Imigração e emigração são palavras que descrevem o fluxo de indivíduos num país. A imigração é o movimento de entrada de estrangeiros num país de forma temporária ou permanente e a emigração é a saída de indivíduos do país. A emigração de portugueses no mundo: Desde o século XII que os portugueses se começaram a espalhar pelo mundo. Primeiro fizeram-no pela Europa (Flandres, Inglaterra, França). A partir do século XV espalharam-se por África, e depois pela América, a seguir pela Ásia e a Oceânia. Em todo o mundo fundaram milhares de cidades, criaram vários países ou estiveram na origem da sua independência, retirando dos mesmos imensos valores culturais, que ainda hoje nos enriquecem. A maioria destes portugueses acabou por adoptar a nacionalidade dos países que escolheram para viver, apenas uma minoria regressou a Portugal. O que subsiste da sua presença em muitos lugares, são certos traços fisionómicos, nomes de famílias portuguesas e costumes cujo sentido há muito se perdeu no tempo. Apesar de tudo é espantoso que nos sítios mais distantes da terra, milhões de pessoas continuem a manter uma relação muito viva com a pátria dos seus antepassados. Política de imigração dos países comunitários: Qualquer Estado tem o direito de poder limitar a entrada de imigrantes no seu território. As diferentes leis sobre imigração estabelecem os critérios da sua entrada, assim como as sanções que serão aplicadas aos que não as cumprirem. Na União Europeia, as leis sobre imigração e asilo político variam muito de país para país, embora a tendência seja para a sua uniformização. A maioria dos países está a estabelecer um sistema de "quotas", assim como a estabelecer um processo de selecção dos imigrantes, nomeadamente através de prestação de "provas" pelos candidatos (conhecimento da língua, da cultura, etc.). A tendência é a crescente criar um sistema selectivo que privilegie a imigração de mão-de-obra qualificada, à semelhança do que faz os EUA ou a Austrália. 1
Recentemente, o relatório da Organização das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento humano de 2009 aponta Portugal como o país do mundo que tem a melhor política de integração dos imigrantes. Vantagens da imigração: Os imigrantes estrangeiros vêm preencher os postos de trabalho que ninguém quer, vão para sectores que não se consegue recrutar mão-de-obra local. Esta é a primeira vantagem da imigração para a economia portuguesa. Possivelmente, em Portugal não teria sido possível fazer a Expo, nem as auto-estradas e pontes que hoje usamos. Melhorias na segurança social. Esta imigração pode ser a única forma de assegurar o equilíbrio da segurança social. Só com estes novos contribuintes será possível assegurar as pensões do crescente número de idosos portugueses, como a própria OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) reconheceu ao recomendar, no último ano, que os países da União Europeia abram as portas a alguns milhões de imigrantes nos próximos anos. Uma grande oportunidade para a economia portuguesa minorar um dos seus piores problemas: a baixa qualificação da sua mão-de-obra e consequente falta de produtividade. A entrada de milhares de imigrantes da Europa de Leste com níveis de qualificação muito acima da nossa média representa uma oportunidade se o país tiver capacidade para os integrar na sociedade e lhes encontrar outras ocupações em sectores onde a sua qualificação seja mais útil. Os imigrantes fazem subir a procura de bens e serviços, contribuem para o aumento do produto interno bruto e para os cofres do Estado. A imigração continua a ter um papel importante no desenvolvimento económico e social da União Europeia. No contexto de uma população trabalhadora cada vez mais envelhecida e em número mais reduzido, o aumento dos fluxos migratórios são, por certo, importantes para fazer face às necessidades de uma União Europeia alargada. Desvantagens da imigração: Um imigrante ilegal na Europa é uma mão-de-obra barata que pode ser usado em serviços de conveniência e que leva a ao abuso dos Direitos Humanos. Legalizar imigrantes clandestinos pode ser altamente encorajador para a vinda de muitos mais. Num mundo globalizado e cada vez mais móvel, em que todos os anos cerca de mil milhões pessoas viajam ou deslocam-se para fora dos seus países, reforçam-se as interacções espaciais entre lugares distantes e aceleram-se os mecanismos de difusão espacial das doenças à escala planetária. 2
Crescimento da violência, pela não integração social dos imigrantes. Subida da taxa de desemprego, por as empresas não possuírem postos de trabalho para tantos indivíduos. Os problemas que se colocam aos imigrantes nos países de destino: Más condições de trabalho. Horário de trabalho longo. Baixo estatuto no trabalho. Separação da família. Discriminação / racismo. Obtenção de autorização para ficar em alguns países mais tempo do que se tinha previsto inicialmente. Obtenção de autorização para fazer algo que presentemente não lhe é permitido fazer, por exemplo ter permissão para trabalhar. Trazer familiares para o país, por exemplo o(a) seu (sua) esposo(a), noivo(a), filhos. Estar em risco de ser deportado(a) desses países. Ser detido(a) pelas autoridades de imigração num centro de detenção. Pedir um passaporte e não saber se tem direito a um passaporte desse país ou a outro passaporte. Fazer o pedido para ser cidadão do país para onde imigrou. Se já está a viver nesse país, mas quer viajar (por exemplo, para ir de férias), saber se o(a) deixarão voltar a entrar no mesmo. Saber se tem direito a serviços do estado ou a pedir benefícios, por exemplo: educação, serviços de saúde, habitação social, benefícios da Segurança Social, benefício para ajuda do pagamento da renda e benefício para ajuda do pagamento do imposto camarário. Direito a votar. Ser recusada autorização de entrada no país a um familiar ou amigo quando este chega a um aeroporto ou porto marítimo. 3
Vantagens e desvantagens que se colocam aos países europeus de acolhimento de imigrantes: Direitos e deveres dos imigrantes: Ser portadores de um documento de viagem válido reconhecido (passaporte). A validade deve ser superior, em pelo menos três meses, à duração da estada prevista, salvo quando se trate da reentrada de um estrangeiro residente no país. Ser titulares de um visto de entrada válido e adequado à finalidade da deslocação (o visto habilita apenas o seu titular a apresentar-se num posto de fronteira e a solicitar a entrada no país, não conferindo entrada automática em Portugal). Dispor de meios de subsistência suficientes, quer para o período da estada, quer para a viagem para o país no qual a sua admissão esteja garantida. Estes meios de subsistência poderão ser dispensados se for apresentado termo de responsabilidade, emitido por um cidadão português ou estrangeiro habilitado a permanecer regularmente em território português, que garanta as condições de estada em território nacional e a reposição dos custos de afastamento, em caso de permanência ilegal. 4
Durante a permanência na zona internacional do aeroporto ou em centro de instalação temporária, o estrangeiro a quem tenha sido recusada a entrada em Portugal pode comunicar com a representação diplomática ou consular do seu país ou com qualquer pessoa da sua escolha. Pode também beneficiar de assistência de intérprete e de cuidados de saúde, incluindo a presença de médico, quando necessário, e todo o apoio material necessário à satisfação das suas necessidades básicas. Os principais fluxos migratórios para a Europa e Portugal As maiores comunidades imigrantes legais em Portugal (em 2005) foram os brasileiros, ucranianos, cabo-verdianos e angolanos. No entanto, todas estas comunidades foram as maiores em diferentes anos, que foi sendo rapidamente suplantada por outras provenientes de ondas migratórias mais recentes. Este grande fluxo migratório muito se deveu à abertura das fronteiras da União Europeia por parte da Alemanha, em 1999. No entanto, devido à escassez de empregos indiferenciados nesse país fez com que estes migrassem para sul, para a Península Ibérica, onde existiam grandes necessidades de mão-de-obra para a construção civil e agricultura nos dois países ibéricos. A maioria desses imigrantes estava dividida em dois grupos, os eslavos: ucranianos, russos e búlgaros, e os latinos de leste: romenos e moldavos. Um dos maiores grupos e que se fixou nas regiões de Lisboa, Setúbal, Faro e Porto são os ucranianos, e ninguém sabe ao certo o seu número total. No entanto, o número de imigrantes legais é de cerca de 70 000, sendo sabido que este número é muitas vezes inferior à realidade. O grupo é de tal forma numeroso que fez com que a Ucrânia de país distante e desconhecido passasse a familiar e que a maioria dos imigrantes de leste seja vista pelos portugueses como "ucranianos". A imigração de leste tornou-se de difícil controlo, e começaram a actuar no país máfias que traziam e controlavam imigrantes. Em 2003, a imigração em massa proveniente do leste europeu estacou e passou a ser de fluxo mais ténue, surgindo assim a imigração mais significativa de brasileiros e asiáticos de várias origens (nomeadamente indianos e chineses). Existem ainda pequenos núcleos de imigrantes provenientes da América Latina e do Norte de África. Um outro factor que promove os fluxos migratórios é o estrangulamento económico dos países em vias de desenvolvimento, causado pelos programas de reajustamento estrutural, planos de reforma económica e medidas de austeridade impostos por organizações como o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial ou a Organização Mundial do Comércio. Estamos, assim, a falar de refugiados económicos, pobres e obrigados a imigrar na busca estratégica da sobrevivência. 5
Instituições de assistência aos imigrantes ACIME - Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas São atribuições do Alto-Comissariado: a) Promover o diálogo com entidades representativas de imigrantes ou minorias étnicas em Portugal; b) Promover o conhecimento e a aceitação da língua, das leis e dos valores morais e culturais da Nação Portuguesa, por parte dos imigrantes, como condições de uma plena integração; c) Contribuir para a melhoria das condições de vida dos imigrantes em Portugal, de modo que seja proporcionada a sua integração na sociedade, no respeito pela sua identidade social e cultural; d) Combater o racismo e a xenofobia e eliminar discriminações em função da raça, etnia ou nacionalidade; e) Contribuir para que todos os cidadãos legalmente residentes em Portugal gozem de dignidade e oportunidades idênticas; f) Promover o estudo da temática da inserção e das minorias étnicas, em colaboração com os parceiros sociais, as instituições de solidariedade social e outras entidades públicas ou privadas com intervenção neste domínio; g) Cooperar com os diversos serviços da Administração Pública, competentes em razão da matéria relativa à entrada, saída e permanência de cidadãos estrangeiros em Portugal, com respeito pelas respectivas competências e pelas dos membros do Governo especificamente encarregados destas matérias; h) Colaborar na definição e cooperar na dinamização de políticas activas de integração social e de combate à exclusão, estimulando uma acção transversal interdepartamental junto dos serviços da Administração Pública, dos departamentos governamentais com intervenção no sector e, em especial, das autarquias locais; i) Propor medidas, designadamente de índole normativa, de apoio aos imigrantes e às minorias étnicas. ACIDI Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural, I.P. Apoia projectos e acções que tenham como objectivo: a) Contribuir para a integração de cidadãos imigrantes, promovendo a sua dignificação e igualdade de oportunidades; b) A mudança de atitudes e mentalidades, no âmbito da igualdade de oportunidades dos cidadãos legalmente residentes em Portugal, nomeadamente a nível da educação, da cultura e dos meios de comunicação social; c) A formação técnica de suporte a iniciativas empresariais, culturais e sociais com vista a estimular a actividade empreendedora dos imigrantes; d) A formação profissional, de forma a fomentar o aumento da qualificação profissional dos cidadãos imigrantes; e) A criação de serviços de apoio às famílias imigrantes; f) O estabelecimento de intercâmbios com associações congéneres estrangeiras ou a promoção de acções comuns de informação ou formação; g) O estudo e a investigação de casos e medidas de integração social e de discriminação baseada na raça, cor, nacionalidade ou origem étnica; A eliminação de todas as formas de discriminação baseadas na raça, cor, nacionalidade ou origem étnica. AMI Assistência Médica Internacional 6
Tem como objectivos lutar contra a pobreza, a exclusão social, o subdesenvolvimento, a fome e as sequelas da guerra, em qualquer parte do mundo. CICDR - Comissão para a Igualdade e contra a Discriminação Racial É uma Comissão independente, especializada na luta contra a discriminação racial que funciona junto do Alto-Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural (ACIDI, IP). Apoio Jurídico e Psicológico à Vítima Imigrante e de Discriminação Racial ou Étnica. CLAII Centros Locais de Apoio à Integração de Imigrantes Tem como missão proporcionar ao imigrante respostas locais articuladas ao nível das necessidades de acolhimento e integração e ajudar a resolver os seus problemas com eficácia e humanidade, contribuindo para uma imagem de um Estado de Direito com rosto humano que, cumprindo a Lei, quer acolher bem. GAE Gabinete de Apoio ao Emprego Integrado no Centro Nacional de Apoio ao Imigrante (CNAI), tem como missão acolher e integrar os cidadãos imigrantes através do apoio à inserção e (re) inserção no mercado de trabalho. O objectivo do gabinete é implementar soluções que promovam a diminuição de barreiras e facilitem a igualdade de oportunidades no acesso ao mercado de trabalho e à formação. Linha SOS Imigrante Um serviço telefónico de atendimento a imigrantes e instituições que trabalham com imigrantes, que irá prestar informação geral sobre as problemáticas da imigração e estará preparado, nomeadamente, para aconselhar num quadro de situações graves, atentados à integridade física, situações de exploração laboral, de abusos no alojamento ou atitudes de discriminação. Disponível em três línguas oficiais (português, inglês e russo) para: Imigrantes Associações de Imigrantes, ONG s, Sindicatos, Paróquias Governos Civis, Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia, Empresas Serviços da Administração Pública. PADE Programa de Apoio a Doentes Estrangeiros Destina-se a apoiar cidadãos e seus acompanhantes que necessitem de tratamento em Portugal, atestado por uma Junta Médica, ao abrigo dos acordos de cooperação, no domínio da saúde, e ou se encontrem em situação de extrema pobreza, debatendo-se com problemas de alojamento, alimentação, apoio psicológico e social. UNIVIA Unidade de Inserção na Vida Activa Emigrante É um serviço reconhecido pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), que funciona em articulação com os Centros de Emprego, visando apoiar na procura de emprego e formação profissional. A colocação no mercado de trabalho; Encaminhamento para acções de formação e cursos de formação profissional; Promoção da mobilidade profissional e geográfica, sempre que a mesma seja desejada. 7
Entrevista a um emigrante: Como se chama e que país escolheu para emigrar? Chamo-me João Tomé e tenho 24 anos e o ano passado tive 2 meses e meio na Noruega, particularmente a sul na cidade de Stavanger. Quais as razões que o levaram a deixar Portugal e ir para outro país? A principal razão foi o facto de lá ter a minha namorada, mas também por ser aventureiro e gostar de descobrir novas culturas e também pensando nas questões financeiras, sendo a Noruega um país super desenvolvido os ordenados são altíssimos em relação a Portugal. Gostou de lá estar? Porquê? Sim, foi muito interessante. O choque cultural foi enorme e isso foi uma experiência importante para mim porque também me ajudou a compreender muito melhor onde o sistema português está a falhar, além disso a Noruega é um país lindíssimo. Quais foram as principais dificuldades com que se deparou? A língua é super difícil, e a reacção do povo Norueguês aos imigrantes não é muito amistosa. Quais as expectativas que tinha antes de emigrar? Não eram muitas porque sabia que iria ser muito difícil me estabelecer, visto que o prazo máximo que tinha para arranjar um contrato de trabalho eram apenas 3 meses e o custo de vida lá é muito elevado. Estas foram também as razões que fizerem voltar para Portugal. Voltaria a emigrar? Porquê? Sem dúvida alguma que sim, porque aprende-se sempre muito e gostava de conhecer mais países e ver outras culturas diferentes. 8
Entrevista a um imigrante: Como se chama, qual o seu pais de origem e o que é que o levou a imigrar para Portugal? Chamo-me Marco tenho 27 anos venho de Minas Gerais, estado do Brasil e vim para Portugal por ter cá a minha irmã estabilizada, daí ela me ter conseguido um emprego e assim me ajudar a buscar uma qualidade de vida melhor fora do Brasil. Quais as razões que o levaram a deixar o Brasil e vir para Portugal? Os salários no Brasil são baixíssimos e Portugal é muito melhor nesse aspecto e é um país que partilha a mesma língua. Quais foram as principais dificuldades com que se deparou quando chegou? Não muitas como já tinha emprego garantido, foi mais a dificuldade de adaptar-me à sociedade e arranjar amigos. Quais as expectativas que tinha antes de emigrar? Tinha conhecimento de vários amigos brasileiros em Portugal que se tinham dado bem com a sua migração para Portugal. Voltaria para o Brasil? Vou lá de férias todos os anos, talvez daqui a uns anos penso voltar de vez e lá comprar uma propriedade. Conclusão alusiva às entrevistas: As razões pelas quais os indivíduos migram são várias: para fugir dalguma guerra ou conflito, para estudar, pela aventura, pelos estudos, pelo trabalho entre outras, mas a ambição principal é a de melhorar as condições de vida. Umas vezes migrando-se com algum ponto de referência família ou amigos no estrangeiro ou por os países serem homófonos. Cada vez se torna mais fácil emigrar para certos países no mundo, levando a uma maior ligação intercultural entre os povos. 9