Boletim Científico. Preditores de disfunção ventricular esquerda, após plastia mitral: efeitos da fibrilação atrial e hipertensão pulmonar.



Documentos relacionados
ESTRATÉGIAS DE TRATAMENTO DAS DOENÇAS CORONÁRIA E CAROTÍDEA CONCOMITANTE

Após extensa revisão os autores deste trabalho dão as


Boletim Científico SBCCV

Cardiologia - Global Consolidado 1 / 9

Boletim Científico SBCCV

Boletim Científico SBCCV

Boletim Científico SBCCV

THE NEW ENGLAND JOURNAL OF MEDICINE A P R E S E N T A Ç Ã O : D R. L E A N D R O M A N D A L O U F A S

TOMOGRAFIA E RESSONÂNCIA CARDIOVASCULAR. Renato Sanchez Antonio Santa Casa RP

Implante Implante Transcateter Valvar Valvar Aórtico: Curso de Pós Graduação Lato Sensu Hospital Beneficência Portuguesa SP Maio/2010

Tratamento do Aneurisma da Aorta Abdominal por Cateter. anos, principalmente nos últimos cinqüenta anos. Uma doença antes não tratável, hoje

Reoperações em Cirurgia Cardíaca: a experiência de 5 anos de um Centro

Rua Afonso Celso, Vila Mariana - São Paulo/SP. Telefone: (11) Fax: (11)

ANEURISMA DE AORTA. ESTADO DA ARTE

Abordagem da reestenosee. Renato Sanchez Antonio

Stents farmacológicos e diabetes

Histórico Diagnóstico Indicações Tratamento cirúrgico Resultados e Complicações

RESIDÊNCIA MÉDICA 2014 PROVA OBJETIVA

Rastreamento do câncer de pulmão

Avaliação de Tecnologias em Saúde. Câmara Técnica de Medicina Baseada em Evidências

Cardiologia - Global Consolidado 1 / 9

Cardiologia - Global Consolidado 1 / 9

A Meta-Analytic Review of Psychosocial Interventions for Substance Use Disorders

IMPACTO EPIDEMIOLÓGICO DA ESTENOSE AÓRTICA, QUAIS OS DADOS NACIONAIS?

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA REABILITAÇÃO PROCESSO SELETIVO 2013 Nome: PARTE 1 BIOESTATÍSTICA, BIOÉTICA E METODOLOGIA

Avaliação de Tecnologias em Saúde

Prótese Valvular Aórtica

TEP - Evolução. Após episódio de TEP agudo, em 85 a 90% dos casos ocorre. trombólise espontânea ou farmacológica e recanalização do vaso

João Carlos Vieira da Costa Guaragna PROPOSTA DE ESCORE DE RISCO PRÉ-OPERATÓRIO PARA PACIENTES CANDIDATOS À CIRURGIA CARDÍACA VALVAR

Câncer de Pulmão: Radioterapia Profilática de Crânio Total. Quais as evidências e os benefícios?

Clínica da Universidade de Navarra (CUN):

POLÍTICAS DE SAÚDE EM QUEIMADOS

Manejo da terapia antitrombótica em pacientes submetidos a procedimentos invasivos ou cirurgia

PROTOCOLOS DE REABILITAÇÃO CARDÍACA FASE II

Lesão coronária tardia após cirurgia de switch arterial na transposição de grandes artérias

Cardiologia - Cirurgia Cardíaca 1 / 5

Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular SBCCV. Boletim Científico Número

Protocolo de Choque no Pósoperatório. Cardíaca

Intervenções percutâneas. Tratamento das obstruções da via de saída do Ventrículo Esquerdo

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL. Departamento Regional de São Paulo. Escola SENAI Hessel Horácio Cherkassky

Segunda-Feira, 21 de Setembro de 2015

EHJ: doi: /eurheartj/ehq277

Diagnóstico diferencial de nódulos pulmonares suspeitos: quando e como investigar

RASTREAMENTO DO CÂNCER DE MAMA

Boletim Científico SBCCV

Procedimentos Operacionais padrão das unidades integradas de Saúde Unimed Rio

Ateroembolismo renal

Areconstrução funcional da via de saída do ventrículo

CASO CLÍNICO DAC III. HOSPITAL VERA CRUZ CAMPINAS SP

Módulo II. Ultrassom intracoronário: fundamentos, aplicabilidade e estudos clínicos. Métodos adjuntos diagnósticos e intervencionistas

Rui Manuel Sequeira de Almeida. Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Brazil.

04/06/2012 OBJETIVOS. Biópsia Aspirativa Transbrônquica por Agulha Guiada pela Ultrassongrafia Endobrônquica (EBUS-TBNA) ECOBRONCOSCOPIA

Imagem da Semana: Radiografia de tórax


Custo-efetividade do stent farmacológico: A busca da adequação para ampliação da sua utilização. Denizar Vianna

Resumo da Tese CARACTERIZAÇÃO DOS COMPARTIMENTOS DE CÉLULAS-TRONCO HEMATOPOÉTICAS, MESENQUIMAIS E ENDOTELIAIS EM PACIENTES

FORMAS FARMACÊUTICAS E APRESENTAÇÕES - ALDACTONE

HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PROF. EDGARD SANTOS- UFBA - HUPES

I Seminário de Controvérsias rsias em Aparelho Digestivo I Encontro Norte-Nordeste Nordeste de Videocirurgia no Aparelho Digestivo

INCIDÊNCIA DE TROMBOEMBOLISMO VENOSO NO PÓS-OPERATÓRIO DE PACIENTES SUBMETIDOS À CIRURGIA ORTOPÉDICA DE QUADRIL E JOELHO EM UM HOSPITAL DE GOIÂNIA.

Proposta de Escore de Risco Pré-Operatório para Pacientes Candidatos à Cirurgia Cardíaca Valvar

Portaria SAS/Nº 210 (publicada no Diário Oficial n 117, de 21 de junho de 2004, página 43, Seção 1) ANEXO III(*)

Diretrizes Assistenciais. Protocolo de Avaliação e Seguimento de Doadores Renais após a Doação

COLÉGIO AMERICANO DE MEDICINA ESPORTIVA Posicionamento Oficial Exercício para Pacientes com Doença Arterial Coronariana

Residência Saúde 2013 PROVA OBJETIVA PROVA DISCURSIVA FISIOTERAPIA ORGANIZADOR

CARCINOMA MAMÁRIO COM METÁSTASE PULMONAR EM FELINO RELATO DE CASO

Comorbidade entre depressão e doenças clínicas em um ambulatório de geriatria.

TEMAS LIVRES PÔSTERS APROVADOS DO XII CONGRESSO SERGIPANO DE CARDIOLOGIA. Observação:

PERFIL MEDICAMENTOSO DE SERVIDORES HIPERTENSOS DA UEPG

Redação Dr. Maurício de Freitas Lima. Edição ACS - Assessoria de Comunicação Social Maria Isabel Marques - MTB

EFEITO PROJETADO DA DIETA DE REDUÇÃO DE SAL NA DOENÇA CARDIOVASCULAR FUTURA

Discussão do artigo Opportunities and challenges of clinical research in the big-data era: from RCT to BCT

CURSO NACIONAL DE RECICLAGEM EM CARDIOLOGIA - REGIÃO SUL - 20 a 24 de setembro de 2006 TRATAMENTO DAS VALVOPATIAS. Dr. Luiz Eduardo K.

Semiologia Cardiovascular. B3, B4, Cliques, Estalidos e Atrito Pericárdico. Por Gustavo Amarante

Diretrizes para Habilitação de Centros de Treinamento

Fatores preditores de infarto do miocárdio no período perioperatório de cirurgia de revascularização miocárdica

XV Reunião Clínico - Radiológica Dr. RosalinoDalasen.

Trombólise farmacomecânica na TVP: Quando e como

TITULO: TEMPO DE PERMANÊNCIA E MORTALIDADE HOSPITALAR COMPARAÇÃO ENTRE HOSPITAIS PÚBLICOS E PRIVADOS

Enfermagem em Oncologia e Cuidados Paliativos

Dr. Felipe José Fernández Coimbra Depto. De Cirurgia Abdominal - Cirurgia Oncológica

A implementação de diretrizes clínicas na atenção à saúde: experiências internacionais e o caso. da saúde suplementar no Brasil

Diabetes implica risco 2 4x maior de doença coronária Cardiopatia isquémica é responsável por 75% das mortes relacionadas com a diabetes


O papel da intervenção coronária percutânea no tratamento da angina estável e isquemia silenciosa

Qual o tamanho da próstata?

MODELO DE BULA PARA O PACIENTE. Cada ml contém: levosimendana... 2,5 mg Excipientes: polividona, ácido cítrico e etanol.

Reconstrução de mama: Qual o tempo ideal? Dr. Fabrício P. Brenelli

Sessão De Pediatria. Discussão De Artigos

16/04/2015 CÂNCER DE PULMÃO. Rastreamento do Câncer de Pulmão: Solução ou Complicação?

PROVA DE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS MÉDICO ANGIOLOGISTA

Atualização do Congresso Americano de Oncologia Fabio Kater

Sumário Executivo. Redistribuição à Brasileira: Ingredientes Trabalhistas

CARACTERÍSTICAS DE SEGURANÇA ALIMENTAR DOS MORADORES DO DOMICÍLIO

CONGRESSO PORTUGUÊS DE

Curso Anual Universitario de Medicina Familiar y Atención Primaria Infecções urinárias

Tipo de PCR Fibrilação Ventricular Desfibrilação Princípios da Desfibrilação Precoce Tipos de Desfibrilador

TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO

Transcrição:

Boletim Científico SBCCV 01/09/2014 Número 04 Preditores de disfunção ventricular esquerda, após plastia mitral: efeitos da fibrilação atrial e hipertensão pulmonar. Predicting early left ventricular dysfunction after mitral valve reconstruction: The effect of atrial fibrillation and pulmonary hypertension. J Thorac Cardiovasc Surg 2014;148:422-7. A fração de ejeção e o volume sistótico final do VE, são conhecidos preditores de disfunção ventricular, após reparo da válvula mitra. O objetivo deste estudo foi investigar o efeito da fibrilação atrial (FA) e da hipertensão pulmonar, definida como pressão sistólica > 50 mmhg. A avaliação ecocardiográfica precoce de 632 pacientes, operados entre 2003 e 2010, demonstrou melhora nos diâmetros ventriculares, tanto o sistólico final (36,7 mm para 33,7 mm) quanto o diastólico final (56,8 mm para 48,7 mm) e redução do átrio esquerdo (45,5 mm para 39,5 mm). A análise multivariada apontou como fatores independentes relacionados à disfunção ventricular esquerda, a FA pré-operatória (RC 1,97 - p=0,002) e a hipertensão pulmonar (RC 1,82 p=0,01). Os autores concluem que hipertensão pulmonar e fibrilação atrial pré-operatórios dobram o risco de falência ventricular esquerda, após plastia da válvula mitral. Registro GARY revela dados recentes do tratamento cirúrgico e transcateter da estenose aórtica grave, na Alemanha. The German Aortic Valve Registry (GARY): 1-year results from 13.680 patients with aortic valve disease. Eur J Cardio-Thorac Surg 2014, in press. doi:10.1093/ejcts/ezu315. O Registro GARY objetiva trazer dados recentes e do mundo real, acerca das intervenções cirúrgicas ou transcateter da válvula aórtica, em pacientes com estenose grave. Em 2011, 78 hospitais da Alemanha foram cadastrados, e um total de 13.680 pacientes incluídos para análise de 1 ano de seguimento, tendo-se conseguido dados completos de 98% dos participantes. Este número representou 55% de todas as intervenções na válvula aórtica, realizadas no país. Nos pacientes operados de forma convencional, a mortalidade foi de 6,7% para troca valvar isolada (n=6.523), e de 11% para troca valvar associada a revascularização miocárdica (n=3.464). No braço transcateter, a mortalidade foi de 28% com a via transapical (n=1.181), e de 28% com a via femoral (n=2.695). Entretanto, quando avaliado

somente o quartil superior de risco, pelo EuroScore e pelo German Score, a mortalidade não diferiu, entre as técnicas. Neste subgrupo, mais de 80% de todos os pacientes em 1 ano, estavam em melhor estado de saúde. Os autores concluíram que a cirurgia convencional oferece excelentes resultados, em pacientes com estenose aórtica grave, e que o implante transcateter pode ser boa alternativa, em pacientes de alto risco, ou muito idosos. Registro europeu revela resultados com tratamento transcateter de biopróteses aórticas degeneradas ( valve-in-valve ). Transcatheter Aortic Valve Implantation in Failed Bioprosthetic Surgical Valves, from the Valve-in- Valve International Data Registry Investigators. JAMA 2014;312:162-70. doi:10.1001/jama.2014.7246. O Registro internacional de procedimentos transcateter para tratamento de biopróteses aórticas com falência -valve-in-valve procedures - compilou dados de 55 centros e 459 pacientes, entre 2007 e 2013, avaliando desfechos de sobrevida, taxa de AVC e melhora na classe funcional da NYHA. Para comparação de resultados, as biopróteses foram estratificadas como pequenas (anel menor de 21 mm), intermediárias (anel entre 21 e 25 mm) e grandes (anel maior de 25 mm). A causa da disfunção de prótese foi estenose em 40% dos casos, insuficiência em 30% e lesões combinadas em 30%. Em 30 dias, a mortalidade foi de 7,6%, a taxa de AVC maior foi de 1,7%, e 92% dos sobreviventes estavam em classe funcional I ou II da NYHA. A taxa de sobrevida em 1 ano foi de 83%, sendo menor nos pacientes com estenose prévia (76%), em relação aos casos de insuficiência (91%) ou de disfunção combinada (84%) p=0,01. Da mesma forma, pacientes com biopróteses pequenas apresentaram maior mortalidade, em comparação aos tamanhos intermediários e grandes (75% vs 82% vs 93% - p=0,001 Figura). Pacientes com anel pequeno apresentaram o dobro de mortalidade em 1 ano, e pacientes com estenose o triplo, em relação a anéis maiores ou a biopróteses com predomínio de insuficiência.

O uso da fração de fluxo de reserva (FFR) e do ultrassom intravascular (IVUS) não melhora sobrevida tardia da angioplastia coronária Long-term Survival in Patients Undergoing Percutaneous Interventions With or Without Intracoronary Pressure Wire Guidance or Intracoronary Ultrasonographic Imaging. A Large Cohort Study. JAMA Intern Med 2014;174:1360-6. doi:10.1001/jamainternmed.2014.1595. O presente estudo avalia resultados da angioplastia coronária, no cenário do mundo real de Londres, buscando avaliar se o uso da FFR e do IVUS melhoram desfechos tardios, em comparação à técnica convencional. Foram avaliados 64.232 pacientes intervidos entre 2004 e 2011, após excluídas as angioplastias por infarto agudo do miocárdio, tendo a FFR sido usada em 2.267 casos (6,6%) e o IVUS em 1.831 (4,4%). Após seguimento mediano de 3,3 anos, não houve diferença de mortalidade entre angioplastia convencional e angioplastia guiada por FFR (RC 0,88 p=0,37 Figura A); em relação aos procedimentos guiados por IVUS, houve aumento da mortalidade (RC 1,39 p=0,009 Figura B) com o dispositivo, mas o achado perdeu significância estatística após pareamento por escore de risco (RC 1,33 p=0,25). Em conclusão, angioplastias coronárias guiadas por FFR ou IVUS, não apresentam sobrevida tardia melhor, do que a observada com a técnica convencional. Artigo especial revisa aspectos fisiopatológicos, clínicos, ecocardiográficos e de tratamento da estenose aórtica grave. Estratificação de estágios clínicos e Algoritmos para avaliação diagnóstica e indicação cirúrgica. Aortic-Valve Stenosis From Patients at Risk to Severe Valve Obstruction. N Engl J Med 2014;371:744-56. DOI: 10.1056/NEJMra1313875. A estenose da válvula aortic atinge cerca de 0,2% das pessoas com idade entre 50 e 59 anos, mas apresenta prevalência crescente com a idade; cerca de 2,8% dos indivíduos septuagenários e 10% dos octagenários sofrem estenose valvar aórtica, ainda que de forma assintomática. Quando sintomática, a estenose aórtica passa a cursar prognóstico sombrio quando não intervida, com mortalidade de pelo menos 50% em 2 anos.

No espectro clínico da estenose aórtica, o grau de severidade deve contemplar aspectos clínicos (sintomas), anatômicos e hemodinâmicos, que, nesta revisão, é sistematizado em estágios clínicos com as respectivas medidas diagnósticas e cirúrgicas. Também algoritmos objetivos para acompanhamento periódico por imagem, e para indicação de cirurgia convencional ou de implante transcateter de válvula aórtica (Figura ), são apresentados neste completo trabalho, considerando principalmente sintomas, velocidade de pico sistólico, gradiente máximo, área valvar e fração de ejeção do ventrículo esquerdo.

Mediastinite após cirurgia cardiaca: fatores preditivos de prevalência e revisão da literatura. Deep sternal wound infection after coronary artery bypass: How to manage? Asian Cardiovascular & Thoracic Annals 2014;22:649 54. Mediastinite é uma complicação rara mas devastadora, da cirurgia de revascularização do miocárdio. O objetivo deste estudo é avaliar sua incidência, fatores de risco, mortalidade e diferentes modalidades de tratamento. Entre 2007 e 2010, de 1.424 pacientes submetidos a cirurgia de coronária, 26 desenvolveram mediastinite (1,83%). A classificação clínica de severidade baseou-se na Classificação de Emory (figura). A mortalidade total da série foi de 8%, comparável à literatura, e os fatores relacionados à ocorrência de mediastinite foram sexo feminino, diebete, insuficiência renal, reintervenção por sangramento, obesidade e tempo prolongado de CTI. Os autores apontam e detecção precoce, e a decisão baseada na Classificação de Emory, manejo cirúrgico agressivo deve ser preconizado a partir do estágio 2, como as mais importantes medidas para reduzir mortalidade. Cirurgia de revascularização miocárdica: onde estamos e onde deveríamos estar? Best practices in coronary revascularization procedures: are we where we should be? Curr Opin Cardiol 2014, in press. DOI:10.1097/HCO.0000000000000111. Nesta revisão, Dr. David Taggart apresenta as mais recentes evidências na cirurgia de revascularização miocárdica, com ênfase a avanços no uso de enxertos arteriais, papel atual da cirurgia sem CEC, cirurgias menos invasivas, medidas de aferição do fluxo dos enxertos e o uso de bandas (stents) externas para enxertos venosos. No âmbito dos enxertos arteriais, a evidência circunstancial de que revascularização com dupla mamária poderia melhorar desfechos, é hoje substituída pela certeza a partir de vários estudos, de que esta estratégia diminui mortalidade tardia. Com a cirurgia sem CEC, o corpo de evidências não aponta benefícios, exceto em pacientes de alto risco, para minimizar a ocorrência de AVC. Parece haver benefício com o uso de medidass de fluxo dos enxertos, antes do fechamento do paciente, sobretudo em enxertos arteriais compostos. Quanto ao potencial uso de stents externos, no sentido de minimizar a hiperplasia intimal de enxertos venosos, trata-se de uma hipótese

ainda sendo testada apenas em modelos animais. Revascularização miocárdica híbrida: análise do banco de dados da Society for Thoracic Surgeons. Practice Patterns and Clinical Outcomes after Hybrid Coronary Revascularization in the United States: An Analysis From the Society of Thoracic Surgeons Adult Cardiac Database. Circulation 2014, in press. DOI: 10.1161/CIRCULATIONAHA.114.009479. A revascularização miocárdica híbrida envolve a combinação das técnicas cirúrgica e percutânea, e pode ser concomitante ou estagiada. Durante o período de 2011 a 2013, o banco de dados da STS registrou apenas 950 cirurgias híbridas de revascularização, dentre 198.600 procedimentos, sendo 809 estagiados e 141 simultâneos. Mesmo apresentando escore de risco significativamente mais alto, o tratamento híbrido não acrescentou maior mortalidade ou morbidade (RC 0,93 p=0,80 / RC 0,94 p=0,29), e utilizou assistência robótica em cerca de 30% dos casos. Em conclusão, a abordagem híbrida da revascularização miocárdica começa a se tornar realidade, e necessita estudos futuros para definir seu papel. Leitura alternativa: Hybrid approach for coronary artery revascularization: where do we stand? Curr Opin Cardiol 2014, in press. DOI:10.1097/HCO.0000000000000112.