1. TÍTULO DO PROJETO Comunidade negra no Brasil Religiões afro-brasileiras. 2. SÉRIE/CICLO II Ciclo 4ª série 3. AUTORA Tamy Mara Berardi. Curso: Pedagogia 6º período noturno. E-mail: tamyberardi@bol.com.br 4. EIXOS ORGANIZADORES DO CONTEÚDO HISTÓRIA GEOGRAFIA ENSINO RELIGIOSO Organizações e lutas de Urbano e rural: modos de Rituais Grupos sociais e étnicos vida 5. FUNDAMENTAÇÃO PEDAGÓGICA A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei Federal n. 9.394), aprovada em 20 de dezembro de 1996, consolida e amplia o dever do poder público para com a educação em geral e em particular para com o ensino fundamental. Assim, prevê o art. 22 dessa Lei que a educação básica, da qual o ensino fundamental é parte integrante, deve assegurar a todos a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhes meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores, fato que confere ao ensino fundamental, ao mesmo tempo, um caráter de terminalidade e continuidade. Em linha de síntese, pode-se afirmar que o currículo, tanto para o ensino fundamental quanto para o ensino médio, deve obrigatoriamente propiciar oportunidades para o estudo da língua portuguesa, da matemática, do mundo físico e natural e da realidade social e política, enfatizando-se o conhecimento do Brasil. Também são áreas curriculares obrigatórias o ensino da Arte e da Educação Física. O ensino de pelo menos uma língua estrangeira moderna passa a se
constituir um componente curricular obrigatório, a partir da quinta série do ensino fundamental (art. 26, 5º). Quanto ao ensino religioso, sem onerar as despesas públicas, a LDB manteve a orientação já adotada pela política educacional brasileira, ou seja, constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas, mas é de matrícula facultativa, respeitadas as preferências manifestadas pelos alunos ou por seus responsáveis (art. 33). O ensino proposto pela LDB está em função do objetivo maior do ensino fundamental, que é o de propiciar a todos formação básica para a cidadania e, nesse ponto, o art. 32 frisa que este ensino, com duração mínima de nove anos, é obrigatório e gratuito na escola pública e tem por objetivo a formação básica do cidadão mediante o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo e, principalmente o fortalecimento dos vínculos de família, os laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social. Isso só é possível a partir do momento em que a criança tem condições de ter um conhecimento amplo do mundo que a cerca. A Educação Religiosa no currículo escolar tem a dimensão de proporcionar à educação escolar a oportunidade para que o educando descubra o sentido mais profundo da existência; encontre caminhos objetivos adequados para sua realização e valores que lhe norteiam o sentido pleno da vida. O funcionamento dos cultos afro-brasileiros e a participação e familiaridade com o sistema de crenças e rituais aí prevalecentes, oferece ao indivíduo, especialmente ao pertencente a certas categorias econômicas-sociais, alternativas de comportamento e de atitude ante o sobrenatural que vem sendo incorporadas à nossa subcultura regional desde os primórdios do povoamento, beneficiando de preferência a pessoas colocadas nos mais baixos escalões de nossa hierarquia social. 6. DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS Identificar, no contexto social, a existência de diferentes tradições religiosas e reconhecer a sua importância para a expressão da religiosidade do ser humano e para a construção de um mundo mais fraterno.
Compreender a origem e a formação dos textos sagrados orais e escritos, relacionando-os aos acontecimentos religiosos afro-brasileiros importantes na história dos povos, percebendo-os como referencial de ensinamentos sobre a fé e a prática das tradições religiosas. Conhecer e identificar rituais significativos em diferentes culturas religiosas, percebendo como o ser humano sacraliza o gesto, o movimento e o tempo, compreendendo a importância dos rituais na vida das pessoas. Identificar as principais batalhas realizadas pelos negros em busca de sua liberdade (ex.: Quilombo). Localizar no mapa, em revistas e livros as cidades de maior concentração das comunidades negras. 7. RECURSOS Vídeo com rituais afro-brasileiros e textos (revistas, livros), mapa do Brasil, tintas nas cores marron e preta, bonequinhos, papel celofane, palitos de sorvete, folhas de isopor e argila. 8. ATIVIDADES - Buscar informações sobre os objetos de estudo (quilombos), em sites, revistas, e livros. - Comparação de informações e perspectivas diferentes sobre um mesmo acontecimento, fato ou tema histórico. - Formulação de hipóteses e questões a respeito dos temas estudados. - Levantamento de diferenças e semelhanças entre as religiões apresentadas. - Comparar a influência das estruturas religiosas afro-brasileiras na organização das sociedades em diferentes tempos, impondo valores, crenças, ideologias, visão de mundo e de governo. - Para finalizar as atividades, pedirei que os alunos construam uma maquete, para representar um quilombo, da seguinte forma: - Primeiramente solicitarei aos alunos que tragam alguns materiais, para a realizarmos a atividade, como: tinta nas cores marron e preto, palitos de sorvete, 3
folhas de isopor, 20 bonequinhos, papel celofane azul e matinhos, e a professora levará a argila. - Em seguida dividirei a turma de trinta alunos em três grupos de dez, e farei a distribuição dos materiais para cada grupo. - Após a distribuição dos materiais, pedirei que cinco alunos de cada grupo pintem as folhas de isopor com a cor marron, e os outros cinco iram transformar a argila em morros. - Após, os mesmos alunos que pintaram as folhas de isopor, iram pintar os bonequinhos com a cor preta. - Em seguida os outros cinco alunos que trabalharam com argila, irão colocar os morros feitos com argila na folha de isopor já pintada, e em seguida irão colocar alguns palitinhos de sorvete na folha de isopor, para simbolizar algumas cercas. - Depois os mesmos que colocaram os palitos de sorvete, irão construir um rio com papel celofane, e colocar na folha de isopor. - E para finalizar a nossa maquete os alunos que pintaram os bonequinhos, iram espalhar os mesmos e os matinhos pela maquete. E desta forma será a representação de um quilompo. 9. AVALIAÇÃO Avaliar significa emitir um juízo de valor sobre a realidade que se questiona, mas principalmente é preciso levar em conta a aprendizagem que foi obtida após a emissão da tarefa. O aluno tem de ter a sua opinião respeitada e, quanto mais tenha clareza dos conteúdos e do grau da aprendizagem que se espera, mais terão condições de desenvolver, com a ajuda do professor, estratégias pessoais e recursos para vencer dificuldades. No caso específico do ensino sobre religiões afro-brasileiras será feita uma análise das produções dos alunos, analisando os textos e os comentários que foram elaborados em relação ao assunto exposto. 10. APROFUNDAMENTO DO ASSUNTO Comunidade negra no Brasil religiões afro-brasileiras
A ciência dos séculos 18 e 19 considerava que os brancos possuíam maior capacidade intelectual. Depois vinham os índios e, por último, os negros. Alguns estudos afirmavam que os negros se situavam abaixo dos macacos. Um político americano, Thomas Jefferson, chegou a declarar que: qualquer que seja o grau de talento dos negros, ele não é a medida dos seus direitos. No Brasil, o conteúdo da ideologia escravista é mais facilmente visto durante o século XIX, pois, nesse período, a instituição sofre os ataques que levam à sua extinção. Para defendê-la, recorria-se a todo o arsenal de crenças e princípios acumulados pelos ideólogos ao longo do tempo, acrescido de novas racionalizações. O problema do negro do Brasil tem de ser encarado em vários aspectos: histórico, sociológico, antropológico, psicológico. Durante muito tempo, foi o lado histórico o único abordado. E o capítulo mais discutido foi justamente o da história do desenvolvimento da campanha abolicionista. O mundo evolui, os escravos foram libertos mas, no entanto, o negro ainda continua sendo vítima de preconceitos. Em função de todas as barreiras que enfrentam, os negros começaram a criar suas próprias comunidades e também suas próprias religiões. Foi a maneira encontrada de poderem professar sua fé e serem respeitados. Candomblé, Umbanda, Xangô, Catimbó, Tambor de Mina, Omolocô e Batuque são religiões afro-brasileiras ou afrodescendentes. Esses diferentes grupos religiosos nasceram das tradições culturais dos povos negros trazidos da África ao Brasil pelos portugueses para trabalharem como escravos nas minas, no cultivo da cana-de-açúcar e nos afazeres domésticos. Dos grupos citados acima, o Candomblé e a Umbanda são os mais conhecidos. Candomblé significa cantar e dançar em louvor e é símbolo de resistência dos negros contra a escravidão. Surgiu a partir de uma mistura de ritos das religiões da África. Muitos homens e mulheres negros eram tratados com crueldade pelos seus senhores, por isso procuram solidarizar-se e apoiar-se mutuamente. A cerimônia religiosa foi a primeira tentativa de organização para enfrentar o desrespeito e a violência dos quais essas pessoas eram vítimas.
A Umbanda surgiu da mistura dos ritos africanos, crenças católicas, espíritas, pajelança indígena, etc. É uma religião tipicamente brasileira. Um quer dizer Deus, e banda lado, então Umbanda significa o Um do lado do bem. O texto sagrado das religiões afrodescendentes é apresentado de forma oral. As histórias, os mitos da criação do mundo, do homem e da mulher e a existência das divindades são explicados e vivenciados por meio da música, da dança, do canto, dos símbolos, como as vestimentas, das imagens, dos ritos e das oferendas de alimentos aos orixás. Os orixás são considerados divindades, forças da natureza personificadas e antepassados divinizados, que podem ser femininos ou masculinos. Exemplos: Ogum é o orixá da guerra, dos metais e das armas; Oduduá é a orixá da terra e geradora da vida; Oxóssi é o protetor das florestas e dos animais; Oxum é a orixá das águas doces e protetoras dos rios e lagos; Iemanjá é a orixá das águas salgadas, a rainha dos mares, protetora da família e da vida, etc. Os chefes religiosos podem ser homens (babalorixás) e mulheres (ialorixás) e também são chamados de pais e mães-de-santo. Eles são os intermediários dos orixás durante as reuniões de culto. São atitudes muito caras ao povo negro: a união com a comunidade do terreiro, a partilha, a solidariedade, a acolhida e o respeito às pessoas. Quilombo O quilombo era o esconderijo dos negros fugitivos na época da escravidão. A partir do século XVII, por ocasião das invasões holandesas, começaram eles a se reunir em aglomerações que se tornaram conhecidas como mocambos. O quilombo dos Palmares foi o mais importante do Brasil-colônia. Por volta do século XVII, os negros aqui chegados, em sua maioria de Angola, puderam instalar nos Palmares, região de intensas matas, um tipo de Estado africano, baseado na pequena propriedade e policultura. Em muitos mocambos, pequenas povoações, repartia-se a população palmarina. Em 1644, tais povoações não passavam de duas, os Palmares Grandes e os Palmares Pequenos. Trinta anos mais tarde, haviam pelo menos onze grandes mocambos, a que se deve acrescentar seis ou sete a mais, cuja evidência o curso de guerra contra os holandeses evidenciou.
Os cabeças das povoações compunham uma oligarquia, em cujo ápice achava-se o rei Ganga-Zumbi. Para as decisões mais importantes, ele reunia os chefes em conselho. Eram rudimentares as defesas do quilombo, mas os métodos de combate, se modificavam, indo do ataque da emboscada de guerrilhas até o reduto fortificado, ou paliçada. A guerra iniciada para reaver os escravos fugitivos, ganhou o objetivo da posse das terras ocupadas pelos quilombos. Em 1675, o sargento-mor Manuel Lopes foi o primeiro a levar a guerra ao coração dos Palmares, atacando sua sede. O rei se viu forçado a aceitar a paz e se deixou sitiar pelos soldados da Província de Pernambuco, em Cucaí. Após um sítio de 22 dias, chegava ao fim o grande quilombo centenário que, por cerca de 50 anos suportara arremetidas intermitentes. Existem algumas lendas em torno da batalha dos Palmares. Desesperado, Zumbi se atirara despenhadeiro abaixo, em companhia de centenas de outros combatentes. Traído por um dos seus auxiliares, que, sob tortura, levou uma patrulha paulista ao seu esconderijo, Zumbi, com vinte homens que com ele se encontravam, combateu até a morte, no dia 20 de novembro de 1695. REFERÊNCIAS BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares nacionais. Brasília, MEC/SEF, 1997. CURITIBA, Secretaria de Estado da Educação. Ensino Religioso. Curitiba, 2004. CURITIBA, Secretaria de Estado da Educação. Educação religiosa na rede municipal de ensino de Curitiba. Curitiba, 2000. EDUCAÇÃO, Ministério. Parâmetros curriculares nacionais: história e geografia. Brasília, A Secretaria, 2001. MAIA, Raul. Programa auxiliar de pesquisa estudantil. Vol. VII., São Paulo, Difusão Cultural do Livro, 1985.
RAMOS, Arthur. A aculturação negra no Brasil. Rio de Janeiro, Companhia Editora Nacional, 1942. ROBLES, Suely; QUEIROZ, Reis de. Escravidão negra no Brasil. São Paulo, Ática, 1987.