inclusão e implantação das Salas de Recursos Multifuncionais. CONTEXTUALIZAÇÃO A educação especial encontra-se, também, em processo de ressignificação de seu papel, para abranger, além do atendimento especializado direto, o suporte às escolas regulares que recebem alunos que necessitam de ajudas diferenciadas e especificas para aprender. [...] A educação especial não deve ser concebida com um sistema educacional especializado à parte, mas sim como um conjunto de metodologias, recursos e conhecimentos (materiais, pedagógicos e humanos) que a escola comum deverá dispor para atender à diversidade de seu alunado (GLAT, 2007. p.17) A escola tem papel fundamental para a aprendizagem e práticas da inclusão escolar, como por exemplo, prover materiais didáticos adequados de acordo com as necessidades dos alunos, proporcionarem cursos aos educadores com o intuito de conhecer práticas de ensino e adaptação no currículo escolar, dentre outras coisas. A formação de todos os professores atuantes na escola deve ter uniformidade com a política educacional buscando a integração e inclusão dos alunos com necessidades especiais no ensino regular. 7

A formação continuada deve constituir-se em um espaço de construção de novos conhecimentos, com intercâmbio de diferentes saberes, para repensar e refazer a prática do professor, na construção das capacidades do educador. Segundo Mittler (200 3, p. 35), A inclusão implica que todos os professores têm o direito de esperar e de receber preparação apropriada na formação inicial em educação e desenvolvimento profissional contínuo durante sua vida profissional. Os estudos realizados sobre o processo de inclusão de alunos com necessidades especiais são importantes, para preparar o educador no desenvolvimento de novas atitudes no que diz respeito à sua prática pedagógica. Como afirma MITTLER sobre inclusão na educação que: A inclusão depende do trabalho cotidiano dos professores na sala de aula e do seu sucesso em garantir que todas as crianças possam participar de cada aula e da vida da escola como um todo. Os professores, por sua vez, necessitam trabalhar em escolas que sejam planejadas e administradas de acordo com linhas inclusivas e que sejam apoiadas pelos governantes, pela comunidade local, pelas autoridades educacionais locais e acima de tudo pelos pais. (MITTLER 2003, p.20) Na questão da inclusão escolar, pensar sobre o papel do profissional da educação, isto é, buscar novas perspectivas para o ensino de forma diferenciada, faz parte da construção da inclusão escolar. Compreendemos, então, a importância de valorizar as capacidades e possibilidades no processo de inclusão, para a partir daí superar as dificuldades no que se refere a aprendizagem. O professor tem o dever de auxiliar ao aluno na aquisição de conhecimentos, pois enquanto educadores devemos nos preocupar com a inclusão e em como ela vem sendo realizada nas escolas de acordo com o que consta na Constituição Federal. Desta forma pode-se considerar que o professor necessita de formação constante, para que possa refletir sobre seu trabalho buscando aperfeiçoar o ensino oferecido em 8

sala de aula, sabendo identificar aqueles que apresentam dificuldades de aprendizagem e promovendo estratégias para que todos tenham atendimento necessário para o seu desenvolvimento. A discussão na área de inclusão escolar aponta para intervenções necessárias e urgentes. A educação da criança depende de um conjunto de fatores, como a preparação dos professores, apoio e valorização do seu trabalho, mostrando que a escola pode ser, de fato, um espaço de desenvolvimento das crianças com necessidades educacionais especiais, ainda que seja um grande desafio para os pesquisadores da área em busca de avanços na qualidade do serviço. Acreditamos que a pesquisa contribuirá para a melhoria no atendimento oferecido nas Salas de Recursos Multifuncionais afinal, a operacionalização por meio das estratégias e procedimentos elaborados pelo profissional do AEE poderão ser mapeados e ampliados a partir das discussões promovidas. O grande desafio da inclusão escolar é ainda a formação de professores e profissionais da escola para o atendimento às necessidades individuais de aprendizagem. Infelizmente, algumas escolas ainda não se sentem preparadas e capacitadas para receber alunos com necessidades educacionais especiais. Os professores devem ter em mente que o seu aluno com NEEs é como todos os outros. Não podemos fazer de conta que as deficiências não existem. Elas existem e trazem consigo desafios. Devemos considerar antes a criança e com ela suas necessidades e potencialidades. REFERENCIAS BRASIL. Edital n. 1 de 26 de abril de 2007. Lança o Programa de implantação de salas de recursos multifuncionais. Brasília, 2007. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: MEC/SEESP, 1996.. Constituição da República Federativa do Brasil, Brasília, 1988. 9

. Decreto 6.571/2008 que institui o atendimento educacional especializado. Brasília, 2008.. MEC. SEESP. Nota Técnica SEESP/GAB/Nº 11/2010, que institui orientações para a institucionalização d oferta do Atendimento Educacional Especializado AEE em Salas de Recursos Multifuncionais, implantadas nas escolas regulares. Brasília, 2010. GLAT. Rosana (org.). Educação Inclusiva: cultura e cotidiano escolar. Rio de Janeiro: sete letras, 2007. MENDES, E. G. Projeto do Observatório Nacional de Educação Especial ONEESP, projeto nº 38/2010/CAPES/INEP MITTLER, Peter. Educação Inclusiva: Contextos Sociais. Editora: Artmed São Paulo, 2003. SKLIAR, C. Inclusão e educação: doze olhares sobre a educação inclusiva In: David Rodrigues. São Paulo: Summus, 2006. 10