Sueli da Silva Cruz Graduanda em Administração de Negócios pela Faculdade Vale do Ipojuca (FAVIP). E-mail: sscruz18@hotmail. com. EMPREENDEDORISMO: IDENTIFICANDO OPORTUNIDADES R e s u m o Este artigo trata das oportunidades de negócios para os empreendedores. Serve como orientação aos empreendedores que têm um sonho e que não sabem ao certo como conseguir resultados nele, porém não é um guia que deva ser encarado como uma verdade única, e sim uma ajuda na clareza das idéias iniciais dos empreendedores. É uma pesquisa de caráter bibliográfico, que busca orientar um empreendedor ao sucesso no negócio escolhido. Palavras-chave: Oportunidades. Empreendedores. Negócios. A b s t r a c t ENTREPRENEURS: IDENTIFYING OPPORTUNITIES This article deals with business opportunities for entrepreneurs. Serves as a guidance to entrepreneurs who have a dream and they do not know for sure how to achieve it, but it is not a guide to be seen as a single truth, but an aid in the clarity of the initial ideas of entrepreneurs. It is a bibliographic search of character, which seeks to guide an entrepreneur success in the business chosen. Keywords: Opportunities. Entrepreneurs. Business.
1 INTRODUÇÃO A oportunidade de negócios está no foco deste artigo. Saber identificá-las é primordial para os empreendedores, para tanto se torna necessário definir o que é empreendedor, o empreendedor é a pessoa que inicia e/ou opera um negócio para realizar uma idéia ou projeto pessoal assumindo riscos e responsabilidades e inovando continuamente (CHIAVE- NATO, 2005, p.3). Empreender para muitos é uma tarefa arriscada, e na verdade, é. Ousar num mercado que já é dominado por grandes empresas são características de pessoas que têm coragem de arriscar e força para continuar seguindo mediante as desventuras de um mercado globalizado. Um dos principais atributos do empreendedor é identificar oportunidades, agarrá-las e buscar os recursos para transformá-las em negócio lucrativo (DOLABELA, 1999, p.44). A inovação é o instrumento específico do espírito empreendedor. É o ato que contempla os recursos com a nova capacidade de criar riqueza (DRUCKER, 1995). Essa maneira de inovar será abordada mostrando quando devemos iniciar um negócio e como agir na criação dele. Tendo em vista os assuntos aqui relatados, o objetivo deste estudo é explanar sobre as oportunidades de negócios para os empreendedores. Como principal fonte de dados, os autores aqui abordados para apoiar as informações aqui relatadas são Idalberto Chiavenato (2005), Fernando Dolabella (1999), L. J. Filion (1991) e Peter F. Drucker (1995). Esta pesquisa é um estudo de caráter exploratóriodescritivo, fundamentalmente bibliográfico e será à base do estudo das oportunidades para empreendedores. 2 DESCOBRINDO UMA VISÃO O empreendedor é dotado de características que o impulsionam para a criação de um negócio. Conforme Timmons e Hornaday (1994 apud DO- LABELA, 1999), as características são: O empreendedor tem uma pessoa que o influencia; Tem iniciativa, autonomia, autoconfiança, otimismo, necessidade de realização; Trabalha sozinho; Tem perseverança e tenacidade; Empreendedorismo: identificando oportunidades Aprende com os próprios erros; É um trabalhador incansável e sabe concentrar seus esforços; Sabe fixar metas e atingi-las, descobre nichos; Tem forte intuição, importa o que faz; Tem autocomprometimento; Cria situações para obter feedback sobre seu comportamento; Sabe buscar, controlar e utilizar recursos; É líder; É orientado para o futuro, para o resultado e para o longo prazo; Aceita o dinheiro como uma das medidas de seu desempenho; Tece rede de relações ; Conhece muito bem o ramo em que atua; Cultiva a imaginação e aprende a definir visões; Traduz seus pensamentos em ações; É pró-ativo, preocupa-se em aprender a aprender; Cria um método próprio para aprender; Tem capacidade de influenciar as pessoas com as quais lida e provoca mudanças no sistema com o qual atua; Assume riscos moderados. É inovador e criativo, porém relacionado à materialização do produto; Tem alta tolerância a incerteza define a partir do indefinido; Tem consciência do ambiente em que vive, usando-a para detectar oportunidade de negócios. Essas são as características que fazem relação direta com a visão que Filion (1991) retratou no seu artigo, a respeito da necessidade que o empreendedor tem de descobrir sua visão, ou seja, a forma como entender a idéia de empresa e quais são os elementos que a sustentam, o como que o negócio irá se sustentar no decorrer do tempo. Filion (1991) elaborou um modelo que abrange quatro pilares para o empreendedor, o primeiro deles denomina-se Weltanschauung, que não tem tradução correta para o Português, mas seria a visão do mundo, o como o empreendedor vê o que acontece ao seu redor, na sua realidade, o mundo real, o como ele se vê. Esta visão demonstra como a pessoa é vista através dos conceitos de valores, atitudes e intenções. Retratada para o universo empresarial, essa visão de mundo corresponde ao que o indivíduo opera ou pretende operar, o que irá gerenciar ou o que ele já gerencia. 71
Sueli da Silva Cruz Neste conceito, o empreendedor fará do seu minho que ele irá percorrer. negócio um espelho, um reflexo do que ele é. Se Nesta etapa de visionário onde o empreendedor a pessoa é organizada seu negócio será organizado. já domina todos os quatro pilares da visão, Filion Para o empreendedor iniciar seu sonho, seu projeto (1991) demonstra que o processo de inicialização de vida, ele deve primeiro se conhecer porque esse do negócio divide-se nas etapas: o embrião que é autoconhecimento irá ajudá-lo na hora de influenciar a idéia do produto e/ou serviço; desenvolvimento as pessoas a trabalharem em prol do seu objetivo, que retrata o estudo do mercado, do produto e da do seu sonho. Quanto mais cedo ele conseguir focar viabilidade; a forma que são as idéias da empresa, no seu projeto, mais cedo conseguirá dar início ao e o alvo os objetivos precisos a serem alcançados. mesmo, e moldar as atitudes mentais dos seus colaboradores, para adequá-los a sua idéia para juntos pois a pessoa já consegue visualizar bem suas idéias É neste momento que as oportunidades aparecem, alcançarem o sucesso. e começa a estudar as possibilidades de pô-las em A segunda visão abordada por Filion (1991) é a prática. Energia, corresponde à quantidade e qualidade do tempo dedicado ao trabalho. Essa energia é interrelacionada ao conceito de visão do mundo, pois 3 IDENTIFICANDO OPORTUNIDADES quando o empreendedor desvenda a área que quer Identificar uma oportunidade é o primeiro trabalhar, ele irá começar a planejar, a estudar o ambiente em que irá instalar seu negócio e através desse preendedor, para tanto ela tem que saber diferenciar passo para uma pessoa que quer se tornar um em- desprendimento de energia, ele irá demonstrar para oportunidade de idéia. Segundo o Dicionário Aurélio as pessoas que sabe o que está fazendo e o como oportunidade é ocasião, ensejo, lance, circunstância fazer, irá começar a liderar seus colaboradores no adequada ou favorável, conveniência. Por sua vez, caminho do sucesso. idéia é a representação mental de uma coisa concreta ou abstrata, elaboração intelectual, concepção Esta segunda visão está totalmente relacionada com a terceira que é Liderança. A liderança é um (FERREIRA, 1999). A oportunidade para o empreendedor é a concepção da idéia, a idéia por si só não paralelo entre a visão do mundo e a energia desprendida, pois a liderança está intimamente ligada à produz se não tiver a ocasião para pô-la em prática. forma como o empreendedor se vê e a forma como Segundo Timmons (1994 apud DOLABELA, 1999) ele irá influenciar a sua energia, é tudo uma questão uma idéia não passa de um instrumento na mão de de disciplina para si próprio e para os colaboradores, um empreendedor. Da mesma forma como um pincel pode gerar uma obra-prima ou medíocre, depen- liderar também é disciplina. A liderança irá definir o tamanho da realidade que o empreendedor irá dendo das mãos que o utilizam, uma idéia depende liderar. de um bom empreendedor para se transformar em O último pilar proposto pelo modelo de Filion um negócio de sucesso. (1991) aborda as relações, esse pilar é fundamental Os empreendedores ficam imersos na criação dos novos negócios, passam horas pensando, para o processo mais importante para o empreendedor, pois é ele que influencia com maior intensidade planejando, estudando o ambiente para a partir de a criação e a evolução de uma visão. É quando o toda análise poder começar o negócio. O processo empreendedor começa a ver que seus relacionamentos são produtos sociais dos quais precisam para estudo, é ele que irá mostrar qual o ambiente que a de identificação de oportunidades começa nesse melhorar sua compreensão, sua visão, essas relações nova empresa irá focar. são o medidor de temperatura do seu negócio. Segundo Dolabela, as oportunidades podem A visão do empreendedor é o que o impulsiona ser identificadas através de: a realizar seu sonho, a pôr em prática suas idéias. Brainstormings; Para isso é necessário que a pessoa (o empreendedor) descubra qual é a sua visão? O que quer Estudo de setores; Estudos de áreas geográficas; produzir? Qual será o produto que irá colocar no Estudos de indústrias específicas; mercado? Em qual mercado irá se instalar? Essa Estudos dos recursos renovados e não-renováveis; visão é o que irá conduzi-lo para o sucesso, é o ca- 72
Estudos do ambiente tecnológico; Análise de pauta de importação; Análise de transformações e tendências de mercado; Mercados emergentes; Desenvolvimento dos hábitos prospectivo (antecipar os acontecimentos) e pró-ativo (tomar a iniciativa, enxergar oportunidades); Análise de empresas/setores como cadeia de processos ou unidades de negócios; Análise dos movimentos demográficos. Empreendedorismo: identificando oportunidades Brainstorming é uma palavra que significa um avançado método para encontrar idéias. É a criação de novas idéias incomuns em um grupo de pessoas o que permite estimular a criatividade e identificação de oportunidades de negócios. Uma idéia é um somatório de brainstorming. Os estudos das áreas geográficas é uma análise precisa do ambiente onde se pretende instalar o novo negócio, por exemplo, o arranjo produtivo local do Pólo Têxtil do Agreste Pernambucano. Os estudos das industriais seguem o mesmo processo, focam em atividades fins como, por exemplo, telefonia celular, internet. Os estudos dos recursos renováveis e não-renováveis é uma análise profunda sobre a matéria-prima que irá ser utilizada, é através de estudos como esses que estão sendo projetados o Biodisel, por exemplo. Estudar o ambiente tecnológico segue o conceito anterior, só que utiliza de recursos de Tecnologia da Informação mais intensamente como o gás natural e a fibra óptica, por exemplo. A pauta de importações e suas variações é uma análise macroeconômica que fornece dados relevantes sobre importação e custos decorrentes desse processo. As transformações e as tendências de mercado é um estudo do comportamento do consumidor e de fatos que possam ser importantes para a economia e para o mercado, por exemplo, a participação da mulher na força de trabalho. Analisar os mercados emergentes é a maneira de descobrir novos nichos logo na iniciação, áreas como educação, lazer, saúde possuem grande abrangência de nichos que ainda podem ser inicializados. O empreendedor deve desenvolver hábitos prospectivos e pró-ativo, pois dessa forma terá a visão, e logo em seguida iniciar o negócio, ter ambição, ser audacioso. Deve analisar as empresas como unidades de negócios para observar o mercado no qual visualiza uma oportunidade para poder acompanhar suas transformações e tendências. Como também deve analisar os movimentos demográficos para visualizar o que ocorre com a população de determinada região e aproveitar o máximo que ela possa fornecer à empresa, por exemplo, o aumento da perspectiva de vida, a do brasileiro passou para 80 anos, o que gerou a oportunidade de novos bancos privados, com o intuito de financiar empréstimos sobre desconto direto na aposentadoria. Essa estrutura descrita por Dolabela (1999) torna-se inviável para a maioria dos pequenos empresários, pelo custo das pesquisas que precisam ser elaboradas. Então Chiavenato (2005), aborda dois tópicos que são precisos para o empreendedor, o primeiro é iniciar um negócio que já se tem em mente e descobrir onde ele é viável, para tanto o empreendedor precisa visualizar o ambiente onde ele pretende colocar sua idéia em prática, por exemplo, caso ele decida montar uma escola de esportes para crianças, ele precisa saber identificar qual é o esporte preferido daquela região específica, para, a partir de então, elaborar estratégias voltadas para essa realidade. Em segundo, é necessário procurar nichos de mercado e, a partir daí, desenhar um plano de negócios, elaborar estratégias. Neste contexto descrito por Chiavenato (2005), identifica-se que não é difícil ser empreendedor, apenas é necessário que o futuro empresário visualize suas idéias e procure estudar o ambiente no qual ele deseja se instalar. O importante é procurar não fazer o mesmo que os demais, dessa forma, o mercado torna-se saturado do produto e o risco de o negócio não dar certo é maior, é preciso correr o risco da inovação, criar para se ter diferencial de mercado. 4 INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE A inovação deve ser praticada pelo empreendedor de forma sistemática, ou seja, investir numa busca deliberada e organizada das mudanças, analisar as oportunidades que as mudanças podem proporcionar. Vivemos num século em que a cada dia está sendo criado algo novo, e o novo encanta os consumidores. É esse encantamento que o empreendedor deve buscar. Saber o que criar com o intuito de fazer com que os seus clientes em potencial se encantem por seus produtos/serviços. Segundo Drucker (1995), o processo de inovação sistemática refere a sete fontes para a iden- 73
tificação de oportunidade. As primeiras quatro fontes estão dentro da instituição, seja empresarial ou pública, ou dentro de um setor industrial ou de serviços. Elas são, portanto, visíveis, principalmente para quem está dentro daquele setor industrial ou de serviço. As quatro fontes são: O inesperado o sucesso inesperado, o fracasso inesperado, o evento externo inesperado; A incongruência entre a realidade como ela é de fato, e a realidade como se presume ser ou como deveria ser ; A inovação baseada na necessidade do processo; e Mudanças na estrutura do setor industrial ou na estrutura do mercado que apanham a todos desprevenidos. O segundo grupo de fontes para a oportunidade inovadora, um conjunto de três delas, implica em mudanças fora da empresa ou do setor: Sueli da Silva Cruz Existem técnicas e exercícios para desenvolver um comportamento criativo. Parece que este advém do hábito de tentar encontrar novas idéias, novas formas de apresentar idéias antigas, de identificar problemas e inconsistência nos produtos e serviços oferecidos (DOLABELA, 1999, p. 92). Essa busca contínua pela inovação leva o empreendedor a aceitar e a acreditar na intuição como fonte de idéias. A intuição o leva a apostar em um projeto e a investir em pô-lo em prática sempre no sentido de criar um diferencial para determinado nicho de mercado. Um grande expositor de idéias é propagado no mundo inteiro, as feiras e exposições são onde encontramos diversos empreendedores que de início tiveram um sonho, descobriram uma oportunidade, criaram e inovaram num mercado já saturado e estão dispostos a propagar suas idéias, seus sonhos. Uma grande oportunidade de negócios o futuro empreendedor pode visualizar nessas feiras, basta fazer toda uma análise das situações mercadológicas, demográficas e começar a criar em cima do já criado, pode melhorar o que já existe ou ter uma idéia sobre um complemento que possa acompanhar o produto já existente. Mudanças demográficas (mudanças populacionais); Mudanças em percepção, disposição e significado; e Conhecimento novo, tanto científico como nãocientífico. Inovações importantes têm tanta probabilidade 5 CONCLUSÃO de surgir a partir de uma análise de sintomas de mudança (tais como, o sucesso inesperado do que fora considerada uma insignificante mudança no produto ou no preço), como de surgir da aplicação maciça do conhecimento novo resultante de uma grande descoberta científica. Drucker avalia essas fontes como parte do processo de criação e inovação de uma oportunidade. Essas fontes devem ser analisadas de forma separada, pois cada uma aborda de um foco, que ao mesmo tempo, é interligado e único. O estudo do conjunto é que pode esclarecer a criatividade da oportunidade. Então, onde está essa criatividade? Todos são capazes de criar? É claro que sim, todas as pessoas nascem com a habilidade de criar, só que essa fase criativa se dá mais na infância, pois o mundo ainda é restrito muitas vezes a vida familiar, quando a criança cresce, essa habilidade tende a ir se deteriorizando com a socialização. O empreendedor precisa ter em mente que a criatividade pode ser aprendida, e essa aprendizagem ele deve buscar continuamente. 74 Os empreendedores devem ser extremamente observadores ao que ocorre ao seu redor. É através da percepção que eles têm que decidir o rumo do negócio a ser elaborado. No decorrer da pesquisa, vimos que os autores frisam a característica da percepção nos empreendedores, estar de olho nos acontecimentos que os circundam é fundamental no processo de elaboração de oportunidades. As características descritas para identificação de oportunidades demonstram como é arriscado e oneroso iniciar um empreendimento, porém o Brasil é um dos países que mais tem pessoas com o espírito empreendedor, falta para elas uma espécie de orientação, o SEBRAE é um caminho muito utilizado pelos futuros empreendedores. Vimos que não é impossível desenvolver criatividade para conseguir inovar nos mercados cada vez mais competitivos, a inovação é a chave dos novos empreendimentos de sucesso, não estamos apenas falando de inovação tecnológica, mas de todos os tipos de inovações como, por exemplo, inovar no
atendimento, na decoração, nos serviços prestados. Esperamos ter atingido o objetivo central da pesquisa, tornando mais fácil a identificação das oportunidades. Não expomos aqui modelos ou padrões a serem seguidos como verdades únicas e sim explanamos aspectos que demonstram o como se podem identificar as oportunidades. Empreendedorismo: identificando oportunidades REFERÊNCIAS CHIAVENATO, Idalberto. Dando asas ao espírito empreendedor. 1 ed. São Paulo: Saraiva, 2005. DOLABELA, Fernando. Oficina do empreendedor. 6 ed. São Paulo: Cultura, 1999. DRUCKER, Peter F. Inovação e espírito empreendedor (entrepreneurship): prática e princípios. São Paulo: Pioneira Thomson, 2002. FERREIRA, Aurélio B. H. Novo Aurélio século XXI: o dicionário da língua portuguesa. 3 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. FILION, L. J. O planejamento do seu sistema de aprendizagem empresarial: identifique uma visão e avalie o seu sistema de relações. 1991. Disponível em: www.rae.com.br/rae. Acesso em 21 março 2008. 75