Problema Como combater o isolamento social de seniores com deficiência visual. Organização



Documentos relacionados
Área de Intervenção IV: Qualidade de vida do idoso

Plano de Actividades 2011

Centro Nacional de Apoio ao Imigrante

Santa Casa da Misericórdia. (Santarém)

Câmara Municipal de Alter do Chão Setor Ação Social e Educação

ACTUAR NOS CONDICIONANTES VIVER A VIDA: MAIS E MELHOR. Reduzir as desigualdades em saúde. Promover a saúde das crianças, adolescentes e famílias

Levantamento Concelhio das pessoas em situação de semabrigo

Lar das Criancinhas da Horta Instituição Particular de Solidariedade Social

SEGURANÇA SOCIAL PROTEÇÃO SOCIAL DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

PLANO ANUAL DE ATIVIDADES STEDIM 2015

Às sextas na Cidade. Águeda - cidade inclusiva

O Plano de Desenvolvimento Social

CENTRO DE APOIO FAMILIAR E ACONSELHAMENTO PARENTAL

Projeto Pedagógico e de Animação Do Estremoz Férias 2015

FICHA TÉCNICA AUTORIA DESIGN IMPRESSÃO TIRAGEM ISBN DEPÓSITO LEGAL EDIÇÃO. Relatório Síntese. Rita Espanha, Patrícia Ávila, Rita Veloso Mendes

JOGOS TRADICIONAIS. Alunos das Esc. do 1º Ciclo do Ensino Básico. População idosa. Elementos que integram os clubes desportivos do Município

Divisão de Assuntos Sociais

Plano de Acção Ano Avaliação

FICHA DE CARACTERIZAÇÃO DO PRODUTO

FICHA DO PROJECTO. Desporto para todos. Fundação Aragão Pinto - IPSS

Gabinete de Apoio à Família

Projecto co-financiado pelo FSE

Projeto Educativo de Creche e Jardim de Infância

PLANO DESENVOLVIMENTO SOCIAL MAFRA

Recomendações Encontro Nacional de Juventude 2015

ACESSIBILIDADE E DIREITOS DOS CIDADÃOS: BREVE DISCUSSÃO

Boletim de notícias URBACT. Outubro - Novembro de 2011

JORNAL OFICIAL. Sumário REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA. Segunda-feira, 21 de julho de Série. Número 132

Casa do Povo de Vilarandelo. Plano de Ação

A EPA em 20 anos uma sinopse

Inauguração a 21 de Junho de 2011

ORIENTAÇÕES PARA A APLICAÇÃO DAS NOVAS MEDIDAS EDUCATIVAS DO REGIME EDUCATIVO ESPECIAL

Externato Marista de Lisboa Gabinete de Psicologia 2014/2015

Brasil. 5 O Direito à Convivência Familiar e Comunitária: Os abrigos para crianças e adolescentes no

PROJETO DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO FEDERAL N.º, DE 2011 (Da Sra. Rosinha da Adefal)

Os Parceiros Sociais têm desempenhado uma verdadeira missão de serviço público, a qual, nem sempre, tem sido devidamente reconhecida pelos Governos.

Programa Regional de Reestruturação dos Serviços de Apoio Domiciliário e de Apoio aos Cuidadores

PROJECTO DE LEI N.º 671/X. Altera o Código da Estrada e o Código do Imposto sobre Veículos. Exposição de Motivos

4. PRINCÍPIOS DE PLANEAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS

World Café: Interligar para vencer

PROTOCOLO DE COOPERAÇÃO ENTRE A COMISSÃO PARA A CIDADANIA E IGUALDADE DE GÉNERO E A CÂMARA MUNICIPAL DA LOUSÃ

Plano de Atividades 2014

POLÍTICAS INSTITUCIONAIS DE ACESSIBILIDADE. - Não seja portador de Preconceito -

- Hospital Visconde de Salreu - Ass. Quinta do Rezende. - Junta de Freguesia de Fermelã - Banda Visconde de Salreu

Secretaria Municipal de Educação Claudia Costin Subsecretária Helena Bomeny Instituto Municipal Helena Antipoff Kátia Nunes

PARECER N.º 2 / 2012

CATL-Oficina da Criança

PROJETO HÁ FESTA NO CAMPO UM PROJETO DE INSPIRAÇÃO.

Projeto Pedagógico e de Animação Do Estremoz Férias

Serviço de Reabilitação

Projeto Educativo da Escola Profissional de Leiria

Compromisso para IPSS Amigas do Envelhecimento Ativo CONFEDERAÇÃO NACIONAL INSTITUIÇÕES DE SOLIDARIEDADE

i9social Social Innovation Management Sobre

INFORMAÇÃO AOS MEDIA

Local, Regional, Nacional. Faro Regional Ver Área-chave 5. Semelhante à Área-chave 5.

Implementação da AGENDA 21 LOCAL em 16 Freguesias dos Municípios associados da LIPOR

INCLUSÃO SOCIAL NOS TRANSPORTES PÚBLICOS DA UE

ESPAÇO(S) E COMPROMISSOS DA PROFISSÃO

1-O que é Contexto normativo Articulação com outros instrumentos Conteúdos do projeto educativo Diagnóstico estratégico..

PROTOCOLO ENTRE. Considerando que:

ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE PSICOGERONTOLOGIA - APP PROPOSTA DE PROGRAMA PARA O TRIÉNIO

Parecer da UGT. Sobre as alterações à Lei de Bases do Sistema Educativo

Boas Práticas Autárquicas de Responsabilidade Social. Sónia Paixão. 8 de Maio 2012

Our innovative solutions wherever you need us. ABREU ADVOGADOS C&C ADVOGADOS Em Parceria: Portugal China (Macau) Parceria de oportunidades

PLANO ESTRATÉGICO de Desenvolvimento Urbano de VISEU 2020

Apresentação do GIS - Grupo Imigração e Saúde / Parte 2: a utilidade do GIS para os imigrantes

CRIANÇAS E JOVENS EM RISCO E PREVENÇÃO NA PRIMEIRA INFÂNCIA

Exmo. Sr. Reitor da Universidade Portucalense Prof. Doutor Alfredo Rodrigues Marques;

Politicas Municipais de Apoio à Criança

RE PENSAR A ESCOLA PARCERIAS PARA A INCLUSÃO

PROJECTO DE LEI N.º 609/XI/2.ª

A EMPREGABILIDADE DOS PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS E SUAS IMPLICAÇÕES NA CIDADE DE LINS

Projeto de Resolução n.º 238/XIII/1.ª. Recomenda ao Governo que implemente medidas de prevenção e combate à Diabetes e à Hiperglicemia Intermédia.

EDITAL. Iniciativa OTIC Oficinas de Transferência de Tecnologia e de Conhecimento

PROTOCOLO DE COOPERAÇÃO ENTRE COMISSÃO PARA A CIDADANIA E A IGUALDADE DE GÉNERO MUNICÍPIO DO BARREIRO

JUNTA DE FREGUESIA DA UNIÃO DE FREGUESIAS DE SACAVÉM E PRIOR. Projeto Pedagógico e de Animação de Campos de Férias

SESSÃO: ACÇÕES INOVADORAS E ENVELHECIMENTO ACTIVO. Maria Helena Patrício Paes CENTRO ISMAILI, LISBOA 12 DE OUTUBRO DE mhpaes@prosalis.

Psicologia Aplicada em Portugal

Conclusões CAPÍTULO 7 CONCLUSÕES. O Ambiente Interior e a Saúde dos Ocupantes de Edifícios de Habitação. 217

Nós! - criação de Equipas Divulgação do Projecto x A divulgação iniciou-se apenas em Dezembro devido Locais de Voluntariado

Nº 13 AEC - Papel e Acção na Escola. e-revista ISSN

1.3. Envelhecimento Activo Plano de Actividades dirigido à população Idosa Semana Sénior

O Desenvolvimento: Um Desafio à Participação Cívica em todos os Contextos e Idades

ipea políticas sociais acompanhamento e análise 7 ago GASTOS SOCIAIS: FOCALIZAR VERSUS UNIVERSALIZAR José Márcio Camargo*

NORMAS INTERNACIONAIS DO TRABALHO Convenção (n.º 102) relativa à segurança social (norma mínima), 1952

Instituto Superior de Línguas e Administração

APRENDIZAGEM AO LONGO DA VIDA

Câmara Municipal do Cadaval Saúde em Rede

CONSTRANGIMENTOS DOS SERVIÇOS E EQUIPAMENTOS NA ADMISSÃO DE PESSOAS IDOSAS DO FORO MENTAL

Introdução Freguesia de Odivelas Junta Freguesia de Odivelas Comissão Social de Freguesia de Odivelas

Análise jurídica para a ratificação da Convenção 102 da OIT

Regulamento do Orçamento Participativo de Vendas Novas. Preâmbulo

Dia do Voluntário da U.Porto: Formar para o voluntariado Conclusões dos Workshops

Relatório de Avaliação

PARLAMENTO EUROPEU PROJECTO DE PARECER. Comissão da Indústria, do Comércio Externo, da Investigação e da Energia PROVISÓRIO 2003/0252(COD)

Transcrição:

Problema Como combater o isolamento social de seniores com deficiência visual. Organização ACAPO - Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal / Delegação do Porto Morada: Rua do Bonfim, 215 4300-069 PORTO Email: porto@acapo.pt Contacto telefónico: 22 58 99 100 Missão: Defender, representar e promover o empowerment dos deficientes visuais portugueses, a nível nacional e internacional, garantindo a sua plena participação e exercício da cidadania, através de uma intervenção especializada em todo o território nacional e de uma consistente atuação internacional. Visão: Assumirmo-nos como a instituição de referência na área da deficiência visual na comunidade envolvente, estabelecendo-nos como os seus principais parceiros chave, em prol da inclusão das pessoas cegas e de baixa visão. Público-alvo / beneficiários prioritários: Pessoas com Deficiência Visual (cegueira e baixa visão) Área geográfica de intervenção: Distrito do Porto Descrição das principais atividades: A ACAPO é a única IPSS no concelho do Porto que presta apoio, habilitação e reabilitação às pessoas com deficiência visual, dispondo de uma equipa multidisciplinar especializada. A Delegação do Porto da ACAPO/ Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal, celebrou em 2004 Acordo Atípico com a Segurança Social sendo criada a valência CAAAPD - Centro de Atendimento, Acompanhamento e Animação para Pessoas com Deficiência prestando apoio social, apoio psicológico, habilitação/reabilitação funcional nas áreas de Tecnologias da Informação e Comunicação, Braille, Atividades da Vida Diária, Estimulação Sensorial e Orientação e Mobilidade, e ainda atividades de cultura e lazer. Os serviços prestados e as atividades desenvolvidas são dirigidos também às famílias dos utentes, e muitas delas são também abertas à participação da comunidade. Desenvolvem-se ainda ações de informação e sensibilização junto da comunidade no sentido de promover a mudança de atitudes em relação às pessoas com deficiência visual. 1 Recursos da Organização Recursos-Chave Descrição O quadro de pessoal do CAAAPD da Delegação do Porto da ACAPO é constituído Recursos Humanos por: 1 Assist. Social, 1 Psicóloga, 1 Terapeuta Ocupacional, 1 Técnica de Orientação e Mobilidade, 1 Técnica de Braille, 1 Administrativa e 2 Auxiliares de Serv.Gerais. Instalações Próprias dois edifícios, sendo utilizados todos os espaços e gabinetes do edifício principal, e dois espaços em edifício nas traseiras que são utilizados muito esporadicamente em atividades, devido à falta de ligação dos dois edifícios e à acessibilidade reduzida para os utentes. Uma viatura ligeira, de 5 lugares, do ano de 2003, para uso nas deslocações e Recursos Materiais apoio ao domicílio, que é manifestamente insuficiente para possibilitar o transporte dos utentes nas atividades realizadas quer nas instalações da ACAPO, quer no exterior com a comunidade. Equipamentos informáticos adaptados às pessoas com deficiência visual. Equipamento de impressão a Braille.

Recursos Imateriais O reconhecimento da comunidade, que considera a nossa Instituição como sendo de referência na defesa dos direitos e interesses das pessoas com deficiência visual. O Know-how de uma equipa multidisciplinar no apoio e capacitação das pessoas com deficiência visual, bem como na informação, sensibilização e formação da comunidade. 2

Apresentação do Problema Dimensão e gravidade do problema Sendo o isolamento social um fenómeno preocupante na nossa sociedade atual, ele assume proporções ainda mais extensas no grupo das pessoas com algum tipo de deficiência ou incapacidade. As pessoas com deficiência visual, população-alvo da nossa instituição, enfrentam dificuldades acrescidas em todos os planos existenciais, facto que se reflete no acesso à educação, ao emprego e a todos os outros meios de socialização e de autonomização de vida. Naturalmente, essas dificuldades acentuam-se em fases mais avançadas da vida das pessoas cegas ou com baixa visão; é um fenómeno snow-ball, em que as dificuldades trazidas pela incapacidade são multiplicadas pelas contingências que atingem também outros seniores, e que assim formam uma teia que fragiliza, isola e impede a participação das pessoas na sua comunidade. O concelho do Porto apresenta um índice de envelhecimento muito superior à média nacional (158,9), com valores que têm vindo a aumentar ao longo dos últimos anos. A ACAPO realizou em 2012 um Estudo com a PPLL Consult no âmbito do Projecto nº 000357402011 e realizado com o apoio do Programa Operacional de Assistência Técnica (POAT), cofinanciado pelo Fundo Social Europeu (FSE) e Governo de Portugal, sobre A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS E A PROMOÇÃO DA VIDA INDEPENDENTE- a situação social dos deficientes visuais, com o objetivo da definição de um modelo sustentado de prestação de serviços, numa lógica integrada e holística, orientado para a procura e para as reais necessidades dos clientes e que privilegie a racionalização e optimização dos recursos a envolver, focalizado na promoção da autonomia, da vida independente e da qualidade de vida, implicando que o serviço prestado corresponda à necessidade do cidadão servido e, por isso, que a concepção, planeamento, prestação e avaliação deve estar centrada nele, nas suas necessidades, na sua liberdade de escolha, na realização do seu potencial e na sua satisfação. Deste Estudo alargado, que teve uma amostra de 1325 pessoas com deficiência visual, destacamos as seguintes conclusões: - o risco de isolamento social progride com a idade e é mais de 4 vezes superior nos idosos que nos adultos jovens - o isolamento em termos de lazer cresce com a idade, atingindo 4,5 vezes mais os idosos que os jovens. As sociabilidades intra-domiciliares, que englobam atividades como jogar computador, jogar jogos de tabuleiro, conversa em chats online e redes sociais são minoritárias entre os inquiridos, tal como as práticas culturais de saída (INE, 2003), que integram atividades realizadas fora do domicílio, como visitar museus, assistir a peças de teatro, ir ao cinema, assistir a concertos, ir a biblioteca/mediateca, assistir a eventos desportivos e praticar desporto. As atividades de lazer desenvolvidas pelos inquiridos estão circunscritas ao domicílio e às práticas compatíveis com o isolamento em relação a redes de proximidade. - A possibilidade de estabelecer laços sociais é uma dimensão da vida independente que pode ser potenciada no trabalho entre e com deficientes visuais e com os contextos sociais envolventes, por forma a minorar sofrimentos e discriminações. Assim como pode desenvolver-se, nessa perspectiva, práticas culturais e de lazer que combatam o risco de confinamento ao espaço doméstico. - Cerca de um quarto dos inquiridos configura um risco de problema social, marcado pela sobreposição de dependência e isolamento - pessoas dependentes e em situação de isolamento social. Este grupo reúne 23% dos inquiridos, que não são autónomos nem nas tarefas quotidianas nem no acesso à informação e comunicação, nem na mobilidade; nunca entraram ou já saíram do mercado de trabalho; vivem de uma pensão ou de uma prestação da segurança social, não usam computadores, têm um nível restrito de vida social fora de casa - a ocorrência da deficiência visual na vida adulta é um fator de redução da intensidade de vida social quotidiana (as pessoas tendem a confinar-se ao seu espaço doméstico e ocorre frequentemente um comportamento sobreprotetor da família ou de outros agentes que reduzem a oportunidade de contatos sociais). 3

A Delegação do Porto da ACAPO tem cerca de 85 associados/utentes com mais de 65 anos, dos quais apenas metade é apoiada pelos nossos serviços. Atualmente, as pessoas seniores intervencionadas, quer em termos de apoio social, psicológico, e de habilitação/reabilitação, são na sua maioria as pessoas que reúnem condições económicas que lhes possibilitam deslocar-se aos serviços, ou têm algum apoio familiar que lhes permite providenciar o acompanhamento na deslocação ou custear os transportes. De referir que apesar de alguns serviços poderem ser prestados no domicílio, existem áreas de apoio cujas sessões decorrem nas instalações da Delegação. Verificamos ainda que, mesmo aqueles com quem foi possível implementar processo de reabilitação funcional, acabam por ir gradualmente perdendo a autonomia que haviam recuperado uma vez que no seu dia a dia não conseguem manter níveis satisfatórios de atividade e participação em contextos que lhe sejam significativos, uma vez que se encontram confinados ao espaço do seu domicílio. De igual forma, a participação nas atividades culturais e de lazer acabam por registar uma escassa participação dos utentes e sócios, que normalmente referem motivos de dificuldade económica e/ou dificuldades de mobilidade. Atualmente não existe no Concelho do Porto nem a nível do distrito do Porto nenhuma resposta dirigida aos seniores com deficiência visual e as várias respostas existentes em termos de centro de dia na comunidade, p. ex., não estão bem preparadas para integrar pessoas com deficiência visual, por falta de conhecimento, preparação e formação das equipas técnicas e dos recursos humanos envolvidos. O número de seniores com deficiência visual sem apoio por parte da comunidade e por parte dos nossos serviços tem vindo a aumentar. Causas do problema - Dependência das pessoas com deficiência visual (não são autónomas na sua mobilidade, nem no acesso à informação e comunicação, nem nas suas tarefas quotidianas) - Dificuldades económicas (pensões baixas, muitas vezes relativas a percursos profissionais muito curtos ou mesmo inexistentes) - Pouco acesso a informação sobre serviços de apoio disponíveis - Ausência de suporte familiar; dificuldades das famílias em lidar com as especificidades da deficiência visual - Dificuldade de integração em serviços da comunidade - Baixa capacidade de resposta de várias entidades às necessidades específicas das pessoas com deficiência visual 4 Consequências do problema não resolvido - Co-morbilidade - agravamento do estado de saúde físico, mental, emocional das pessoas isoladas e inativas - Dependência crescente de terceiros - Perda acentuada de qualidade de vida - Impacto negativo na estrutura familiar que, devido aos maiores níveis de dependência, se vê confrontada com maiores exigências de apoio - Privação social/ocupacional

Alternativas de resolução do problema já realizadas A Delegação do Porto da ACAPO presta apoio e promove a reabilitação das pessoas com deficiência visual com uma equipa multidisciplinar especializada no sentido de as capacitar e contribuir para a sua autonomia e melhoria da qualidade de vida. Desenvolve ações de informação e sensibilização sobre a deficiência visual junto da comunidade, envolvendo os técnicos de Instituições e organismos públicos e privados, nomeadamente Escolas (desde jardins de infância a universidades), Centros de Dia, Lares residenciais, empresas, no sentido da capacitação dos técnicos para o apoio e acompanhamento a prestar às pessoas com deficiência visual. Para além da abordagem das principais necessidades específicas deste público e treino de algumas respostas (por exemplo, treino em técnicas de guia), estas ações visam contribuir para a desconstrução de alguns mitos e preconceitos relacionados com as pessoas com a deficiência visual e melhorar a atitude e relação com estes. Presta-se ainda um conjunto de serviços na área do lazer e da cultura, que se tem procurado diversificar no sentido de melhor responder às necessidades e interesses do nosso público. Deixamos aqui alguns exemplos: visitas culturais adaptadas, passeios, convívios/festas e comemorações de datas específicas, Yoga, Tai-chi, Grupo de Manualidades, Workshop s (no ano passado, por exemplo, foram realizados workshop s nas áreas de artesanato, cozinha saudável, maquilhagem), colónia de férias, grupo de poesia, clube de leitura, dança, e participação em atividades da comunidade. De referir ainda que a nossa Instituição presta estes serviços de forma aberta, não apenas aos seus associados e utentes mas à comunidade em geral. Tem sido, igualmente desenvolvido trabalho com entidades externas, publicas e privadas, nas áreas do ensino, cultura, turismo, transportes, saúde, etc., no sentido de apoiar e capacitar esses organismos e os seus técnicos para a adaptação e preparação das respostas, na perspetiva de uma cultura de inclusão que permita às pessoas com deficiência visual usufruir plenamente dos serviços e dessa forma possibilitar a sua real participação, combatendo o isolamento social. A nossa Delegação pertence ao CLASP e à Comissão Social da Freguesia do Bonfim, tendo vindo a trabalhar e a participar em eventos abertos e dirigidos à comunidade, apoiando na adaptação e preparação dos mesmos, tendo como objetivo sensibilizar e capacitar para a inclusão das pessoas com deficiência visual nos eventos comunitários. Mantemos uma articulação permanente com a Câmara Municipal do Porto e com a Provedoria Municipal das Pessoas com Deficiência em todas as questões relacionadas com a acessibilidade para as pessoas com deficiência visual. Tem-se desenvolvido também um trabalho conjunto com a Divisão dos Museus e do Património da Câmara Municipal do Porto, no sentido de capacitar os Museus da Cidade do Porto e os seus técnicos, na realização de visitas acessíveis às pessoas com deficiência visual, e a colaboração na impressão da informação em Braille. No sentido de se contribuir para a melhoria dos serviços de transporte, mantemos articulação com a STCP (na sensibilização dos trabalhadores para com as pessoas com deficiência visual, a informação em áudio, a informação em Braille dos serviços), com a METRO do Porto (desde o inicio do projeto de construção e implementação dos serviços da rede do METRO, na análise das questões quer da acessibilidade física, quer da acessibilidade de informação - projeto NAVMETRO), com a ANA-Aeroportos (na melhoria da acessibilidade para as pessoas com deficiência visual e no projeto para a capacitação dos seus trabalhadores, desenvolvendo ações de formação regular). 5