CLÍNICA-ESCOLA DE PSICOLOGIA: CARACTERIZAÇÃO DO PERFIL DA CLIENTELA ATENDIDA ANDREA SIMÕES Acadêmica do Curso de Psicologia das Faculdades Integradas de Três Lagoas - AEMS ADRIANA SAMPAIO Acadêmica do Curso de Psicologia das Faculdades Integradas de Três Lagoas - AEMS PATRÍCIA DE OLIVEIRA Docente MSc. do Curso de Administração das Faculdades Integradas de Três Lagoas - AEMS PRISCILA ZANARDI FAVORETTO Docente Especialista do Curso de Psicologia das Faculdades Integradas de Três Lagoas AEMS RESUMO O presente estudo busca caracterizar a clientela do Centro de Psicologia Aplicada, uma clínica-escola de Psicologia do interior sul-matogrossense, para identificar as variáveis dos clientes e subsidiar informações concretas das necessidades de sua clientela. Favorecendo, dessa forma, a gestão da clínica, no que tange à reflexão e planejamento as modalidades de atendimento mais adequadas às necessidades dessa clientela, visando um serviço psicológico e uma formação profissional mais abrangente e efetivo. Por meio deste levantamento e análise das variáveis sociodemográficas registradas nas fichas cadastrais, triagens e prontuários, no período de 08 de março de 2012 a 30 de março de 2013; foi possível identificar que a maior incidência do perfil da clientela que procura atendimento no Centro de Psicologia Aplicada da AEMS é do sexo feminino, acima de 21 anos, ensino fundamental incompleto, com sintomas depressivos e que busca espontaneamente o serviço de psicologia. PALAVRAS-CHAVE: clínica-escola; população, características sócio-demográficas; características clínicas. INTRODUÇÃO As clínicas escola são serviços de atendimento que funcionam nas instituições de ensino superior, como nos cursos de psicologia, enquanto locais que são destinados ao atendimento à saúde pública e cujos objetivos primordiais são voltados às questões de ensino-aprendizagem e de pesquisa (YOSHIDA, 2005).
Os atendimentos psicológicos realizados em clínicas-escola têm ensejado reflexões de natureza teórica, de pesquisa e de prática de modo crescente. Dentre os tipos de intervenção ali praticados destacam-se as psicoterapias de modo geral, e mais especificamente, as psicoterapias breves (SILVARES, 2006). O presente trabalho refere-se a uma pesquisa quantitativa, documental, que tem por objetivo caracterizar e analisar a clientela atendida por uma Clínica-escola de Psicologia no interior sul-matogrossense. O trabalho buscou delinear o perfil dos clientes cadastrados entre março de 2012 e março de 2013, considerando o levantamento de dados sociodemográficos: idade, gênero, escolaridade, estado civil, renda familiar, bem como dados clínicos: encaminhamento, queixas e modalidade de atendimentos. Justifica-se sua relevância pela importância de continuamente avaliar e melhorar a sistematização e a qualidade dos atendimentos prestados. Caracterizar os clientes da clínica-escola possibilitará o planejamento das modalidades de atendimentos, adequando as necessidades da clientela analisada, favorecendo ainda a formação profissional mais efetiva e abrangente, facilitando também a transição dos clientes para os próximos alunos que continuarão o atendimento. Identificar as demandas de atendimento psicológico na clínica-escola proporcionará alicerces, quer seja para discutir e refletir sobre as práticas preventivas em psicologia e saúde, ou para verificar as diferentes necessidades da clientela atendida. Para a realização deste trabalho, foi utilizado o referencial metodológico da pesquisa documental quantitativo 1 CARACTERIZAÇÃO DA CLÍNICA-ESCOLA Segundo Lohr e Silvares (2006) a clínica-escola é caracterizada como um espaço no qual o futuro psicólogo, nos últimos anos da graduação, desenvolve a parte técnica de sua formação clínica, aplicando os conhecimentos teóricos adquiridos nas séries anteriores. Lohr e Silvares (2006) enfatizam o quanto as atividades realizadas nas clínicas-escola estão diretamente vinculadas à estrutura curricular vigente. O Parecer nº 403/62 do Conselho Federal de Psicologia CFP, aprovado em 19/12/1962, que instituiu oficialmente o curso de Psicologia no Brasil e vigorou até
1996, definiu um currículo mínimo que seguia o modelo médico no qual o aluno deveria cursar um núcleo comum até o terceiro ou quarto ano, para então seguir a habilitação escolhida (licenciatura ou bacharelado). Em consonância com este modelo, os serviços de Psicologia oferecidos à comunidade priorizavam o atendimento clínico individual, o que contribuiu para o fortalecimento da representação social do psicólogo como psicoterapeuta, embora os atendimentos fossem dirigidos às classes menos favorecidas da população. Para Oliveira (1999) o atendimento clínico e o funcionamento institucional seguiam os moldes dos consultórios privados, priorizando a psicoterapia de longo prazo. Conforme Lohr e Silvares (2006), este modelo que se encontra voltado para a formação clínica tradicional começa a ser alterado com nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB/Lei 9394/96) onde as faculdades ganharam a flexibilidade para estruturar suas propostas curriculares mais adequadas às suas necessidades regionais, privilegiando dessa forma a comunidade local. A criação das Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação em Psicologia (Artigo 3º da Resolução no. 8 da Câmara Superior do Conselho Nacional de Educação- CNE/CES, de 07/05/2004) modificou a proposta da formação do psicólogo. No modelo atualizado, os futuros psicólogos deveriam desenvolver habilidades e competências para atuar em diversos contextos, ou seja, formar profissionais com um perfil generalista. Neste sentido, tanto o Ministério da Educação, como o Ministério da Saúde apontaram a necessidade das instituições capacitarem os futuros psicólogos para atuarem no campo da saúde pública. Essa mudança de paradigma exigiu uma reestruturação curricular, onde houve a necessidade de inserção de disciplinas e atividades práticas voltadas para a saúde comunitária que proporcionem a formação de um profissional com visão mais ampla da saúde e do indivíduo, com capacidade de ações preventivas e interdisciplinares. Essa mudança de paradigma simultaneamente traz dificuldades e desafios no ensino de Psicologia clínica. No domínio do currículo em Psicologia, torna-se claro a necessidade de serem estruturados modelos curriculares que auxiliem a inserção do aluno de graduação em Psicologia num ensino fundamentado na aprendizagem ativa, voltado para os serviços de saúde com o objetivo de consolidação do Sistema Único de Saúde - SUS, e que seja sustentado pela construção de vínculos e articulações entre a teoria e a prática. Estes currículos estariam comprometidos com a formação
de um profissional de Psicologia que trabalhe a subjetividade do outro, não como uma experiência individual, mas como uma experiência constituída a partir de condições histórico-culturais, no âmbito de relações interpessoais. Segundo Campezatto e Nunes (2007), as clínicas-escola possuem dupla função: possibilita realizar a prática clínica supervisionada, assim como permite que a universidade cumpra o papel social de prestação de serviço a comunidade; Isto posto, se faz necessário investigar o público que busca o atendimento psicológico nestas instituições; como vive, quem são, o que procuram, com a finalidade de integrar ensino, pesquisa e extensão. Campezatto e Nunes (2007) salientam ser por meio da experiência na clínica-escola que o psicólogo formula suas bases de conhecimentos e vivencias relativas ao efetivo atendimento psicoterapêutico de pessoas com dificuldades psicológicas. Por outro lado, o paciente que busca atendimento, em uma clínicaescola, poderá desenvolver e aprimorar capacidade afetiva e social e, com isso alcançar mais qualidade intra e intersubjetiva no meio social e cultural no qual está inserido. Romaro e Capitão (2003) vêem a clínica-escola como uma contribuição a sociedade, pois uma grande parcela da sociedade brasileira não possui renda per capita acessível, por isso as clínicas-escola foram constituídas a partir de uma obrigatoriedade legal e organizadas de acordo com as necessidades e possibilidades dos encarregados da educação e formação do futuro psicólogo. A clínica escola oferece atendimento gratuito ou semi-gratuito para a comunidade, tendo um local onde o estudante, ou o profissional em formação recebe treinamento e orientação na forma de supervisões dos atendimentos clínicos, a fim de capacitálos para a prática do exercício profissional. Caracteriza-se por um período inicial de ensino da teoria, e finalmente, um período de estágio para a aplicação da teoria e da pratica. A prática clínica torna-se um desafio aos educadores, pois através do contato com a realidade, da experiência vivida com os pacientes e com o supervisor, que os acadêmicos de Psicologia desenvolvem a necessária e difícil habilidade de integrar teoria e prática. As clínicas e serviços-escola de Psicologia desempenham um papel de extrema relevância para o processo de ensino-aprendizagem, sendo que a relação entre a formação do psicólogo e as clínicas-escola é histórica e está
demarcada inclusive na legislação que cria e regulamenta a profissão (LOHR; SILVARES, 2006). 2 CARACTERIZAÇÃO DO CENTRO DE PSICOLOGIA APLICADA CEPA Vinculada às Faculdades Integradas de Três Lagoas - FITL, mantida pela Associação de Ensino e Cultura de Mato Grosso do Sul AEMS, a Clínica-Escola, denominada Centro de Psicologia Aplicada CEPA fora instituída em 01 de fevereiro de 2012. De acordo com o regimento interno de funcionamento, foi criado para organizar, cumprir e fazer cumprir as normas referentes aos estágios clínicos em Psicologia, possibilitando ao aluno condições de desenvolver as atividades previstas de estágio segundo o projeto pedagógico do curso, bem como cumprir a carga horária estabelecida. Oferece aos clientes os serviços de pronto atendimento, triagem e psicoterapia na abordagem Cognitiva-Comportamental e Psicanálise. Contribui na formação de psicólogos disponibilizando um espaço comprometido com a articulação da demanda da rede de atenção em saúde e viabiliza ao acadêmico relacionar os conhecimentos teóricos à prática e formação clínica, condizente a realidade sócio cultural da região e as transformações da Psicologia enquanto ciência e profissão, bem como, presta serviço psicológico à comunidade interna e externa da faculdade, principalmente as instituições e indivíduos carentes de recursos. Propicia ao acadêmico o envolvimento com programas científicos, disponibilizando meios e instrumentos para pesquisa, subsidiando dessa forma o aprimoramento do currículo de Psicologia. 3 MODALIDADES DE SERVIÇOS PRESTADOS PELA CLÌNICA-ESCOLA A clínica escola faz a ligação profissional com a sociedade, esse elo proporciona aos alunos a sensibilidade humana e social, o sentido de justiça e a capacidade de assumir posições. O conjunto dessas habilidades pode somar à persistência, à capacidade de problematização e de reflexão personalizada, ao olhar crítico e reflexivo sobre a realidade social (FIRMINO, 2011). Não existe um modelo fixo, adequado ou padronizado para ser seguido pelas faculdades que possuem clínica escola, pelo fato de existirem diferenças regionais e de estrutura física das instituições de ensino superior. Desta forma, não
há possibilidade de generalização e cada clínica escola pode ser considerada como única e exclusiva (PERFEITO, 2004). Isto posto, a seguir será apresentado as definições dos serviços prestados pelo CEPA: Triagem, Plantão/Pronto-atendimento e Atendimento Psicoterapêutico. O indivíduo que busca o atendimento, é recebido pela secretaria que faz um cadastro, que é encaminhado para o serviço de triagem, onde são acolhidos, ouvidos e orientados que serão atendidos por acadêmicos do nono e décimo período do curso de Psicologia e supervisionados por professores devidamente qualificados e inscritos no Conselho Regional de Psicologia (CRP), e que será mantido sigilo de todas as informações relatadas naquele ambiente. Havendo à possibilidade de atendimento, a secretaria do CEPA comunica ao cliente seu horário e dia de atendimento. Nesse atendimento é firmado o contrato terapêutico bem como transmitido ao paciente às regras institucionais contempladas pelo Regimento Interno: As sessões têm duração aproximada de cinquenta minutos; o paciente pode ser desligado do atendimento caso se ausente por mais que três vezes consecutivas ou cinco vezes alternadas sem aviso prévio. As informações do cadastro e atendimento são arquivadas em prontuários individuais e são de acesso restrito ao usuário, os profissionais da Clínica-Escola, aos estagiários e supervisores responsáveis por seu atendimento, sendo proibido o uso para qualquer outro fim, bem como vedado a divulgação dos dados que retirem seu caráter privativo, salvo em caso de demanda judicial. Os acadêmicos do nono e décimo período do curso de graduação em Psicologia, atendem a clientela que procura o CEPA, realizam as atividades conforme as orientações contidas no Código de Ética do Psicólogo e transmitidas pelo supervisor, respeitando os preceitos éticos que norteiam o atendimento psicológico; participam semanalmente da supervisão; apresentam, por escrito, relato dos atendimentos para supervisão; atualizam os prontuários dos usuários; zelam pela estrutura, organização, funcionamento e patrimônio da Clínica. O plantão psicológico, como forma de atividade das clínicas-escola, tem se mostrado como uma tentativa de integração dessas duas necessidades: a formação e o atendimento à população. Mahfoud (1987, p. 38) define plantão como certo tipo de serviço, exercido por profissionais que se mantêm a disposição de quaisquer pessoas que deles necessitem, em períodos de tempo previamente determinados e ininterruptos.
O plantão teve seu início no Serviço de Aconselhamento Psicológico do instituto de Psicologia da USP, por volta de 1960, criado pela professora Rachel Lia Rosenberg, onde foi desenvolvido o serviço de Pronto Atendimento Psicológico, inspirado em experiências norte-americanas vividas nas walk-in clinics (BARTZ, 1997; ROSENTHAL, 1999), é uma modalidade de clínica institucional, utilizada principalmente no EUA nas décadas de 70 e 80, que visava um atendimento emergencial médico ou psicológico ao cliente, no momento em que havia a procura, tendo alcançado considerável abrangência na área da Saúde. De acordo com Mello-Silva (2005) o serviço de pronto atendimento na clínica-escola, torna possível para o estagiário a transformação da teoria em prática, abrindo portas para o crescimento acadêmico/profissional e mais importante ainda, no crescimento pessoal, além de proporcionar inúmeras vivências para a relação estagiário-paciente. No pronto-atendimento de forma cuidadosa, deve ser evitado a psicologização e/ou psiquiatrização de problemas sociais e econômicos; e o encaminhamento deve ser feito no sentido de sensibilizar efetivamente o cliente para a necessidade de atendimento; contudo, deve-se precaver para a sua não estigmatização, como também enfatizar a atenção especial da equipe para evitar prolongamentos desnecessários no tratamento (PERES, 2004). Encontra-se cada vez mais evidente, na última década, a inquietação em relação aos serviços de saúde mental, essencialmente, os das clínicas-escola e instituições de ensino, que buscam caracterizar sua clientela, com a finalidade de direcionar as modalidades de atendimento. A clínica-escola através de seus atendimentos gratuitos ou semi-gratuítos oferecidos a comunidade, é um local, no qual o estudante em formação recebe treinamento e orientação na forma de supervisões dos atendimentos clínica, objetivando capacitá-lo na prática e reflexão do exercício profissional (ROMARO; CAPITÃO; 2003). Desse modo, mediante o contingente de pessoas que atualmente sofrem de perturbações comportamentais ou mentais em todo o mundo e diante da pequena parcela que tem possibilidade de desfrutar de tratamento é que a Organização Mundial da Saúde tem salientado serem imprescindíveis os cuidados com a saúde mental (SANTEIRO, 2008). Sendo as psicoterapias reconhecidas como um dos pilares na resolução de problemas de saúde mental, junto da farmacoterapia, da
reabilitação psicossocial e profissional, dentre outras (Organização Mundial da Saúde, 2002). 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES Após a coleta de dados, fora verificado um total de 222 pessoas cadastradas entre março de 2011 à março de 2012, com 35,59%de indivíduos apenas triados, referentes à clientes que aguardam atendimento psicoterápico e 64,41% de indivíduos em atendimento, ou seja, clientes que efetivamente foram atendidos ou encontram-se em atendimento psicoterápico na instituição, conforme Tabela 1. Tabela 1 Amostra. Geral Frequência % Em atendimento 143 64,41% Triados 79 35,59% Total 222 100% Considerando o total de cadastros realizados (Tabela 2), observamos uma predominância do sexo feminino com 68,92% para 31,08% masculino. A significativa predominância de mulheres na população atendida está corroborada em outras pesquisas voltadas à caracterização de usuários de clínica-escola: geralmente há maior procurade atendimento psicológico pelo sexo feminino (CAMPEZATTO; NUNES, 2007; MARAVIESKI; SERRALTA, 2011). Tabela 2 Gênero da amostra. Sexo Frequência % Feminino 153 68,92% Masculino 69 31,08% Total 222 100% Pode-se refletir que os dados encontrados acima, sejam resultados dos condicionamentos socioculturais que são moldados pela relação de gênero, que são construídos no processo de socialização primária e secundária que modela dessa forma as características associadas a cada gênero, no qual ao sexo feminino é permitido expressar suas emoções e solicitar auxílio quando necessário, ao contrário
do sexo masculino, que desde cedo devem ocultar suas expressões de emoção e aflição psíquica e cultivar a coragem, a bravura e resistência à manifestação emocional mediante o enfrentamento das adversidades do cotidiano (COSTA et al., 2007). Explorando os dados coletados referentes à faixa etária (Tabela 3), os clientes foram separados em seis faixas etárias, entretanto se considerarmos o período da infância/puberdade de 0 a 13 anos, teremos 22,52%; adolescência de 14 a 20anos, 13,65% e fase adulta de acima de 21 anos, percentual de 63,82%, corroborando com os estudos efetuados por Maravieski e Serralta (2011) no qual identificaram de 0 a 13 anos (39,4%); de 14 a 20anos (10,8%) e acima de 21 anos (47,8%). Indicando dessa forma, a maior procura na faixa acima dos 21 anos. Tabela 3 Faixa etária. Faixa Etária Frequência % 0 a 6 anos 9 4,05% 7 a 13 anos 57 25,68% 14 a 20 anos 40 18,02% 21 a 40 anos 69 31,08% 41 a 60 anos 39 17,57% + de 60 anos 8 3,60% Total 222 100% Conforme os dados coletados da variável escolaridade (Tabela 4) a maior parte da clientela possui nível fundamental incompleto, atingindo 43,24% da amostra, conforme Campezatto e Nunes (2007) este dado é coerente com a renda familiar dos pacientes, pois famílias com uma baixa renda menor níveis de escolarização. Os níveis médios e superiores incompletos totalizam o mesmo percentual de 15,77% cada um, o nível superior incompleto de 15,77% demonstra a procura dos acadêmicos da faculdade, os quais são privilegiados do CEPA funcionar nas dependências da instituição, facilitando dessa maneira o acesso dos graduandos. Tabela 4 Nível de escolaridade. Escolaridade Frequência % Idade pré-escolar 7 3,15% Fundamental Incompleto 96 43,24% Fundamental 8 3,60% Médio Incompleto 23 10,36%
Médio 35 15,77% Superior Incompleto 35 15,77% Superior 9 4,05% Pós-graduação 1 0,45% Não foi informado 8 3,60% Total 222 100% Na pesquisa desenvolvida por Campezatto e Nunes (2007), acerca do estado civil da clientela, foi identificado um elevado percentual de sujeitos de até 18 anos (41,05%; 794 sujeitos), assim optaram por desconsiderar o estado civil destes sujeitos pelo fato de se tratarem predominantemente de crianças. Da mesma forma que Maravieski e Serralta (2011), encontraram um elevado número de pacientes abaixo de 21 anos (50,2%), no qual foi encontrado 98,7% de solteiros; 1,3% de casados. Dessa forma, consideramos em nossa discussão a respeito do estado civil (tabela 5) a fase adulta com um elevado número de pessoas, com idade acima de 21 anos (63,82%) que apresentou a seguinte distribuição: 45,05% de solteiros; 28,83% casados; 4,95% divorciado/separado; 1,80% viúvo e encontramos 19,37% de omissão do estado civil no registro. Tabela 5 Estado civil. Estado Civil Frequência % Solteiro 100 45,05% Casado 64 28,83% Divorciado/Separado 11 4,95% Viúvo 4 1,80% Não foi informado 43 19,37% Total 222 100% Referente à renda familiar (Tabela 6) os dados coletados identificaram 14,86% na faixa de maior poder aquisitivo, acima de R$ 2.000,00. Entretanto é importante ressaltar que houve 61,26% de dados não cadastrados, tornando dessa forma um dado prejudicado na pesquisa, de acordo com Campezatto e Nunes (2007) isso pode ter ocorrido tanto por uma dificuldade de registro dos estagiários, como pela impossibilidade dos pacientes informarem sobre este dado a respeito de sua família, entretanto este alto índice de informações faltantes prejudica a adequada descrição do nível socioeconômico da clientela da clínica-escola.
Considerando que houve 61,26% de dados não cadastrados, portanto é necessário destacar que segundo Campezatto e Nunes (2007) a falta de registros adequados das instituições de atendimento clínico em Psicologia e o obstáculo em realizar pesquisas mediante as faltas de dados; são esses entraves que demonstram o quanto realizar pesquisas em instituições de atendimento psicológico e clínico não é comum. A falta da pesquisa pode comprometer a formação do aluno, por não obter resposta da qualidade dos atendimentos e não estimular como papel do psicólogo clínico. Dessa forma, este trabalho contribuiu com esses aspectos ao auxiliar na coleta dos dados das clínicas -escolas e ao instigar pesquisas em seus materiais. Tabela 6 Renda Familiar. Renda Frequência % Até 700 reais 13 5,86% de 701 a 1000 13 5,86% de 1001 a 1500 16 7,21% de 1501 a 2000 11 4,95% Acima de 2000 33 14,86% Não foi informado 136 61,26% Total 222 100% As fontes de informação da pesquisa (cadastros e prontuários) que foram utilizadas para análise já indicavam resultados importantes, ressaltavam as faltas de registros de dados, que se apresentará como "não foi informado" nas tabelas que se seguem. A partir desse resultado, do número de informações faltosa nos registros, pode-se discutir a necessidade de se revisar os procedimentos de anotação dos dados dos clientes. Viabilizando a possibilidade do próprio material de registro, que é considerado um diário do percurso do cliente na Instituição, possa ser adequado os termos para não sofrer dupla interpretação, e conter informações que sejam relevantes ao que tange o tratamento do cliente (CAMPEZATTO; NUNES, 2007). Analisando os dados das fontes de encaminhamento (Tabela 7), verificou-se que a maior incidência foi à busca espontânea dos clientes com 40,99%, seguido por encaminhamentos de instituições de saúde com 31,98% e projetos sociais com 7,66% e 10,36% dos cadastros não houve registro da fonte de encaminhamento. Os
dados encontrados de maior incidência de busca espontânea corroboram com dados encontrados por Maravieski e Serralta (2011) que apontam a maior freqüência de encaminhamento por busca espontânea 50,8%, seguido de outros profissionais 27,5%, escolas 8,9%. Tabela 7 Fonte de encaminhamento. Fonte de Encaminhamento Frequência % AEMS 11 4,95% Busca espontânea 91 40,99% CAPS 1 0,45% Conselho Tutelar 1 0,45% CRAS 4 1,80% Escolas 2 0,90% Instituições de Saúde Pública 71 31,98% Projetos Sociais 17 7,66% Sesi 1 0,45% Não foi informado 23 10,36% Total 222 100% No que refere as principais queixas (Tabela 8), os dados coletados indicam predomínio de sintomas depressivos com 28,83% seguido por conflito familiar 19,37%, ansiedade 13,51%, medo/fobia 12,61%, agressividade 9,46%, dificuldades de aprendizagem. A prevalência dos sintomas depressivos corrobora com os dados identificados no estudo de Maravieski e Serralta (2011) no qual a maior parte dos pacientes apresentou sintomas depressivos 26% e os dados de Campezatto e Nunes (2007) no qual constatou as dificuldades no comportamento afetivo com 27,88% dos sujeitos (940 pacientes), este item incluiu principalmente, depressão, agressividade, ansiedade, isolamento social, choro frequente, dependência, imaturidade e temores. Tabela 8 Principais queixas. Principais Queixas Numero de vezes que % aparece Ansiedade 30 13,51% Agressividade 21 9,46% Conflito Familiar 43 19,37% Dificuldades de Aprendizagem 17 7,66% Estresse 4 1,80% Insegurança 8 3,60% Irritabilidade 9 4,05% Isolamento 8 3,60% Luto 8 3,60%
Medo/Fobia 28 12,61% Mudança de Humor 3 1,35% Problemas Sexuais 5 2,25% Sintomas Depressivos 64 28,83% Somatização 11 4,95% Tentativa/Ideação Suicida 7 3,15% Total 222 Observa-se que as fontes de informação da pesquisa, registro das fichas cadastrais, prontuários e triagens, que foram utilizadas para análise já indicavam resultados importantes, ressaltavam as faltas de registros de dados, que se apresentou como "não foi informado" nas tabelas. Viabilizando a possibilidade do próprio material de registro, que é considerado um diário do percurso do cliente na Instituição, possa ser adequado os termos para não sofrer dupla interpretação, e conter informações que sejam relevantes no que tange o tratamento do cliente (CAMPEZATTO; NUNES, 2007). CONSIDERAÇÕES FINAIS Por meio do levantamento e análise das variáveis sociodemográficas registradas nas fichas cadastrais, triagens e prontuários, no período de 08 de março de 2012 a 30 de março de 2013, foi possível identificar que a maior incidência do perfil da clientela que procura atendimento no Centro de Psicologia Aplicada da AEMS é do sexo feminino, acima de 21 anos, ensino fundamental incompleto, com sintomas depressivos e que busca espontaneamente o serviço de psicologia. Considerando a variável renda familiar apresentou 61,26% de dados não informados, portanto é necessário destacar que segundo Campezatto e Nunes (2007) a falta de registros adequados das instituições de atendimento clínico em Psicologia e o obstáculo em realizar pesquisas mediante as faltas de dados; são esses entraves que demonstram o quanto realizar pesquisas em instituições de atendimento psicológico e clínico não é comum. A falta da pesquisa pode comprometer a formação do aluno, por não obter resposta da qualidade dos atendimentos e não estimular como papel do psicólogo clínico. Dessa forma, este trabalho contribuiu com esses aspectos ao auxiliar na coleta dos dados das clínicas - escolas e ao instigar pesquisas em seus materiais.
Conclui-se que o CEPA, por meio do Serviço-Escola de Psicologia, em seu primeiro ano de funcionamento, encontra-se cumprindo seu papel social, bem como integrando as atividades de ensino, pesquisa e extensão. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARTZ, S.S. Plantão psicológico: Atendimento criativo à demanda de emergência. Interações: Estudos e Pesquisas em Psicologia, v. 1, n. 3, p. 21-37, 1997. CAMPEZATTO, P. V. M.; NUNES, M. L. T. Caracterização da clientela das clínicasescola de cursos de Psicologia da região metropolitana de Porto Alegre. Psic. Reflex. Crit. v. 20, n. 3, p.376-388, jan. 2007. COSTA, M. G. M. et al. Caracterização da população atendida na clínica-escolade psicologia do Cesumar em 2005 e 2006. V EPCC, Centro Universitário de Maringá. out 2007. FIRMINO, S. P.elegrini de Miranda. CLÍNICA-ESCOLA: Um percurso na história e na formação em Psicologia no Brasil.1 ed., São Paulo: Casa do Psicólogo, 2011. LOHR, S. S.; SILVARES, E. F. M. Clínica-escola: Integração da formação acadêmica com as necessidades da comunidade. In: SILVARES, E. F. M. (Org.), Atendimento Psicológico em Clínicas-escola. Campinas: Alínea, 2006, p. 11-22. MAHFOUD, M. A. Vivência de um Desafio: Plantão Psicológico. In: Rosemberg, R. (org). Aconselhamento Psicológico Centrado na Pessoa: São Paulo: EPU, 1987. MARAVIESKI, S.; SERRALTA, F. B.. Características clínicas e sociodemográficas da clientela atendida em uma clínica-escola de psicologia. Temas psicol. v.19, n. 2, p. 481-490, dez. 2011 MELO-SILVA, L. L.; SANTOS, M. A. dos; SIMON, C. P. Centro de Psicologia Aplicada da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto: formando o psicólogo do futuro. In: MELO-SILVA, L. L.; SANTOS, M. A. dos; SIMON, C. P. e cols. Formação em Psicologia: Serviços-escola em debate. São Paulo: Vetor, 2005. p. 221-258. Organização Mundial da Saúde (2002). Relatório Mundial da Saúde: saúde mental: nova concepção, nova esperança. Lisboa: Ministério da Saúde/Direcção Geral da Saúde. Recuperado em 15 de agosto, 2002, de http://www.who.int./whr PERES, R. S.; SANTOS, M. A.; COELHO, H. M. B. Perfil da clientela de um programa de pronto-atendimento psicológico a estudantes universitários. Psicologia em Estudo, v. 9, n. 1, p. 47-54, abr. 2004. PERFEITO,H. C. C. S.; MELO, S. A. Evolução dos processos de triagem psicológica em uma clínica-escola. Rev. Estudos de Psicologia. v. 21, n. 1, p. 33-42, jan/abr. 2004.
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