IDÉIAS EM CONSTRUÇÃO DOCUMENTOS PARA ESTUDO Julho 2005-01



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Transcrição:

IDÉIAS EM CONSTRUÇÃO DOCUMENTOS PARA ESTUDO Julho 2005-01 DESDOBRAMENTOS DA AÇÃO DO SERTA NO SERTÃO Durante o mês de janeiro até o Carnaval o Serta teve uma presença intensa nos municípios do Aglomerado 01, Sertão do Moxotó Ibimirim, Inajá e Manari e nos municípios do Programa Educar e Gerando Cidadania Salgueiro, Orocó, Belém S. Francisco, Petrolândia e Itacuruba. 21 jovens ministraram cursos de Informática, arte-educação e piscicultura para 8 turmas de 25 pessoas cada pelo Projeto Renascer durante 240 horas. 30 educadoras/es realizaram o primeiro módulo da formação continuada para as professoras municipais de Salgueiro, Orocó e Petrolândia e continuam depois do carnaval em Itacuruba, Tacaratu e Ibimirim, e iniciam nos municípios do Pajeú e Cariri, para em março e abril, iniciarem nos municípios do Plano Integrado de Desenvolvimento Local, no Agreste Meridional e Moxotó. Além disso 5 jovens de 3/1 a 9/2 mobilizaram 3 comunidades do município de Itacuruba e 12 outros animaram os mutirões na reconstrução das instalações do açude Poço da Cruz em Ibimirim. O Projeto Gerando Cidadania capacitou os Conselhos Tutelares recém-eleitos de Belém, Orocó e Petrolândia. Todas essas iniciativas representaram o deslocamento de 55 educadores, técnicos e jovens do Serta. Acrescente-se a isso todas as articulações estratégicas desenvolvidas nesse período e as ações da equipe dos Companheiros das Américas e dos articuladores e executores do Censo Educacional. A culminância foi o mutirão realizado para a recuperação das instalações do Dnocs, no Açude Poço da Cruz do sábado a tarde da terça-feira com a participação de 180 jovens do Sertão e Bacia do Goitá, incluindo equipes de Águas Belas e São Bento do Uma. Nada disso seria possível sem a contrapartida das instituições locais, das prefeituras, das secretarias municipais, dos sindicatos, dos conselhos, do Projeto Renascer, da UFRPE, do Dnocs e de colaboradores avulsos. Vejamos o significado dessas iniciativas para dentro e para fora do Serta. O que representou para, a partir de então, aprofundarmos os encaminhamentos.

1. Presença do Serta no Sertão como fato consumado. 2 A ampliação das ações do Serta no Sertão foi muito questionada ao longo do ano de 2004. As dúvidas eram se haveria perna para ações em lugares tão distantes, se a qualidade da ação não ficaria prejudicada, se o acompanhamento seria eficiente e se o serta não comprometeria sua imagem assumindo tarefas sem dar conta. Foram dúvidas procedentes e continuam como alerta para nós todos. Hoje, observa-se que o Serta encontrou outras estratégias que ajudaram a superar essas dúvidas. É visível para o Serta e para as pessoas que se envolveram conosco, que o Serta deu conta do recado e continua agora sendo solicitado, não por terem visto as ações na Bacia do Goitá, mas por terem o testemunho dos resultados das pessoas nas famílias, na comunidade, na escola no próprio sertão. 2. Os jovens como desbravadores Uma média de 21 jovens dedicaram-se a 3 cursos com 8 turmas totalizando 200 educandos. E outro tanto se dedicou ao trabalho de mobilização social e de reforma nas instalações. Também reinavam dúvidas entre os jovens: ir para realidades tão diferentes, desconhecidas, sem muita presença dos educadores mais antigos não seria um risco grande demais para o Serta? Como o Serta, uma instituição que conquistou a credibilidade como referência de Políticas Públicas, arrisca-se a enviar jovens formados, para tarefas tão difíceis, com o risco dos jovens não darem conta, não construírem os conteúdos devidos, fazerem alguma tolice ou não se adaptarem as condições? Tirando os jovens no período de férias, não se comprometerá a ação encaminhada pelos mesmos na Bacia do Goitá? O que aconteceu de fato? Os jovens se surpreenderam com a sua própria capacidade de dar conta de missões difíceis e arriscadas. Longe dos educadores mais antigos, descobriram a necessidade deles próprios tomarem suas iniciativas, prepararem seu material didático, as dinâmicas, os conteúdos, o planejamento e a avaliação. Os alojamentos improvisados das equipes, longe de suas famílias, proporcionaram um rico aprendizado de vida em equipe: cozinhar, arrumar casa, limpar sanitários, lavar roupa, louças e panelas, fazer feira. A convivência permitiu uma descoberta maior dos colegas e a metodologia da Peads que coloca a pessoa em primeiro lugar e as dinâmicas usadas permitiram uma convivência frutuosa com os alunos. Os depoimentos dos educandos e dos

3 seus familiares, como das pessoas que conviveram confirmam os resultados dos cursos na vida familiar, escolar e comunitária. Inverteram-se as preocupações, de fato, os jovens foram o melhor cartão postal do Serta no Sertão. Confirmaram os princípios filosóficos do Serta e a afirmação de Tereza Barros os jovens dão concretude ao discurso pedagógico e político do Serta. Nós acreditamos que a palavra de jovem para jovem é a que tem mais força para atingir os sentimentos e mexer com as pessoas. Essa crença nesse papel protagonista do jovem é que permitiu ao Serta a presença no Sertão. O mesmo de professora para professora. Para capacitar as professoras, não levamos doutores, nem mestres como algumas pessoas esperavam, mas levamos pessoas com a força do testemunho, da experiência, do compromisso, que vivenciaram a experiência da Peads em sala de aula, na direção da escola e na coordenação municipal. Levamos pessoas iguais as professoras dos municípios, com a diferença de já terem vivenciado o processo. 3. A Importância da devolução A devolução para a comunidade dos assuntos estudados e os produtos construídos ficou muito evidente, enquanto metodologia da Peads. Todo aluno estudou sabendo que deveria prestar conta do aprendizado, que o dinheiro era público e que a comunidade tinha o direito de saber o que e como aprenderam, em que usaram seu tempo. A devolução de cada curso no município e a devolução conjunta dos três em Ibimirim deram uma qualidade aos cursos do Serta diferente de todas as demais instituições que deram curso. Os projetos que estão sendo pensados pelos alunos para por em prática a a- prendizagem, as peças apresentadas com figurino e cenário impactaram as 3 cidades. Serviram como oportunidade de mobilização social e permitiram que o Serta ficasse mais conhecido. Possibilitou também aos jovens uma articulação política estratégica invejável com os gestores e outras instituições. Os alunos e os facilitadores foram os sujeitos dessa ação. Jamais os educadores do Serta poderiam se deslocar para fazer o que os jovens fizeram com maestria. Essa marca do Serta e da sua metodologia passou por um processo de assimilação forte com os jovens facilitadores e os alunos. 4. A confirmação do Protagonismo Juvenil

4 Para quem queria ter uma idéia do que seja o Protagonismo Juvenil presenciou exemplos bem concretos, modelos bem visíveis e diferenciados do que seja o curso de Agente de Desenvolvimento Local ADL. De que esse perfil é capaz de fazer na família, na propriedade, no bairro, na comunidade e no município. De como são capazes de reconstruir com outros jovens o que aprenderam e de como os jovens podem apropriar-se da idéia de mudança das circunstâncias, do quanto podem ser sujeitos, autores das mudanças. 5. A continuidade das ações. O Serta nasceu em 1989 a partir de uma ação parecida de um grupo de jovens técnicos que decidiram conviver dois meses com os produtores rurais, partilhando da vida dos mesmos e fazendo mutirão para aplicar as tecnologias alternativas. Dois meses esses que não terminaram mais e desembocaram no que somos e temos hoje. O que poderá nascer da presença dos jovens e professoras no Sertão? Essa preocupação pela continuidade da formação faz parte da metodologia do Serta. Perguntamos sempre sobre o que vai vir como resultado, como vão aplicar o que aprenderam, o que pretendem propor para as escolas que forneceram os computadores e antes não usavam, como pretendem gerar renda e trabalho a partir do curso. Já podemos vislumbrar desde a primeira apresentação que os grupos de arteeducação já começaram a receber convites para apresentação das suas peças, escritas durante o curso. 6. O Mutirão do Carnaval Aprofundando essas idéias de continuidade nasceu a proposta de fazer um mutirão no carnaval com a participação dos jovens que participam da formação do Serta no Sertão e Bacia do Goitá, para reforma das instalações do açude Poço da Cruz. Compareceram cerca de 180 jovens, variando os dias para mais e para menos. Passaram três dias acampados em acomodações muito precárias, trabalhando em cerca, plantio de mudas, limpeza, pintura, retelhamento, cozinha. Deixaram um resultado que mudou o visual das instalações do Dnocs. Esse visual novo que ficou nas instalações ficou também nos corações e mentes dos mesmos. Viram o que foram capazes de fazer, viram o que sua força física, seus braços foram capazes de construir. Houve uma dialética conduzida nas reflexões e

5 meditações, que cada elemento exterior produzido pelas equipes tinha um reflexo no interior. Mostraram para si mesmos a possibilidade de uma nova imagem, de jovem como solução, como parte da construção de novos sonhos, de gestores de um mundo novo. Passaram a ser um referencial na comunidade do que os jovens podem se tornar capazes de fazer. Escutamos testemunhos emocionantes de pessoas que conheceram os espaços nos tempos áureos do Dnocs e que viviam sem perspectivas, contemplando o abandono e a depredação. E agora quem está trazendo a correção desse cenário? Os jovens. Com que? Com sua força de trabalho, com suas idéias, com sua capacidade mobilizadora e organização. Queiram ou não, as pessoas do lugar terão de enxergar o jovem com outro olhar. Após o mutirão, antes e durante o Carnaval, o espaço não se reconhece mais. Agora revela vida, cuidado, carinho, com gente morando, preparando um grande projeto para o futuro com os jovens do Moxotó e depois de outros lugares. Os serviços realizados pelos mutirões antes e durante o carnaval corresponderam a: Retelhamento e recuperação da madeira das duas casas que servirão para restaurante e escritório do projeto. Raspagem das paredes internas e externas da casa maior, pintura externa, recuperação de dois sanitários. Energia elétrica colocada nas duas casas e no galpão grande coberto com brasilit. Recuperação mínima da rede de água, ligada com a rede da UFRPE e de duas caixas de água, uma em baixo e outra no alto. Improvisação de chuveiros para homens e mulheres. Recuperação das duas cisternas grandes, com capacidade de 500 mil litros de água, que ficaram armazenadas para garantir a aguação das mudas plantadas. Limpeza geral do primeiro galpão cujas telhas estavam todas quebradas, por dentro e por fora. Limpeza geral da área do entorno das duas casas, com remoção do lixo, poda e coroamento das algarobas, lateral dos dois galpões, todo arruado central.

6 Recuperação do telhado de brasilit do galpão aberto e retelhamento de ¾ do telhado do último galpão. Aquisição de duas caçambas de esterco para plantio de mudas de fruteira e árvores nativas. Aquisição de 500 estacas de algaroba para recuperação da cerca. Recuperação de 150 metros de cerca. Limpeza interna e externa do prédio do gerador de energia e arborização ao seu redor. Limpeza e plantio de mudas na área murada de 1.600 metros. O que e como continua depois do grande mutirão. 1. Escolha de interlocutores. Cada município do Aglomerado I escolheu cinco interlocutores com o Serta e cinco suplentes. A cada mês esse grupo de 30 encontrar-se-á com a equipe do Serta para preparar a seleção dos jovens que vão fazer o curso de Agente de Desenvolvimento Local ADL nas instalações do Poço da Cruz. O próximo encontro é no final de semana de 26, 27 de fevereiro e o segundo no Campo da Sementeira de Glóia do Goitá para que os jovens tenham oportunidade de conhecer e assistir a peça da Paixão de Cristo de Lagoa de Itaenga, 24 a 27/3. 2. Continuação dos mutirões A cada final de semana, das 10:00 da manhã do sábado às 14:00 do domingo, um município estará fazendo mutirão dando continuidade ao que já foi feito. O grupo que vai, providencia transporte, ferramentas e alimentação, com as parcerias locais. 3. Equipe que permanece no sertão. Sebastião Alves e Iri vão atuar no projeto de Caprinocultura de Ibimirim, financiado pelo Projeto Renascer. Janaína e Ivone vão coordenar o escritório em Ibimirim, em apoio ao Programa E- ducar, IDH, Gerando Cidadania, Caprinocultura e Formação dos ADLs. Genilson, Mário e Adriano permanecem nas instalações do Poço da Cruz, acolhendo outros jovens e coordenando as ações dos mutirões. Luiz coordenará as equipes, ações e articulações estratégicas do Serta no Aglomerado I.

7 Francisco Siqueira e Eliane Silveira coordenam as ações do Serta junto ao Programa Educar e Graça Jácome junto ao Projeto do IDH. Gilmar, Alexandre e João Leal junto ao Projeto Gerando cidadania. 4. Trabalho Integrado e tarefa comum. Como a integração e o apoio inter projetos é uma diretriz do Serta, todo esse grupo estará interligado formando a equipe do serta no Sertão. E o que dará unidade será o processo de seleção dos adolescentes para o próximo curso de ADL, onde todos os educadores do Serta no Sertão vão colaborar sobre a liderança de Luiz. 5. Início da Formação dos ADLs. Nos dias 21 a 24 de abril um encontrão ampliado definirá a data de início do curso, provável para o mês de maio. Até lá o processo de seleção deverá estar adiantado, mediante reuniões nas comunidades, nas escolas e aplicação de questionário e outros instrumentos de seleção. 6. Propostas para o Projeto Renascer. A equipe do Serta visitará o Projeto Renascer para discutir as seguintes propostas: 6.1. Outras turmas com os mesmos cursos ou novos cursos para o Aglomerado I, com o objetivo de alcançar as metas de 572 jovens por cada município, conforme proposta do próprio governo. 6.2. Ampliação dos cursos aos municípios dos Aglomerado III e II, conforme solicitação dos mesmos na reunião de Garanhuns e quando visitaram o Campo da Sementeira de Glória do Goitá. 6.3. Participação do Projeto Renascer no próprio curso dos ADLs, onde o mesmo assuma a parte da formação dos jovens nas ênfases de 240 horas. Seriam 25 metas para cada curso: caprinocultura, piscicultura, apicultura, agricultura irrigada, agricultura de sequeiro, gestão ambiental, direito e cidadania. Seriam 175 jovens, com sete especializações. 7. O Protagonismo jovem no Sertão. Se o Projeto Renascer acolher nossas sugestões, poderemos ter no Sertão um movimento de jovens protagonistas com formas diferenciadas: 7.1. Curso sistemático profissional de ADL com habilidades básicas de 800 horas para 175 jovens do Aglomerado I, distribuídos em 7 ênfases ou especializações de 240 horas.

8 7.2. Cursos do Projeto Renascer de qualificação Profissional para jovens dos 11 municípios, com temáticas diversas na metodologia da Peads. Para alguns cursos, o Serta procuraria parceria como fez com o curso de piscicultura, mas garantiria a metodologia. 7.3. Parte desses cursos já seriam nas instalações que o Serta está recuperando com os mutirões, aproveitando os finais de semana, para que os jovens de um município conhecessem os jovens de outros. 7.4. Curso em regime de alternância para jovens dos municípios do projeto Gerando Cidadania, em seis módulos de finais de semana. 8. Conclusão Caso nossas sugestões forem aceitas, os jovens provocarão toda uma mobilização social nos municípios do menor IDH e se apropriarão de uma metodologia de intervenção social, capaz de gerar mudanças nas circunstâncias e entorno. Poderão engajar-se com as escolas que aplicarão a Peads, com os projetos dos arranjos produtivos, com as mobilizações sociais do Plano Integrado de Desenvolvimento Local.